Monarchy Of Roses escrita por cakew


Capítulo 1
Celebrações.


Notas iniciais do capítulo

É a primeira vez que posto uma fanfic no Nyah, portanto peço a ajuda e a paciência de todos.
Obrigada por ler.



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O reino estava em festa. Os gritos alegres e a música ecoavam pelos céus. Não havia ninguém em casa, todos estavam espalhados pelas ruas comemorando e saudando a nova rainha. Há muito, o sentimento de liberdade não os invadia, e agora eles sabiam que aquilo seria permanente. Os mais jovens experimentavam pela primeira vez o que era a felicidade plena, e os mais velhos deliciavam-se pelas ruas percebendo que haviam se esquecido de como aquela sensação era boa.

A recém-coroada rainha, Snow White, trocava suas roupas em seu aposento. Ela havia passado o dia todo pelas ruas recebendo reverencias e os mais doces agradecimentos. Agora, ela vestia um traje mais confortável para celebrar no interior de seu castelo com seus fieis companheiros de batalha. O que ela realmente queria era permanecer diante do povo e transmitir-lhes paz, mas todos estavam tão eufóricos que seria mais sensato fazê-lo no dia seguinte. Hoje não haveria trabalho ou deveres, todos celebrariam o dia inteiro. Beberiam e matariam a sede de anos. Comeriam e matariam a fome que arruinava seus estômagos. Se divertiriam e sorririam todos os sorrisos que lhes foram roubados durante todos estes tempos. E, finalmente, deitariam em suas camas com a presença da tranquilidade.

Greta colocou a coroa sobre a cabeça de Snow assim que atou o nó de seu vestido.

- Não sei se tenho a permissão de colocar-lhe a coroa, majestade, mas senti-me na obrigação de agradecer-lhe de tal forma.

- Oh, Greta, não se preocupe com isso. Passando por o que passei, posso dizer-lhe que uma coroa não significa muito mais do que um simples símbolo. O que importa é o que guardamos por dentro.

- Mas é inegável o fato de quem possui a coroa é o dono do poder.

- De fato. Mas saiba que não me importo com isto. Deixe quieto. Há questões de maior relevância para a minha atenção. – ela se levantou e olhou diretamente para Greta que reprimia um sorriso. – A partir de hoje, serás minha dama de companhia, portanto não haverá motivos para sua preocupação. – Snow White segurou as mãos tremulas dela – Seus pais estão celebrando no castelo. Vá encontrá-los e logo mais me juntarei a vocês. Agora, preciso apenas de um breve momento de reflexão a sós.

- Sim, majestade. – Greta sorriu e saiu do ambiente imersa na mais profunda alegria.

Snow White sentou-se novamente em sua penteadeira e suspirou. Ela havia cumprimentado quase todos residentes das redondezas, mas ainda não havia se encontrado com a pessoa cuja qual se sentia mais grata no momento. Ele certamente estaria na festa, embriagando-se com toda a bebida que se privou nas semanas anteriores, já que toda sua atenção era extremamente requerida – deslizes poderiam ser fatais, então seria prudente manter a bebida longe.

A garota – agora, mulher – de imensos e expressivos olhos verdes olhou-se no espelho. A presença da coroa no topo de sua cabeça era notável. Lembrou-se dos tempos de criança, na época onde tudo era calmo e belo e ela vivia seus dias na maior intensidade possível, mas após a morte de sua mãe, tudo se tornou uma questão de simples sobrevivência e existência. Lembrou-se de sentar-se naquela mesma penteadeira, e deixar sua mãe pentear seus negros fios de cabelo. A mãe sorria e colocava uma coroa feita de flores de macieira em sua cabeça, e Snow White as usava por dias a fio, até que as pequenas pétalas começassem a murchar. Ela sentia falta das mãos de sua mãe afagando seus cabelos, mas após tanto tempo presa e solitária no topo de uma torre, ela aprendeu a lidar com a ausência.

Snow olhou para a cama a sua esquerda. Sua mãe havia nascido e morrido naquele local, portanto a presença de algo onipresente era inegável. Felizmente, Ravenna não havia utilizado o aposento durante os anos em que permaneceu no castelo. Ela optou por outro local, um mais próximo do grande salão onde seu precioso espelho era guardado. Aquele quarto, que antes fora de sua mãe e agora era de Snow White, tornou-se nesse instante algo sagrado. Intocado por Ravenna, completo pela presença de sua mãe.

