Abraços Perdidos escrita por Graziele


Capítulo 4
Sob o testemunho da lua.


Notas iniciais do capítulo

whatsername, suzana_quintana, elispreta, EscritoraUtópica, Jeniffas2, LekaEscritora, sheilaalves, Emillyeta, Maysa, GabiCullenRock, Ana Candeo, obg pelos reviews lindos! *--*
E whatsername obg pela recomendação linda *o* Vc não faz ideia de como eu pirei totalmente nela *u* haha!
Amores, vcs podem achar que as coisas estão rápidas, mas a ideia dessa ~primeira fase~ era essa msm (: Porque é pra ser tudo intenso pro nosso teen Edward o/ Espero que eu tenha conseguido passar isso no capítulo, KKK
Enfim, eu falo dms, KKK
Boa leitura!



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Edward odiava os intervalos do colégio. Era gente demais pra espaço de menos. Porque, por mais que o Baltimore Elite School
fosse realmente muito conceituado pelo país pela sua inquestionável excelência no ensino, ele não era lá um exemplo de grandeza nos metros quadrados.

O refeitório era até que grande – se comparado a outras áreas da escola –, mas era muita gente mesmo perambulando
por ele e era mais do que impossível andar por ali sem esbarrar em alguém  - ainda mais levando em conta o jeito desastrado de Edward.

No momento em que ele e Jasper finalmente se sentaram na mesa de cadeiras que giravam no próprio eixo, Edward não pode segurar o suspiro de alívio.

“Então, cara, você nem me disse como foi seu fim de semana.” Jasper começou enquanto colocava o canudo na boca e sugava o suco de laranja com um ruído.

“Foi bom.” Edward disse simplesmente, sem esconder o gigantesco sorriso. “Na realidade, foi bem mais do que bom.”

“Wow!” Jasper exclamou. “Será que o todo
virginal
Edward Cullen encontrou alguém para deflorar sua virtude?”

“Cala a boca, Jazz” Edward ralhou brincalhão, rindo enquanto suas bochechas tomavam uma coloração avermelhada. “Eu não sabia que hippies podiam falar essas coisas tão baixas.”

“Estou virando hippie, Edward, não padre.” Jasper torceu os lábios e Edward riu novamente, porque não duvidava nada que o amigo pudesse encontrar vocação religiosa qualquer dia desses. “Mas me diga logo, quem foi a corajosa que te desvirginou?”

“Isabella Swan.” Edward respondeu sorrindo e adorando o modo como o nome saíra de seus lábios.

“Não faço a mínima ideia de quem seja. Seja mais específico”

“Ela é bailarina da companhia de balé da cidade.” Deu os ombros, dando uma mordida em seu nada saudável lanche.

“Bailarina? E como você a conheceu?”

“Fui ao recital dela no sábado.” Respondeu com a boca cheia.

“Você foi a um recital de balé?” Jasper praticamente engasgara com a comida.

“Daí a chamei pra sair e ela aceitou e vamos hoje ao Gina’s.”

“Você é bem rápido!” E riu.

Edward deu de ombros de novo, porque, na realidade, havia se achado muito lerdo. Ou muito intimidador. Ou muito sem noção na conversa. Era-lhe impossível não ficar pensando nos furos que dera enquanto conversava com Isabella, entretanto prometera a si mesmo que seria mais gentil, engraçado e com assuntos mais do que interessantes na ponta da língua quando se encontrassem no Gina’s.

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Cinquenta e oito... Cinquenta e nove... Sessenta! Seis horas, finalmente!

Seria muito ridículo Edward estar olhando o relógio – quase que de forma agourenta – há exata uma hora, apenas esperando que os números verdes e digitais marcassem a chegada das seis horas da tarde? Pois então Edward era realmente o cúmulo do ridículo.

Animadamente e quase quicando de felicidade, o adolescente apagou a luz de seu quarto e saiu do mesmo, descendo as escadas com pressa, de dois em dois degraus.

Chegou na sala e quase gemeu ao ter suas narinas assaltadas pelo inconfundível cheiro de carne de panela. Seu estômago roncou de fome e ele desejou que o tal ravióli do Gina’s valesse a pena, porque
perder carne de panela era demais para si.

