Fuckin Perfect escrita por Priy Taisho


Capítulo 25
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oê gente, como estão? Eu estou chorosa! É hora da gente se despedir, né?
Escrever essa fic, foi uma das experiencias mais maravilhosas que eu tive como "autora" até agora. Eu nunca me emocionei tanto escrevendo como nessa fanfic.
Eu tenho orgulho de dizer que minha forma de escrever mudou em relação há dois anos atrás, que os meus personagens amadureceram e que eu acho, pelo menos, que a Kagome sofreu um desenvolvimento "saudável" através desses capitulos.
Quero agradecer a todos que acompanharam a fic até aqui, aos que recomendaram, favoritaram, que deixaram reviews de incentivo e que se mantiveram aqui, apesar de todos os atrasos. E sobre os atrasos, me perdoem do fundo do meu coração! Por mais que eu tentasse, não consegui evita-los, havia uma força maior me prendendo.
Er... Me despedir é sempre tão difícil, é horrível gente! UAHUASHSA
Dedico esse epilogo à minha querida Parenta, a Thali, que me aturou todo esse tempo mandando spoiler e os capítulos pra ela ler mesmo que fosse de madrugada! AUHAUSH São quase duas da manhã e nesse momento ela está lendo o epilogo, uma salva de palmas pra pessoa que me incentivou desde o começo dessa fic! Obrigada do fundo do meu coração, Parenta!
Também dedico esse capitulo pra vocês, que me aturaram até aqui! Obrigada mesmo, mesmo, mesmo, meeeeeeeeeeeeeeeeeeesmo!
Espero que possamos estar juntos em outras fics, adoraria ter vocês comigo novamente.
Não sei mais o que dizer, é tão estranho não poder dizer mais "continua..." USHUASHAS
Espero que vocês gostem, porque eu planejei isso desde o começo da fic, mal acredito que cheguei até aqui... ME SEGURA ROSANA! AUSHSUSAH
Boa leitura! ♥



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Epílogo

Eu estava ouvindo uma espécie de “pi” incessante. Minha cabeça doía e meu corpo também, não conseguia me forçar a abrir os olhos. Senti algo sobre minha mão, era quente.

Tudo o que eu conseguia ouvir era o maldito pi... Teria eu morrido?

Comecei a abrir os meus olhos, piscando lentamente, tudo estava embaçado e branco.

– Kagome? – senti minha mão ser apertada levemente e em seguida fui abraçada. – Como está se sentindo? – eu conhecia aquela voz.

Desviei o olhar do teto e encarei a figura ao meu lado. Cabelos prateados, olhos dourados... Inuyasha.

– Inuyasha. – murmurei sentindo minha voz falhar. – Onde está Kikyou? – tentei me sentar, mas ele me impediu.

– Está no quarto ao lado. – respondeu ele calmamente, me soltando em seguida. – Naraku está com ela.

– Como ela está? – perguntei preocupada. – E Amaya? O que aconteceu? – senti uma pontada no braço e gemi de dor, fechando os olhos brevemente.

– Calma, calma. – Inuyasha me advertiu preocupado. – Kikyou está bem, ela também saiu da casa desmaiada, mas só desmaiou quando um dos bombeiros começou a te carregar para fora da casa. Ela tem ferimentos parecidos com os seus, mas eu tenho que admitir que Kikyou é dura na queda, mesmo tendo contundido uma das costelas. – riu levemente e isso fez com que eu abrisse um sorriso fraco. – Ela acordou algumas horas depois de chegar aqui e precisou ser sedada pra não vir até o seu quarto. – Inuyasha fez uma pausa esperando que eu lhe perguntasse algo, mas como eu não o fiz, ele continuou – Amaya foi encontrada desmaiada dentro do próprio quarto, ela estava abraçando uma roupinha amarela para recém nascidos. Ela está em outro andar e dois policiais estão em frente à porta do quarto dela.

– Fico feliz que elas estejam bem. – sussurrei dando um sorriso. – E você, Inu? Como está se sentindo? – tentei ignorar a dor em minha cabeça. – Há quanto tempo estou aqui? – Ele, relutante, ajudou com que eu me sentasse enquanto arrumava os travesseiros para que eu ficasse confortável.

– Quase dois dias. – Respondeu ele. – Te sedaram quando você começou a delirar com dor... – sussurrou de forma culpada.

Inuyasha possuía olheiras e uma expressão cansada, embora tivesse um sorriso nos lábios sua preocupação era gritante. Ele não tinha dormido direito... Por minha causa.

– Inuyasha você...

– Kagome, não se preocupe comigo. – cortou meu discurso. – Devia se preocupar um pouco mais com você. – comentou e meu olhar vagou para os meus braços que estavam quase que completamente enfaixados, as únicas partes livres das faixas brancas estavam com vergões arroxeados, alguns estavam esverdeados.

Made a wrong turn
Once or twice
Dug my way out
Blood and fire

Peguei o caminho errado
Uma ou duas vezes
Cavei até conseguir sair
Sangue e fogo

– Eu vou ficar bem. – Inuyasha acariciou meu rosto e sorriu, passando os dedos delicadamente em minhas bochechas. – E se eu não ficar, tenho você, a Sango, o Sesshoumaru e agora uma irmã que parece se importar comigo. – minha voz havia falhado, as lagrimas escorriam pelo meu rosto e Inuyasha parecia reprimir as suas.