Um som de batidas na porta chamou a atenção da rainha. A pessoa ali parada com uma expressão receosa a fez sorrir.

- Caçador! Entre, por favor. – ela disse enquanto se levantava para atendê-lo. Ele esboçou uma reverencia um tanto torta, e o sorriso nos lábios dela cresceu. – Isso não é necessário. – ela ergueu os ombros dele.

- Você é uma rainha agora. Devo tratar-te como tal.

Ela não disse nada. Estava feliz por vê-lo, e enganou-se quando pensou que ele estava bebendo com os outros companheiros.

- Quem poderia dizer que uma garota de aparência tão doce e frágil como a sua poderia derrotar Ravenna e salvar um reino.

- Eu não teria conseguido sem o auxilio de todos. – ela sorriu – A propósito, gostaria de agradecer o que fez por mim. Eu certamente estaria morta agora.

Ele não sabia o que dizer, então apenas assentiu.

- Devo-lhe cem peças de ouro como lhe prometi quando estávamos escapando da Floresta Negra. – ela mencionou.

- Este pagamento não é necessário. Você salvou o meu reino, não há recompensa maior.

- Eu lhe fiz uma promessa, caçador, e irei cumpri-la, então, por favor, aceite. – Disse ela docemente.

- Me chame de Eric. Sou um caçador bastante medíocre, portanto não mereço tal título.

- Ora, por que se diz medíocre?

- Não consegui cumprir meu trabalho mais valioso, no qual fui prometido de ganhar a vida de minha esposa de volta.

- Mentiram, portanto você tinha o direito de não cumprir o acordo. – após alguns instantes de silencio, ela deu continuidade à conversa. – Vejo que está apenas criando conversas alternativas para fugir de nosso trato.

- Não preciso de cem peças de ouro, majestade. Se me der isto, certamente gastarei tudo em rum em uma taverna imunda nos arredores do reino. O que eu preciso é de abrigo e comida.

- Oh, não mencionei a respeito disso, pois imaginei que já soubesse que seu novo lar é o castelo, juntamente com os anões que tanto me ajudaram na luta contra o exército de Ravenna. Bem, como isto já estava previsto por mim, te darei também as cem peças de ouro. O destino delas depende unicamente de você, se quiser gastá-las em rum, não poderei interferir ou protestar.

- Certo, certo. – ele concordou com um meio sorriso nos lábios. – Mas não se preocupe em ir buscar as peças, pois essas são os presentes que lhe darei em comemoração e congratulação ao seu reinado.

Ela não pode conter uma risada.

- Desconhecia esse seu senso de humor, caçador.

- Eric.

Ela sorriu e repetiu:

- Eric. – os olhares se conectaram por um instante. Ela percebeu que aos poucos a amargura que Eric guardava dentro de si ia embora, e sentia-se feliz por isso. Era doloroso ver um homem preso à culpa da morte de sua esposa. Ela gostaria de fazê-lo entender que certas coisas eram inevitáveis, – mesmo com toda força e luta que se possa aplicar contra. Mas não tocaria no assunto por hoje, pois se proibiu de remoer as tristezas do passado.

- Ouvi dizer que todos estão celebrando lá em baixo. – ela mencionou a festa.

- Há muitas pessoas. Se não me engano, todos os moradores do castelo de Hammond estão aqui.

- Todos são extremamente bem vindos. Sem a ajuda do exército de Hammond, nunca teríamos derrotado as tropas físicas e fantasmas de Ravenna. Espero que estejam se divertindo.

Eric deu um meio sorriso.

- Posso assegurá-la de que estão. Diria até que estão se divertindo demasiadamente.

Snow White sorriu.

- Espero que o rum e o vinho sejam suficientes para satisfazerem todos.

- Vi grandes barris lá em baixo, então acho que todos poderão saciar a sede.

- Bem, caçad… Eric, - era estranho chamá-lo por um nome próprio. Durante o tempo em que conviveram diariamente na presença um do outro, ela apenas o chamou de “caçador”, e agora percebia que apenas hoje ele havia dito seu nome (caso dissera antes, ela não se recordava). Ela se culpou levemente por não ter perguntado. Nomes são quase cruciais quando se tem a intenção de passar longos períodos de tempo junto à pessoa em questão. – creio que hoje ninguém beberá apenas para saciar a sede.

