The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 10
Capítulo 5 – A dor daquele que peca - P3


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, eu sei que demorei e tudo mais, me perdoem, tudo bem?

Bom, está aqui a ultima parte de mais um capitulo. Espero que gostem.

NÃO SE ESQUEÇAM DAS MÚSICAS E DAS IMAGENS ESPECIAIS DO CAPITULO, QUE TEM UMA BEM LEGAL, POR SINAL.



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Capitulo Cinco


A dor daquele que peca

Parte final


Música de abertura

O céu azul parecia correr ao lado daquela pequena e redonda janela. As nuvens, que mais pareciam grandes algodões brancos, percorriam calmamente por aquele céu; de jeito doce, calmo e apreciante...

Hikkaru olhava com atenção àquela paisagem do lado de fora, não tão distante. Seus longos e azuis cabelos cobriam a maior parte de seu ombro naquele momento, enquanto Lawliet apenas encontrava-se com a cabeça recostada para o lado oposto, completamente entediado e com feição séria.

A garota suspirou, tirando a atenção daquelas nuvens. Encarou ao canto dos olhos o loiro ao seu lado, com os cabelos completamente desgrenhados como se estivesse acabado de acordar.

— Não sabia disso antes, mas... – Ela começou virando-se para ele. — Descobri que odeio aviões. São tão chatos e fazem você sentir medo de cair. Ridículo, não é?

Lawliet virou o rosto para ela.

— Não acho que seja algo ridículo. – Ele respondeu rapidamente, colocando um dos dedos nos lábios e os amassando como se estivesse atento em algo. — Aliás, onde estão minhas tortinhas de morango?

Hikka deixou cair os ombros se dando por vencida. Estava demorando para que o loiro desse falta de um doce durante aquela viagem.

— Eu esqueci de colocar na bagagem. Estava muito apressada em arrumar as minhas coisas, desculpe Ryuzaki. – Respondeu com receio de que ele desse um ataque de nervos ali mesmo.

— Entendo... – Ele apenas abaixou seus olhos azuis, retirando o dedão da boca e respirando fundo de modo calmo. — Lembre-me de pedir um café quando a aeromoça passar por aqui, sim?

Ele falava de uma forma tão pacifica que chegava a ser arrepiante. A garota pensava a todo o momento como ele conseguia se controlar daquela forma, às vezes nas piores ocasiões. Ele era diferente do que aparentava ser quando se conheceram no colégio; uma pessoa normal e com um trabalho normal. Mas na verdade, de nada ela sabia sobre esse homem. Descobrira a pouco tempo que ele tinha um nome falso e tem muito a esconder por baixo daquele rosto e aquele cabelo desgrenhado. Seu modo frio e calmo de agir ou de se comportar e suas atitudes inesperadas... Com certeza poderia ser quase impossível desvendar os pensamentos daquele homem, ou quem sabe, os sentimentos?

Ele era um mistério.

— A cada dia me surpreendo. – Ela disse com os olhos vidrados na janela novamente, qual passava naquele instante um par de pássaros brancos.

Ele abriu um dos olhos fechados e a fitou.

— Com oque?

— Com você. – Respondeu em tom controlado e baixo, tornando sua voz doce. — A cada dia descubro uma coisa diferente sobre sua pessoa. Manias diferentes, pensamentos diferentes. E sabe, mesmo passando tão pouco tempo com você, descobri uma coisa; você é um verdadeiro sociopata.

Ele a encarava com semblante neutro, organizando cada palavra sem seus pensamentos.

— Sociopata? Acha que eu sou um sociopata? – Ele esboçou um sorriso quase imperceptível enquanto colocava novamente o dedão em seus lábios, pensativo, até finalmente a garota assentir. — Talvez você esteja certa.

A garota sorriu com os olhos apertados, demonstrando uma feição super fofa, abraçando-o apertadamente em seguida pelo braço.

— Você deveria sorrir mais vezes. Eu sei que pode parecer estranho dizer isso, mas, eu acho seu jeito esquisito um amor. – Ela continuava com o sorriso, agora encarando seus olhos azuis. — Sabe, você deveria tentar gostar de algo além de seus doces.

Ele a fitou assustado, empurrando-a com a ponta dos dedos na tentativa de se ver livre dela.