“Vai sair de novo, filho?” Sua mãe lhe indagou, entrando na sala e vendo o filho com a mão na maçaneta. “Não acredito! Até pedi que Poppy fizesse sua carne de panela preferida para termos um jantar em família.” Fez um biquinho magoado.

“Foi mal, mãe, mas tenho... Certas coisas pra fazer que são muito melhores do que comer carne de panela.” E deu uma piscadela, fazendo a mãe sorrir de forma maliciosa.

“Ah! É a Alice de sábado? Poxa, filho, que bom que encontrou alguém que vale mais do que sua carne de panela com batatas.”

Edward franziu as sobrancelhas, e quase deu um fora perguntando quem diabos era Alice, até que lembrou-se que, no sábado, sem saber o nome de sua bailarina, dissera que tinha um encontro com Alice.

“Na realidade, não vou sair com a Alice.” Disse, rindo e se sentindo um garanhão que saía com uma garota diferente a cada fim de semana.

“Oh, coitadinha! Você já quebrou o coração da menina?” Edward não conseguiu evitar soltar uma risada com o tom de desaprovação de sua mãe.

“Olha, a Alice foi meio que... Uma ponte pra eu conseguir sair com quem eu realmente gostaria, entendeu?” Explicou, como quem explica matemática a uma criança de dois anos.

“Oh...” Fez a mãe, compreendendo lentamente. “Então... Você usou essa tal Alice?”

“Não necessariamente. Eu não quebrei o coração de ninguém, então acho que não foi nada muito recriminante assim.” Sua mãe sempre lhe dizia: quebre a cara de uma mulher, mas nunca o coração. Esme Cullen tinha algumas filosofias meio malucas que Edward nunca levaria muito a sério.

“Bom, vou parar de te tentar entender.” Riu. “Só vocês jovens mesmo pra conseguir ver sentido nessas coisas.” E fez um gesto displicente com as mãos.

“Guarde um pouco da carne de panela pra mim.” Edward pediu antes de abrir a porta de sua casa e sair para o fim de tarde agradável de Baltimore.

Sorriu para o céu amarelado do crepúsculo, achando-o mais lindo do que de costume. Talvez fosse pelo seu estado de excitação extrema; sabe aqueles dias em que a gente tem algum evento importante e que tudo que a gente faz de alheio acaba, inevitavelmente, girando em torno desse evento? Pois é, o dia de Edward estava bem daquele jeito.

Desde que acordara, ele só conseguia ter em sua mente o encontro com sua bailarina. Na escola, enquanto Jasper tagarelava sobre os planos furados do governo para tentar salvar os rios, ele só conseguia imaginar do que ela gostava; se ela era extravagante sem aquelas roupas de balé, ou se era mais básica, daquele tipo que se contenta só com all star e jeans surrado... Se ela gostava de filmes de comédia ruim, ou se era uma cinéfila que admirava os grandes clássicos... Se ela comia comida refinada, ou não ia se importar se ele a levasse numa barraca de cachorro quente engordurado...

E suas roupas? Será que ele devia ter pegado aquela camisa social de botões que ganhara da sua tia há três natais? Ah... Mas ela devia estar pequena, porque ele realmente havia crescido desde seus 14 anos. Não, tudo bem, mentalizou, estou gostoso com minhas roupas descoladas e estou deixando claro que sou jovem.

Perfeito. Ele tinha que deixar claro que era jovem. Aliás, quantos anos será que a bailarina tinha? Nunca a tinha visto na escola, então, provavelmente, ela já devia ter terminado os estudos. Talvez ela tivesse uns dezoito anos. Uau, ele estava saindo com uma mulher mais velha? Sexy!

Riu com seu pensamento; ele era um retardado mesmo e deveria agradecer por estar saindo com uma menina tão legal quanto Isabella.

Ainda sorrindo bobamente, Edward adentrou em seu Volvo e deu partida, rumando para o Gina’s.

