Madison e as garotas sairam da sala do mesmo modo que entraram: arranhando a parede. Quando elas colocaram as cabeças para fora, não haviam mais os bruxos-seguranças do lado de fora. "Já é tarde, eles devem ter ido dormir" murmurou Emma tranquilamente.

As quatro passaram correndo no corredor do terceiro andar e subiram mais alguns lances de escada para chegarem ao sétimo, onde ficava o dormitório da Grifinória. Tiveram que acordar a Mulher Gorda e ouvir suas reclamações como sempre.

A sala comunal da Grifinória estava pouco iluminada, e mesmo assim as quatro garotas subiram correndo para o dormitório feminino. Madison se jogou na sua cama e largou a capa de invisibilidade no chão. Isabelle bateu numa parte da parede e ela se abriu.

― O que é isso? ― perguntou Emma retirando sua capa.

― Esconderijo para os meus doces ― respondeu Isabelle tirando algumas caixinhas de sapos de chocolates e um saquinho com varinhas açucaradas ― Sinto fome de madrugada.

― Não precisava esconder da gente ― argumentou Safira ― Não iríamos pegar seus doces na calada da noite ― ela entrou no banheiro com seus pijamas em mãos.

― Ah, eu escondo meus doces até dos meus pais ― Isabelle deu de ombros ― Não levem a mal ― ela enfiou a mão no saquinho com varinhas açucaradas e pegou uma ― Alguém aceita algum doce?

― Claro ― respondeu Madison se erguendo da sua cama e sentando na de Isabelle. Emma fez o mesmo e Safira saiu rapidamente do banheiro para se juntar à elas.

Isabelle colocou o saquinho de varinhas açucaradas na cama e as caixinhas de sapos de chocolate também. Madison pegou uma varinha açucarada, Safira e Emma pegaram sapos de chocolate.

― Precisamos conversar sobre o que aconteceu realmente naquela sala com os caixotes ― disse Emma séria ― Eu entendi perfeitamente que cada animal simbolizava uma casa, só que eu não entendi o porquê do Texugo atacar a Madison e os outros animais não atacarem ninguém.

― A cobra tentou atacar o leão ― argumentou Safira comendo uma varinha açucarada.

― Isso não conta ― respondeu Emma tranquilamente ― Todos sabem que Grifinória e Sonserina tem uma certa rivalidade. A cobra iria atacar o leão por insitinto. Pelo grande histórico de brigas das casas.

― Eu acho que eu tenho resposta ― respondeu Madison se remexendo um pouco inquieta ― Cada uma de nós tem uma qualidade que outro fundador prezava além das qualidades que Godric prezava. Emma conseguiu abrir o portão do Texugo porque ela tem uma qualidade Lufana ― Emma deu um sorrisinho ― Ela tem um bom coração, escolheu a chave mais simples, digamos que ela enxergou além da aparência da chave. Safira conseguiu abrir o portão que escondia o Corvo porque ela tem uma qualidade de uma Corvina. Ela é inteligente e criativa, assim conseguiu resolver o quebra-cabeça. Isabelle conseguiu abrir o portão da Cobra porque ela tem uma qualidade Sonserina. Ela tem ousadia e se deixou guiar pela chave mais bonita, acredito eu.

― Isso mesmo, a mais valiosa ― afirmou Isabelle rindo.

― E você, Madison? ― perguntou Emma ― Você abriu o portão do Leão com um simples Alohomora.

― Eu sabia que o leão estava naquele portão ― respondeu Madison com os olhos mirando o vazio ― Eu senti, não sei explicar muito bem. Fiquei determinada a achar o leão. Eu sei explicar o que aconteceu com vocês, não comigo.

― Você é uma legítima Grifinória, oras ― respondeu Emma ― Você se comunicou sem dizer nada com o leão, vocês tinham uma ligação. O que aconteceu com todas nós foi além da nossa compreensão. Foi mágico.

― Bem, eu vou dormir, acho que por hoje está bom de aventuras ― Madison bocejou e foi para o banheiro trocar de roupa.

Safira se deitou e logo adormeceu. Isabelle guardou os doces logo depois e esperou Madison sair do banheiro para ela trocar de roupa também. Madison adormeceu quase instantaneamente, estava totalmente vencida pelo cansaço.

***

No dia seguinte, as marotas foram até a Madame Rutter para curar seus machucados. A enfermeira perguntava como elas conseguiram se machucar daquele jeito, mas, elas inventavam rapidamente uma desculpa. Claro que com anos de experiência a enfermeira sabia reconhecer uma mentira de longe, porém, não disse nada.

