“ Quatro meio-sangues e uma guia irão viajar

  Para o Mar de Monstros deverão voltar

  O ladrão finalmente devem encontrar

  Para que possam o reino do mar salvar

  Dois se perderão na escuridão

  Mas três com sucesso retornarão’’

  Ninguém falou nada, a sala ficou em total silêncio. Eu podia sentir a onda de nervosismo ocasionada pela última parte da profecia.” Dois se perderão na escuridão. Mas três com sucesso retornarão’’

  - Bem – começou Quíron, um tanto desconfortável – Quem se juntará a Percy e Mare Laudes nessa missão?

  Olhei-o e, sem precisar dizer nada, ele entendeu.

  - Ja temos dois semideuses, faltam mais dois.

  Silêncio.

  - Sério? Já enfrentamos profecias bem piores que essa...

  Mas a verdade é que depois da derrota de Cronos as coisas ficaram razoavelmente menos perigosas e difíceis e as pessoas já estavam se acostumando à isso.

  - Eu vou! – a mão de Nico se levantou – Estou precisando de uma aventura, está um tédio ultimamente.

  Mare Laudes sorriu para ele que ficou vermelho como um pimentão, me fazendo rir.

  - Eu também gostaria de ir...Mas tenho de pedir permissão à Lady Ártemis – sorriu Thalia

  - Está certo então – disse Quíron – Enviarei uma M.I. à senhora Ártemis. E, com sorte, vocês partirão ao amanhecer. Mas precisamos de um substituto caso você não possa ir, Thalia. Que tal você, Clarisse?

  - E voltar para o Mar de Monstros? Sem chance! – Ela respondeu vermelha

  - Com medo? – provocou Percy

  - Medo? Eu não tenho isso, MANÉ! Só não quero ir para aquele lugar, pois já tive uma missão para lá antes, o que tornaria essa repetitiva. – ela diz sem realmente convencer alguém – Mas, se ninguém mais quiser, eu me abilito, fazer o que..

  - Descansem, terão uma longa missão para o Mar de Monstros. Mare Laudes, eu preciso falar com você, me espere na varanda, por favor. – disse Quíron

  Antes do almoço chegou a notícia que Thalia poderia ir à missão.

  Almocei na mesa de Atena com meus irmãos, como de costume. Uma refeição silenciosa.

  Durante todo o tempo fiquei me lembrando de nossa última viagem ao Mar de Monstros, da minha agonia ao ouvir o canto das sereias, da dor de Percy ao pensar ter perdido Tyson, do meu medo de perder o Cabeça de Alga na ilha de Circe, nos perigos que enfrentamos por toda a jornada, na luta com Polifemo...

  Percy também parecia preocupado enquanto comia na mesa de Poseidon (mas, ao contrario de mim, ele come igual a um boi quando está nervoso).

  De tarde decidimos dar uma volta na praia. De mãos dadas passeávamos pela areia.

  - O que você acha dessa missão? – perguntei

 Percy franziu as sombrancelhas, como sempre faz quando está nervoso.

  - Sinto como se fosse responsável. Digo, essa missão é para salvar o reino de meu pai. Você, Thalia e Nico não deveriam se envolver, se algo acontecer com vocês eu vou me sentir tão culpado...Porque a culpa será minha.

  Peguei seu rosto em minhas mãos.

  - Não seja bobo, Cabeça de Alga, nós queremos ajudar seu pai a reaver a ordem em seu reino.

  - Mas..

  - Shhh

  Olho em seus olhos verdes hipnotizantes por um segundo antes de beijá-lo.

  Sinto a atmosfera ficar menos tensa, o que significa que Percy não está mais tão preocupado.

  Ele dá um sorriso malicioso e me pega no colo.

  - O que vai fazer, Cabeça de Alga? – pergunto tarde demais enquanto ele me leva correndo direto para a água – Não, Percy! NÃO!

  Mas ele entrou comigo na água gelada, não se importando com o peso de minhas roupas. Ele me soltou e eu afundei. Quando voltei para a superfície procurei por ele, mas não estava em lugar nenhum.

  - Perseu! Isso não tem a menor graça! Onde você está?

  Quando olhei para trás só o que vi foi um jato d’água vindo direto em meu rosto e me deixando com a visão embaçada por alguns segundos.

  Percy estava gargalhando. Joguei água em seu rosto, mas, obviamente, ele não se molhou. Ele cotinuava a rir e sua risada acabou me contagiando, como sempre acabava fazendo.

  - Isso não é justo! – eu disse, tentando fingir raiva, mas não obtendo sucesso – Você não se molha se não quiser!

  Ele apenas riu mais alto.

  - Está certo, então, vamos fazer como você quer – ele disse ficando instantaneamente encharcado.

  Ainda estava rindo quando ele segurou minha cintura e me puxou para um beijo molhado e salgado. Fomos interrompidos por um barulho de navio.

  Espere. Navio?

  Era de fato uma caravela, um navio bem antigo, mas que parecia muito conservado. Para minha surpresa quem estava no comando era Mare Laudes, que ao nos ver acenou.

  A nereida jogou a âncora (não sei como) e veio para a areia.

  - E então, gostaram? – perguntou

  - Mas o que exatamente é isso? – eu indaguei

  - Ora, o nosso transporte para o Mar de Monstros, é claro! – ela sorriu como se fosse óbvio.