O trajeto já lhe era bem conhecido, porque o restaurante era seu ponto de encontro com Jasper na maioria de suas sextas – principalmente porque ali eles conseguiam comprar cervejas sem precisar apresentar documentos.

Quando desceu de seu carro e chegou na frente do restaurante, vendo a fachada pintada daquele vermelho desbotado, com um toldo verde que servia para as pessoas se esconderem da chuva – dando a falsa impressão de se tratar de um restaurante italiano – Edward torceu o nariz, achando que, talvez, aquele estabelecimento não fosse realmente um bom lugar para levar uma garota.

Ele decidiu que não ficariam ali. Quando sua bailarina chegasse, ele a levaria para um lugar mais sofisticado e que seu fundo da faculdade fosse para o inferno. A bailarina era sua prioridade no momento.

Já até podia imaginá-la dobrando a esquina... Sorriu involuntariamente. Será que ela iria maquiada? Edward adorava aquele negócio preto que as mulheres passavam nos cílios e iria adorar ainda mais se sua bailarina o usasse. Tinha certeza que isso iria valorizar ainda mais aqueles dois olhos castanhos e enigmáticos dela.

Sua animação foi diminuindo quando, olhando em seu relógio de pulso, constatou ser mais de seis horas. 18h31min, para ter mais exatidão.

Mas tentou se controlar. Meia hora e um minuto de atraso não era realmente algo tão condenável assim; ela deveria estar querendo caprichar bastante para agradá-lo. Isso o reconfortou e o fez voltar a sorrir.

Quando as sete horas chegaram, Edward imaginou que ela devia estar indo de ônibus e que talvez tenha ocorrido um atraso. Seria perfeitamente aceitável.

Sete e meia e uma chuva fina começando a cair. Ele começou a se preocupar. Teria ocorrido algum acidente? Ralhou consigo mesmo por estar pensando besteiras; devia ser só algum atraso normal.

Oito e quinze. Talvez o ônibus tenha batido num caminhão, causado um engavetamento, capotado no precipício, explodido e Bella poderia estar agonizando num hospital ou então num necrotério.

Nove horas. Edward começou a pensar que talvez ir dar uma passada no John Hopkins* para dar uma checada na ala dos acidentados não fosse um exagero de sua parte.

Dez horas. Edward teve a certeza que ela não havia nem saído de casa.

Essa percepção foi como uma bola de basquete em seus testículos. Ela havia esquecido ou então resolvera não ir apenas para tirar uma onda com a sua cara? As duas hipóteses eram dolorosas, porque queria dizer que ele não significava absolutamente nada para ela.

Ela não devia nem ter se dado um trabalho de ter anotado esse compromisso num bilhete e o pregado na geladeira. E ele, inocentemente, achando que ela havia ficado feliz com seu convite. Edward bufou, sentindo um aperto em seu peito que o lembrava de como fora um grande imbecil.

Ela era uma mulher bonita e provavelmente tinha mil e um caras em seu encalço, como poderia ficar feliz com um simples convite para ir comer num restaurante ruim? Como poderia sequer ter se lembrado do adolescente bobo que lhe fez esse convite?

Enquanto Edward dirigia, ele sentia o peso da rejeição nas costas. Sentia-se envergonhado e tinha a mais plena certeza de que nunca poderia ter sido mais idiota. Ele não representava para ela nem um décimo do que ela representava para ele. Talvez ele devesse virar hippie, como Jasper fizera, e nunca mais ter contato com nada que não fosse verde.

Chegou em casa cabisbaixo e agradeceu mentalmente a Deus por não ter topado com seus pais. Não queria ter que explicar que levara um grande de um bolo da menina por quem ele estava apaixonado; queria curtir sua fossa sossegadamente e não queria nenhum maldito conselho de como devia agir.

Então, contrariando completamente seus planos românticos para aquela noite, Edward passou a madrugada se acabando em sua carne de panela com batatas.

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“Um bolo, Jazz. Ela me deu a porra de um bolo.” Edward lamuriou na manhã daquela terça feira melancólica, enquanto ele e seu amigo caminhavam pelos corredores do colégio, rumo a suas respectivas terceiras aulas. “Não foi um bolo qualquer, foi daquele tipo que te faz ficar pensando na receita a vida inteira!”