— Mas... eu gosto de algo além dos meus doces. – Sorriu calmo, parecendo uma criança como em uma imaginação infinita. Aproximou-se dela, bem perto e a fitou nos olhos.

— Gosta? – Ela sentiu seu rosto esquentar diante aquela aproximação.

— Sim. – Ele retirou o dedo dos lábios. — Eu gosto do meu trabalho!

Ela arqueou uma das sombracelhas sem acreditar, ficando estática e com uma vontade extremamente enorme de esbofeteá-lo ali e naquele momento.

— Você poderia gostar de mim também, além de seus doces e do seu trabalho. Seria pedir demais ser sua amiga? – Ela sorriu novamente de forma amável, apertando as duas bochechas dele, que ficou estático enquanto fazia uma careta de reprovação.

Ele prolongou um suspiro e se desviou rapidamente, tão rápido que a fez tombar para o lado, ficando um pouco desnorteada.

— Eu não quero ter amigos. – Ryuzaki respondeu, também a fitando com seus enormes e frios olhos azuis, tão profundos que talvez pudesse ser possível se afogar neles. — Eu me afastaria de alguém como eu, se eu fosse você.

Ela murmurou pequenas respirações enquanto também o fitava com certa curiosidade. Oque aquelas palavras queriam dizer, afinal?

Porque ele não queria ter amigos e o principal; porque aconselhou para que ela se afastasse dele? Eram essas questões que vinham na cabeça da garota naquele momento enquanto apertava os punhos na poltrona do avião, logo ao lado de suas pernas.

Ela controlou a respiração, desviando juntamente o olhar fixo naquele estranho e forçando um sorriso alegre.


— Já que é tão esperto, me diga como eu sou. Fale-me oque acha de mim. – Perguntou cutucando-o no braço, desviando do assunto anterior.



— É difícil dizer. – Ele passou a mão pelos cabelos, confuso. — Você é uma garota muito abstrata.


Ela sorriu.

— Me acha tão confusa assim?

— Não diria confusa. Você é uma garota diferente, Hikkaru.

Ela fechou o sorriso e se manteve séria.

— Não vá achando que você é muito diferente. Você é o cara mais estranho que já conheci, Lawliet.

Ele revirou os olhos.

— Ryuzaki. – Disse calmo. — Chame-me de Ryuzaki. – Repreendeu-a

Ela riu e desarrumou seu cabelo, na tentativa de deixá-lo irritado.

— Quero chegar logo. – Hikka-chan disse fechando os olhos e encostando sua cabeça como descanso no ombro do loiro, imaginando como seria aconchegante cochilar naquela posição.

Ele a olhou assustado, como se ela fosse algo anormal pendurado em seu braço. Ele achava isso pois nunca tivera muito contato com mulheres ou com qualquer outra pessoa. Ele de certa forma, preferia fazer oque sabia de melhor a se juntar com pessoas normais e desocupadas.

Ele apenas manteve-se sério e virou a cabeça para o lado, fechando os olhos e desejando sossego nesta viagem.


~~











O sol finalmente fervia no céu daquela tarde.





Já passava das três e meia e nada. Mellanie esperava do lado de fora da porta principal com certa euforia, com as mãos apoiadas nos joelhos, apertando-os. Sua tia Lunna já estava a um bom tempo ao lado, naquele pequeno jardim com diversas e coloridas flores. Ela era apaixonada por floricultura, disso podia-se ter certeza só de olhar.


— Como você escolheu cuidar das flores, como descobriu que era esse o seu dom? – Repentinamente a garota questionou, tirando a atenção daquela jovem mulher.

Lunna apenas sorriu, deixando a pá de terra no chão e se aproximando da garota que estava sentada em um pequeno degrau frente à porta.

— Não fui eu que escolhi tratar dessas delicadas flores, simplesmente foram elas que me escolheram para receber tal carinho. – Ela respondeu juntamente com seus medianos cabelos negros balançando devido ao vento repentino naquele momento.

Mellanie sentiu um arrepio bom percorrer a pele. Aquelas palavras de alguma forma haviam lhe causado uma sensação boa. Lunna sorriu, afagando o topo da cabeça da garota e se virando novamente, mas antes de voltar para a distração de antes, sentiu a garota puxar-lhe o braço.

