A Abençoada De Todos Os Deuses escrita por Tia Cafira


Capítulo 1
Golden Crib


Notas iniciais do capítulo

Guess who's back? Pois é gente, quem é vivo sempre aparece. Eu não sei se todos os meus antigos leitores lerão isso, até poque você não poderá postar mais nenhum comentário. Se você for insistente, pode matar as saudade me mandando uma mensagem direta e nós tomaremos uma breja imaginária relembrando de 3 anos atrás.
O que diabos eu estou fazendo? REESCREVENDO TUDO DE NOVO. Sim, é loucura, sim é surreal. Mas qual é, depois de tanto tempo, relendo meu trabalho, eu acho que posso mudar bastante coisa tornando tudo bem melhor e mais... Coerente. E maduro.
Bom, se você for um leitor novo, eu peço cordialmente que publique um comentário em honra daqueles não podem mais.
E como a fic foi selecionada como "concluída" e eu apaguei o último cap pensando que dava pra adicionar mais um, bem, eu me fodi. Então, estou reescrevendo não só essas como todas as outras, e terminando as que eu deixei incompletas (isso é uma maldade para os leitores e as personagens). E se vocês notarem outras melhorias como imagens (yey!) e uma melhor sofisticação, não se espantem.
Eu tenho 17 anos agora, e quero dar o melhor de mim para aqueles que se dão ao trabalho de ler o que escrevo com tanto carinho.

Eu não esqueci de vocês.

Tia Cafira sempre volta ♥



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A noite era de chuva. Aquela chuva calma, que te faz querer ficar na cama o resto do dia, com a temperatura amena e as cobertas quentinhas, nada de raios nem trovões. Até um embrulho chegar às escadarias do mais frio mármore olimpiano:

–Hera! - Atena estava do lado de dentro, observando a Terra de cima, como sempre fazia. Ela gostava de deixar seus pés pêndulos e olhar para baixo como se tivesse 5 anos e estivesse em um balanço. Ela infelizmente já nascera adulta, armada. Direto da cabeça de seu pai. Apesar de poder se transformar em uma criança, ela sabe que nunca saberá o que é ter uma infância. Ela meditava sobre isso quando ouviu um choro vindo do lado de fora. - Hera!

Um bebê estava nos braços dela. Uma criança. Olhos azuis e com os cabelos mais laranjas que as duas já tinham vistos em todos seus milênios de vida.

Elas sabiam o que deveria ser feito. Sabiam que elas deveriam entregá-las aos mortais, para que a criassem. Ou encaminhá-la ao Acampamento, pois era claro que se tratava de uma semideusa.

–Atena... De quem essa criança é cria? - No fundo, Hera sabia a resposta. No fundo, ela sabia que seu marido havia feito aquilo. Sabia que aqueles olhos incrivelmente azuis e aquele cabelo de fogo lembravam-na de sua última vítima. Aquela atriz estúpida Hollywoodiana que tinha essas madeixas enjoativas. Aquela vagabunda que ela havia fritado no caminho de Los Angeles.

Atena estava com medo. Não por ela, tinha medo pela criança. O universo inteiro sabia dos absurdos de Hera. Como quando ela atirou Hefesto daquele penhasco, ou quando bola seus planos psicóticos. Atena pensou nisso tudo, mas sabia que algo havia de ser feito, e nada escaparia da Rainha.

–Jogue-a. Se sobreviver à queda, está feita. - Hera olhou fundo nos olhos cinzentos de Atena.

–Sabe que ela não vai sobreviver mesmo sendo uma semideusa. Sabe o que devemos fazer. - as duas estavam sentindo a adrenalina que não sentiam há séculos.

–Certo. Mas não temos tempo para pedir que um semideus ouça ao Oráculo. Além do mais, é só uma garotinha. - Hera sorriu. - Uma garotinha muito bonitinha.

Atena mesmo assim não cedeu a criança de seus braços. Pelo menos com ela, tinha certeza de que a ruivinha estaria segura.

Depois de consultar As Parcas, ficou pensativa (como sempre). Mas o que as irmãs disseram, iria fazer surgir trovões naquela noite.

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Menina vinda do chão

Parará no céu

E de lá somente poderá descer quando de suas veias

Finalmente jorrar sangue

Mas não há de existir réu

Nem julgamento ou discórdia por seus suspiros

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As duas sabiam o que aquilo significava. A garotinha, viveria entre eles.

–Vocês! - raios iluminavam as nuvens como serpentes prateadas. - Vocês sabem o que significa Rei dos Reis?! Sabem o que significa ORDEM?