“Não to entendendo” Jasper disse, meio letárgico, torcendo a barra de sua camisa bege, que em nada combinava com sua calça larga de flanela ou com os óculos de lentes redondas e amareladas. “Ela faltou ao encontro e ainda te fez um bolo?” Edward revirou os olhos para a lerdeza de seu amigo e se perguntou se ele seria muito ruim se o socasse ali mesmo.

“Foi uma ironia, seu imbecil.” Disse, sem nenhum pingo de paciência.

“Wow, foi mal aí, senhor ‘levei um bolo e não estou para nenhuma conversa’.” Ironizou o outro. “Na boa, cara, você já devia meio que esperar que isso fosse acontecer. Porque você a perseguiu no camarim, e, depois de dez minutos de um papo furado, a convidou para ir num restaurante ruim pra caramba que serve uma porcaria de uma cerveja quente. Queria conquistar o coração da donzela com esses artifícios super certeiros?” Arqueou uma sobrancelha, petulante.

“Então, vai lá, Jasper, me diga o que eu devo fazer!” Disse, meio ultrajado com o choque de realidade que acabara de levar. Fora tão sem noção assim mesmo?

“Vá atrás dela no estúdio.” Jasper disse meio pensativo, coçando o queixo e olhando para o nada, como se estivesse fazendo planos para a solução de um problema mundial. “Pergunte o porquê do bolo. Daí, dependendo da resposta dela, a convide novamente. E para um lugar menos... Rústico, claro.”

“Defina ‘dependendo da resposta dela’.”

“Tipo, se ela te disser que ela não foi porque a avó dela teve um ataque cardíaco, você a perdoa e a convida de novo.”

“E se ela disse que se esqueceu?”

“Eu diria pra você nunca mais olhar na cara dela, mas você está meio... Apaixonado, então acho que isso não vai funcionar.” E como Edward é o Edward, ele corou até onde não tinha podia. “De qualquer modo, você foi o culpado por esse bolo, por ter oferecido um local tão ruim para o primeiro encontro. Então, você tem que convidá-la de novo, e dizer que vai levá-la para o... Les Délices.” Concluiu, imitando um sotaque francês ridículo.

Edward quase engasgou com a própria saliva enquanto arregalava os olhos impossivelmente.

“Pelo amor de Deus, Jasper! A gente paga até pra entrar nesse restaurante aí!” Exasperou-se. Les Délices era um restaurante francês novo nas redondezas que era tão caro que cobrava até o ar que se respirava lá dentro.

 “É o preço que se paga por estar apaixonado por uma bailarina chique.” Respondeu simplesmente, dando de ombros.

Edward nem sabia se ela era chique mesmo... Edward não sabia porra nenhuma dela!

Suspirou derrotado e olhou para o teto da escola, perguntando-se se seu cupido maldito não podia ter escolhido alguém menos complicado pra ele se apaixonar.

“Ok, então é isso que eu vou fazer.” Decidiu-se. “Vou atrás dela, daí peço desculpas por ter oferecido um lugar tão ruim. Aí a convido pra irmos a outro lugar.”

“Aí você convida ela para ir no Les Délices.” Jasper insistiu.

“Eu não tenho dinheiro pra isso não, Jazz!”

“Larga de ser pão duro, Edward! Seu pai é tão rico que deve limpar a bunda com notas de cem dólares!”

Edward gemeu em descontentamento, mas mentalizou que valia a pena gastar um pouco mais de dinheiro, afinal, era pra sua
bailarina
.

Les Délices.” Ele murmurou, concordando enfim. “Mas eu nem tenho roupa pra ir nesse lugar!” Exasperou-se de novo. Tudo estava conspirando para que esse encontro fosse desastroso, ou era só impressão sua?

Jasper revirou os olhos. Estar apaixonado era uma desgraça mesmo.

“Você está vendo esse corredor vazio?” Jasper indagou, gesticulando para o corredor do colégio que ia ficando escasso de pessoas. “Isso é um sinal pra você parar de colocar empecilhos nesse encontro e ir logo para sua aula!” O projeto de hippie concluiu de forma impaciente.