— Poderia reservar um tempo só para nós duas, a qualquer hora? Eu queria muito conversar com você, tia. Conversar sobre o passado, sobre cada coisa que não me recordo, cada presente de natal, cada inverno, cada boneco de neve que fizemos juntas. Cada carinho e lembrança sobre minha infância. Por favor.

Lunna abaixou a cabeça com um leve suspiro.

— Claro querida. Eu adoraria. – Ela sorriu com seus apertados olhos verdes aveludados.

— Oque Kaien faz na cidade por tanto tempo? – Mellanie perguntou.

— Ele pode parecer destrambelhado as vezes mas é um homem sério e que tem assuntos a tratar. Não se preocupe tanto, ele está aqui justamente pra proteger você.

Lunna agachou-se novamente, voltando a enfiar aquela pequena pá na terra.

A garota pensou naquele homem misterioso e a primeira coisa que lhe vinha a cabeça era suas bobagens e seus chás da tarde. Poderia ser estranho em dizer, mas, ela estava sentindo falta dele. Estranho, não? Apenas poucos dias. Como meros dias poderia fazer você se apegar tanto a alguém.


Mellanie voltou a se sentar no curto degrau frente á porta, juntamente descansando seus pés descalços no chão.





Já passara das três e quarenta e nada de todos chegarem.







Mellanie soltou ar pela boca desanimada e se levantou, virando-se e abrindo a porta, entrando seguintemente. Olhou em direção da sala, mas nenhum cara em comum com cabelos brancos veio a sua vista. Seria um pouco difícil de se acostumar com os sumiços de Zero. Havia ocasiões que ele dormia fora, outros nem voltava para casa, outras nem saia do pé da garota. Ele era misterioso.





Ela sorriu e correu curtamente pela copa com alguns pulinhos, desejando que o tempo não passasse, desejando que a noite não chegasse tão cedo como de costume. Queria apenas... respirar. Respirar o ar daquela calorosa tarde sem preocupações. Sentia-se com o coração apertado nesses últimos dias, como se ele estivesse a ponto de estourar.


Sentia-se... Insegura, por alguma razão.

— Oque pensa que está fazendo? – Uma voz sutilmente rouca e rude ecoou por aquele local, fazendo a garota arregalar os olhos com o susto. — Deu pra ficar pulando feito coelho pela casa agora?

Ele passou reto pela garota que permanecia estática e envergonhada, olhando-a pelo canto dos olhos e controlando uma certa risada apreendida. Seu tom de voz era zombeteiro, como quase todas às vezes.

— E-Eu só estava me distraindo um pouco... – Disse a ele sentindo suas bochechas corarem.

— Está nervosa. – Ele riu enquanto bagunçava o cabelo dela.

— Não estou nada! Porque acha isso?

— Hoje é aquela reunião idiota de investigação, estou certo? – Ele falava enquanto pulava no sofá e se deitava com os braços descansados sobre a barriga.

— Primeiramente; não é uma reunião idiota. – Mellanie corrigiu-o séria enquanto se aproximava do sofá. — E sim, era hoje, mas estão atrasados.

Ele revirou os olhos.

— Eles virão.

Ela engoliu o ar e deu as costas para ele, indo em direção a cozinha.

Aproximou-se da pia e encostou os punhos na borda, sentindo aquela gelada cerâmica tocar-lhe a pele.

Começara a pensar em várias coisas; sobre seus primeiros dias nessa cidade, nesses assassinatos misteriosamente macabros, nesse cara estranho que apareceu do nada a salvando de um maníaco em uma parte qualquer da cidade se identificando como Zero Kiryuu e que seria o seu “cão” de guarda, pensava na sua ida a um museu abandonado e estranho com um ruivo mal encarado, pensava também em um vitoriano, uma loira de extrema inteligência e intuitos investigativos, um representante e uma representante malucos, em um certo homem com longos cabelos cor de avelã chamado Kaien e imensamente viciado em chás, em uma jardineira linda e amorosa e por fim, em uma doce criatura assemelhada a um anjo, com longos cabelos perolados e olhos de um extremo azul; Saritcha.

Todos eram especiais agora. Pelo menos a maioria ocupava agora uma parte de seu coração.

A garota sentiu um calafrio lhe percorrer quando pensou justamente nisso.

