Capitulo Oito

Uma nova alma. Lynda Stewart.

Part 1

Música de abertura

“Mais uma vez

Meu coração se parte em dois,

e derramando,

preso nos remendos que estão presos no espaço

deixados para trás.

Eu vou sobreviver,

Quando o mundo desabar,

Quando eu cair e atingir o chão,

Vou me virar,

Não tente me impedir,

Eu não vou chorar.”

~ ♣ ~

Naquele pequeno jardim ela podia sentir seu coração sereno, como se ela estivesse prestes a se livrar de toda a dor portada por anos presa bem ali dentro, no seu coração. Seus olhos passavam suavemente por todo aquele céu azul, encoberto pouco a pouco pelas folhas secas das árvores que agora pareciam menos vivas. Seus olhos estavam tão vazios e suas pernas tão fracas que a única solução era cair no chão e firmar seus joelhos na terra, abaixo de si. Talvez ela não entendesse oque estaria havendo ali, mas na verdade, ela entendia.

Por um momento o céu se tomou em um papel de parede negro, como se alguém tivesse jogado uma lata de tinta na região. Onde permanecia o puro azul, agora estava tomado em escuridão. Ela entendia, de certa forma, que aquilo era ele. Toda a escuridão era um aviso de que ele estaria ali, bem perto dela, observando-a arduamente.

Diante de todo aquele cenário, a garota ajustou as penas e se levantou, conseguindo o controle e se manter de pé. Seus punhos estavam firmes e fechados em alerta enquanto fixava seus olhos verdes ao redor.

Mas de repente, algo alcançou seus tornozelos, oque fez seu corpo se arrepiar. Algo estava agarrando-a nas pernas. Estava saindo do chão?

Ela moveu rapidamente seus olhos para baixo, e de lá surgiram um par de mãos extremamente alvas. Tão alvas que alcançavam o limite da palidez. Era uma mulher, mas de qualquer forma seu rosto estava inalcançável de vista. Estava abaixado. Seu corpo esbelto e vestido em uma roupa de ceda branca estava quase completamente enfiado naquele buraco, por onde suas mãos haviam saído para agarrá-la.

Quando a mulher ergueu o rosto, automaticamente seus longos cabelos negros foram jorrados para o lado. Aquele rosto era tão alvo quanto suas próprias mãos.

E com um grito abafado pelas pequenas mãos, a garota olhou-a com horror. De uma criatura tão angelical para um verdadeiro demônio saído da terra.

Sua mãe lhe parecia mais amarga naquele momento.

A garota olhava-a não suportando a pressão. Seus grandes olhos verdes estavam encharcados pelas lágrimas e naquela altura, ela podia claramente ver o rosto pálido daquela mulher. Os olhos de sua mãe estavam vermelhos, talvez o mesmo tom sangrento daquela noite, nos olhos daquela criatura que tentou lhe fazer mal. Os olhos de uma fera com sede de sangue.

Um fervor de raiva passava por sua pele quando pensava no causador de tudo aquilo, no causador de toda sua dor e daquela noite. Ela queria com todas suas forças achar o assassino de sua mãe e jogá-lo um balde de sangue sobre a cabeça. Queria forçá-lo a engolir todo seu sofrimento durante todos os dez anos, enquanto acordava todas as manhãs e fitava aquele porta-retrato. Sentia que seu coração remendado estaria se abrindo da ferida, e de lá um mar de solidão.

E por uma última vez, quando seus olhos se prenderam nos dela, ela pode vê-los arduamente vermelhos, não querendo devorá-la, mas como se estivesse gritando por socorro.

E então ela acordou, sentindo leves cutucões em seu ombro enquanto abria os olhos como em um susto. Seus olhos verdes tão arregalados de horror enquanto se fixavam naquela criatura baixinha de cabelos azuis e olhos cristalizados como o céu.

— Estava sonhando? – Hikkaru perguntou, passando os dedos sobre as bochechas dela carinhosamente.

Ela balançou ferozmente a cabeça de um lado para o outro, em negação.

— Não era um sonho, tampouco um pesadelo. Era real. Apenas a realidade invadindo minha mente enquanto durmo.

Hikkaru sorriu enquanto passava os dedos de leve sobre a testa dela.

— Você está suando frio. A realidade é tão assustadora assim? – Ela perguntou.

Mellanie meio a um suspiro revirou a cabeça para o outro lado do travesseiro, com os olhos juntamente abertos.

