Olhos da Meia-noite escrita por Débora Falcão


Capítulo 15
Dois Mundos


Notas iniciais do capítulo

Todos os personagens são fictícios, criados por mim. Algumas coisas são retiradas do livro Vampiro - A Máscara, mas muitas delas são criações minhas.



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Ricardo está sentado no balcão do bar, olhando para um copo de cerveja, quando Milena chega.

— Desculpe a demora, vim o mais depressa que pude. Estava num trabalho com minha mãe desde ontem e...

— Por acaso foi matar alguém?

— O que está dizendo?

Milena sentia o aroma de Ricardo. Estava visivelmente irritado.

— É o que você faz, não é?

— Eu não entendo!

Ricardo aponta para uma pequena televisão na parede. Milena vê um repórter falando, atrás de si o Corpo de Bombeiros e alguns curiosos.

“— Encontrado morto esta noite um rapaz ainda não identificado, sem documentos, com aparência jovem, mais ou menos 26 anos de idade. A causa da morte ainda não foi definida, mas há sinais de luta no corpo.”

Ricardo vira-se para Milena.

— Esse lugar fica perto daqui. Aquela mesma rua que você lutou com dois vampiros. É ali, não é? O lugar onde vocês caçam humanos! Foi você?

— Não! Ricardo, por favor, não fui eu! Eu sou contra esse tipo de coisa e...

— Acontece que mostraram o rosto do cara. É o Cachorrão, eu reconheci na hora. O cara que se bateu com você aqui dentro. A galera toda tá achando que foi você.

— Mas não fui eu! Olha, Ricardo, esta noite eu estava com minha mãe, devolvendo à sociedade os humanos que caçamos. Todos eles. Não ficamos com nenhum. Você sabe o que isso significa?

— Não.

— Significa que estamos sem nada. Que vamos morrer aos poucos. Mas não vamos mais matar nenhum humano. Não entende? Não fui eu quem matou Cachorrão, eu cheguei aqui atrasada por causa disso!

Ricardo olha para Milena em silêncio.

— Então quem foi? Foi algum de vocês, não é? Eu sei que foi.

— Alguns de nós, Ricardo, não compreendem o valor da vida humana. Alguns de nós foram arrancados de suas próprias vidas para morrerem eternamente aqui na Terra. Foram abandonados e vivem nas ruas pelas noites, como morcegos. Acham que isso é o suficiente para não quererem voltar a ser humanos e descontar tudo na raça humana, sugando o sangue de quem vier pela frente, sem escrúpulos, apenas para satisfazer um sentimento de ânsia, mais do que o da Fome. São esses, Ricardo, que constituem a maioria de nós, mas não são todos assim. Eu não sou assim.

Ricardo abraça Milena, enquanto na tela da TV, o repórter continua dando detalhes sobre a morte de Cachorrão:

— O corpo está praticamente intacto, apesar de sinais de luta. Não há indícios da causa de sua morte, apenas um osso quebrado devido a uma queda, que os bombeiros afirmam não ser tão grave.

Com aquele abraço, Milena percebia que eram dois mundos diferentes se abraçando. Como seria possível? Sabia que breve morreria, por isso decidiu viver intensamente cada minuto que lhe restava ao lado desse humano.


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