Um certo ruivo; como ele poderia se encaixar nessa categoria? Não, não e não. Ela negava-se a aceitar isso. Ela nunca o deixaria sequer passar pela porta de seu coração. Ele simplesmente iria agir como uma bomba e destruiria tudo ao redor, inclusive seu coração. Um ser frio e amargo como aquele garoto, como seres como ele poderiam sentir quaisquer sentimentos por alguém? Impossível.

Maldita hora que ela se oferecera para cuidar daquele bebezão. Teria que tomar conta daquela peste em todas as aulas de história. Isso seria terrível.

Eram esses seus pensamentos enquanto pressionava os pulsos contra aquela cerâmica.

De repente foi se ouvido um grito, altamente agudo vindo da sala. Era um grito conhecido, disso ela poderia ter certeza. Era um grito fino e afeminado, como de uma mulher ao ver um rato no meio de sua casa.

A garota se virou, correndo até a porta da cozinha, mas se reparou com uma figura somente alguns centímetros maior e de longos cabelos azuis.

— Hikkaru? – Mellanie arregalou os olhos sem acreditar na figura a sua frente.

MELLANIE-CHAN! – Ela gritava, se agarrando a amiga em seguida como se estivesse com uma enorme saudade. — Como eu senti sua falta! Tem se alimentado direito?

Mellanie sorriu largamente.

— Também senti sua falta, mesmo sendo alguns dias, senti sua falta Hikka-chan! – Ela voltou a apertá-la com gosto.

A garota de cabelos azuis logo se distanciou, passando para trás da amiga como s estivesse com medo de algo.

MELLANIE-CHAN, tem um tarado de cabelos brancos na sua sala!

Mellanie soltou risadinhas enquanto se afastava da amiga.

— Eu não sou um tarado. – Foi-se ouvida uma voz rouca logo atrás daqueles cabelos azuis. — Esse seu cabelo estranho de Elfo chupou o seu cérebro?

Hikka arregalou os olhos, pulando para trás de Mellanie novamente como em proteção.

aaaah, Mell-chan, tem um tarado na sua casa! – Ela escondeu o rosto nos ombros da amiga.

— Não se preocupe Hikka, ele não é um tarado. É apenas Zero. – Ela falava meio a risos.

— Z-Zero? – Hikkaru repetiu com certa desconfiança, encarando agora o rapaz atentamente. — Que tipo de nome é esse?

— Oque foi que disse, baixinha? – Zero disse com sua típica cara fechada e de certa forma assustadora, indo violentamente em direção das duas.

— Menos Zero. – Mellanie disse detendo-o com o braço. — E, por favor... – Ela fitou-o dos pés a cabeça com desdém. — Coloque uma roupa decente.

Ele rolou os olhos e deu meia volta, saindo de vista em poucos instantes enquanto praguejava algo.

A baixinha de cabelos anilados suspirou aliviada.

— Quem é esse maluco?

— Calada. Quem faz as perguntas agora sou eu. – Mellanie disse a puxando pelo braço mais para dentro da cozinha.

— Tudo bem, tudo bem. – Ergueu os braços como forma de rendição.

— Porque não me contou que viria tão de repente? Com quem veio?

Hikka suspirou.

— Se eu contasse estragaria a surpresa. – Começou cruzando os braços. — Vim com o loiro, lembra-se que estávamos dividindo aquele apartamento? Na verdade ele me contou que viria morar aqui, então propus que viria com ele também. Deu tudo certo, tirando o fato de ele ser um demente, literalmente.

— Um demente? – Mellanie riu.

— Você nem imagina o quanto. – Hikka respondeu com um sorriso. — Mellanie, essa cidade é incrível! Nunca vi arvores tão lindas e verdes e muito menos parques tão bem tratados.

— Bom, espero que goste de sua nova cidade.

As duas passaram longos minutos conversando até Hikka intervir.

— Tenho que ir agora Mell. Vou preparar minhas coisas pra vir pra cá à noite, claro, se o louco do loiro não me pedir um turbilhão de doces. Cuide-se, estarei aqui mais tarde.

— Tudo bem. – A garota sorriu enquanto levava a amiga até a porta. — Ah, e não se esqueça de falar para ele que estou com saudade. Fale também pra me visitar quando puder.

Hikkaru suspirou.

