El Beso Del Final escrita por Ms Holloway


Capítulo 9
Toretto: Veloz e Furioso




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Capítulo 9


 


 Toretto: Veloz e Furioso


 


 


- De que diabos está falando, Mia?- a voz de Dominic soou como um trovão logo após ela contar a ele sobre a possível morte de Letty.


- Ë verdade... – ela acrescentou com a voz trëmula. – O Bryan veio aqui me dizer...


- O que O`Connor tem a ver com isso?- ele rosnou.


              Mia engoliu em seco considerando que não tinha sido uma boa idéia contar a verdade ao irmão de maneira tão crua. Ela quis despejar a notícia logo para se ver livre de tão pesado fardo, mas não levou em consideração as emoções de Dominic. Os sentimentos dele por Letty.


- Conte, Mia!- ele pediu, sua voz aparentemente calma, mas Mia sabia que aquela calma ocultava um vulcão dentro de si, pronto a explodir. – Que história é essa de necrotério? E o que Bryan O`Conner tem a ver com isso!


- A Letty procurou ele para limpar o seu nome e o Bryan pediu ajuda dela para capturar um traficante.


             Os olhos de Dominic ficaram mais escuros e pela primeira vez Mia temeu a fúria do irmão.


- O que ela teve que fazer?


- Se infiltrar entre os pilotos dele. Mas parece que deu tudo errado e a Letty desapareceu. O Bryan não sabe nada sobre ela há um ano!


- E você sabia sobre isso quando eu telefonei pra você?- Dominic indagou com os punhos cerrados, os músculos tremendo.


- É claro que não, Dom!- Mia retrucou depressa. – Eu não sabia sobre nada disso. Te contei a verdade ao telefone. A Letty me disse que precisava ir e partiu. Nunca me mandou notícias e isso já faz um ano!


- Mas o O`Conner sabia onde ela estava!


- Não Dom, ele não sabia até hoje de manhã quando encontraram o carro dela no fundo do rio e o corpo...


- Onde está o corpo? Eu preciso vê-la!


 Dom, eu já fui fazer isso! Você não pode ir, eles estão atrás de você!


- Dane-se!- ele esbravejou. – Eu preciso vê-la! Saber o que aconteceu com ela!


           Nesse momento, a conversa deles foi interrompida por uma batida na porta. Dom e Mia ficaram em silêncio até ouvir a voz de Bryan dizendo:


- Mia, abra! Sou eu o Bryan! Precisamos conversar. Sei que tudo isso é difícil pra você...


- Vá embora, Bryan!- Mia gritou. – Essa não é uma boa hora!


- Por favor, Mia!- insistiu ele. – Eu resolvi voltar porque precisava conversar com você...


- Diga que vai falar com ele!- Dominic ordenou.


        Mia balançou a cabeça negativamente.


- Faça isso, Mia.- frisou Dominic. – Esse filho da puta precisa me dar uma explicação para tudo isso.


- Mia!!!- Bryan insistia, batendo na porta.


        Lágrimas deslizavam pelo rosto de Mia enquanto ela caminhava para a porta e ouvia Dominic dizer:


- O`Conner irá morrer bem devagar!


       Mia destrancou a porta e Bryan entrou na casa. Mas não viu Dominic que estava escondido atrás da porta. Bryan viu de imediato que Mia estava chorando.


- Mia, você está chorando? Eu sinto muito sobre a Letty, mas...


      Ele não conseguiu terminar o que ia dizer porque um dos braços fortes de Dominic o agarrou pelo pescoço e o arrastou para a sala de estar como se ele fosse feito de papel.


- Não, Dom! Pare!- Mia gritou desesperada, mas ele não parou.


     Sufocando, Bryan tentava falar com Dom enquanto usava suas pernas para se defender.


- Dom...me...deixa...ex-pli.carrr...


     Dom o jogou no sofá quebrando alguns bibelôs de Mia da mesinha de centro. Bryan tossiu forte quando sentiu seu pescoço livre e com a voz afetada pelo aperto de Dom em sua garganta disse:


- Dom, me escuta!


    Ele deu um soco certeiro no rosto de Bryan, partindo os lábios dele e fazendo o sangue jorrar.


- Você usou a Letty! Seu miserável! Agora ela está morta e é tudo sua culpa!


- Mas foi ela quem me pediu para...


