A cada passo que eu dava naquela rua silenciosa mais o carro parecia estar pesado, empurrar um peso daqueles usando botas de salto não é muito recomendado. Apoiei as costas no porta malas fazendo mais força.

– Porque você não liga essa porcaria de carro? A gente já deve ter empurrado esse carro por uma quadra! – meus pés estavam começando a reclamar.

– Não reclama não que a maior parte do caminho você vai andar sentadinha com ar condicionado – sorriu – Vai ali no volante endireitar que eu vou continuar empurrando.

Desencostei e fui para a frente do carro abrindo a porta do motorista, deixei a mesma aberta, sentei de lado ainda com os pés para fora do carro, apoiei as mãos no volante alinhando quando necessário.

– Você está lindo ai empurrando o carro – falei entre risadas

– Ah cala a boca Babe! – escutei sua risada fraca - Acho que já está bom aqui – Christian limpou as mãos na calça satisfeito – Você não vai sair dai? – perguntou me olhando imóvel ainda no banco do motorista.

– Na verdade – fechei a porta – Eu estava pensando em dirigir – tranquei o carro deixando as janelas fechadas

– Para Sophie não tem graça – o garoto batia no vidro do carro e eu fingia não ver – Vamos Babe abre a porta! – coloquei o dedo no botão do vidro e deixei apensa uma fresta aberta.

– Hora da vingança, Christian. Pode começar tirando a blusa – cruzei os braços vendo o garoto rindo sarcástico.

– Você só pode estar de brincadeira.

– Ué, você pode me ver na janela do quarto e eu não posso te ver da janela no carro?

– Chega Sophie sai do carro – dei um toque na buzina causando eco na rua – Pelo amor de Deus não faz isso! – as mãos de Christian estavam grudadas no vidro em sinal de desespero eu já não podia mais controlar minha risada.

– Está esperando o que Brown?

– Meu Deus do céu onde eu fui me meter... – Cristian tirou a jaqueta preta jogando em cima do carro tirando em seguida, por cima da cabeça, sua blusa azul escura de mangas longas – Satisfeita? - não podia negar que seu físico era invejável, analisei o garoto e neguei com a cabeça.

– Você me viu de calcinha Chris! – gritei

– Você quer que eu tire a calça no meio da rua? Mas não mesmo! – dei outro toque na buzina – Não, não, não, tudo bem estou tirando, estou tirando! – coloquei as mãos na boca segurando a risada. O garoto abriu o cinto e tirou os sapatos, usando os próprios pés, ao mesmo tempo, ele murmurava alguma coisa que eu não identifiquei. Tirou as calças rapidamente jogando em cima do carro.

– Vai ali na frente do carro – Christian obedeceu dessa vez sem protestar, se posicionou em frente ao carro levantando as mãos

– Satisfeita? - acendi os faróis do carro

– Agora eu estou! – pisquei os faróis do carro causando gargalhadas

– Eu posso me vestir agora? E entrar no MEU carro? – concordei com a cabeça e Christian se vestiu rapidamente

– Mas eu ainda vou dirigir! – disse antes de ele acabar de calçar os sapatos

O carro deu uma leve balançada assim que Cristian sentou, ele fechou a porta com pouca força e colocou os cintos de segurança. Virei as chaves dando partida. Movi o carro devagar pelas ruas a procura da rua mais escura, minha diversão com Christian estava apenas começando.

– Então... – senti o garoto me olhar – O que você vai fazer agora? – meu rosto ainda estava concentrado nas ruas, virei o carro em uma curva fechada e finalmente encontrei o que eu queria, soltei uma risada baixa e encostei o carro na frente de uma casa pouca iluminada. Desliguei o motor.

– O que? – Christian olhou para fora e em seguida para os meus olhos tentando entender o que eu estava fazendo. Tirei o meu cinto de segurança medindo o garoto – Eu não vou tirar a minha roupa de novo – falou assustado e eu sorri maliciosa.

– Vem logo... – abri a porta do carro e sai. Andei com passos rápidos, porém calculados pelo jardim daquela casa desconhecida. A iluminação era baixa e amarela. Olhei por cima dos ombros e Christian me seguia ainda com seu rosto assustado.

– Sophie – ele sussurrava para chamar minha atenção – Onde você está indo?

Apoiei-me nas tabuas de madeira escura que cercavam a bela piscina, puxei meu corpo para cima com certa dificuldade por estar de vestido. Sentei me equilibrando, passei as pernas para o outro lado e pulei para dentro da casa. As luzes da casa estavam apagadas, mas as luzes da piscina ainda estavam acessas. Será que eu tinha dado sorte de não ter ninguém? Christian seguiu os meus passos mesmo não querendo, aquilo me deixou animada, ele podia muito bem ter ido embora com o carro.

– Você é completamente maluca – ele me olhava inconformado. Comecei a tirar as botas – Vamos Sophie, vamos sair daqui – joguei as botas para traz – Como você sabe se não tem ninguém em casa?