— Não será nada fácil convencer aquele maluco a sair de casa. – Disse de costas pronta para ir embora, mas parando logo a frente. — Ele não é nada do que imaginávamos, Mell. Ele é outro.

— Outro? Oque ta querendo dizer Hikkaru? – Ela questionou curiosa e séria.

— Ele não é normal. Ele não é o nosso Lawliet.

Hikka suspirou e virou um tanto o rosto, olhando ao canto dos olhos a baixinha dos longos cabelos castanhos, fitava-a com certa decepção.

— Espero você a noite. Hikka-chan.

Mellanie bateu a porta, escorando-se logo atrás com pensamentos longes. Sua curiosidade havia se aguçado ainda mais para saber quem era ele. Porque Hikkaru falava daquela maneira?

Não importava.

Para ela aquele loiro com certas olheiras nunca deixaria de ser o seu perdedor. Nunca deixaria de ser aquele que sempre perdia apostas. Nunca deixaria de ser o seu Lawliet.


A garota levantou a cabeça rapidamente ao ouvir batidas na porta, virando-se com certa euforia e abrindo-a, tendo a alegria de se deparar com todos eles a sua frente.





— Finalmente chegaram. Pensei que tivessem morrido ou algo do tipo. – Mellanie sorriu sem jeito, dando espaço para que os quatro passassem.







— Desculpa pela demora Mell, é que por causa desses dois idiotas perdemos a hora. – Mary apressou-se a responder.





— É verdade. Ficamos uma hora procurando eles feito duas loucas pelo bairro e na verdade eles estavam na cama, dormindo. – Miha disse.


— Quanto drama de vocês duas. O importante é que chegamos, né? – Nathaniel disse com alguns risos e com aquele jeito despreocupado de vez em quando.

— Então... Fiquem a vontade. – Mellanie disse se apressando até a sala.

— Trouxe as fitas que Mary e eu gravamos na escola ontem e alguns extras que consegui graças ao meu tio que é policial local. Acho que ajudará em algo. – Lysandre finalmente disse, com algumas sacolas na mão.

— Ótima idéia Lys. – Miha disse pegando as sacolas e abrindoas na curiosidade de vasculhar. — Nossa, são muitas...

— Vamos começar por essa aqui. – Mary disse tomando-lhe em mãos de modo desajeitado uma fita nada em comum que continha um nome estampado a frente.

— Mas essa é da cena... do crime, né? – Nathaniel disse com certo receio.

— Exatamente. Vamos começar por ela e depois pelas entrevistas aos policiais encarregados do caso. Não podemos deixar escapar nada. – Mary respondeu colocando a primeira fita no vídeo cassete.

Quando começou a rodar todos se sentaram no chão, fitando a tela da televisão atentamente.

O estranho era que, nunca em hipótese alguma mostrava a hora exata do crime, quando ele era cometido ou até mesmo a cara dos criminosos. Nada daquele momento era mostrado. Parecia que alguém havia no momento dos assassinatos cortado aquela parte, como passe de mágica. Durando os primeiros minutos de gravação, eram mostrados a cena do crime logo depois do ocorrido; um beco em plena escuridão e somente um clarão vindo ao fundo, um lampião, quem sabe? E ao canto um corpo estirado no chão. Uma garota. Aquela garota estava virada para cima e completamente mutilada. Suas pernas, braços, barriga e todo o resto estavam ensangüentados e com cortes profundos. Mas havia algo em comum naquela cena; seu rosto estava intacto, somente o pescoço estava ensangüentado.

Quando a primeira fita terminou, Mellanie fitou o horror no rosto de cada um naquela sala. Nathaniel parecia que iria vomitar e Miha ter um colapso. Lysandre e Maryana pareciam tranqüilos, olhando a fundo cada cena daquele DVD.

— Essa acabou. – Disse Nathaniel se aproximando do controle para mudar de fita, mas Maryana segurou sua mão, detendo-o.

— Não, espere um segundo. – Ela disse tomando o controle das mãos do loiro e apertando o botão para voltar as cenas. — Pronto.

— Você pausou? – Miha questionou confusa.

— Sim, mas agora prestem atenção nessa parte do vídeo. – Mary apontou ao canto direito da tela, onde ficava o chão da cena do crime. Estava ensangüentado e com um dos braços da vitima estirados. — Estão vendo essa fita vermelha, bem perto da mão dela?