–Pai. - Atena reverenciou enquanto Afrodite encantava o bebê para que não chorasse com os rugidos do que seria de início, seu próprio pai. - Foi algo que não pudemos evitar.

Hera se encontrava calada em seu trono. O olhar era de ódio mortal. A criança era um caso claro da infidelidade de seu marido. Como Hércules, ou qualquer outra prole de seu cretino cônjuge.

–Eu peço que aceite a profecia. - o ar congelou. O único trono vazio daquele salão, o que pertencia à Hades, estava mais gelado do que nunca só de olhar.

–Ordem, Atena. Isso inclui a Lei Divina de que essa vida não pode prosperar aqui.

–Pai. - Atena olha em seus olhos. Zeus sabe que está escrevendo o destino da própria filha, na presença de seus irmãos e filhos, tentando conciliar seu casamento podre. Zeus olha para sua esposa, com vergonha.

E, então, levanta-se de seu trono:

–Atenção! Todos vocês... Diante dessa coisa, - Hera passa seus olhos pelo manto rosa adornado. - não há nada o que fazer, se não deixá-la aos meus cuidados. - Hera estende os braços em frente a Afrodite. Eu há muitas décadas não tenho um herói. Nós todos sabemos que tempos difíceis se aproximam, e cada um aqui sabe de sua própria profecia.

Ninguém respirava, a cena parecia passar-se no Alasca de tão paralisada.

–Mas, eu não mereço uma imagem tão nítida da minha vergonha. - então, ela puxa o pano, o que por consequência, faz a criança chorar de frio. Afrodite sabe que não pode tentar nem cobri-la. Tem de esperar o "show" terminar. - Mereço, marido?

–Não. - mas ele não baixa os olhos. O cenário começa a esquentar, onde aquilo vai levar? O que ela quer? Por que eles estão ali? Todos eles? Essa questão poderia ser resolvida entre os três apenas, e depois repassar a "novidade".

–Eu mereço, que ela seja mascarada. Não desfilarei com ela agarrada na barra da minha toga com esses olhos... Tão... Característicos.

–O que quer, Hera? - Atena levanta de seu trono.

–Quero o disfarce perfeito, sem mercê de Névoa ou feitiços baratos. Quero minha heroína do jeito que EU MEREÇO.

–Você está louca. - Afrodite cobre a menina com as próprias mangas fluidas do vestido. - Diga logo o que quer.

–Ela quer nossas bênçãos. - Hermes olha diretamente para Zeus. - Quer nossos dons doados. Como se fosse caridade.

–Não há nada mais justo. - Zeus disse brandamente.

–Isso não pode ser real! Ares levanta-se. -Minha bênção pode dar a um único guerreiro o poder de matar um exército inteiro! Eu dou aos merecedores, não a uma criança qualquer!

–Isso fará dela a criança mais mortal que o mundo já viu. Uma arma tão manipulável quanto um gatilho. E você será a mentora! Ela pode se equiparar a nós! Acha mesmo que esse absurdo é cabível? Podemos perder noss..

–CHEGA. - Um raio caiu do lado de fora, iluminando todas as janelas. - Será feito amanhã, em segredo. Quando Hades chegar, será a hora.

–Estamos assinando nossa própria sentença de morte. - Poseidon levanta-se. - Está disposto a começar uma guerra contra aqueles que recusarem seu pedido?

–Não é um pedido irmão, é uma ordem. Hermes, chame Hades.

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No dia seguinte, os deuses cederam e se convenceram que a criança seria criada próxima aos deuses, para que criasse um vínculo com eles, afastando as possibilidades de traição. Afinal, era apenas um bebê.

Quando terminada discussão e o ritual, a menina foi batizada pelos habitantes do Olimpo de... Casha. Ainda tinha as belas madeixas ruivas, mas os olhos haviam se tornado caleidoscópios, pois seus olhos mudavam de cor, mas tinham o mesmo brilho desde que chegara ali. Algumas ninfas e deuses menores deram sua bênção, como tocas certos instrumentos e fazer crescer flores.

Seu dia a dia era ser cuidada pelas ninfas e fazer atividades para serem exibidas depois, à Patrona Hera. Ela tinha que aprender como falar, sentar, se comportar, se arrumar, e lutar. Tinha que cantar bem, tocar instrumentos e controlar seus poderes. Tinha aulas de latim arcaico e moderno, aulas de história e matemática com Hefesto. Ele parecia ser o menos resistente à menina. Quando ela completou seis anos, e já dava suas escapas da sala de aula, corria até sua oficina e brincava com as roscas e porcas criando as coisas mais incríveis possíveis. Aquele mundo definitivamente interessava ela, independente de ter o dom ou não.