— A realidade machuca.

Seu coração estava sendo esmagado, e enquanto estava sendo esmagado, a garota podia sentir claramente seus sentimentos mais amargos. E, meio a toda aquela sensação, ela podia ver todas as lembranças percorrerem seus olhos, enquanto voltava a dormir.

~~

Os passarinhos cantavam altamente na janela de seu quarto naquela manhã. Miha dormia pesadamente com o rosto grudado no travesseiro, se renegando a se levantar a cada batucada na porta dada por seu irmãozinho mais novo.

— ACORDA DRAGÃO.

E meio a todo o canto dos passarinhos e a calmaria daquele quarto, um grito árduo foi ouvido, enquanto juntamente um forte estrondo vinha da janela.

A garota levantou em um pulo debaixo das cobertas, sentando-se e se forçando a abrir os olhos com muita dificuldade. Com seus cabelos rosados e desgrenhados e o rosto amassado enquanto fitava a figura loira praticamente empoleirada em sua janela. Nathaniel estava sorrindo alegremente, com os braços firmes agarrados na janela e com o corpo empoleirado no parapeito da mesma.

Oque estava acontecendo ali?

— Nathaniel. Oque você tá fazendo aqui? – Ela falsificou um sorriso enquanto olhava-o.

— Que rabugenta, Miha-chan. – Ele disse. — Poderia me receber com mais alegria, sabia? Não é fácil subir até a sua janela.

Ela revirou os olhos e olhou as horas no relógio-despertador.

— São 08h26 da manhã. Então, vou perguntar mais uma vez. Oque você tá fazendo aqui? – Ela insistiu.

Ele colocou a ponta do indicador nos lábios como se estivesse pensando e, sorriu.

— Escalei até aqui, na sua janela só para resgatá-la, minha Rapunzel. Eu ia gritar e pedir para que jogasse seus cabelos mas seu sono é muito pesado. – Ele começou em tom de gozação. — E tenho a leve impressão que esmaguei alguns passarinhos quando cheguei aqui em cima...

Seu rosto estava queimando de raiva. Miha olhou-o com o restante de sua paciência.

— Nathaniel. Esse é o terceiro andar. – Ela disse sentindo sua voz sendo alterada. — Como você conseguiu chegar aqui em cima se estamos no terceiro andar?

Ele fez cara de bobo e sorriu.

— Não sei muito bem, só comecei a escalar por uns cipós e grades ao lado da estrutura. Até que foi fácil. – Ele respondeu.

Ela suspirou pesadamente e se levantou da cama, balançando os cabelos na tentativa de arrumá-los.

— Não sei como ainda posso suportar você. – Ela murmurou.

— Temos que ir para a escola hoje. – Ele finalmente disse. — Maryana ligou para Lysandre que ligou para mim. Temos que ir e ver mais uma daquelas fitas horrorosas. Cara, juro que quando isso tudo acabar eu vou vomitar o mundo.

Miha arregalou os olhos.

— Hoje é sábado! Temos que nos reunir aos sábados também? – Protestou.

Nathaniel suspirou e colocou seus pés rapidamente para o lado de dentro do quarto, sentando-se no parapeito e olhando-a.

— Você sabe que isso é importante. – Ele disse pela primeira vez sério.

Ela assentiu se rendendo.

— Estarei lá, agora, me deixa dormir. – Miha disse e tão rápido como saiu, voltou para a cama. Mas ele não saiu da janela. — E você? Não vai embora?

Nathaniel sorriu desajeitado.

— Estou achando um jeito de descer daqui.

Ela sorriu discretamente e se cobriu com as cobertas da cama, voltando a dormir enquanto ele permanecia lá, empoleirado no parapeito achando uma forma de voltar para o chão e ir embora.

~~

— Ohayou Gozaimasu! – Mellanie disse enquanto chegava saltitante.

As duas a olharam daquele chafariz.

— Bom dia criança. Como você está? – Saritcha perguntou.

Seus olhos se forçaram a mentir.

— Eu estou ótima!

Mayuri levou calmamente seu olho escarlate descoberto na direção da garota.

— Você não está ótima. Está mentindo. – Ela simplesmente disse.

Mellanie olhou-a com surpresa.

— Oque? Eu estou realmente bem, May-chan.

A menininha sorriu sem humor.