Ele riu. A risada dele era estrondosa e trovejava, o que combinava com seu timbre de voz grosso. A partir desse gesto, Snow White teve a certeza de que hoje era um dia alegre de celebrações. Assim como ela nunca havia dito o nome dele em voz alta, ele nunca havia soltado uma risada com tanta naturalidade na presença dela. Estava certo: a calmaria e a felicidade se instalavam pelo reino. Ela sorriu seu sorriso mais iluminado, tão iluminado quanto a risada dele.

- Quando penso que já não é mais possível que me surpreenda, você mostra que mesmo passando anos sem contato com o mundo lá fora, ainda sabe o que os homens querem e gostam. Nada como o álcool para matar as tristezas e incentivar as alegrias.

- Ora, então vamos logo. Seus companheiros de bebida devem ter notado a sua ausência.

Ele não disse nada, mas na realidade passou pela festa apenas para procurar por ela. Como não a encontrou, dirigiu-se a seu quarto sem nem mesmo ponderar que a nova rainha poderia estar tratando de assuntos pessoais. Revendo seus passos até chegar àquele quarto, percebeu que havia se distraído demais e que agora precisaria ser mais cauteloso, já que Snow White não era mais a garota diante de sua proteção, ela era agora a rainha de seu reino. Ele repensou seu novo conceito sobre Snow White por alguns instantes e quase sem perceber chegou a uma nova conclusão: ela sempre será a garota diante de sua proteção, mas agora também é a rainha de seu reino.

Os dois desceram juntos as longas escadas até o andar onde a festa acontecia. Quando se aproximaram da multidão animada e alegre, alguém anunciou:

- Viva a rainha! – em seguida, todos repetiram os dizeres em coro e se aproximaram de Snow White.

Ela cumprimentou doce e sinceramente o maior número de pessoas possível. Algumas lhe eram familiares, mas hoje suas armaduras davam lugar a suas melhores roupas. No meio da roda de pessoas a sua volta, Snow White acabou perdendo Eric de vista; tentou procurá-lo apenas com o olhar, mas acabou deixando a idéia de lado, pois ele deveria estar celebrando com os companheiros de batalha. Todos estavam felizes, dançavam ao som da música que os anões tocavam; bebiam, comiam, comemoravam. Uma nação se libertava.

Quando terminou os cumprimentos, ela se aproximou dos anões que tocavam e cantavam animadamente uma música sobre vitória. Ela acenou para eles, e todos retribuíram com um sorriso. Ela visualizou Muir sentado em uma cadeira próxima ao local onde Quert tocava. Snow White se inclinou e deu um beijo no topo da cabeça de Muir que sorriu. Seus olhos estavam fixos em um local vazio, como é de costume, mas eram olhos cheios que enxergavam e sentiam mais do que os que conseguiam apenas ver da forma convencional ao ser humano.

- Comemore, majestade. – ele disse. – Celebre, acima de tudo, à sua libertação.

Ela apertou os pequenos e grossos dedos de Muir em concordância.

- Gus ficaria feliz com essa festa. – Snow White lamentou.

- Ele está, rainha. Dos céus ele nos observa e festeja junto conosco. – Muir assegurou.

- Majestade? – Snow White escutou alguém chamar. A voz lhe era extremamente familiar. Ela se virou e confirmou sua suposição a respeito de quem era.

- William! – exclamou.

- Será que a rainha me concederia a próxima dança? – ele disse e sorriu amigavelmente.

- Certamente! – ela respondeu sem pestanejar.

Lembrou-se dos bailes que seus pais davam naquele mesmo local quando ela ainda era apenas uma criança. Ela sempre dançava com William, e quando os dois se cansavam de dançar, corriam pelo castelo enquanto brincavam de esconder as maçãs que haviam colhido na manhã da festa. Snow White tinha que buscar pelas maçãs de William, – que eram marcadas pelo desenho malfeito de uma flecha - e William as dela, que possuíam uma flor de macieira desenhada. Quem encontrasse o maior número de frutas vencia o jogo. Era extremamente divertido e sempre punha os pais dos dois loucos a sua procura.