–Posso te chamar de Pai?

Hefesto sentiu sua cara deformada frisar.

–Não.

–Por que não?

–Porque não sou seu pai. - ele continuou aquela conversa estranha sem olhar para o rosto dela. Mas sabia que ela estava sentada do lado dele, como sempre fazia. Seu cabelo trançado com flores, vestido rosa e aquelas olhos gigantes coloridos. Bochechas rosadas e aquela carinha fofa.

–Quem é meu pai? - a voz da menina tinha ficado subitamente triste.

Aquele dia chegaria cedo ou tarde.

–Essa é uma conversa para ter com sua Patrona.

–Que não é minha mãe.

–Não, Casha. Ela não é sua mãe. Aliás, nunca a chame assim.

–Por quê?

–Porque não.

Ele sabia que a menina estava fitando o chão, e ele sabia que tinha lágrimas nos olhos dela, mas não quis virar. Ele não sabia lidar com aquilo. Nunca foi pai presente de nenhum de seus filhos que estavam lá embaixo, nunca teve habilidade com pessoas, preferia suas máquinas mágicas. Pelo visto, ela também.

Ela pulou do banquinho e saiu correndo, mas ele não a ouviu soluçar.

Ela não o ouviu ir atrás dela. Porque ele não foi. Porque sim.

______________________________________________________

Quando completou 10 anos, ela não gostava mais de vestidos. Ela agora tinha mais aulas de luta e havia enjoado deles. Além do mais, ela havia descoberto um jeito de espionar o mundo humano. Atena havia mostrado à ela, e os mais velhos usavam calças jeans legais detonadas e moletons pretos. Óbvio que Hera nunca a deixaria se vestir assim, mas pelo menos o jeans ela conseguiu com uma naiade.

–Gostou? - a jovem de pele azul sorria.

–Eu amei! É assim mesmo que eles usam!

Ela foi rebelde, e usou enquanto sabia que Hera a assistia treinar. Mas ela não reclamou.

Ela tentava ao máximo ser a melhor em tudo para que assim, quando fizesse suas besteiras, poderia dizer "ah, mas eu estou tão bem nas matérias, foi só um pouquinho". E assim, a discussão terminava. Se bem que em seus 10 anos, Hera só dirigira a palavra à ela raríssimas vezes. Uma vez no mês era demais.

Quando aos 10 anos, houve as Olimpíadas Olimpianas, a lendária Olimpíada, Casha conseguiu o ouro no arco e flecha, no arremesso de disco, e na corrida, e Hera apenas deu um leve sorriso da arquibancada.

Zeus nunca a tinha olhado nos olhos. Ela sonhava muito com ele, mas não tinha ideia do porquê. Mas quando o via subir as escadas de mármore da Assembléia, tremia suas pernas. E quando ouvia os raios do seu quarto, corria para a janela para assisti-los.

Nunca vira Hades na vida, apenas nos livros de História que seu professor contava. Apesar de saber que ele era real, óbvio. Gostava de matar borboletas e logo depois ressuscitá-las e isso era motivo de várias gracinhas entre ela e seu... Bem, seu único amigo de sua idade. Era um menino sátiro, muito alegre, sorridente. Ele gostava quando ela falava sobre descer do Olimpo e ressuscitar todas as borboletas que pudesse.

Mas quando fizeram 16 anos e descobriram que esse era o ciclo das coisas e eles deveriam de deixar do jeito que estava, o brilho da infância apagou-se. Quando Ares chegava de 3 em 3 meses mandando-a lutar em lugares desagradáveis da Terra, ela se deu conta que não era mais criança. Quando Afrodite lhe contou sobre "de onde os bebês vinham", e a dissera que era sua vez, ela sabia que não era mais criança. Quando Poseidon deu a ela um cavalo de verdade que carecia de cuidado e responsabilidades, ela sabia que não era mais criança. Quando Hefesto lhe deu sua primeira espada feita especialmente para ela... Ela havia sentido, que a infância a havia deixado. E quando sentiu os lábios do melhor amigo, também:

–Gote! - ela o empurrou.

–Desculpe-me.

Ela levantou-se devagar, e correu.

Semanas antes de completar 17 anos, algo aconteceu, e então, a adolescência dela havia se apagado.


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