— Eu vejo a mentira em seus olhos. Seus olhos são tão silenciosos e solitários quanto os meus. – Mayuri declarou, virando-se e mergulhando a ponta dos dedos dentro da água do chafariz. — E não me chame de May-chan.

Saritcha por um momento ficara séria, mas ela sabia que os dons sensitivos da menina eram tão aguçados quanto os seus.

— Mellanie. Não fique chateada com ela. – A mulher disse.

A garota sorriu, apertando os olhos verdes.

— Oh, tudo bem Saritcha. Eu gosto dela. Ela sabe oque eu sinto, isso é algo bom, de certa forma, certo? Ela é uma menina boa.

— Está errada novamente, garota estúpida. – Mayuri disse secamente. — Pode ser eu ou qualquer outro que seja. Ninguém nunca poderá saber oque você sente. A única pessoa que pode, é você.

Os dedos finulos foram retirados daquela água e Mellanie pôde ver que, seus sentimentos realmente eram algo importante, mas como ela poderia mostrá-los para si própria?

— A vida é cheia de coisas imprevisíveis, minha querida. Espero que tenha sorte para superar todas, uma por uma dessas pequeninas surpresas. – Saritcha disse, caminhando suas mãos delicadamente pelo rosto alvo da garota.

E, meio a um sorriso a conversa foi encerrada.

~~

— L está investigando os assassinatos?! – A rosada perguntou com os olhos arregalados e surpreendidos.

Aquela pequena sala abandonada aos fundos da escola estava realmente em estado crítico. Livros e antigos papéis jogados pelas mesas daquela maneira e mais e mais poeira. Aquela antiga biblioteca estava realmente, sem dúvidas, horrível.

Mellanie, Maryana, Lysandre, Nathaniel e Miha estavam reunidos naquele lugar asqueroso para uma única causa; Investigar. Mas não somente investigar. Naquele dia eles teriam que descobrir sobre um certo detetive astuto que estaria se intrometendo em algo que não era de sua conta. L era considerado um dos melhores detetives do mundo, e sem dúvidas, uma grande inspiração para todos os cinco que estariam dês do começo nessa missão. Mas Mary não parecia nem um pouco feliz com essa pequena notícia.

— Ontem eu estava deitada no sofá da sala quando começaram a anunciar no noticiário de New York. Anunciaram sobre os assassinatos daqui, SilentStreets. – Mary começou.

— Então eles finalmente concordam que o caso é realmente sério, hein? – Mellanie disse.

— Quero que vejam a fita do noticiário da noite passada. – Maryana prosseguiu enquanto colocava a fita no aparelho de DVD.

“Boa noite. Estamos aqui para dar uma notícia importante para todos os habitantes de SilentStreets. A polícia, considerando que o caso dos variados assassinatos no local estarem se estendendo e muitas pessoas sendo brutalmente mortas, a polícia se elevou em considerar a ajuda do FBI para esse deplorável caso. Depois de alguns dias por responsabilidade do FBI, muitos agentes tomaram a árdua iniciativa de convocar um detetive a mais. L. O tão respeitado investigador, que na verdade, não faz parte do FBI. Ele foi chamado por todo o grupo de investigação para esse trabalhoso caso. Ele, neste momento está trabalhando sob investigações em segredo, por conta própria e para manter sua própria segurança. Ele, o tão misterioso detetive que por anos se destacou por solucionar casos no mundo inteiro e principalmente: manter em sigilo sua identidade. Ninguém nunca pôde ver seu rosto ou nome verdadeiro. Quem será ele? Por fim, muitos esperam que ele seja a única esperança para esta pequena cidade, que de repente foi tomada pelo sangue e fervor de um brutal Serial Killer. Muitos de nós esperamos que ele faça mais um ótimo trabalho e não nos decepcione. Jornal de New York, ficamos por aqui.”

Quando a fita do noticiário finalmente terminou, todos se entreolharam, curiosos. L realmente era um grande e conhecido detetive, se destacando por resolver vários dentre os mais difíceis casos.

— A situação está mesmo ruim, pessoal. – Lysandre disse enquanto apoiava os braços por cima do braço do empoeirado sofá.

— O FBI chamou o L pra resolver um caso de assassinatos em uma pequena cidade no interior de New York? Pelo jeito que a coisa tá andando, isso não vai acabar bem, quero dizer, se o grande L está começando a investigar esse caso, isso quer dizer que o acharão logo, certo? – Mellanie disse.