William suavemente pegou a mão direita de Snow, e a conduziu para o centro do salão onde outras dezenas de casais dançavam. Os dois iniciaram uma dança animada de passos decorados e que não envolvia muito contato físico. Todos dançavam da mesma forma, mas as atenções foram completamente voltadas ao duque e à rainha.

Eric observava a festa de longe com um copo cheio de vinho que providenciou enquanto Snow White cumprimentava todos da melhor forma possível. Ele estava na companhia de outros guerreiros que lutaram ao seu lado na batalha contra Ravenna. Um dos homens aproximou-se dele:

- Não vejo uma festa assim no reino há anos. Espero que isso seja o recomeço de algo constante.

Eric olhou para ele. Era um senhor mais velho, alto e bruto com diversas cicatrizes e rugas espalhadas pelo rosto.

- A vida não é só sobre festas, senhor. Comemorações devem possuir um motivo.

O homem não comentou, mas apenas observou Eric com atenção.

- Desculpe-me garoto, mas já nos conhecemos em outras circunstancias?

Eric tentou buscar o rosto tão marcante daquele homem em sua mente. Havia um pequeno sentimento de familiaridade com aquele senhor, mas não conseguia lembrar-se de quando ou como haviam se conhecido.

- Sei que nós batalhamos por uma mesma causa há poucas semanas atrás, mas, honestamente, não me lembro de termos trocado alguma palavra.

O homem semi-serrava os olhos, como se isso fosse fazê-lo aprimorar sua memória. Então, ele arregalou os olhos com a surpresa da semelhança encontrada nos confins de sua memória.

- Desculpe-me a intromissão, mas seu pai se chamava Alfred?

Eric surpreendeu-se não só porque o senhor sabia o nome de seu pai, mas também pela perceptível forma como ele havia conjugado a palavra “chamava” no passado.

- Sim, senhor. – disse ele intrigado.

Um sorriso esperançoso iluminou-se nos lábios do homem.

- Então você é o jovem Eric. Bem, conheci seu pai há muitos anos atrás, quando ele tinha aproximadamente a sua idade e eu era apenas um garoto. Morávamos no mesmo vilarejo, em casas próximas. Eu ajudava o meu pai na plantação de trigo, e ele trabalhava com a criação e o abate de porcos. – ele sorriu novamente sentindo todas as lembranças passarem como uma tempestade de verão em sua mente – Éramos grandes amigos apesar da diferença entre as idades. Mas, como é natural, ele casou-se com uma bela moça de outro vilarejo, e desde então não conversamos mais. Após alguns anos, recebi a notícia de que ele havia falecido por conta de uma forte pneumonia, e que havia deixado esposa e filho.

Eric surpreendeu-se e sentiu-se feliz. Era bom saber que seu pai era um homem ainda recordado por alguns. Ele sentia-se na urgência de aproximar-se daquele senhor e descobrir o que pudesse acerca de seu pai, que havia morrido quando ele tinha apenas oito anos de idade. Foi um grande homem, ele sabia, mas sentia que as informações que tinha sobre sua vida eram insuficientes e insatisfatórias.

- Meu nome é Benjamin. – ele estendeu a mão em cumprimento a Eric. – Estou honrado e feliz por conhecê-lo. Como está a sua mãe? Não a conheci bem, sei apenas que seu pai a amava.

Aquele era um assunto delicado, mas se Eric desejava proximidade com Benjamim, diria tudo que fosse possível para que o homem fizesse o mesmo.

- Minha mãe adoeceu da mente meses após a morte do meu pai. Não sabia discernir as coisas e começou a fugir de casa durante a noite, alegando que iria trazer meu pai de volta. Isso durou seis anos, e era constante, não havia uma noite sequer que ela não saísse. – Eric estava atento a historia que contava, bem como estava Benjamin. – Houve um tempo em que parei de me preocupar, afinal ela sempre retornava. – Eric colocou uma de suas pesadas mãos sobre o ombro de Benjamin, exigindo sua atenção, era uma forma de dizer sem palavras o que queria. – Aprendi também que não há como fugir dos pedidos e desejos mais barulhentos de nossas mentes, portanto não havia como eu dizer àquela velha mulher louca, que eu tanto amara, que sair na noite escura e fria seria em vão. Ela necessitava daquilo como nosso estômago necessita de pão.