Edward suspirou, mas por fim assentiu e concluiu que Les Délices – por mais que seus preços fossem ridículos de tão altos – era realmente um bom lugar para um primeiro encontro – ou, no caso, um segundo primeiro encontro.

 Perguntou-se onde estava seu orgulho. Porque, de qualquer modo, ele havia levado um bolo daquela bailarina. Por que ainda iria se dar o trabalho de ir atrás dela e convidá-la de novo para outro lugar? Teve a resposta rapidamente: seu orgulho estava, naquele momento, sendo miseravelmente esmagado pelo amor que sentia por ela.

-

-

Enquanto encarava a porta principal do estúdio de balé de sua bailarina, Edward sentia seu coração galopando tão rápido que acabaria pulando de seu peito.

Ele estava nervoso, ansioso e bravo consigo mesmo. Usou como mantra o fato de que a culpa fora dele, mas não podia deixar de ficar com raiva por estar sendo tão bobo.

Um grande bobo malditamente apaixonado.

Eram duas horas da tarde e as pessoas começaram a sair do estúdio. Muitas pessoas mesmo, mas das quais nem metade da metade era do sexo masculino; haviam alguns, claro, mas eram pouquíssimos e Edward os achou muito corajosos – não só por terem de aguentar uma calça que amassa suas partes íntimas, mas também por enfrentar toda uma sociedade preconceituosa para seguir seus sonhos.

Alice saiu pela porta e Edward se escondeu atrás de um poste. Ele estava na calçada do outro lado da rua do estúdio e realmente não queria que a baixinha lhe visse, pois, do contrário, ela iria acabar cobrando-lhe pedidos de namoro.

Três minutos de gente desconhecida saindo do estúdio se passaram e, finalmente, sua bailarina saiu pela porta. Ela estava com uma camiseta do Bob Esponja e com uma calça jeans de lavagem clara; os cabelos estavam amarrados em um coque mal feito, preso com uma caneta. Edward viu que a beleza dela não era diminuída em absolutamente nada quando estava com roupas normais.

Ela conversou com duas meninas durante pouco tempo e, depois de se despedir, rumou para o outro lado da rua. Edward aproveitou que ela vinha na sua direção e apertou seu passo, abordando-a enquanto ela remexia em sua mochila verde.

“Hey... Edward.” Disse ela, sorrindo levemente.

Gina’s.” Edward disse simplesmente, meio rancoroso. “Isso te lembra alguma coisa?”

Num primeiro momento, Bella franziu seu delicado cenho, claramente muito confusa com a abordagem do rapaz, mas, depois, seus lábios vermelhos curvaram-se em um sorriso de compreensão, divertido e quase zombeteiro.

“Nossa! A gente tinha marcado de ir lá, né?” Indagou, embora já soubesse a resposta, e depois riu. “Eu esqueci completamente!”

Edward ficou chocado com o modo banal com o qual ela tratava o bolo que dera nele. Será que um pedido de desculpas ali não iria cair bem, não?

“Eu fiquei malditas quatro horas te esperando!” Edward explodiu e Bella incomodou-se com o modo repentinamente grosseiro que ele lhe dirigiu a palavra. “Será que não custava você simplesmente ter me ligado pra avisar que não iria?”

Bella umedeceu os lábios. “Primeiramente, não grite comigo.” Ela pontuou, séria. Nenhum homem jamais teria esse direito com ela, ainda mais um adolescente franzino e chato como uma dor na bunda. “Depois, eu nem tenho seu maldito número. Você ficou tão eufórico com o fato de ir me levar pra jantar naquele restaurante capenga que até se esqueceu de pedir. E quer saber? Ainda bem que eu esqueci; acho que não iria valer a pena sair com você.”

Edward sentiu-se um idiota de marca maior naquele momento. Estava estragando tudo.

“Desculpe-me,” ele disse baixinho, claramente envergonhado. “Será... Que a gente podia começar de novo? Eu queria te levar num lugar melhor agora. Que tal o Les Délices?”

