A Abençoada De Todos Os Deuses escrita por Tia Cafira


Capítulo 3
Golden Coast




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–É aqui. - eu disse.

–Aqui não tem nada, madame. - o taxista me olhou pelo retrovisor central.

–Vou esperar outra pessoa aqui. Pare o carro, por favor.

Eu via o que o taxista nunca poderia ver: colina acima, um pinheiro que sinalizava a entrada do Acampamento.

Eu sabia qual era a situação. Todos estavam felizes, haviam salvado o mundo novamente, os principais heróis estavam vivos e esperavam levar uma vida calma, terminar o Ensino Médio e essas coisas mortais. Eu gosto desse ponto de vista romântico. Mas senti medo. Eu carrego notícias nada boas, que de certa forma, os coloca em combate de novo. Não sei se eles foram dispensados com honras, mas isso era bem urgente.

Quando cheguei de fato, e pude observar o ensolarado Acampamento, fiquei impressionada. Obviamente não era mais bonito que o Olimpo, mas... Era um lugar digno onde prosperava certamente muitas energias positivas.

Localizei a Casa Grande, e me dirigi à sua varanda, enquanto alguns semideuses olhavam curiosos. Talvez ter vindo de armadura tenha sido um pouco demais...

–Com licença. - e entrei.

–Jovem Casha? - Quíron na sua versão cadeira de rodas estava lá me dando boas-vindas. - Atenas avisou que viria, sente-se.

–Mas não disse nada sobre eu ser uma mensageira? - suspirei aceitando chá e biscoitos amanteigados.

–Essa parte não me foi passada. - ele me olhou sério. - Que tipo de mensagem?

–O tipo ruim.

Expliquei o pouco que haviam me dito. Que me instruíram a falar com o Oráculo e contar com heróis experientes e contar sobre a ameaça da cultura ocidental moderna ao nosso mundo. Ele balançava a cabeça compreendendo minhas palavras, mas estava claramente triste. Achavam que teriam sossego, uma vez na vida, depois de seus alunos salvarem o mundo duas vezes. Ou três. Ou quase sempre. Foi o que eu soube de Percy Jackson.

–Eu peço que, não fale com mais ninguém. Eu mesmo falarei sobre isso na Fogueira.

–O senhor tem noção do perigo que isso representa? Estamos lutando contra o desconhecido, certo?

–Sim, minha cara. É exatamente esse o perigo. Contra os Gigantes... Sabe, tínhamos informações sobre sua natureza, fraquezas... Não sabemos bem como essas lendas se originaram, nem até que ponto são reais ou fantasia. O desconhecido certamente é mais perigoso. É lutar contra o invisível, jovem. Mas, falemos de você.

Eu suspirei. Contei sobre a minha moradia no Olimpo, minhas bênçãos e do meu pai desconhecido.

–O desconhecido certamente é mais perigoso. - eu olhei para as minhas mãos.

–Está tudo bem. Tenho certeza, de que agora, minha cara, sua vida vai se revelar, todos passam por esse problema aqui. Pode falar comigo sobre o que quiser, certo? Confie em mim. Vou pedir para que o Will mostre tudo.

Então, um menino alto e loiro me recebeu:

–Uau! Armadura legal, onde conseguiu? - ele sorriu, simpático.

–Eu... achei por aí. - tentei sorrir, mas meu nervosismo fez com que eu parecesse estar com cólicas.

–Tudo bem, sei como é. - ele colou as mãos na cintura e respirou fundo, olhando pro horizonte. - Vamos caminhar bastante!

Ele me mostrou as quadras, arenas, a parede de escalada, os chalés... Tudo. Eu acabei ficando no chalé de Hermes, por ainda não ter sido reclamada. Eu sabia que nunca ia acontecer. Ficaria ali o resto do verão. Ou até a Guerra começar.

–Ei, vou pedir pros irmãos Stoll te arranjarem umas coisas, ok?