Eric retirou a mão do ombro de Benjamin, pois agora vinha a parte mais dura da história toda. A parte na qual ele precisava recobrar suas forças para rememorá-la vividamente e assim contá-la.

- Como eu disse, durou seis anos. No último dia do sexto ano, ela saiu à noite como é de costume. Mas quando acordei pela manhã, notei que sua pequena cama estava vazia. Ela não havia retornado. Saí a sua procura, vasculhei cada espaço de nosso vilarejo, cada espaço de cada vilarejo que tinha conhecimento. Caí em desesperança quando já não sabia mais onde procurar. Então lembrei-me da Floresta Negra. Juntei cada gota de coragem que possuía e entrei naquele horrendo lugar pela primeira vez. A Floresta Negra traz insanidade às mentes mais saudáveis, então concluí que minha mãe não teria chance alguma ali. Por sorte e habilidades que adquiri ao longo da minha então jovem vida, consegui sair vivo. Extremamente machucado, nauseado e alucinado, mas vivo. Era noite, comecei a ponderar uma busca em outro reino, mas então me lembrei de que isso seria impossível, porque as tropas de Ravenna tomavam conta das fronteiras. Então, Benjamin, ao pensar isso acabei caindo em mim. Minha mãe havia perdido sua vaidade, mas ainda assim era uma mulher extremamente bela.

Benjamin estava impressionado. Não era necessário que Eric finalizasse a história para que soubesse o que havia acontecido com a mãe daquele jovem, mulher de seu mais próximo amigo de infância. Sentiu extrema compaixão por aquele garoto, e gostaria de consolá-lo. Mas não sabia exatamente o que fazer, e inconscientemente se perguntava se algo realmente poderia ser feito.

- Não me culpo por isso, pois sei que não poderia ter impedido que acontecesse. Eu era jovem, respeitava a insanidade de minha mãe e não possuía conhecimentos suficientes acerca da audácia de Ravenna para temê-la. Portanto, a partir da morte de minha mãe, apenas o que fiz foi afastar-me das questões do reino. Passei a subsistir.

Benjamin tomou um gole de vinho enquanto absolvia a historia de Eric. Era um garoto corajoso por se abrir de tal forma a um estranho. Seriam necessários muitos goles de vinho e vários outros diálogos de amizade para que Benjamin contasse a Eric o mal que Ravenna fez a sua vida. Era difícil falar sobre esse assunto com a mente sóbria.

- Sinto muito por tudo que lhe aconteceu. Deve ter sido extremamente difícil lidar com tudo isto. – Benjamin lamentou. Um garoto que aparentava ter uns sete anos de idade aproximou-se do senhor, e lhe lançou um olhar de cansaço. – O que é isso, Harold? A celebração mal começou e você já mal se aguenta em pé?

- É muito barulhento aqui, avô Benjamin. – reclamou o pequeno Harold.

Benjamin riu e olhou para Eric.

- Veja só essas crianças desacostumadas com a felicidade das festanças. – sua risada era seca e barulhenta. Deu tapinhas no topo da cabeça do menino. – Aguente mais um pouco Harry. Mais cinco taças de vinho e vamos para casa.

- Então ficaremos aqui até o amanhecer... – reclamou. – O senhor é mais lento para beber vinho do que aquela tartaruga que vi próxima ao riacho naquele outro dia.

- Portanto, tenha paciência com o seu avô tartaruga, Harry. – Benjamin disse enquanto ria. Harold bufou e saiu andando na direção contrária aos sons da festa.

Benjamin tomou outro gole de vinho e observou a dança que acontecia no centro do salão.

- Não vai dançar? – perguntou Benjamin a Eric. – Você é jovem, deveria convidar uma bela moça para ser seu par.

Benjamin simplesmente sabia que Eric não era casado. Pois se fosse, ele estaria dançando, e não conversando com um senhor de idade. E Benjamin sabia também que Eric já fora casado, mas que havia perdido sua esposa para Ravenna. Isto era facilmente suposto, pois havia sido assim para a maioria dos homens do reino, e havia uma tristeza visível nas profundezas do olhar de Eric.

Eric percorreu os olhos pelos casais que dançavam, e ali no meio de tantas expressões animadas, encontrou o doce rosto de Snow White que sorria alegremente para William.

- Acredito que todas as belas moças deste salão já têm um par. – disse Eric.



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