Todos chegaram bem perto da tela da tv, na tentativa de enxergar o pequeno laço de fita no chão.

— Vamos dar zoom na imagem. – Mellanie disse apertando o botam de zoom no controle remoto.

Agora poderiam ver claramente aquele laço de fita no chão. Era um perfeito laço vermelho bem ao lado da mão da garota, que estava completamente manchada pelo próprio sangue.

— Um laço de fita? Oque isso faz aí? – Nathaniel se atreveu a perguntar.

— Talvez isso seja um aviso ou apenas uma marca registrada do assassino. – Maryana disse com os olhos vidrados naquela tela e naquele laço vermelho, com feição séria e tranqüila.

— Marca do assassino? Oque isso quer dizer? – Miha perguntou.

Lysandre suspirou.

— Nos melhores e mais complicados casos, os assassinos tendem a mostrar sua marca nas cenas do crime. Talvez esse laço seja a marca desse assassino, quem sabe? – Lysandre respondeu, enquanto ficava na sua típica pode vitoriana.

Mellanie pensou por um momento.

— Como se já não bastasse o sangue como marca eles querem deixar isso para se mostrarem o quanto são bons? Isso é ridículo. – Mellanie praguejou irritada.

— Estou quase certa de que este laço é a marca dele como ameaça, mas agora, vamos ver as outras fitas para comprovar. – Mary pegou a sacola com fitas e tirou a segunda de lá. — Se aquele maldito laço estiver nas outras cenas do crime, meus amigos, sinto informar a vocês, mas, estamos ferrados.


~~











A garota adentrava aquela porta tranquilamente, fitando em seguida a enorme janela da sala juntamente com as cortinas de seda branca que balançavam freneticamente com aquele vento persistente. Foi-se ouvido um rápido e profundo suspiro de sua parte, tornando aqueles longos e macios cabelos azuis algo ainda mais belo.





O rapaz loiro que antes se mantivera sentado em um mediano sofá ao canto do cômodo se levantou em um salto daquela posição um tanto estranha, andando alguns passos e tomando algumas tortinhas doces de morango na ponta dos dedos, como se estivesse atento em escolher uma apropriada.


— Estou indo embora. – A garota disse sem mover sequer um passo próximo a ele, apenas cruzou os braços pela sensação do frio.

Naquele momento Lawliet apenas parou uma tortinha no ar na ponta dos dedos olhando atentamente para ela e o morango ao topo do glacê.

— Tudo bem... – Respondeu naquele tom calmo e irritante, fazendo-a soltar uma risadinha. — Mas antes que vá...

Ele se virou ainda com aquela tortinha doce em mãos enquanto agora, fitava a garota e seus cabelos azuis.

— Oque foi?

Ele abaixou os olhos em direção ao chão.

— Poderia me trazer mais morangos? – Disse como se estivesse envergonhado. — É que estou sem nenhum aqui.

Ela sorriu ao canto dos lábios se aproximando dele e tocando gentilmente o ombro direito.

— Claro que sim. Amanhã trago bem cedo pra você, ta bem?

Ele levantou os olhos sem que ela percebesse, fitando mais uma vez aqueles olhos azuis. Uma coloração como o mar, um azul escuro com brilho diferente.

E percebeu que, os olhos de Hikkaru eram surpreendentes e de certa forma doces.

Doces...


Hikka passou reto por ele, adentrando um corredor não tão longo nem tão curto. Olhou dentro de todos os cômodos e quartos e viu sua mala dentro de um. O quarto era de um branco maravilhoso, com uma sacada pequena e repleta de vasos de flores. Tulipas e rosas azuis. Suas preferidas e que não via há muito tempo.





Olhou-as por alguns minutos, dando-se conta que seus olhos já estarem vidrados o suficiente a ponto de se tornarem em quase choro. Passou a mão nos olhos, esfregando-os em seguida com força evitando as lagrimas.







Tornou a arrumar a mala para mudança, mas resolveu deixar algumas peças de roupas naquele guarda-roupa para emergência.





Fechou a porta e permaneceu naquele quarto por mais algumas horas, que mais pareciam anos e anos. Olhava daquela sacada aquele parque e aquela rua logo em frente. Era formidável. Aquelas árvores e flores daqueles jardins ao redor, aquelas casas... Tudo fazia seus olhos azuis brilharem ainda mais.