    Dominic deu outro soco em Bryan, quase quebrando-lhe o nariz e o fazendo desmaiar. Mia tentou puxar Dominic pelos braços mas ele a jogou no outro sofá, apenas para afastá-la. Mia não se machucou. Ela sabia que ele jamais a machucaria, mas quanto à Bryan ela não tinha muita certeza.


- Dominic, pare com isso! Pare!- ela gritou de novo.


   Ele estava prestes a continuar o massacre com Bryan, mas o policial juntou fôlego suficiente para dizer:


- Ela ainda pode estar viva, Dom!


   Dominic segurou seu punho no ar e finalmente parou para ouvir o que Bryan tinha retornado para dizer. Mia também se ergueu do sofá para ouvir.


- Era isso o que eu estava vindo dizer.- Bryan cuspiu um pouco de sangue. – Eu não estava autorizado a repassar essas informações para ninguém, mas achei que não era justo esconder isso da Mia ou de você...Dom.


- Vai buscar água pra ele!- Dom pediu a Mia foi correndo até a cozinha e voltou com um copo de água e uma compressa gelada para Bryan pör no rosto.


- Eu estou ouvindo e vou logo adiantando que se eu não gostar do que você tem pra dizer, Bryan, você é um home morto!


                Bryan engoliu a água com dificuldade e com a ajuda de Mia se sentou no sofá limpando o sangue do rosto com a compressa gelada, fazendo careta por causa da dor que sentia.


- No dia em que falei com a Letty e ela me disse que precisava ir embora, que as coisas não tinham dado certo, houve um tiroteio no aeroporto de LAX e as câmeras de segurança registraram tudo. Levamos um tempo para fazer a conexão entre esse tiroteio e o desaparecimento da Letty. Mas as câmeras mostram claramente que ela foi perseguida no aeroporto, provavelmente pelos capangas do traficante a quem estávamos tentando prender. Porém, as câmeras não revelam se ela fugiu do aeroporto ou pegou um avião. Pegamos todas as listas de reservas e passageiros de última hora, mas não havia nenhuma Letícia Ortiz em nenhum vôo daquela tarde.


- Havia alguma Maria Fernandez?- Mia indagou de repente.


- Maria Fernandez?- questionou Bryan.


- Era o nome falso que ela usava nos documentos na República Dominicana.- respondeu Dominic. – Se estava sendo perseguida, Letty não usaria seu nome verdadeiro. Minha garota sempre foi muito esperta!


- Eu não teria como saber disso.- defendeu-se Bryan. – Letty jamais me passou essa informação.


- Porque ela não confiava em você.- disse Dominic. – E quer saber? Ela estava certa. Mas isso não explica O`Conner porque você diz que ela poderia estar viva.


               Bryan olhou para Mia e disse:


- Se ela conseguiu sair do país com esse pseudônimo, isso por si só já seria uma esperança de que ela poderia estar viva. Significaria que não era ela no carro que encontramos porque ela não poderia ter levado o carro consigo para onde quer que tenha ido.


- Mas ela poderia ter vendido o carro para conseguir o dinheiro para viajar.- disse Dominic.


              Mia balançou a cabeça negativamente.


- Eu não penso assim, Dom.


- E por quê?- questionou ele.


- Porque a Letty levou o dinheiro do último roubo de vocês. Ela me fez sacar o dinheiro no banco.


- Como?- Bryan perguntou, muito surpreso enquanto os olhos de Dom se alargavam àquela revelação.


- A Letty ligou pra mim quando ficou encrencada.- Mia contou. – Ela me pediu para manter segredo e também me pediu dinheiro para pagar despesas médicas. Ela estava no hospital.


- No hospital?- Dom gritou e Mia fez um sinal para que ele se acalmasse.


- Ela tinha sofrido um acidente de carro. Mas estava bem. Por isso eu digo, Bryan, que seria muito difícil que a Letty tivesse recuperado o carro que você deu pra ela, o Plymouth.


- Não é possível!- Bryan exclamou. – De acordo com os laudos da polícia, o corpo que foi retirado do carro só estava morto há duas semanas, se você diz que ela sofreu um acidente com este carro há um ano atrás...


- Pode não ser ela!- Dom concluiu.


- Sim, mas não foi essa razão que você alegou esta manhã quando te levei ao necrotério, Mia. Você disse que havia outra razão para que Letty pudesse estar viva. Uma muito mais forte do que esta que acabei de falar.


