Abraços Perdidos escrita por Graziele


Capítulo 7
Decisões que provocam quedas.


Notas iniciais do capítulo

Marcela, elispreta, suzana_quintana, Thaís Mendes, whatsername, Eclipse She, ivis, Ana Candeo, fernandasousa, Jeniffas2, JSM, Maysa, Isabellla, LekaEscritora, RM, Fiorella Scarft, Tatikynha, Juuhrawr, LittleDoll, obg pelos comentários *o* E Thaís Mendes, obg pelas lindas palavras naquela recomendação fodástica *---* KKK, sério mesmo, eu mais do que amei :')
Flores, desculpem a demora ): Eu não mudei (vou só no no final do ano mesmo, wee o/ -q), mas eu só estou com meia hora diária no pc, isso pq eu ainda nem falei que a minha internet deu ~aloka~ e não está querendo pegar -'- rs. Enfim, estou na lan house agr trazendo-lhes o capítulo de hoje, que está pequeno, mas um pouco esclarecedor sobre o que aconteceu com a Bella (:
Boa leitura!



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A noite não era estrelada. Talvez espelhando o que sua vida havia se tornado: uma escuridão total e desesperadora.

O teatro, no entanto, ainda encontrava-se lotado e todos esperavam que a divina bailarina de ótima fama no país fizesse performances tão delirantes como sempre. O público estava em absoluta polvorosa, numa expectativa quase palpável. Pudera, aquela bailarina de nariz em pé vinda da América conseguia feitos que nenhuma outra conseguira. Ela emocionava de uma forma arrebatadora, encarnava qualquer personagem que lhe era dado com uma maestria gigantesca.

Muitos diziam que ela era antipática ao extremo quando chegava nos bastidores de suas apresentações... Outros diziam que ela prezava tanto por uma perfeição doentia que já estava com sua saúde psicológica seriamente debilitada... Na realidade, não importavam as opiniões alheias, porque, qualquer que fosse, todos sempre se hipnotizavam com seu talento.

Seus olhos quase diabólicos de tão concentrados, perfuravam a alma dos expectadores de uma forma que não o faziam sentir-se bem. Era como se ela estivesse plenamente ciente de todas as histórias de vida dos presentes.

Atrás das cortinas aveludadas e vermelhas, a dita bailarina esperava que a hora de sua apresentação chegasse, preparando-se para ser fantástica como sempre fora, deixando que toda sua vida de merda ficasse de lado e não interferisse na única coisa que ainda lhe dava prazer e plena satisfação.

Ela respirou fundo ao som do terceiro sinal e pôs-se nas pontas dos pés, ignorando a dor dos ferimentos que foram causadas por suas longas e exaustivas horas de ensaio. As cortinas levantaram-se. A música clássica começou a soar. Ela encarou a platéia e colocou em seu rosto seu melhor sorriso, ainda que ele não fosse totalmente verdadeiro. Mas seu personagem pedia felicidade e ela tinha que passar isso.

Com uma leveza que sempre lhe fora característica, ela passou a movimentar seus braços e pernas, nos passos ensaiados tão previamente. A bailarina não costumava encarar a platéia – nunca fazia isso por ter medo de poder encontrar algum sorrisinho zombeteiro e acabar se desconcentrando –, mas, naquela noite em especial, ela resolvera desviar seus olhos de vidro para o público que a assistia.

E esse foi seu grande erro.

Porque ele estava lá. O execrado carrasco de sua vida. O cara que tinha um sorriso encantador, mas que, principalmente, mascara uma frieza imensurável, um poder insano de acabar com toda sua frágil vida construída milimetricamente à dedo.

A bailarina tentou desviar seu olhar e ignorá-lo, mas era-lhe impossível. Seus passos já começavam a se tornar hesitantes e a magnificência de suas performances não estava presente naquele momento.

As pessoas sentadas nos bancos macios do teatro ficaram com confusão estampada no olhar quando perceberam que a bailarina tão elogiada estava claramente atordoada com a própria coreografia. Alguns seguiram o olhar dela, mas não conseguiam enxergar nada além de expectadores perfeitamente normais que não pareciam, em absoluto, capazes de causar tamanho aturdimento.