– Me desculpa, Kagome. – pediu ele segurando minha mão e se sentado ao meu lado na cama. – Se meu celular não tivesse descarregado, se eu não tivesse te deixado ir tão livremente com a Kikyou... Isso não teria acontecido. – ele abaixou o rosto. – A culpa foi minha...

– Talvez isso seja destino, Inuyasha. – respondi erguendo a mão e levantando seu queixo para que ele me encarasse. – Desde a primeira vez que nós conversamos, você se culpou por algo que não foi sua culpa.

“(...)Caminhei de cabeça baixa, até que esbarrei em uma parede que não conhecia e cai no chão.

– Ai... – murmurei.

– Me desculpe. – ouvi a voz de Inuyasha Taisho. Capitão do time de futebol, olhos dourados, cabelos prateados e longos, orelhinhas no topo da cabeça, um Hanyou e atual... Namorado da Kikyou. – Se machucou? – perguntou ele estendendo a mão em minha direção, para me ajudar a levantar.

Peguei em sua mão e aquele gesto me fez corar.

– N... Não. – respondi encarando aquelas orbes douradas.

– Me desculpe mais uma vez, Kagome. Eu estava andando distraído. – disse ele sorrindo. Senti minhas pernas bambearem, apenas com aquele sorriso.

– Eu estava andando de cabeça baixa... A culpa foi minha. – falei.

– A culpa foi minha e pronto, Kagome. – disse ele mais uma vez. (...)”.

– Mas...

– Destino. – interrompi sua fala. – Chamemos isso de destino, Inuyasha. – Ele sorriu fraco e aquiesceu com um breve aceno.

– Que o destino me deixe junto de você, pra sempre. – murmurou ele aproximando-se de mim e recostando sua testa levemente na minha. – Prometo cuidar de você e não vou deixar com que nada disso se repita de novo.

– Eu te amo, Inuyasha. – encostei meus lábios nos dele timidamente.

– Também te amo, Kagome. – Inuyasha beijou-me ternamente, enquanto acariciava meu rosto, limpando qualquer resquício das minhas lagrimas.

“(...)– Eu te amo tanto”. – declarei me sentindo feliz por finalmente poder dizer aquilo, mesmo que nessa situação. – Me deixa te mostrar isso. – e então a beijei. Sei que foi um ato precipitado, mas sabem há quanto tempo estou esperando por isso?

Kagome estava surpresa e de inicio não retribuiu, mas depois começou a ceder timidamente enlaçando seus braços em meu pescoço, enquanto eu acariciava seu rosto delicadamente. Provavelmente esse era o primeiro beijo dela. Esse pensamento me deixou feliz, pois se dependesse de mim eu seria o único a beija-la, sempre.(...)”.

– Mais rápido Naraku, mais rápido. – ouvi a voz de Kikyou e Inuyasha me deu um ultimo selinho, antes que ela aparecesse na porta. Kikyou vestia uma camisola branca de hospital, possuía curativos nas bochechas e nos braços, os cabelos estavam soltos e o rosto estava livre de qualquer resquício de maquiagem. Apesar de estar machucada e numa cadeira de rodas, Kikyou me parecia tão bonita. – Você acordou. – ela sorriu ao me ver e Naraku a empurrou para que ela se aproximasse da cama. – Tem noção do susto que me deu, Kagome? – repreendeu-me franzindo o cenho.

– Me desculpe. – respondi constrangida e Kikyou sorriu novamente. – Não queria preocupar vocês. – admiti sem graça.

– Impossível. – Inuyasha resmungou e minha irmã revirou os olhos.

– Por que nós não vamos até a lanchonete, Inuyasha? – Naraku perguntou e Inuyasha fez uma expressão incerta. – Acho que elas precisam conversar, não é Kagome? – me encarou e sorriu brevemente. – Vamos?

– Podem ir, Inuyasha. – falei quando ele me encarou apreensivo. – Você deve estar cansado... Nós vamos ficar bem.

– Anda logo, antes que eu encontre uma forma menos sutil de te tirar daqui, Taisho. – Kikyou arqueou as sobrancelhas e riu do olhar estreito que Inuyasha lhe lançou.

– Kikyou... – ele murmurou, mas por fim riu balançando a cabeça negativamente. – Ainda não gosto de você.

– Inuyasha! – ralhei indignada e ele riu despreocupadamente. – O que foi? – perguntei confusa quando até mesmo Naraku começou a rir.

– Nós temos que nos tratar assim. – Kikyou explicou enquanto Naraku trazia sua cadeira e a posicionava ao lado da cama. – Inuyasha não gosta de mim, mas pelo menos não me odeia. – deu ombros e eu olhei brevemente para Inuyasha, a tempo de vê-lo assentir. – Eu fiz mal à vocês, não seria justo se me perdoassem por...

– Não tente bancar a boa samaritana agora, Kikyou. – Naraku disse de forma entediada. – Tudo ao seu tempo. – acrescentou ao ver a careta que ela fez. – Vamos, Inuyasha? – perguntou indo em direção à porta.

– Eu volto logo. – Inuyasha segurou minha mão brevemente e me deu um beijo na testa.