                Dom concentrou toda sua atenção em Mia.


- Do que ele está falando, Mia?


- Você ainda não contou a ele, Mia?- Bryan questionou.


                Sentindo-se encurralada, Mia não teve outra saída senão dizer a verdade mais uma vez.


- Eu autorizei uma autópsia no corpo Dom porque só uma autópsia poderia dizer a verdade.


- E que verdade seria essa?- Dom já estava ficando desesperado com tudo aquilo.


- Que a Letty estava esperando um filho seu.


                Agora Dominic estava chocado.


- O quê? De que merda está falando, Mia?


- A Letty não estava bem quando estava vivendo comigo, ela vivia enjoada o tempo todo, dormia demais.- explicou Mia. – Eu suspeitei de que ela estivesse grávida. E antes de ir embora, ela acabou me contando no hospital que estava mesmo grávida.


               Dom voltou sua atenção para Bryan.


- E você sabia que ela estava grávida?


- Não!- Bryan negou. – Eu juro que não sabia Dom, se eu soubesse que ela estava grávida eu nunca a teria envolvido em tudo isso. Você tem que acreditar em mim!


- O Bryan está falando a verdade, Dom.- insistiu Mia. – Letty não queria nem que você soubesse. Ela disse que você tinha feito sua escolha quando decidiu deixá-la.


              Aquelas palavras doeram no coração de Dom, principalmente agora que ele descobria que a deixara para trás grávida. Ele jamais a teria deixado se soubesse que ela estava esperando um bebê. Nunca a abandonaria sozinha com uma responsabilidade como essa. E agora? Se Letty estivesse viva já teria tido o bebê, afinal já fazia um ano. Quantos meses teria o seu filho ou filha? E se o corpo que Mia vira no necrotério fosse mesmo dela? Letty teria sido assassinada há duas semanas! Mas onde estaria o bebê? Ou ela o teria perdido antes que nascesse? Não. Dom sabia que ela jamais abortaria.


- Preciso ver o corpo!- ele dirigiu sua exigência à Bryan, mas Mia interveio.


- Dom, é melhor esperarmos pela autópsia!


- Eu estou falando com o O`Conner, Mia!- disse Dom. – Então, Bryan. Eu preciso ver o corpo. Eu conheço Letty melhor do que qualquer um e só eu poderia dizer se é ela! Você precisa me colocar dentro daquele necrotério ainda hoje!


            Bryan assentiu. Não podia negar esse pedido a Dominic. Mas colocá-lo lá dentro teria que ser um plano muito bem arquitetado.


- Eu vou colocar você lá dentro, Dom.- Bryan prometeu. – Mas vamos precisar da ajuda da Mia.


- Farei o que for preciso.- concordou Mia. Ela sabia que se não cedesse Dominic iria de qualquer jeito, então era melhor ajudá-lo a não se meter em encrencas.


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           Vince abriu a porta do quarto e Letty espiou para dentro. O lugar estava uma verdadeira bagunça. Latas de cerveja vazias espalhadas pelo chão, lençóis sujos sobre a cama, roupa espalhada por todo lugar e uma pilha de sacos vazios de salgadinhos sobre a cômoda.


           Em outras circunstâncias, ele não daria à mínima para toda aquela bagunça, as garotas com quem ele andava não costumavam se importar muito, mas ter Letty ali com uma criança tornava tudo muito diferente.


- Ë, eu sei que tá um pouquinho bagunçado, mas eu posso arrumar!- Vince prometeu. – Só não sei como.- confessou depois de pensar por alguns segundos.


- Se você segurar a Nina eu posso arrumar tudo rapidinho.- disse Letty soltando as amarras do bebë-canguru que prendiam Caterina ao seu corpo.


- Eu?- Vince pareceu chocado com a sugestão. –  Ë que eu nunca segurei uma criança antes.


- Então está na hora de aprender.- acrescentou Letty entregando a menina para ele que a segurou muito desajeitadamente.


- Eu vou deixar ela cair, Letty...


- Não vai não!- assegurou ela. – Ë só você apoiá-la assim...isso...cuidado com a cabeça...pronto...


- É, acho que consegui!- disse ele parado como uma estátua, com medo de se mexer. Caterina pareceu encará-lo com seus olhinhos escuros antes de fazer um beicinho e começar a berrar.