Mas o tempo não espera ninguém, não é mesmo?






~~





















Estava sem dúvidas comprovado que; aquele estranho e vermelho laço de fita era a marca do assassino. Bom, pelo menos era o que todos daquela pequena investigação achavam.






A noite já estava claramente em vista naquele céu. Mellanie estava em sua sacada, pensando e pensando sem parar no assunto daquela roda de investigação de algumas horas atrás. Mary-chan tinha uma mente brilhante que causava arrepios na garota. Ela havia descoberto aquele laço vermelho em todas as cenas do crime, e de fato o assassino havia intenções ao colocar aquele objeto no chão perto da vitima, sempre perto da vitima, como se fosse realmente... uma marca. O chão sempre coberto por sangue e o corpo lá, estirado. A próxima reunião seria segunda-feira, na biblioteca do colégio. Não teria erro, se ocorresse mais assassinatos do tipo eles continuariam a investigar sedentamente.


O assassino teria que pagar. Eram esses os pensamentos da garota enquanto olhava diretamente para aquelas enormes arvores no parque à frente. Saritcha encontrava-se lá, naquele chafariz sentada com aquele curioso medalhão em mãos.

A garota sorriu sem preocupações, mas o sorriso logo desapareceu ao sentir um longo e forte braço rodilhar seus ombros.

Kaien sorriu divertido pela reação da menina, apertando ainda mais o braço em volta dos ombros dela enquanto olhava para frente.

— Ah, você me assustou. – Ela riu pausando a mão sobre o peito. — Oque foi? Não tomou seu chá ainda?

Ele suspirou se fingindo de coitado.

— Lunna me proibiu de tomar chá a noite, sabe?

A garota riu.

— Ah, claro, já entendi. – Falou balançando a cabeça para cima e para baixo com olhar desconfiado. — Então veio até aqui para que eu fale com ela sobre isso? Para que eu a convença de deixar você tomar seus chás noturnos?

Kaien sorriu divertido, mas negativou com a cabeça.

— Não vim por causa disso.

Ela apertou os olhos com curiosidade.

— Então por que veio?

Kaien sorriu ao canto dos lábios de forma discreta, virando a cabeça novamente para frente, olhando agora aquelas árvores que balançavam uma ao lado da outra.

— Mellanie, se eu lhe pedisse uma coisa, você faria? – Disse ele tranquilamente.

— Oque é? – Ela perguntou ainda com os olhos puxados em desconfiança.

— Quero que saia dessa investigação.

Antes olhos puxados de desconfiança, mas agora olhos arregalados em surpresa.

Mellanie virou a cabeça e a entortou bem na direção daquele homem que trajava seu pesado casaco bege de coloração escura e seus longos cabelos presos em um laço bem feito para trás juntamente acompanhado de seus óculos.

— Porque está me pedindo algo assim, Kaien?! – Ela questionou com indignação.

Ele suspirou pesadamente, retirando seus óculos do rosto e os segurando em mãos.

— Mellanie, me escute. – Ele começou, virando-se em direção a ela. — Isso agora pode parecer indefeso pra você, mas não é. Logo você e seus amigos verão a confusão que estão se metendo. Estão correndo atrás de um assassino perigoso. Pessoas irão morrer se continuarem com essa bobagem. – Ele segurou nos ombros dela sutilmente. — Desista dessa idéia suicida.

A garota fitou aqueles olhos castanhos de alguma forma apreensivos e seus cabelos prestes a se soltar diante ao vento forte.

— Não irei desistir de algo que já comecei determinada a terminar. – Ela respondeu calma, pausando e desviando daquelas mãos. — Então não se preocupe comigo, Kaien.

Aquela resposta havia sido curta e grossa, tornando a feição daquele homem séria.

— Eu me preocupo com tudo que tenha relação a você. – Ele abaixou os olhos. — Você é uma das coisas mais importantes pra mim agora e estou aqui somente para proteger você.

— Então não me proteja! – Ela respondeu rapidamente em quase grito, cambaleando para o lado e apoiando seus braços no parapeito da sacada, deixando seus cabelos caírem sobre o rosto com respiração pesada.