Entretanto, a bailarina o via não apenas como mais um elegante expectador, mas também como o causador de seus problemas. O percussor de todas suas desgraças.

Ele esboçou aquele seu frio e sarcástico sorriso – o que lhe era muito usual – e isso foi o estopim para a bailarina. Como ele poderia mostrar-se tão indiferente, estando plenamente a par de todos os infortúnios que causara?

Muito esvaecida psicologicamente, a bailarina simplesmente desabou no palco. Para a surpresa de todos, a tão aclamada bailarina falhara.

Arfando, completamente amedrontada, a bailarina fixou o olhar naquele homem, e, então, sentiu que seu coração parava ao ver que a imagem a sua frente ficava ainda mais desesperadora: porque o maldito segurava um bebê morto.

Um ofegar aflito foi o que precedeu o seu despertar. Sua cabeça começou a latejar, como já era usual depois que seus pesadelos a acometiam.

Isabella fitou a parede daquele branco fantasmagórico a sua frente e depois fechou os olhos fortemente, reprimindo as lágrimas que já lhe queimavam. Era realmente uma utopia muito satisfatória achar que esses malditos sonhos cessariam de alguma forma. Muito satisfatória, mas ainda uma utopia. Porque essas lembranças a perseguiriam para todo o sempre, até que ela conseguisse livrar-se de sua própria vida.

Coisa que estava se mostrando terminantemente impossível.

Era uma inservível mesmo! Nem capacidade para acabar com a própria vida ela tinha!

Num passado que nem era tão distante, ela era simplesmente capaz de extasiar multidões com seu talento, estava no topo do mundo... Era uma bailarina perfeita, exatamente como dissera que seria quando fugiu de casa, aos seus dezoito anos... Mas ele destruíra tudo.

Sentia-se tão fraca... Tão malditamente idiota por não conseguir nem acabar com o próprio tormento...

Dizia-se que os suicidas eram fracos, porque não conseguiam suportar a própria dor e optavam, então, por acabar com a tal da maneira mais fácil possível; no entanto, Bella não podia concordar com tal afirmação infame.

Ela sabia que, se quem dizia isso vivesse metade de sua vida perturbada, logo mudaria de opinião.

Fazia muito tempo que ela decidira que não mais lutaria. Primeiramente, ela procurou ser forte. Mas foram muitas lágrimas derramadas, muitos sonhos destruídos, muitas ilusões que a machucaram... Então ela decidira que nada mais daquilo importava para si. Seria ao mesmo tempo, o começo e o fim. A terminação da consternação e de toda sua vida de agouro. E o começo da libertação, enfim, de tudo aquilo.

Mas nunca dava certo. Na maioria das vezes, porque ela não tinha capacidade o suficiente para fazer toda a merda da forma certa. Ainda, entretanto, seguiria tentando. Porque era o único modo que ela tinha de ser feliz de novo. Se é que algum dia ela realmente fora feliz...


“Oh, meu filho, mas que ideia absurda essa sua de vir de Nova York até Baltimore de carro!” Esme reclamou, assim que seu único filho passou pela porta de seu apartamento, com uma cara tão sonolenta que estava quase contagiando-a.

“Também estou com saudades, mãe.” Edward gracejou, descrente ao ouvir a recepção da mãe.

Esme riu calorosamente e guiou o filho para dentro de seu charmoso apartamento, todo decorado por ela própria. Edward não pode deixar de sentir uma sensação de lar ao colocar os pés para dentro do local, embora nunca tenha residido ali de forma permanente.

Sua vida era demasiada fria e impessoal e ele nunca gostou disso. Sua rotina resumia-se a hospital casa, pouquíssima vida social e mais do que raro calor humano. Ele sentia falta da família unida, dos domingos que se amontoavam no sofá da sala para assistir o jogo da liga de basquete, dos jantares descontraídos, de sua carne de panela com batatas... Há muito tempo que Edward nem sabia mais o significado disso tudo.

Ele amava a profissão que escolhera, mas não podia negar que a mesma lhe tirara muitas coisas.

No entanto, isso era o preço que se pagava por crescer.