– Não volte logo, Taisho. – Kikyou disse de forma provocativa. – E feche a porta, por favor. – acrescentou e ele lhe lançou mais um de seus olhares mortíferos, antes de fechar a porta e nos deixar sozinhas.

– Não devia provoca-lo assim, Kikyou. – fiz uma careta para ela, que revirou os olhos. – Sério mesmo? – Kikyou tentou erguer os ombros, mas gemeu de dor quando o fez.

– Estamos sendo sinceros, Kagome. – repetiu como se fosse obvio. – Como está se sentindo? – perguntou trocando de assunto.

– Parece que um caminhão passou por cima de mim. – Respondi voltando meu olhar para o teto. – O que Naraku faz aqui?

– Ah, eu e ele... Estamos tendo meio que um... Lance.

– Lance?

– Eu não sei direito. – Kikyou respondeu de forma sincera. – Ele me confrontou e percebeu o que estava acontecendo antes que qualquer um, no começo eu o queria longe. – Riu sem humor. – Mas ele continuou insistindo, invadindo os meus segredos, a minha privacidade. – Escutei seu relato atentamente tentando imaginar tudo o que Kikyou estava me contando. – Eu o queria bem, muito bem. – Olhei para ela e Kikyou estava assentindo, enquanto brincava com os dedos. – Bem longe de mim. – Comecei a rir quando ela acrescentou essa parte.

– Eu me admiro com a sua sinceridade.

Kikyou riu mais uma vez, fechando os olhos por um breve momento. Contava tudo de forma animada, algumas vezes parava para pensar e pouco a pouco me contou tudo o que tinha acontecido.

– Não saiu do meu lado em momento algum, assim como... A nossa mãe. – Mordeu o lábio inferior esperando por alguma reação minha. – Isabelle me contou tudo, mas pediu que eu não te dissesse nada.

– Por quê? – perguntei frustrada. – Não tenho o direito de saber a verdade?- tentei me mexer, mas gemi de dor ao sentir meu braço doer.

– Porque eu quero te contar isso pessoalmente, minha filha. – Kikyou e eu olhamos para a porta. Uma mulher estava com a mão na maçaneta, parecia em duvida se entrava ou não no quarto.

Seus cabelos negros eram tão ou maiores que os de minha irmã. Não usava maquiagem, os olhos eram de uma tonalidade azul tão cintilante, ela parecia ter chorado há pouco tempo.

– Você não se parece nenhum pouco com a Amaya. – Falei sem pensar e a vi arregalar os olhos. – Fisicamente são bem parecidas, mas o seu olhar é doce, repleto de compaixão. – acrescentei admirada. – Qual o seu nome?

Ela fechou a porta e caminhou vagarosamente até onde Inuyasha estava sentado há pouco tempo. Parecia tímida, o olhar alternava entre mim e Kikyou, que agora permanecia quieta apenas observando.

– Isabelle Higurashi. – Sua voz falhou no fim, os olhos se encheram de lagrimas e ela parecia se controlar para não chorar. – Kagome, eu...

– Prazer em te conhecer, mamãe. – Estiquei a mão lentamente e a coloquei sobre a de Isabelle que estava apoiada no colchão. – Eu sou a Kagome. – Isabelle pareceu desabar ao ouvir isso.

Abaixou o rosto e os ombros começaram a se balançarem, ela chorava copiosamente. Sem perceber, eu mesma havia começado a chorar enquanto a observava. Não consegui dizer nada para conforta-la, porque ela não parecia precisar ser confortada.

– Eu esperei tanto por isso. – ela disse com a voz entrecortada. - Eu, ah...Come io sono stupido. – riu baixinho passando a mão pelo rosto, antes de nos encarar. – Vocês também não. – ralhou e eu olhei para Kikyou, que fungava baixinho.

– Acho que essa coisa de gêmea pega. – Kikyou passou a mão embaixo dos olhos. – Eu comecei a chorar por ver a Kagome chorando.

– Kagome eu... – Isabelle se levantou da cadeira, mais uma vez estava receosa. – Posso te abraçar? – mordeu o lábio inferior e eu sorri, assentindo calmamente.

Pretty, pretty, please
Don't you ever ever feel
Like you're less than fucking perfect

Querida, querida, por favor
Nunca, nunca se sinta
Como se fosse menos que perfeita pra caralho

Os braços dela me envolveram com suavidade, num abraço forte.

Retribui, escutando-a chorar novamente. O abraço de Isabelle era aconchegante, carinhoso, algo que eu nunca havia sentido, como se o mundo pudesse desabar ao meu redor que... Eu estaria segura. Ali, nos braços de uma quase estranha que parecia me amar mesmo sem me conhecer.

Nos braços de uma estranha, que estava disposta a dar amor tanto à mim, quanto a minha irmã, de uma mulher que até poucos dias atrás eu nem fazia de que existia.

Nos braços de uma estranha... Que eu estava disposta a conhecer.

Que eu estava disposta a amar.

Disposta a oferecer tudo aquilo que foi me privado de oferecer à Amaya, o que me foi privado de receber.

– Eu espero poder compensar todo esse tempo que nós perdemos. – ela falou me soltando. – Eu, você e sua irmã, seremos finalmente uma família. – esticou sua mão e segurou a de Kikyou como estava fazendo com a minha. – Eu tenho tanto amor pra dar. – riu novamente.