– Eu não sei – tirei o colete

– Sophie é sério isso é maluquice – tirei o meu vestido ficando agora somente com as roupas intimas. A feição do garoto mudou de assustado para curioso. Mergulhei na piscina fazendo pouco barulho. Christian tirou a roupa rapidamente ficando da samba canção e entrou na piscina, eu o observava do lado de dentro.

– Linda samba canção – falei irônica

– Eu geralmente não uso isso... – Christian nadava devagar na minha direção espiando algumas vezes as janelas da casa para saber se tinha algum movimento – Hoje está sendo um dia estranho para mim.

Eu esperei ele se aproximar sem recuar, podia ver uma leve fumaça saindo da piscina devido a sua temperatura quente, o barulho da agua passando pelas mãos do garoto era relaxante. Christian ainda estava preocupado o que me fazia sorrir, pelo jeito ele nunca sentiu essa adrenalina antes.

– Então... – sussurrei. O garoto já estava bem perto de mim – Qual foi a coisa mais maluca que você já fez?

– Bem... Eu posso te dizer que isso esta ganhando – o garoto se aproximou devagar olhando da minha boca para os meus olhos repetidamente, minha respiração começou a acelerar, não sei direito o porquê, mas ele estava me deixando nervosa. Senti suas mãos geladas tocarem meu pescoço com pouca força e seu nariz encostando-se ao meu. Eu já conseguia sentir a sua respiração quente nos meus lábios.

Uma luz forte dentro da casa nos interrompeu, Christian olhou para dentro da sala de estar rapidamente, mas eu não conseguia tirar meus olhos dele, “Ai meu Deus” vi os seus lábios se moverem.

– É o... é o Mr.Johnson – disse agitado me empurrando para o canto da piscina pela cintura.

– Quem?

– Mr.Johnson o diretor da nossa escola – falava baixo ainda me empurrando – sério vamos embora! – eu sorri e ele me olhou confuso.

– Isso não tem graça Sophie – Christian não tirava os olhos da casa.

– Tem um pouco de graça sim – continuava rindo – Ei... – sussurrei chamando sua atenção sem sucesso – Ei! – chamei de novo – Ta tudo bem, a gente vai embora – ele sorriu fraco ainda preocupado.

Saímos devagar da piscina pela escada lateral, pegamos nossas roupas e corremos para de traz de uma arvore ainda no jardim. Colocamos as roupas rapidamente, senti o meu vestido molhar, mas não me importei muito com isso, fechei a bota com o zíper atrás e Chris já estava pronto me esperando.

– Vamos? Tudo certo ai? – ele perguntou sorrindo, concordei e senti sua mão puxando a minha.

Tive uma pequena ajuda para pular as tabuas dessa vez, Christian me surpreendeu com o seu instinto de macaco pulando aquela cerca alta. Entramos no carro e dessa vez eu sentei no banco do passageiro. Liguei o som sem pedir autorização e comecei a balançar os braços no ar.

– Toda vez que você sai é assim? – perguntou sem tirar o sorriso no rosto.

– Assim como?

– Assim, inexplicável, maluco, insano! – não pude conter minha risada ao ouvir a ênfase nas palavras de Chris.

– A maior parte das vezes sim!

– Eu vou acabar me acostumando – Chris diminuiu um pouco o volume da musica – E a festa que você ia?

– Ia? Eu ainda vou... Nós ainda vamos.

– Mas eu não sei aonde é... – o garoto me olhou confuso

– Você sabe onde fica a casa do Josh? – senti o carro brecar com força.

– A festa é do Josh? – seu tom de voz aumentou. – A gente não vai nesta festa Sophie me desculpa!

– Qual é o seu problema com o Josh? – aquilo estava começando a me irritar, Josh não se mostrou ser nenhum maníaco ou qualquer coisa do gênero, porque esse ódio gratuito?

– O Josh não é uma boa companhia Sophie...

– Por quê? O que ele fez? – senti o carro andar novamente

– Nada deixa para lá, eu não vou te levar.

– Se você não vai me levar – tirei o cinto de segurança e abri a porta com o carro em movimento – Eu vou sozinha!

– SOPHIE PELO AMOR DE DEUS! – Christian brecou o carro me dando a oportunidade perfeita para sair – Volta para dentro do carro! – escutei ele retirar o cinto de segurança e sair.

– Voltar por quê? Você não quer me levar. E eu já disse Chris eu não preciso do seu carro – continuei caminhando pela calçada e aproveitei para torcer meu cabelo que ainda estava muito molhado.

– Para de ser besta Sophie, volta pro carro – parei de andar e encarei o garoto que vinha atrás de mim.

– Então me fala qual é a sua com o Josh? – seu silencio me incomodou – Esquece... – voltei a andar

– Tá eu falo! – Chris me segurou – Como você é difícil de lidar... – falou baixo.