Na sua folga ele decidira que iria visitar Esme Cullen. Até porque, as ameaças de morte que recebia da mesma já estava quase conseguindo assustá-lo. Sua mãe não mudara fisicamente naqueles seis anos – o máximo que ocorrera fora o crescimento médio do cabelo cor de mel e o ganho de algumas gordurinhas a mais – coisa que Edward nunca comentaria, claro.

Ela ainda mantinha aquele olhar terno e aquele sorriso doce, do tipo que acalma até a mais selvagem das feras. Esme era, indubitavelmente, a melhor mãe que alguém poderia ter.

E, enquanto fitava a mesa farta da mais deliciosa comida caseira, o médico tinha mais certeza disso ainda.

Por que mesmo demorara tanto para voltar a visitar a mãe?

“Ah, mãe, só você mesmo!” Ele disse em júbilo. Sentado em uma das cadeiras macias da pequena mesa, Edward ostentava um sorriso tão grande e satisfatório que poderia rasgar sua boca facilmente.

“Você está muito pálido, meu filho” Esme comentou, franzindo as sobrancelhas em preocupação e fazendo o outro rolar os olhos verdes. “Acho que está mais do que necessitado de um pouquinho de comida caseira. Então, por favor, não deixe nenhuma migalha.”

“Você sabe que não deve me dar esse tipo de conselho.”

Esme riu. “Eu sei e foi por isso que eu mesma preparei tudo.”

Edward salivou ao avistar uma suculenta carne com batatas. Ele nem precisou do aval da mãe para começar a servir-se de forma voraz, fazendo com que Esme risse.

“Tenho até medo de perguntar há quanto tempo que você não come algo que não seja congelado.”

Edward limitou-se a ronronar algo inteligível em meio as suas mastigadas. Porque sua mãe pode ter demorado bastante tempo para aprender a cozinhar qualquer coisa realmente boa, mas, quando aprendera, fizera com maestria.

Com pratos devidamente vazios e panelas no mesmo estágio, só sobraram, depois do almoço, mãe e filho com xícaras de chá e assuntos intermináveis para colocar em dia.

“Então... Você sabe como anda seu pai?” Esme perguntou cautelosamente, mexendo no guardanapo como quem não quer nada, ao mesmo tempo em que tentava esconder seu ardente interesse pela resposta de tal pergunta.

Edward soltou um pequeno sorriso ao ver que sua mãe não deixara de amar seu pai e qu7e o divórcio em nada alterou tal situação. Ele ainda de perguntava incessantemente porque eles se separaram.

“Ele fez a ligação mensal dele semana passada pra mim.” Edward respondeu superficialmente, e levantou os olhos para a mãe, observando a reação da mesma ao dizer: “E perguntou sobre você.”

Como previsto, os olhos da mulher brilharam instanteneamente.

“Jura?” Sussurrou, tentando não mostrar interesse. “É bom saber que ele... Ainda mantêm a boa educação.” Riu secamente.

Edward esquadrinhou a mãe e conjeturou em seu íntimo se ele ficava com aquela mesma fisionomia deslumbrada quando falava sobre sua bailarina... Suspirou pesadamente. Tinha certeza que sim.

Desde que ele a reencontrara naquela tão deplorável situação, ela não saia de seus pensamentos. Claro, isso fora comum durante aqueles seis anos de separação, mas o reencontro fora um atenuante para que ela se fixasse ainda mais em sua mente.

O que acontecera com ela, meu Deus? Essa perguntava rondava-lhe e picava-lhe como uma abelha impertinente. Sabia que nunca teria nenhuma resposta que viesse dela de forma espontânea e, por hora, resolvera desistir de saber de algo. Afinal, de qualquer modo, Isabella não voltaria a ser tão relevante em sua vida como fora outrora, então ele não deveria se empertigar tanto com sua história passada.

Oh, que tolice a sua achar que conseguiria! A curiosidade estava quase matando-o e ele estava sentindo tanta pena dela... Não raiva – como achou que sentiria –, mas só... Pena.

Porque toda aquela neurose de ser sempre perfeita, de querer sempre mais... Toda aquela arrogância e altivez a impediram de realmente ter seu conto de fadas com seu verdadeiro final feliz.