Eu esperei 3 segundos, depois saí. Eu não queria ficar ali. Decidi andar um pouco e tomar ar fresco, pensar no que Atena me dissera. Que tipo de batalha seria aquela... Que tipo de mundo iríamos enfrentar?

Então, eu vi uma trilha na floresta. Daquelas demarcadas e seguras. Eu sabia que provavelmente haveria monstros mas era de treinamento, certo? Nada demais, eu tinha espada, adaga, arco e flecha. E treinamento. Nada de ruim aconteceria.

No chão, as pinhas faziam montes embaixo das árvores e eu sentia o cheiro das plantações de morangos, e era um cheiro muito bom. A floresta começou a ficar mais escura, mas eu apenas continuei. Ainda estava dentro dos limites do Acampamento.

E então, algo se mexeu.

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Desembainhei minha espada. Os arbustos estavam se mexendo sem parar, e em volta de mim. Era algo muito rápido, ou várias coisas muito rápidas? E então, um rapaz saiu de lá.

–Quem é você? - eu perguntei, ainda apontando a espada para ele.

–Só um cara. Meu nome é Marshall. - ele estendeu a mão.

Eu não a apertei.

–Você é do Acampamento?

–Sim, sou, mas... Não passo muito tempo com os outros, eu fico por aqui mesmo... Gosto daqui.

–Era você correndo em círculos?

–Sim... Sim, era eu, não se preocupe. Pode abaixar essa coisa por favor?

Resolvi abaixá-la lentamente. Notei que era um rapaz enorme, de talvez 18 anos. Tinha a pele clara, mas os cabelos escuros. E olhos vermelhos.

–Que olhos grandes você tem. - peguei a adaga e me lancei contra ele.

Imobilizei-o e coloquei a lâmina em sua garganta:

–Você não é um semideus.

–N-na-não... - ele estava se engasgando, e notei que estava vomitando sangue. Havia caído de barriga pro chão, então eu o virei. Estava ferido, havia levado uma facada no abdômen:

–O que você é? Fale agora, e fale a verdade. - eu disse ainda apontando a faca para ele.

–Eu sou... - depois de duas golfadas, ele disse: - Lobisomem. Sou um lobisomem.

Eu gelei. Era contra o mundo dele que estávamos declarando Guerra. Eu sabia que a Guerra ainda não tinha começado, eu poderia executá-lo e acelerar o processo, ou poderia arruinar tudo colocando em Guerra um grupo despreparado "lutar contra o desconhecido é lutar contra o invisível" eu não sabia se a minha adaga de bronze celestial iria realmente matá-lo.

–Mas... ainda sou grego. Me ajude, por favor!

–Explique isso antes.

–Li-licáon...

Então eu entendi, e pude socorrê-lo. Mas isso só me fez pensar mais sobre o invisível.

Eu fiz os curativos, ele pediu que não o levasse aos outros:

–Quero ver a marca de Licáon.

Então ele mostrou. Um β de Beta. Era um seguidor, com sua alcateia.

–Onde está o resto do seu bando?

–Estão no Leste Europeu, conversando com outras alcateias. Ficamos sabendo da Guerra contra os vermes.

–Sei. E você veio sozinho? A alcateia deixou você sozinho? - eu olhei no fundo daqueles olhos vermelhos.

–Você também não parece ser parte de uma grande família feliz. - ele sentou-se.

–Não sei por que ainda não é um Ômega, mas isso não é da minha conta. Licáon está recorrendo a outros tipos de lobisomens, não é? Até os que não são gregos.

–Sim, os ocidentais. Os fracos por prata. Estão tentando falar com outras culturas.

–Eu não sabia que era tão urgente assim... - olhei-o preocupada.

–Sabia sim. Esses sanguessugas são que nem moscas em cima de carne podre. Estão transformando qualquer mortal e se alimentando da população. E vampiros e lobisomens são...

–Inimigos naturais. - eu completei.

–Sim.


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