Bella sorriu internamente. Aí as coisas começavam a mudar de figura!

“Não sei.” Ela disse, resoluta. “Se você já está sendo um chato de galocha antes mesmo de sairmos, imagina só quando isso acontecer? Não sei se eu vou ter saco pra te aguentar.”

“Por favor, só mais uma chance e eu juro que esse vai ser o melhor encontro da sua vida.” Disse, praticamente suplicando. Sentiu que os papéis estavam meio invertidos, afinal fora ela que lhe dera o bolo, e deveria ser ela ali implorando desculpas e uma segunda chance.

Bella mordeu os lábios e olhou dentro daqueles olhos verdes. Sempre gostara dessa cor e lembrava-a de sua cidade natal, aquela que lhe trouxera tantas felicidades... Talvez sair com ele não fosse realmente tão ruim assim. E, também, nem tinha nada o que fazer durante o fim de semana mesmo. E, claro, se ela saísse logo com ele, poderia se livrar de tanta insistência.

“Faça assim então: sábado, às sete, você passa aqui na frente do estúdio e a gente vai jantar no Les Délices, tudo bem?” Edward apenas assentiu alegremente. “Dê-me seu número, caso eu mude de ideia.”

A bailarina tirou a caneta que estava prendendo seu cabelo e entregou ao adolescente; ele logo escreveu seu número de celular na mão macia dela.

“Até sábado, Edward.” Ela disse, sorrindo divertidamente.

Deu as costas para o menino e riu, balançando a cabeça em descrença. Nunca se veria livre desses admiradores.

-

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-

E Edward encontrava-se simplesmente... Mais do que extasiado. Porque ele realmente havia perdido suas esperanças quanto a sair com sua bailarina, já que ele tinha tomado aquele bolo dela como um aviso divino, mas, quando viu que ela realmente o esperava em frente ao estúdio às sete, quase teve uma síncope de felicidade.

E ela estava linda, com um vestido de cetim branco, com uma fita na cintura, o cabelo mais encaracolado que o normal, caindo livremente pelos ombros pálidos, os olhos marcados por aquele negócio que alongava os cílios... Tão linda que Edward não pode levá-la em outro lugar que não fosse o Les Délices, afinal toda aquela beleza merecia também um lugar
decente para ser exibida.

Eles tiveram um jantar agradável e Edward se policiou seriamente para não ficar parecendo um retardado enquanto a observava; e ele achou que até teve certo êxito nessa missão, já que conseguia respondê-la satisfatoriamente e quase nunca se perdia em suas próprias frases – quase nunca.

Parecia-lhe um sonho: estar ali, com sua bailarina que até alguns dias atrás lhe era inalcançável, tão perto de si...

Depois de saírem do restaurante que acabou com todas suas economias, os dois foram passear pelos arredores e, naquele momento, Edward tentava não babar ao assistir sua bailarina fazer passos de balé a luz da lua, dançando para ele.

Ele estava sentado num banco de um gazebo de uma simpática Praça de Baltimore, enquanto Bella se equilibrava na ponta dos pés, sorrindo pacificamente, rodopiando de forma encantadora, com a luz cheia em toda sua magnificência iluminando seus movimentos, fazendo com que os olhos verdes de Edward brilhassem em compasso da maravilha das oscilações daquele corpo.

Subitamente, ela parou e o encarou, sorrindo enormemente. Ele apenas retribuiu o sorriso, dando uma lambida em seu sorvete quase derretido e sentindo que era simplesmente o cara mais sortudo do mundo.

“Sabe que me sinto leve quando danço?” Ela indagou num sussurro, aproximando-se dele de forma que o inebriante cheiro de lavando e camomila o atingisse. Edward teve apenas a capacidade de assentir bobamente. “Tão leve que quase sinto que estou simplesmente sem nada.” Disse e voltou a rodopiar pelo gazebo, com seu vestido de cetim braço armando-se lindamente em volta de seu corpo.