— Ele é o melhor, cara. – Nathaniel falou, despreocupado.

— Não acham ele estranho? Se mantêm em anonimato e resolve tantos considerados pelo FBI casos impossíveis. Ele é um monstro da investigação.

— Mary, vamos continuar com isso? – O vitoriano perguntou, olhando-a.

— Oque está querendo dizer, Lysandre? – A loira perguntou.

— Se o L já está investigando os assassinatos, não precisamos mais continuar com isso.

Mellanie virou-se e fitou aqueles bicolores olhos de Lysandre, que de certa forma, pareciam firmes.

— Não importa quantos detetives bons entrarão para achar o assassino, não importa. Nós continuaremos até o fim nesse caso. – A loira persistiu, séria.

Mellanie sorriu junto à garota de cabelos rosados.

— Juntos, – Miha disse olhando a morena com firmeza.

— Até o fim, lembram? – Mellanie terminou a frase, sorrindo com os enormes olhos verdes.

No mesmo momento Nathaniel firmou a palma de sua mão no ar, e dentre tantos olhares, todos naquele momento firmaram mão por mão, uma de cada vez, uma em cima da outra, como um juramento de união.

— Juntos, sempre. – Todos proclamaram juntos, jogando as mãos para cima e selando o juramento.

~~

O céu negro daquele jardim rodeado por rosas estava mais triste naquele domingo. As rosas, que antes costumavam alegrá-lo, agora pareciam algo morto, sem vida. Todos os dias ele ia até lá, apreciá-las de perto e fitar cada uma naquele jardim. Eram tão vermelhas que pareciam um longo e extenso tapete vermelho. Eram tão formosas quanto qualquer mulher. Poderiam chamá-lo de louco, se quisessem, mas era a verdade. Em seu coração, oque a mantinha viva por todos esses anos, eram elas, as vermelhas rosas.

— Deveria ir atrás dela, Kaname-sama. – Akatsuki disse de modo cortês, logo atrás de seu mestre.

Kaname apenas olhou-o ao canto dos olhos.

— Está pressentindo o mesmo que eu, Kain?

— Sim, senhor.

Ele por um momento desviou os olhos do rapaz atrás de si para a delicada rosa presa em suas mãos. Aquela não era uma rosa comum. Aquela era a mais formosa, ela era a rosa invernal. A tão especial que havia tomado um lugar em seu coração dês do primeiro momento que ganhará, há dez anos atrás.

— Vamos esperar mais um pouco. Tenho certeza que ela não faria nada impróprio.

— Mas senhor... Meredy... Quero dizer...

Akatsuki Kain é o braço direito de Kaname. Apelidado como Wild, ele é reconhecido por ser incrivelmente perceptivo e habilidoso em seu poder, o fogo.

— Meredy jurou não me trair, então eu confiarei nela. – Ele disse frio. — Alguma objeção?

Akatsuki apertou os punhos com irritação.

— Nenhuma, mestre. – Disse calmamente ao final.

— De qualquer forma, – Kaname continuou. — Vá atrás dela e me mantenha informado.

Akatsuki acenou brevemente com a cabeça e se retirou daquele jardim tão rápido quanto entrou.

Um leve suspiro podia ser escutado de Kaname e sendo levado junto ao vento. Ele confiava firmemente em Meredy, sabia que ela nunca o trairia ou se juntaria com os sanguinários Level E. Mas será que ele poderia mesmo confiar tanto? Seu coração estava confuso. Realmente, confuso.

Kaname Kuran. Vampiro puro-sangue que salvou a pequena Mellanie de um Level E na noite de natal meio a um mar de neve e a morte de sua mãe. Líder da classe de vampiros nobres da noite, qual tem total respeito entre os outros vampiros.

Mas, na verdade, tudo que ele queria era protegê-la, por pelo menos uma última vez, protegê-la. Não era de hoje, mas ele podia sentir, mesmo não tendo qualquer outro sentimento, ele podia sentir que a queria segura. E se fosse preciso, morreria para sua proteção.

E naquela noite fria e escura, suas mãos eram levemente aquecidas por aquela rosa vermelha como o sangue.

~ ♣ ~

Música de Encerramento, Like Suicide.

[Imagem Extra do Capitulo ~ especial ~ Mellanie]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Nathaniel]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Miha]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Kaname Kuran]

[Imagem Extra do Capitulo ~ especial ~ Kaname Rose]

Fim da primeira parte.