– Belo começo de aula – Christian debochava com as mãos nos bolsos me mostrando a caminho

– A cala a boca, a culpa nem foi minha – descemos as escadas – Essa escola é estranha você vai para a detenção com muita facilidade.

– É depende muito do professor que está em sala

– Era uma professora alta, velha e deve ser separada e morar sozinha com treze gatos.

– Por que você é tão irritada? – perguntou gargalhando

– Eu não sou irritada, só estou inconformada que não consegui ficar quinze minutos dentro de uma sala.

– Bom, é aquela porta ali – Christian parou no meio do corredor e apontou a porta que eu deveria entrar – Mas já vou te avisando, a pessoal ali não é muito agradável.

– Pode ficar tranquilo – dei leves tapinhas em seu ombro – Eu sou grandinha sei me cuidar - O garoto sorriu torto e voltou a subir a escada.

Andei mais alguns passos e abri a porta sem delongas, eu já não estava em um lugar bom mesmo. A sala era grande porem, com poucas pessoas dentro, uma professora acima do peso dormia profundo com o rosto afundado nos braços que estavam cruzados em cima da mesa. Sentei-me à mesa do canto peguei meu caderno e comecei a rabiscar.

– Sabe, é raro vim meninas para cá – um garoto sentou na mesa a minha frente como os pés na cadeira – Você bateu em alguém?

– Eu não fiz nada – fechei o caderno – Uma menina ficou chamando minha atenção e quando eu mandei ela para a professora me mandou para cá.

– Hahaha que azar – riu do meu comentário – Joshua... Pode chamar de Josh – esticou a mão me oferecendo um chiclete e eu aceitei. – Eu sempre estou por aqui!

– Você não devia se orgulhar disso... Josh – enfatizei o seu nome provocando um sorriso no garoto – Sou a Sophie... Já ganhei o apelido de Babe aqui por causa do meu sobrenome

– Seu sobrenome é Babe? – perguntou confuso

– É... Miller Babe, mas o Miller acaba sempre sendo esquecido.

– Nome engraçado – algumas pessoas se aproximaram puxando as cadeiras formando um círculo – Esse são Cameron, Noah e a Amy – ele apontava para cada um apresentando. – Pessoal essa é a Babe

– Sophie na verdade – corrigi simpática – O que você ficam fazendo aqui?

– Bom basicamente nada – Noah comentou

– E eu tenho que ficar aqui o resto do dia?

– É... Não é tão ruim quanto parece – Amy abriu a mochila tirando seus fones de ouvidos brilhantes – Mas se você pegar três detenções em uma semana você é suspenso

– Que escola estranha... E o que vocês fizeram para estar aqui?

– Eu vim por conta própria! – Cameron levantou o braço sorrindo – Não gosto de ficar na sala

– Eu e o Noah chegamos atrasados, motivo ridículo – Amy virava os olhos

– E você Josh? – apontei para o garoto

– Ha... Andei de skate no corredor – falava entre risadas

– Hahaha e porque você fez isso? – ria junto com ele

– Eu estava com preguiça de andar!

Parecia que eu tinha achado um grupo de amigos bem interessantes. Eles me informaram sobre os grupos, tradições e regras da escola me deixando um pouco mais informada. Mostrei meus horários e percebi que em algumas aulas nós íamos nos encontrar de novo. A detenção era mais divertida do que eu imaginava, acho que era por isso que Cameron vinha sozinho sem ninguém mandar.

O sinal bateu e a professora dorminhoca tomou um susto som o barulho, ela levantou, limpou a pequena baba do canto da boca, ajeitou a roupa que estava amassada e libero a nossa saída da sala. Foi a cena mais bizarra que eu tinha visto nessa escola. Pegamos nossos materiais e saímos pelos corredores movimentados, Amy entrelaçou o seu braço com o meu e foi me guiando para a saída da escola.

– Até que você é legal Babe – a garota vagava com o olhar

– Você diz isso porque me conheceu agora...

– Claro que não – saímos pela porta dando direto para a fachada da escola – Olha vai ter uma festa na casa do Josh, ele sempre faz no primeiro dia de aula... Você devia ir... Conhecer algumas pessoas novas, se enturmar, ver os gatinhos – Amy cutucava minha barriga me fazendo rir.

– Eu não sei... Não sou muito de festa e essas coisas.

– A para com isso, para de ser antissocial – senti meu celular sendo puxado, olhei confusa e percebi que Amy estava colocando um numero – Me liga que eu passo para te buscar – deu uma piscadinha e saiu andando na multidão.

Salvei o numero certa de que eu não ia precisar ligar, guardei o celular no bolso de traz da calça e segui pelo grande gramado. As maiorias dos alunos exibiam o seu mais novo carro no estacionamento da escola, algumas meninas riam alto se pendurando no pescoço dos donos dos automóveis, aquilo me enojava um pouco.

– Ei Sophie! – ouvi um grito me chamando mas a voz estava longe, então resolvi ignorar e continuar andando – Sophie! Ei Sophie! – senti um puxão no meu braço

– Ah oi Christian – sorri sem parar de andar

– Não me ouviu chamar? – menti negando com a cabeça – Como foi na detenção? – Chris me acompanhava rodando as chaves do carro no dedo.

– A foi normal, na verdade foi mais interessante do que eu imaginava. Não sei por que você falou que as pessoas não eram agradáveis.

– Até amanha Babe – Josh passou de skate acenando e eu respondi com um sorriso

– Joshua?– Christian segurou em meus ombros me virando para ele – Você conhece ele? – me perguntou incrédulo.

– Conheço por quê?

– Não, não melhor você não ter amizade com ele!

– Chris... – tirei suas mãos do meu ombro – Não sei porque essa sua preocupação comigo – voltei a andar

– Não é preocupação, só estou te alertando – voltou a girar a chave do carro no dedo

– Você vai ficar rodando essa chave até eu pedir carona?

– Tá funcionando? – o garoto me olhou com um sorriso torto nos lábios.

– Eu não preciso do seu carro Christian - Peguei as chaves da mão dele e guardei em seu bolso deslizando a mão devagar. O garoto me olhou assustado, acho que ele não estava esperando isso. – A gente se vê – acenei

– A gente se vê encrenca – acenou de volta e foi em direção ao seu carro.

Até que eu tinha me saído razoavelmente bem no meu primeiro dia de aula. O caminho até em casa era tranquilo, tinha muitos carros na rua, mas nada fora do normal. Coloquei os fones no ouvido e comecei a escutar algumas musicas para me distrair e fazer o tempo passar mais rápido.