Os dias depois disso passaram rapidamente. A páscoa logo veio e passou. Isabelle se empanturrou tanto de chocolate que teve de tomar uma poção para que não passasse mal. Os ovos caseiros de Molly Weasley eram os melhores, na casca tinha caramelo que quando você mordia, ele escorria para dentro da sua boca. Os ovos que Megan mandara tinha várias trufas de vários sabores dentro e também eram caseiras.

Logo chegou o grande dia do aniversário de Hogwarts. McGonagall dispensou todos de todas as aulas, mandou que todos se arrumassem com os melhores uniformes que tinham e estivessem "apresentáveis" pois, outras escolas de magia também estariam presentes: Beauxbatons, Durmstrang e Braller, a escola de magia do Brasil que fica na região norte do país.

Às oito horas tinham que estar todos prontos. Megan havia mandado uniformes novos em folha para Nicholas e Madison. Madison já tinha colocado o uniforme e acabava de pentear o cabelo quando Emma subiu as escadas desesperada falando que McGonagall mandou que todos descessem.

As quatro desceram as escadas rapidamente e foram até o campo de Quadribol, porém, não tinha mais campo. No lugar haviam quatro arquibancadas e no meio uma espécie de arena. Alunos de todas as escolas transitavam em direção às arquibancadas. Os alunos de Hogwarts agiam com naturalidade, como sempre, aliás, eles estavam em casa. As alunas de Beauxbatons usavam vestes azuis de seda e chapéus e chamavam a atenção quando passavam. Os alunos de Durmstrang sempre com expressões fechadas passavam com seus cajados e seus pesados casacos de peles.

Madison avistou alguns alunos e alunas que estavam deslumbrados com toda parte da escola. Eram alunos brasileiros. As marotas correram em direção à primeira aluna da escoal Braller que viram para enchê-la de pergunta sobre a escola que desconheciam.

A garota tinha a pele bronzeada, cabelos enrolados e castanhos e olhos de cor avelãs. Ela usava um short preto com duas fitas em dois tons de verde amarradas como se formassem um cinto; camisa branca com um detalhe no lado esquerdo do peito, era um desenho de flores e embaixo estava escrito: "Escola de Magia e Bruxaria de Braller". A garota usava um sobre-tudo preto, talvez não esperasse pelo frio.

― Olá, você fala inglês? ― perguntou Madison se aproximando e as garotas a seguiram.

A garota a olhou e deu um sorriso. Tirou do bolso um livrinho azul que estava escrito: "Dicionário de Inglês - Português" ou pelo menos fora só isso que Madison conseguira ler.

― Falo sim, um pouco ― respondeu a garota ― Sua escola é linda, parabéns. Sou Amanda Santos, prazer.

― Ah, prazer Amanda. Sou Madison Potter ― Madison estendeu a mão e a garota apertou ― Essas são minhas amigas Isabelle Potter ― apontou para Isabelle ― Emma Phelps ― apontou para Emma ― e Safira Malfoy ― apontou para Safira.

― Prazer ― respondeu Amanda sorrindo educadamente ― Não esperava que aqui fizesse tanto frio. Na verdade, nenhum de nós de Braller imaginamos que o clima daqui seria tão diferente.

― Tenho tantas perguntas sobre sua escola ― Emma interrompeu ― Você se importa de respondê-las? Não conhecemos muito sobre Braller, vocês nunca vem nos visitar, apenas Beauxbatons e Durmstrang vem.

― Não me importo não, imagine ― Amanda sorriu ― Não costumamos visitar outras escolas de magia pela diferença entre os climas mesmo, é difícil de se adaptar. Era para Braller participar do Torneio Tribruxo, mas, o clima não deixou. Só viemos hoje pois insistimos muito e porque vamos embora hoje mesmo, não teremos que tolerar o frio por muito tempo.

― Ouvi dizer que o clima do Brasil é muito quente ― se intrometeu Isabelle ― Deve ser por isso que nós de Hogwarts nunca vamos lá ― Amanda assentiu ― Emma quer saber sobre a divisão de casas em Braller, se vocês tiverem, é claro.

― Sim, temos 5 casas em Braller ― respondeu Amanda andando e as meninas foram seguindo ela ― Nossas casas são divididas de acordo com os elementos da natureza. Tem a casa do ar, da água, do fogo, da terra e das flores, que é a minha. O uniforme é bem variado também, pessoas pertencentes a casa do ar tem essas fitas ― apontou para as fitas-cinto na sua cintura ― da cor branca, pessoas pertencentes a casa da água tem essas fitas em dois tons de azul, pessoas pertencentes a casa do fogo tem essas fitas em dois tons de vermelho e pessoas pertencentes a casa da terra tem essas fitas em dois tons de marrom. Como podem ver as minhas são dois tons de verde.