– Amor, com amor se paga. – Kikyou sorriu para ela. – Vai ser um recomeço para todas nós.

– Um belo recomeço. – concordei e todas rimos, aproveitando o clima leve que preencheu o quarto.

Recomeçar é recomeçar. Sem pré-conceitos, sem preconceitos.

É doar uma parte sua e se desapegar de outra.

É dar mais se si.

.. Apenas esquecer.

Estando disposto a não cometer os erros anteriores.

É estar disposto, a não pensar sobre os erros anteriores.

Existir, por apenas existir.

Sorrir, por uma lágrima que foi esquecida.

É doar uma parte sua, em prol de um novo começo.

É estar disponível, para largar um meio e regredir novamente ao inicio.

Pra sempre. – Priy Taisho.

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Oito anos depois...

A sensação de dever cumprido me tomou assim que eu terminei os últimos acordes da canção. O coro de pessoas cantando alto, fez com que meu coração se preenchesse por uma sensação confortável, com a sensação de estar em casa. Ouvi os aplausos e me curvei em agradecimento, não contendo os sorrisos que saiam dos meus lábios espontaneamente. Do meu lado esquerdo, vestindo um blazer preto e uma camisa branca, estava Inuyasha.

Sempre que podia, ele estava ali, me assistindo. Algumas vezes até mesmo participava, mas somente algumas vezes.

– Obrigada, obrigada, obrigada. – falei segurando o violão firmemente. – Espero ter ajudado vocês de alguma forma com a minha história, que vocês percebam o quão importantes vocês são na vida das pessoas à sua volta, dessas pessoas que fazendo de tudo por vocês, mesmo que não percebam. – Sorri ao ver que haviam algumas garotas chorando. – E se todo parecer ruim, se você não tiver mais em quem acreditar, acreditem em si mesmos! Sejam felizes por vocês e ai, perceberão toda a diferença. – acrescentei e curvei a cabeça levemente ao ouvir mais aplausos.

Me despedi e saí do palco, sendo recebida por um abraço caloroso de Inuyasha.

– Você estava linda, linda, linda. – sussurrou ele próximo ao meu ouvido. – Adoro ver o brilho que seus olhos tomam, quando você está incentivando as pessoas a mudarem. – beijou minha bochecha. – Adoro ouvir a sua voz, amo você. - Inuyasha sorriu mais uma vez e me beijou de forma terna. Alguém tirou o violão da minha mão e eu enlacei meus braços ao redor do pescoço de meu marido, sentindo-o apertar suas mãos em minha cintura.

– Procurem um motel. – Nós separamos rindo, ao ver Sesshoumaru com uma careta entediada. – Vem aqui me abraçar, cunhadinha! – acrescentou abrindo os braços e eu me afastei de Inuyasha para abraça-lo. – Adivinha quem vai ser pai? – perguntou animado.

– Satoru? – provoquei e Sesshoumaru fez uma careta de reprovação, enquanto separávamos o abraço. – VOCÊ? – praticamente gritei e ele gritou um “SIM” em resposta. – AI MEU DEUS, PARABÉNS! – o abracei novamente animada. – E como está a Rin? – perguntei dando espaço para que Inuyasha o abraçasse.

– Finalmente, maninho. – Ao contrário do que pensei, Inuyasha lhe deu alguns tapas nas costas. – Achei que você...

– É melhor você ficar quieto, Inuyasha. – Sesshoumaru o cortou, enquanto estreitava os olhos. – Mais uma vez, eu passei na sua frente. – apontou para ele de forma debochada e Inuyasha bateu em sua mão.

– Pelo menos não fui eu, que enrolou quase três anos pra pedir a Rin em casamento. – Inuyasha alfinetou e logo se escondeu atrás de mim. – Não é, maninho?

– Acho que você não é um exemplo, não é idiota? – Sesshoumaru devolveu enquanto estreitava os olhos. – Não acha, Kagome?

– Eu acho que vocês deviam acalmar esses ânimos. – respondi rindo e senti os braços de Inuyasha rodeando a minha cintura. – Até porque a Kikyou passou na frente dos dois. – acrescentei e eles bufaram indignados.

– Prefiro não me pronunciar. – Inuyasha disse e Sesshoumaru concordou com um aceno.

– SOLTEM A MINHA AMIGA! – Sango gritou empurrando Sesshoumaru e me puxando para um abraço. – Tão linda, que dá vontade de esmagar. –Disse rindo, porém realmente estava me esmagando.

– Sango... Ar...

– Oh, me desculpe! – Ela riu e segurou em minha mão, me puxando em direção à um camarim improvisado. – E vocês dois, podem atrás do Miroku e fiquem de olho pra ele não cometer nenhuma gracinha. – estreitou os olhos ameaçadoramente. – Então, o compromisso de hoje ainda está de pé? – me perguntou enquanto se sentava em um sofá.

– Claro. – Respondi animadamente e me sentei em uma das cadeiras, ficando de frente para ela. – Mas antes, eu tenho que sair com a Kikyou. – acrescentei e Sango arqueou as sobrancelhas. – Vamos ver a nossa mãe.

– Isabelle não foi para a Itália, por causa de uma apresentação?