Alguns dias depois...

O relógio marcava a chegada das 23h30 quando o Doutor Cullen rompeu pela porta do quarto 232. O ambiente já lhe era mais familiar do que o recomendável para uma relação entre médico e paciente que fosse saudável e indiferente.

A garota magra e pálida sempre deitada de forma displicente sobre a cama desproporcionalmente grande era o maior foco de sua atenção. Ele ainda sentia tanta vontade de abraçá-la... De libertá-la daquele pesadelo no qual ela vivia...

Eram pensamentos conflituosos demais, que não estavam absolutamente dispostos a coexistirem de forma harmoniosa.

Porque, ao mesmo tempo em que ele queria tirá-la de todos aqueles tubos e confortá-la de todas as formas possíveis, ele também queria manter a maior distância possível daquela mulher, por lembrar-se exatamente tudo de ruim que ela já o fizera passar.

Ele sabia que não tinha mais dezessete anos e que já não era mais o mesmo adolescente sonhador e ingênuo de antes, mas Isabella ainda exercia o mesmo poder sobre si e isso não podia ser negado.

Edward acarinhou a face adormecida da bailarina e suspirou. Ela estava muito pálida, ainda que todos seus machucados estivessem quase curados. E pra onde será que ela iria depois que saísse do hospital? Será que ela tinha família em Nova York? Bella nunca havia lhe falado nada sobre parentes, mas Edward duvidava que eles residissem por ali, uma vez que ela havia dito em certa ocasião que era de uma cidade do interior de Washington.

Bella resmungou um pouco antes de abrir os olhos e fitar o médico. Durante alguns segundos, nada foi pronunciado. Ficaram perfeitamente imóveis, cada um preso nos olhos do outro, tentando decifrar tudo o que lhes acontecera naqueles seis anos que os levaram para caminhos tão diferentes.

“Já tá na hora de você me entupir de medicamentos?” Ela sussurrou amargamente.

“Vim apenas ver se precisava de algo.” Ele respondeu de forma superficial.

Novamente o silêncio reinou em absoluto. E a curiosidade de Edward chegou a níveis estratosféricos quando seus olhos pousaram novamente sobre as marcas acinzentadas no pulso feminino. Ele engoliu em seco e resolveu arriscar, pegando o pulso fino e passando os dedos sobre as marcas, num questionamento mudo e delicado.

A bailarina fechou os olhos de forma claramente torturada e recolheu o pulso, envergonhada.

“Esse é o poder das decisões erradas.” Bella sussurrou simplesmente. “E na minha vida eu já tomei muito delas.”

Edward piscou, absorvendo as palavras. Ela estaria se referindo à decisão de tê-lo deixado para ir pra França? Ou estaria se referindo a outra decisão que tomou por lá?

Dúvidas, dúvidas! O que Edward não daria para que nenhuma dessas estivesse em sua cabeça!

Edward decidiu que era a hora de desistir pois, do contrário, acabaria enlouquecendo. Respirando fundo, ele arrumou os medicamentos dela no soro e virou as costas saindo do quarto 232 sem dizer mais nenhuma palavra.

No corredor, ele tentou convencer-se a si mesmo de que Isabella Swan nunca mais seria tão importante na sua vida ao ponto de tomar-lhe espaço em todos seus pensamentos.



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Notas finais do capítulo

Eae, o que acharam ? :3 Bom, o sonho aí do começo não é literal (é mais como um emaranhado de lembranças que ela tem e que se confundem como se fossem apenas um acontecimento), mas acredito que já deu pra sacar, nem que for minimamente, o que aconteceu, né ? hehe.
Não vou falar mto pq meu tempo aqui tá acabando rs, mas enfim, espero que tenha gostado (: O próximo não vai demorar (apesar de eu estar sem internet --'), provavelmente na semana que vem eu já o trago o/
Comentem e recomendem *-----* E fantasminhas tbm, quero saber a opinião de todas, poxa.
É isso (: Beijoos e até o próximo, s2s2
PS.: Desculpem-me por não ter respondido aos reviews, mas foi impossível D: Juro que faço isso quando minha internet voltar :)