Então, ela levantou sua perna direita completamente e inclinou seu corpo para o lado oposto, equilibrando-se na ponta do pé – ainda que não estivesse com sua sapatilha de ponta – e fechando os olhos castanhos enquanto sorria em plena satisfação. A luz prateada da lua cheia a iluminou, de forma que somente a silhueta esguia era vista por Edward. Parecia uma pintura.

“Eu poderia te ver dançar pelo resto da minha vida.” Edward soltou de repente, sem realmente chegar a medir suas palavras. Bella abriu os olhos e encarou os de Edward, sorrindo quase de forma zombeteira.

“Acho que muitas pessoas poderiam fazer isso.” Ela disse convencidamente, arqueando uma sobrancelha. “Sabe que tenho muitos admiradores?” Sussurrou, aproximando de Edward novamente. O adolescente estremeceu no momento em que a bailarina agachou-se em seu nível sentado e colocou suas mãos em cada lado do seu corpo, falando tão perto de seu rosto que o hálito mentolado o atordoou por um momento longo. “Isso te incomoda?” Ela indagou.

“De forma alguma.” Edward conseguiu sussurrar debilmente, achando que ela se referia à proximidade quase perigosa em que se encontravam seus corpos.

Bella apenas sorriu faceira e levantou seu olhar, deleitando-se com aquelas esmeraldas derretidas em inocência e inexperiência que eram os olhos dele. Lentamente, ela aproximou seu rosto do dele, encostando seus narizes e aumentando seu sorriso ao sentir a respiração dele completamente irregular; aproximou sua boca avermelhada da dele e, de forma bem suave, encostou-as. O adolescente apenas sentiu que seu coração parava ao perceber que aquela boca doce e moldada em perfeição estava junto a sua.

A bailarina roçou seus lábios e então pediu passagem para sua língua. Edward ainda estava completamente perdido e, inexperiente nesse quesito, não fazia a menor ideia do que fazer, mas abriu sua boca, prontamente sentindo que sua bailarina aprofundava o beijo, de forma ainda delicada.

Suas mãos, trêmulas e ainda desacreditadas, imediatamente voaram para a nuca feminina, mantendo-a ali e a bailarina soltou um suspiro baixo, fazendo com que Edward se sentisse de repente envaidecido.

Mas, tão rápido quanto começou, acabou também.

Bella afastou-se e o encarou, com um sorriso gozador bordando-lhe os lábios. Edward estava aturdido e quase chegou a se beliscar para ver se não estava sonhando.

Que Deus tomasse conta de seu coração acelerado!

“Dentre todos, eu só escolhi você.” Bella segredou, quase que em zombaria. E levantou-se com extrema destreza e elegância, logo descendo as escadas do gazebo e deixando um Edward mais do tonto para trás.

Sorrindo de forma idiota, o adolescente tocou os próprios lábios, não acreditando naquilo.

Não acreditando somente no fato de que acabara de ser beijado pela garota de seus sonhos, mas também não acreditando que seu amor pela mesma pudesse crescer ainda mais.

*John Hopkins: famoso hospital universitário de Baltimore.


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Notas finais do capítulo

não sei se eu suspiro com esse Edward todo bobo apaixonado ou se eu fico com vontade de bater nele! KKKK
ahhh, e pra quem não conseguiu vizualizar o gazebo (ou pra quem não sabe o que é) aqui vai uma imagem pra fica mais claro: http://img.alibaba.com/photo/253617485/Landscaping_Pavilion_Outdoor_Gazebo_Garden_Wooden_SPA_House.jpg
Quem mora em Americana, no interior de SP, bem sabe o que é, porque a cidade é cheia deles, haha! Ou pelo era, há sete anos atrás, quando eu saí de lá, rs, agr eu não sei como tá a situação '-' KKK Olha eu falando mais que o necessário de novo, KKKK.
enfim, é isso o/ o próximo é o último dessa fase, vou tentar trazê-lo na sexta (: e fiquem preparadas pros xingamentos que vcs vão proferir à Bella, KKK
Comentem bastante! E, ah, senti falta de algumas leioras D: Espero que não tenham me abandonado (:
Beijoos, amorecos s2s2
PS.: Vcs sabem que eu aceito recomendações, né ? *--* KKK