"Já os garotos tem um cinto mesmo ao invés de fitas, mas, seguem essa mesma regra de cores" continuou "Também ganhamos essa espécie de broche que se coloca no lado esquerdo do peito na blusa. Eles tem desenhos de acordo com a casa também, o meu são flores, mas, pessoas pertencentes a casa do ar tem o desenho de uma borboleta voando, pessoas pertencentes a casa da água tem uma cachoeira, pessoas pertencentes a casa do fogo tem chamas e pessoas pertencentes a casa da terra tem algumas rochas"

― Nossa, isso é interessante ― disse Emma ― E como é que vocês são selecionados para essas casas?

― Passamos por um teste ― respondeu Amanda ― Os diretores vêem com qual elemento nós combinamos mais e nos colocam na casa correspondente. Estudamos por oito anos enquanto vocês estudam por sete, nossa maior idade é com 18 e a de vocês é com 17. Vocês fazem os N.I.E.M's no final do ano para todas as matérias, nossos exames são sobre os elementos da nossa casa.

― Como sabe tanto sobre nossa escola? ― perguntou Safira.

― Meu pai é inglês e minha mãe brasileira ― esclareceu Amanda sempre de bom humor ― Eu poderia receber carta das duas escolas, então estudei sobre as duas, mas, só chegou a carta de Braller. Acho que minha coruja com a carta de Hogwarts se perdeu no caminho. ― todas riram ― Bem, precisamos ir, acho que a festa vai começar.

Elas caminharam juntas porém, tiveram de se separar em breve. Amanda foi se juntar à arquibancada reservada para os alunos de Braller e as garotas ficaram na arquibancada dos alunos de Hogwarts. Logo McGonagall apareceu na arena, estava usando suas melhores vestes da cor verde esmeralda. Neville também estava muito bonito.

― Bem vindos alunos da escola de Beauxbatons ― disse McGonagall e os alunos de Beauxbatons aplaudiram ― Bem vindos alunos da escola de Durmstrang ― os alunos de Durmstrang aplaudiram ― Bem vindos alunos da escola de Braller, a escola de magia do Brasil que nos deu a honra de sua presença ― os alunos de Braller aplaudiram ― E bem vindos alunos de Hogwarts. Hoje, nossa queria escola completa 150 anos. Para comemorar esse aniversário organizamos uma grande festa com um esplêndido banquete. Melhor até do que os jantares. Mas, antes, uma apresentação.

Ela saiu da arena e agitou a varinha. Quatro portões laterais se abriram e de lá sairam um corvo, um texugo, uma cobra e um leão. Todos aplaudiram calorosamente e a voz de McGonagall ecoou mais uma vez.

― Cada animal vai escolher, com o coração, o legítimo pertencente à cada casa ― disse McGonagall ― O texugo escolherá o verdadeiro Lufano, o covo escolherá o verdadeiro Corvino, o leão escolherá o verdadeiro Grifinório, e a cobra escolherá o verdadeiro Sonserino.

O Corvo caminhou para o lado dos alunos da Corvinal e roçou seu bico na perna de Lisa Peller, uma quarto anista. Lisa sorriu e montou nas costas do corvo, eles começaram a andar e receber aplausos. O Texugo escolheu um primeiroanista da Lufa-Lufa e a Cobra escolheu Emília Breathe. Não foi surpresa quando o leão rugiu para Madison, porém, Adam pareceu chateado.

― Sempre ela ― resmungou para Nicholas.

― Se acalme ― Nicholas murmurou para Adam.

― Os animais fizeram suas escolhas ― disse McGonagall ― Os escolhidos tem o coração legítimamente pertencente a sua casa, parabéns. Agora, vamos ao banquete.

Lisa Peller e o garoto da Lufa-Lufa retomaram seus lugares, porém o leão e a cobra começaram a brigar com Madison e Emília em cima deles. O leão rugiu para a cobra e ela sibilou.

A cobra tentou se enroscar em volta do pescoço do leão, só que o animal a mordeu. Emília não parecia incomodada, parecia gostar das provocações da cobra, Madison também não achava ruim. Porém, tudo acabou do mesmo modo como aconteceu naquela noite da descoberta dos segredos dos quatro caixotes: o leão pisou no corpo da cobra e a imobilizou. Emília apenas caiu e logo foi retirada dali.

Madison desceu do leão instantes depois de McGonagall gritar desesperada para levarem a cobra e o leão dali. O animal deu mais um rugido amigável para Madison e foi retirado dali. Foi com muita felicidade que a garota retornou para o seu lugar, era uma legítima Grifinória, ela fora escolhida.

Logo o banquete fora servido e com certeza fora melhor do que os jantares comuns, haviam mais doces, mais tortas, mais comidas gostosas e em mais quantidades. Todo se lambuzaram e mais tarde naquele dia, as marotas retornariam para casa.