– Vamos ver Amaya. – Sango fez uma careta e cruzou os braços. – Não podemos deixa-la largada, Sango!

– Eu não disse nada – Ergueu os braços em sua defesa. – Só que... Eu não vou com a cara dela... Por tudo, você sabe! – acrescentou se levantando e começando a andar de um lado para o outro. – Eu devia aprender a ser como você. – resmungou e eu fiquei confusa. – Sabe, ter esse coração imenso. – falou tão rápido que eu mal entendi. – Olha, você venceu na vida, lançou um livro sobre a sua vida e dá palestras de auto-ajuda, mistura tudo isso com o seu amor pela música e... Mesmo assim, não conseguiu deixa-la de lado. – sorriu para mim e eu retribui, entendendo que ela estava insinuando. – Eu tenho muito orgulho de você, Kagome! – acrescentou admirada.

– Eu sou assim, porque eu tive você, Sango. – Falei e me levantei, estendendo as mãos para ela. – Você quem começou tudo isso. – Dei risada e ela me acompanhou.

– Podemos dizer, que eu tive muita ajuda. – Sango passou o braço por cima do meu ombro e me guiou até o espelho. – Essa mulher, só estava escondida.

Ainda rindo, eu acabei por começar a me encarar em frente ao enorme espelho. Meus cabelos, estavam bem tratados como nunca estiveram antes, deixei de mão as tranças e passei a usa-lo solto, aproveitando os momentos em que ele acabava por ficar ondulado ou não. Estavam cumpridos, não tanto quanto os de Kikyou, mas batiam no meio das minhas costas. Não estava mais usando aparelho e nem os óculos, embora agora, eu os use quando uso o computador ou leio um livro, somente para descanso.

De todas essas mudanças, a que eu mais gostava havia sido feita em meus olhos.

Não, não existiam plásticas ou qualquer coisa que pudesse alterar a sua tonalidade natural.

Mas agora, meus olhos não eram mais opacos. Eram brilhantes, pareciam sempre estarem felizes... Como eu. De alguma forma durante esses anos, eu aprendi com Sesshoumaru que os olhos eram o reflexo da alma, e que se você pudesse ler os olhos de alguém, estaria lendo a alma dessa pessoa.

Não vou dizer que fiquei bonita, que virei uma loira maravilhosa que deixa no chinelo qualquer super modelo. Claro que não.

Eu aprendi a me amar, a superar cada obstáculo que eu mesma impunha pra mim, um de cada vez. Com calma e incentivo, junto com uma vontade de mudar e muito puxão de orelha da Sango, diga-se de passagem, passei a me achar bonita.

Mesmo quando uma espinha aparece aqui ou ali, mesmo quando eu estou realmente um “bagulho”, como Kikyou se descrevia às vezes, eu continuava apenas sendo eu.

Sem comparações com outras pessoas, vivendo pra mim.

– Talvez estivesse. – Concordei e vi, através do espelho, a porta sendo aberta.

– Inuyasha, eu queria comer! – Miroku resmungou indignado. – Sesshy...

– Quer perder os dentes, Houshi? – Me virei e contive o riso ao ver a cena.

– Sesshoumaru, não seja tão mau! – Ele falou acusadoramente. – Eu só...

– Sou o Satoru, imbecil. – Satoru, o gêmeo de Sesshoumaru, lhe deu um cascudo. – Parabéns por hoje, Kagome. – disse e eu sorri, embora ele continuou sério. Satoru e Sesshoumaru eram estritamente profissionais, a sua maneira. Sesshoumaru, com certeza teria retribuído meu sorriso, mesmo que fosse de uma forma rápida, porém Satoru sempre foi muito sério em relação a... Tudo. – Bem, eu tenho um compromisso. – avisou antes de sair da sala.

Ficamos em silencio por alguns instantes, processando o que estava acontecendo.

– Aquele cara, tem sérios problemas. – Ouvi a voz de Sesshoumaru e ele entrou no camarim com o cenho franzido. – Eu sou legal, não sou?

– Muito mais que legal, você é sensacional, Sesshy. – Inuyasha ironizou e como Miroku, levou um cascudo. – Ouch, quanta agressividade. – resmungou vindo até mim e eu o abracei, rindo do bico que ele formou.

– Eu sou legal, na verdade, eu sou muito mais que legal. – Sesshoumaru disse de forma convencida.

– Você é o sol que brilha lá fora. – Sango disse assentindo. – O brilho desse lugar, o grande Sesshoumaru Taisho, psicólogo e...

– Futuro papai – acrescentei e Inuyasha passou um braço pela minha cintura, assobiando enquanto eu batia palmas.

– Agora eu tenho que ir, porque a tenho um almoço com a minha sogra. – Sesshoumaru fez uma careta ao dizer “sogra”. – Me desejem sorte.

– Boa sorte. – Inuyasha disse ficando sério repentinamente. – Ninguém tem uma sogra melhor que a minha, desculpem. – beijou a minha bochecha e eu ri.

– Naraku tem! – Sango rebateu indo até o noivo. – E Miroku vai ter a minha mãe, obrigada, de nada. – o Houshi a abraçou enquanto ela estava distraída. – PERVERTIDO! – bateu na cara dele e eu levei um susto.