— Eu irei te proteger, e sabe por quê? – Começou sério. — Por que prometi para sua mãe que cuidaria de você, mesmo nos piores momentos, independente de tudo, eu prometi que protegeria você... em nome dela e em meu nome. – Ele apertou os óculos na mão. — Um homem deve proteger oque é seu.

A garota abriu os olhos semi-cerrados e olhou para aquele homem parado próximo a ela, fazendo seus cabelos voarem para o ombro facilitando sua visão.

— Então... – Começou. — Prometa que irá me salvar quando eu estiver em perigo.

Aquelas palavras eram mais como uma brincadeira para ela, mas ele se manteve sério e parado na mesma posição.

— Eu irei.

Não demorou muito para ela se dar conta de que ele estava se virando e indo embora. Já havia sumido daquela sacada, oque fez a garota correr próximo as cortinas e o ver abrir a porta do quarto pronto para ir embora.

— Kaien! – Chamou-o, fazendo ele se virar já percebendo que seus óculos estavam bem colocados no rosto e seus cabelos soltos. — Ainda não me contou sobre sua idade.

Ele sorriu ao canto dos lábios de forma divertida.

— Você é uma garota esperta. – Respondeu ao terminar de abrir a porta. — Irá descobrir.

Ela sorriu se dando por vencida, fitando agora aquela porta ser fechada pelo homem.


Suas costas não demoraram muito para sentirem aquele vento gélido da noite. O céu já havia se tomado em um azul-turquesa bem escuro, sem nenhuma nuvem, somente... estrelas.





Ela voltou para a sacada, para o canto dela onde ficava algumas flores. Ela apoiou seus punhos no parapeito, mas logo se desfez ao sentir a presença de um felino de grandes olhos alaranjados.







Um gato.





Era um gato de pelagem linda e negra, seus pelos aparentemente macios e bem cuidados. Talvez um gato de rua? Não. Disso ela pudera ter certeza só de olhar para seu pescoço, que por incrível que pareça estava tomado por uma coleira e logo na ponta uma pedra assemelhada a um rubi. Um rubi lindo que exalava um brilho por toda aquela região escura da sacada. A garota sorriu e se aproximou do felino, mas antes de qualquer outro movimento de aproximação ele pulou para o parapeito, saltando para baixo, logo sumindo de vista. Ela se empoleirou em cima do parapeito com a ajuda dos braços e mãos, olhando bem para baixo e para aquele enorme gramado do jardim de sua casa. Nada avistou além da escuridão da noite.


Aquele gato havia despertado alguma coisa nela, algo que ela não conseguia descobrir.


O relógio de seu quarto marcavam exatamente nove horas da noite. Sua cabeça borbulhou de curiosidade, mas aquela sensação foi passageira. Pegou sua camisola e entrou no banheiro, disposta a tomar um banho longo, extremamente longo e se deitar.





Desejando não ter nada além de,







Sonhos.






“Você se lembra daquelas primaveras maravilhosas e repletas de flores que passávamos juntos?




Tudo, completamente tudo aquilo acabou.


Complicado, não é?

Às vezes me pego em difíceis pensamentos de que, poderia ter dado certo.

Certo todas aquelas vezes que passamos juntos.

Sabe, eu decidi matar.

Matar todas as lembranças de nós.

Todos os momentos difíceis e dolorosos.

Todas as bofetadas, todas as ofensas e coisas ruins.

Decidi sufocar-me na dor, por apenas algumas horas e,

Lembrar de você, quem sabe?

Chega disso.

Não agüento mais a tortura da lembrança.

Desses fios loiros e da sua pele macia.

Chega disso.

O tempo se esgotou, querido.

Agora a única coisa que desejo é,

Me livrar de você.

Meu maior desejo agora é aprofundar você na escuridão do meu coração, pra nunca mais voltar.

Eu me esquecerei de você mas,

Você nunca se esquecerá de mim.”

Maryana Chie.

~~

Música de Encerramento, Nanairo No Compass.

[Imagem Extra do Capitulo ~ GATO]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Lawliet]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Mary-chan]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Miha e Nathaniel]

Fim do Capítulo Cinco.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado deste, e espero que continuem acompanhando. Complementem, comentem, indiquem, ajudem, critiquem, enfim, sejam felizes e até a próxima.