- Letty, o que eu faço?- ele perguntou desesperado.


- Balance ela um pouco!- disse Letty pegando um saco de lixo e começando a recolher a sujeira do quarto.


             Vince tentou balançá-la, mas ela chorou ainda mais.


- Letty!


- Fale com ela, Vince! Ela está chorando porque não conhece você. Mas você pode acalmá-la, fazer com que ela confie em você.


- Certo.- disse ele. – Ë, nenê, você gosta de carros?


           Letty segurou o riso e tratou de arrumar o quarto depressa porque sabia que Caterina ficaria vermelha de tanto chorar se ela tivesse que contar com a experiência de Vince com crianças.


- Não adianta, Letty!- disse ele, arrasado quando ela estava terminando de pôr os sacos de lixo para fora do quarto. – A menina me odeia! Ela nem está interessada em saber que sou o melhor amigo do pai dela.


- Não leve pro lado pessoal.- disse Letty depois de lavar as mãos. – Ela só está cansada e com fome.- ela estendeu os braços e Vince a entregou de volta para a mãe. – Shiii...pode parar de chorar agora, mama já pegou você....- ela balançou Caterina de um lado para o outro e a menina se acalmou em segundos.


- Como conseguiu isso?- Vince perguntou, espantado.


- Prática.- respondeu ela. – Mas não me pergunte sobre os primeiros dias depois que ela nasceu. Não foi nada fácil!


- Ë tão esquisito ver você de mamãe, ninando um bebê...eu nunca imaginei! Como isso aconteceu?


- Bem...- Letty ergueu uma sobrancelha. – Acho que isso acontece se você faz sexo e eu e o Dom costumávamos fazer isso com muita freqüência.- ela acrescentou com ironia.


          Vince riu.


- Ah, eu sei disso! Mas sei lá, você entendeu o que eu quis dizer!


- Vince.- ela falou com paciência. – Sei que você tem dificuldade de entender certas coisas, mas já ouviu dizer que certas perguntas não devem ser feitas?


- Saquei!- disse ele.


         Caterina choramingou e Letty beijou-lhe os cabelos abundantes, sussurrando:


- Mama já vai cuidar de você. Está com fome, não está?


- Bom, eu acho que dei o resto de leite que tinha na geladeira pro gato, mas ela toma refrigerante?


         Letty revirou os olhos.


- Não se preocupe com isso, Vince, eu posso dar de mamar pra ela.- e dizendo isso, ela se sentou na cama com Nina em seus braços e desabotoou o primeiro botão da blusa preta que usava.


         Vince ficou corado e disse:


- Ë, então eu já vou...ligar pro Leon, sabe? Contar que você está aqui pra gente pensar como vai te ajudar...


        Letty abriu outro botão, mas apenas uma nesga de pele foi revelada. Ela estava se divertindo com a cara de pânico de Vince.


- E você fica aqui com a...


- Nina!- disse ela.


- Sim, com a Nina e não precisa se preocupar com nada...- ele caminhou para a porta. – Eu não vou entrar aqui, só se você me chamar...porque o Dom me mataria se eu visse os seus...


         Letty abriu o terceiro botão e Vince já tinha ido. Ela ficou rindo sozinha e se permitiu relaxar um pouco, se sentando melhor na cama e encostando às costas ao travesseiro. Nina estava num alvoroço só, procurando o seio da mãe, ansiosa para mamar.


- Calma, hija!- disse ela com a voz doce terminando de abrir a blusa e afastando a renda do sutiã para o lado, deixando que Nina encontrasse o que procurava e se fartasse. – Agora estamos em LA, mi amor, e vamos ficar seguras aqui na casa do tio Vince mesmo que ele seja um trapalhão. Ele e o tio Leon vão nos ajudar a encontrar o seu pai e nós vamos ficar todos juntos. Eu prometo, corazón. Mama te ama! Te ama muito!


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                  Bryan estacionou o carro no subsolo do prédio onde funcionava o Instituto médico legal. Mia se mexeu desconfortável no banco do carona ao lado dele. Estava vestida como médica e usava uma peruca ruiva por baixo do chapéu que ajudava a esconder seu cabelo escuro.


- Bryan, esse é o plano mais idiota que eu já vi. Acha mesmo que vão acreditar que eu sou patologista?


- E você tem uma idéia melhor?- indagou ele.