– Sangozinha, minha mão que é...

– A sua personalidade que é amaldiçoada, Houshi! – Sango praticamente rosnou e eu pude jurar que Miroku ficou pálido.

– Depois de tanto tempo, você ainda não se acostumou? – Inuyasha sussurrou somente para que eu pudesse ouvir.

– Eu deveria? – perguntei e ele riu me dando um selinho.

– Por que não? – os olhos dourados faiscaram. – Durante esse tempo todo, o Miroku já não deve nem sentir mais a bochecha. – acrescentou rindo.

– Que coisa mais cruel de se dizer, Inuyasha. – ralhei tentando ficar séria.

– Ainda bem que a Kagomezinha me entende. – Miroku disse assentindo.

– Eu não te entendo, Miroku.

– Ouch, perversa.

Nós rimos e Miroku balançou a cabeça negativamente tentando pensar em algo que lhe favorecesse.

– Eu estou de acordo que nós podemos ir comer, porque quero apreciar mais um pouco a companhia da mulher que eu amo. – Inuyasha falou me guiando em direção à porta. – E se vocês não quiserem vir, se matem por aí.

– Inuyasha! – protestei embora estivesse rindo. – Miroku é nosso amigo, não devemos ajuda-lo?

– É, vocês não devem me ajudar? – Miroku perguntou de forma indignada.

– Claro que não!

– Absurdo isso, produção! – ele esbravejou e eu revirei os olhos, ignorando o drama do Houshi. – Kagomezinha...

– Não força a barra, Miroku. – avisei balançando a cabeça negativamente. – Não força.

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– Você tem mesmo que ir? – Inuyasha perguntou me abraçando por trás e depositando um beijo na minha nuca. – Ainda dá tempo de você ligar para sua irmã e remarcar. – acrescentou e eu não contive uma risada baixa. – De verdade, Ká. – Olhei para ele por cima do ombro e arqueei a sobrancelha.

– Seu plano de virmos para casa depois do almoço, foi pra isso? – perguntei divertida virando-me para encará-lo.

– Na verdade, foi isso mesmo. – Inuyasha deu um sorriso de canto. – Foi tudo parte de um plano maligno pra você não sair por aquela porta, pegar o carro e ir até a casa da sua irmã. – Tentou fazer uma expressão de mau em vão.

– Isso é uma coisa cruel de se dizer, levando em conta de que ela não pode dirigir.

– Eu não me importo. – Me puxou pela cintura, fazendo com que meu corpo colasse ao seu. – No estado dela, caminhar é uma coisa ótima de se fazer, sabia?

– E o que você entende sobre isso?

– Isso é uma das coisas que eu mais entendo. – Inuyasha disse assentindo e eu arqueei as sobrancelhas. – Na verdade, eu não entendo nada, mas vale a pena fingir se você ficar. – Encostou seus lábios nos meus, beijando-me de forma amorosa. Tive de segurar a bolsa em minha mão firmemente, para que ela não caísse no chão.

– Eu não posso ficar. – Admiti e Inuyasha formou um bico. – Mas adoraria que meu marido fizesse o jantar de hoje, de um jeito que só ele sabe fazer. – lhe dei um selinho rápido.

– Nós não vamos jantar com o Miroku e a Sango? – Inuyasha riu e eu suspirei frustrada. – Você prometeu que nós iriamos dormir lá no apartamento deles. – me cutucou e eu estreitei os olhos.

– Eu não me importo de jantar duas vezes. – Declarei seriamente e comecei a rir quando ele o fez. – Então pelo menos faça um bolo, você nasceu com o dom de ser cozinheiro. – brinquei e ele fez uma careta. – Mas você é muito melhor compondo e cantando suas músicas pra mim. – pisquei e ele sorriu dando um breve aceno.

– Minhas músicas sempre terão você como musa. – Falou me abraçando. – Passamos por tanta coisa esses anos, não foi? – murmurou e eu assenti fechando os olhos.

– Os primeiros anos foram difíceis, mas eu consegui supera-los, porque você sempre esteve comigo. – Confessei separando o abraço para poder fita-lo. – Você foi o principal suporte que me manteve em pé, depois de toda aquela tragédia. – Toquei em sua bochecha e ele fechou os olhos brevemente. – Eu te amo, Inuyasha.

– Eu também te amo, Kagome. – Inuyasha fitou-me, antes de me beijar novamente.

Amazing grace, how sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost but now I'm found
Was blind but now I see

Maravilhosa Graça, quão doce o som

Que salvou um infeliz como eu

Eu estava perdido mas agora me encontrei

Era cego mas agora vejo

Retribui o aceno de Naraku e franzi o nariz ao ver Kikyou lhe dar um beijo, antes de seguir lentamente em direção ao meu carro. Quando me viu, ela abriu um sorriso e me deu um abraço meio sem jeito.

Os cabelos negros batiam na cintura, ela mantinha a franja bem alinhada que contrastava com as bochechas que estavam um tanto coradas. A barriga estava imensa.

Aos vinte e quatro anos, Kikyou já estava com sete meses da gestação de seus primeiros filhos.

Ter gêmeos em nossa família era algo hereditário, desde minha mãe, até os meus sobrinhos. Eu poderia vir a ter gêmeos também, mas achava pouco provável.

– São meninos. – Kikyou disse quando eu me acomodei no banco do motorista. – Meus filhos são meninos! – acrescentou animada e eu arregalei os olhos em surpresa.

– O ciclo foi quebrado? – brinquei ligando o carro, enquanto a escutava rir.

– Parcialmente, sim. – Kikyou suspirou. – Faz tanto tempo que não vejo Amaya, as coisas andam tão corridas.

– Ela já te viu com esse barrigão? – perguntei franzindo o cenho e Kikyou negou com a cabeça. – Caramba, você não vai visita-la há quanto tempo? – acrescentei surpresa.

– Desde o quinto mês de gestação. – Kikyou admitiu encabulada. – As coisas ficaram corridas na escola, meus alunos ficaram extremamente hiperativos. – Não conteve o riso. Ela havia virado professora do pré-escolar, poderia ter muito bem seguido carreira como modelo – convites não faltaram, durante as festas que ela acompanhou Naraku -, mas ela estava feliz em dedicar seu tempo à crianças. – Estamos organizando até uma apresentação para o dia das crianças, com direito a teatro é tudo. – acrescentou orgulhosa.

– Eu quero ver isso! – falei lhe lançando um olhar pelo canto do olho. – Por que está rindo?

– Na verdade, você iria ver de qualquer jeito. – Kikyou respondeu-me divertida. – Porque você vai participar. – acrescentou assobiando em seguida.

– Mas... O que?!

– Eu prometi que você iria participar! – Ela disse rapidamente. – Você seria a fada boa, que contaria a história e os ajudaria a cantar... – deu um sorriso amarelo.

– Kikyou, eu...

– Kagome, por favor!

– Eu aceito! – Revirei os olhos ao ouvir um “você... O que?”. – Não me deixa terminar de falar e fica tirando conclusões precipitadas. – ralhei e ela riu.

– Não fala assim comigo, hein mocinha! – Brincou.

Continuamos conversando sobre assuntos alheios durante todo o percurso. Kikyou as vezes resmungava sobre os “nenéns estarem agitados”, ou sobre como seus pés estavam inchados. As mãos estavam sempre repousadas sobre a barriga, um gesto típico de mãe.

Quando finalmente estacionei o carro, ela ficou em silencio.

A ajudei a descer do carro e seguimos de braços dados até a entrada do local. Passamos por um jardim, que possuía inúmeras pessoas vestidas com roupas brancas, alheias à tudo o que estava acontecendo. Logo, uma das enfermeiras veio nos recepcionar, ela abriu um sorriso fraco e pediu para que aguardássemos um pouco para ver se a visita seria possível de ser realizada.

Mordi o lábio inferior e deixei com que Kikyou se sentasse, mantendo-me em pé.

– Boa tarde, senhoritas! – Uma mulher, acompanhada da enfermeira que havia nos recepcionado. Seus cabelos eram castanhos e ondulados, ela estava usando uma blusa lilás e uma saia de cintura alta preta, acompanhados de um jaleco branco. – Fico feliz em vê-las aqui novamente. – sorriu e eu retribui.

– Boa tarde, Dra. Mônica. – A saudei com um aceno. – Como ela está? – perguntei e Kikyou se levantou, ficando ao meu lado.

– Venham comigo. – Ela fez um gesto para que nós a seguíssemos e a enfermeira se despediu, fazendo o percurso que havíamos feito anteriormente. – Ela está há quase dois dias sem ter ataques de nervos. – explicava ela enquanto seguíamos por um extenso corredor bem iluminado. – A mente dela reage pela falta e pelo uso dos remédios, durante a semana anterior, teve imensas crises de aparente lucidez e ficou extremamente agressiva. – acrescentou com certo pesar.

– Ela não machucou ninguém? – Kikyou perguntou preocupada. – Eu...

– Fique calma, Kikyou. – falei vendo que ela estava agoniada. – O que mais aconteceu? – perguntei temerosa.

– Ela tentou se jogar da janela do quarto e cortou a mão ao quebrar o vidro. – Prendi a respiração começando a me sentir culpada. – Tentamos transferi-la de quarto, mas ainda não foi possível. – Dra. Mônica falava, subindo os degraus calmamente. – Então ela só fica no quarto quando algum enfermeiro está junto, para que ela não possa tentar nada de perigoso. – Suspirou. – Porém isso não alterou sua rotina, vocês sabem, a maioria do tempo ela gosta de ficar aqui. – Parou em frente a uma porta e bateu antes de abri-la. – Daniele, você pode ficar aqui fora. – avisou para a enfermeira que estava curvada pegando algo no chão. – Kagome e Kikyou vão realizar uma visita. – explicou e ela assentiu, nos cumprimentou e entrou em uma das salas em frente. – Qualquer coisa, é só gritar. – Mônica olhou para o quarto mais uma vez e rumou para onde Daniele havia ido.

Kikyou entrou e eu fui em seguida, fechando a porta silenciosamente.

Estávamos em um quarto repleto de brinquedos infantis. Bonecas e carrinhos dos mais diversos. O piso era fofo, colorido, como se fosse colocado para impedir que as crianças machucassem seus joelhos enquanto estivessem brincando. Mais ao longe, sentada com as pernas cruzadas, de frente para a janela, estava Amaya.