- Mas eu estive aqui hoje mais cedo, acha que não irão se lembrar de mim mesmo com esse disfarce ridículo?


- As pessoas que trabalham aqui à tarde não são as mesmas que trabalham de manhã. Então não se preocupe. Nós só precisamos colocar o Dom lá dentro por alguns minutos.


                Ele pegou o celular e telefonou para Dominic que os aguardava do lado de fora vestido como um empregado da manutenção. Bryan tinha conseguido as roupas com um amigo que trabalhava lá dentro. Disse que era por uma boa causa.


- Dom, nós vamos entrar. Espere dez minutos e vá até a recepção. Passe seu nome falso e diga que a Dra. Elizabeth Forrester o solicitou no terceiro andar.


- Que Deus nos ajude!- disse Mia com um suspiro quando eles desceram do carro.


              Caminharam pelo corredor que levava até a recepção e falaram com o funcionário responsável que já conhecia Bryan.


- Boa tarde, oficial O’Conner.- disse o homem.


- Boa tarde, Travis. Esta é a Dra. Elizabeth Forrester. Ela veio avaliar o corpo que está no necrotério do 3° andar antes da autópsia marcada para amanhã de manhã.


- Ninguém me reportou nada sobre isso.- disse o funcionário checando alguns documentos.


- Devem ter esquecido!- disse Bryan fingindo estar zangado. – Esse procedimento é urgente Travis, precisamos disso para darmos prosseguimento às nossas investigações.


- Bem, eu posso permitir que entrem, mas terão que assinar um termo de responsabilidade...


- Eu assino!- disse Bryan puxando uma caneta do bolso do paletó.


               Travis o observou assinar os papéis e de repente ficou fitando o rosto de Bryan com interesse. Mia engoliu em seco. Ele provavelmente iria perguntar por que o rosto de Bryan tinha escoriações e os lábios estavam partidos.


- O que aconteceu com o senhor, oficial?- perguntou Travis como Mia temia.


- Eu me machuquei em serviço.- Bryan respondeu sem pestanejar. – Estava perseguindo um viciado. Sabe como ficam esses caras quando estão sem o bagulho.


              Travis acabou sorrindo. Ainda fez alguns comentários sobre viciados, mas logo autorizou a entrada deles. Mia já estava agoniada com Dom esperando lá fora. Antes de eles pegarem o elevador, conforme o plano, Bryan disse a Travis:


- Vamos precisar de um funcionário da manutenção. Ele deve aparecer daqui a pouco então você autoriza ele a subir, ok Travis? O nome dele é Roberto Baggi.


- Ok.- Travis assentiu e Bryan e Mia correram para o elevador antes que o funcionário percebesse algum furo na história deles.


             Conforme o combinado, Dominic estava no terceiro andar do prédio dez minutos depois. Ele não teve problemas para entrar, mas estava com seu muque preparado caso tivesse algum.


           Embora por fora Dom parecesse tranqüilo e compenetrado no que iria fazer, por dentro ele estava apavorado em ver aquele corpo e descobrir que se tratava mesmo da sua Letty. Não sabia como seria sua reação caso isso acontecesse. Tinha medo de enlouquecer de dor e raiva e sair quebrando o necrotério inteiro. Mas de uma coisa ele tinha certeza, se Letty estivesse morta, ele mataria todos os responsáveis. Ainda não tinha mostrado a Mia o estranho bilhete que recebera, nem o ursinho de pelúcia, mas o faria assim que eles saíssem dali.


- Está pronto, Dom?- Bryan perguntou quando ele se aproximou do vidro.


- Sim, eu estou pronto.- ele respondeu e deu um passo a frente.


 


Los Angeles, 1995


 


              Não, Dominic não estava preparado para aquela situação, embora aquele fosse um dos momentos mais excitantes de sua vida, tinha que admitir. Não tinha se sentido assim nem mesmo quando participara de sua primeira corrida. Mesmo assim, ele sabia que devia ter cuidado, embora seu corpo traiçoeiro estivesse dizendo outra coisa naquele momento.


- Letty, por favor, vista-se!- disse ele, do alto dos seus vinte anos, tentando ser o homem que seu pai esperava que ele fosse, até porque não importava se já era maior de idade, estavam na casa de seu pai e se Toretto o pegasse em seu quarto com Letty semi-nua daquele jeito ele estaria muito encrencado.