Seus cabelos estavam na altura do ombro e já não eram mais loiros, tinham adquirido a tonalidade natural... O preto. Ela estava vestida como os outros, uma espécie de pijama branco e se balançava calmamente, para frente e para trás.

– Dorme filhinha do meu coração, não tenha medo, mamãe vai te cantar uma canção. – cantarolava baixinho para o embrulho em seus braços. Era uma boneca que se assemelhava à um recém nascido, embrulhada cuidadosamente em uma manta vermelha. – Shii... Não chora, eu estou aqui Lucy, estou aqui. – murmurou tão baixo que eu mal ouvi.

Ouvi Kikyou fungar e não precisei encara-la para saber que ela estava chorando. Amaya continuava embalando a criança cuidadosamente e só pareceu notar minha presença quando eu me agachei ao seu lado.

– Por que você chora, moça? – perguntou curiosa e eu passei a mão pelo meu rosto. – Você está gravida? – acrescentou para Kikyou, dando um breve sorriso. – Seu neném vai ter uma bela mamãe. – disse de forma otimista, antes de voltar o olhar para a boneca.

– Vão ser dois nenéns. – Kikyou disse puxando uma cadeira e se sentando do outro lado de Amaya. – Dois meninos, Amaya. – sorriu, embora estivesse chorando.

– Dois? – Amaya perguntou erguendo os olhos para ela e sorrindo como uma criança.- Que coisa mais bela. – tocou com as pontas dos dedos a barriga de Kikyou, mas logo voltou a embalar a boneca. – Lucy é minha única filha, será que um dia eu e meu marido poderemos ter mais filhos? – perguntou para si mesma.

– Claro que podem ter. – Falei sentindo um aperto em meu peito. – Você está sendo uma ótima mãe. – Toquei em seu ombro e ela me encarou alheia.

– Espero que Lucy cresça e seja tão bondosa como vocês. – Amaya sorriu docemente, seus olhos brilhavam esperançosos. – Eu as mal conheço e vocês sempre me visitam, diferente daqueles homens maus. – o cenho se franziu e ela trincou o maxilar. – Aqueles homens maus que... Shii, Shii, não chora. – acrescentou alarmada voltando a ninar a boneca. – Quando John voltar, ele vai me tirar daqui. – disse fitando a parede. – Nós vamos para casa, para longe dessas pessoas loucas... Vamos para a Itália, no nosso pequeno chalé. – os olhos estavam lacrimejando e ela começou a chorar de forma silenciosa. – Nós vamos pra casa Lucy, nós vamos... – sussurrava balançando-se. – Vamos pra casa...

Through many dangers, toils and snares
We have already come

T'was grace that brought us safe thus far

And grace will lead us home

Através de muitos perigos, labutas e armadilhas

Nós já percorremos

Foi a graça que nos trouxe até aqui seguros
E a graça vai nos levar para casa

– Vamos ser uma pequena família feliz. – Falou convicta e eu senti mais lagrimas escorrerem pelo meu rosto. – E eu quero que vocês vão me ver. – sorriu, embora não nos olhasse. – Quero minhas amigas perto de mim, perto da minha Lucy. – suspirou fechando os olhos.

– Lucy está dormindo? – Perguntei notando que ela havia parado de se balançar.

– Ela voltou a chorar. – Amaya respondeu-me com pesar, suspirando mais uma vez. – Não tem conseguido dormir bem esses dias, eu não entendo, não entendo! – acrescentou frustrada. – Durma Lucy, durma...

– Você vai conseguir niná-la, mamãe. – Kikyou disse pendendo a cabeça para o lado. – Você sempre consegue.

– Você me chamou de mamãe! – Amaya disse pausadamente de forma divertida. – Eu sou muito nova para ser sua mamãe, tenho idade para ser sua irmã! – riu – Mamãe não, não, não. – balançou a cabeça negativamente.

Os médicos haviam dito que a mente de Amaya retrocedeu para a época em que ela tinha acabado de ganhar sua filha. O restante das coisas havia se degradado e ela só se tinha ciência do que acontecera, nos momentos em que voltava a si. Somente nos momentos em que ela voltava a ser a Amaya que havia criado a mim e Kikyou, porém em seus momentos alucinantes, ela era a Amaya doce e tão dedicada com a pequena Lucy...

– Tem razão, você não tem idade para ser nossa mamãe. – falei abrindo um sorriso fraco. – É somente a mamãe da pequena Lucy, não é? - Amaya assentiu e começou a cantarolar outra canção de ninar.

Olhei para Kikyou no exato momento em que seus olhos e desviaram de Amaya. Ela sorriu fracamente e eu retribui sem muito animo. Nossas visitas à Amaya sempre eram assim, repletas de canções de ninar, para um neném imaginário.

Tudo o que nos restava fazer era observar e esperar... Esperar a pequena Lucy dormir.


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Notas finais do capítulo

Infelizmente, não continua =/
Espero que todos tenham gostado! E se decepcionei alguém, MIL PERDÕES
Aos que estão lendo essa fic agora em 2014, ou que estão lendo daqui há dois anos, talvez três... Seu comentário é bem vindo, seu favorito e sua recomendação, caso achem que a fic seja digna! Obrigado por todo o carinho e isso não é um adeus... Talvez um até logo!



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