          Ela tinha apenas dezesseis anos e era a afilhada do melhor amigo de seu pai. Por mais que ele não conseguisse tirar os olhos dela toda vez em que estavam trabalhando na oficina, ele precisava fazer o que era certo e mandá-la embora dali.


- Merda, Dominic, não me olhe assim! Não era bem essa reação que eu esperava... – ela começou a dizer ameaçando tirar o sutiã, embora a peça de renda preta não adiantasse muito para esconder-lhe os seios perfeitos, pequenos e delicados.


           Era o aniversário de 15 anos de Mia, uma data muito especial e Toretto tinha dado carta branca para eles prepararem uma festa e curtirem sem supervisão paterna na casa pela primeira vez. Ele tinha pegado seu carro e ido jogar cartas não muito longe dali, na casa onde Letty vivia com seus padrinhos. A festa estava indo muito bem, muita diversão, música alta, coronas até que Letty chegara à festa com Vince. Ela estava diferente naquela noite. Ela nunca fora do tipo patricinha, como as amigas de Mia, Dom sempre a considerou mais como igual do que como uma mulher atraente em potencial, embora sempre a tenha achado muito bonita.


        No entanto, naquela noite estranhou que ela se demorasse tanto para chegar à festa e estranhou mais ainda quando ela chegou de braços dados com o panaca do Vince. Era seu melhor amigo, mas não deixava de ser um panaca. Somando-se a tudo isso havia o visual dela. Dom jamais a vira tão sexy. Ela usava um top cinza que deixava sua barriga à mostra, saia curta de couro preta e um par de provocantes botas. O rosto muito maquiado e os cabelos soltos. A maquiagem estava um pouco exagerada para uma garota de dezesseis anos, mas ele gostou mesmo assim e não conseguiu entender o ciúme que o afligiu ao vê-la conversar e dançar com Vince boa parte da noite.


      Dom ficou amuado, mas resolveu não se meter no comportamento dela, nem mesmo quando ela começou a tomar cerveja, coisa que o pai dele tinha proibido terminantemente aos menores de idade naquela festa.


     A partir daí Dom começou a achar a festa um saco. Largou tudo e foi dar uma volta em seu chevelle que havia sido presente de aniversário de seu pai quando completou dezoito anos. Rodou pelas ruas da cidade até ficar bem tarde e quando chegou em casa a festa aparentava ter acabado, mas seu pai ainda não tinha voltado.


   Ele encontrou tudo como de costume após uma festa. A casa estava limpa porque Mia devia ter limpado tudo antes de dormir. Vince roncava de boca aberta no sofá e babava nas almofadas. Pelo menos ele não tinha ido para casa com Letty, Dom pensou subindo as escadas para o seu quarto. Mia já devia estar dormindo. Ele já estava quase entrando em seu quarto quando notou que a luz do abajur do quarto de seu pai estava acesa.


- Pai? Você está aí?- indagou entrando no quarto, mas não era seu pai quem estava lá, e sim Letty, deitada na cama dele.


- Acho que... – ela deu um soluço. – Eu bebi demais e não consegui achar o seu quarto!


- Letty, o que ainda está fazendo aqui? Eu vou te levar em casa agora.


- Não, Dom...eu...


    Ela tentou se levantar da cama, mas pelo jeito estava zonza demais para fazê-lo sozinha e suas pernas se atrapalharam, a saia de couro subiu revelando a calcinha preta embaixo dela. Dom evitou olhar o óbvio.


- Você precisa tomar um café forte antes de ir para casa, garota, se sua madrinha vir assim...


- Onde você estava?- ela perguntou.


- Fui dar uma volta.- ele respondeu.


- Você é um idiota! O cara mais idiota que eu já conheci!


- Que merda, Letty! Por que está dizendo isso?


- Não percebe?- ela retrucou e começou a desabotoar os botões do top cinza.


- O que está fazendo?


- Eu já estou cansada de tentar chamar a sua atenção, Dominic! Você está sempre saindo com aquelas putas de rua, e aquela irmã do Tran é a mais puta de todas!


- Letty, você está bêbada!


     Ela tirou o top e o jogou no chão antes de apontar o dedo para ele:


- Mas eu não vou mais tolerar isso, entendeu? Eu quero você! Te quero há muito tempo!


- Mas o que está dizendo? Você é só uma menina!


     Letty deu risada e deitou na cama outra vez, apoiando as botas no estrado de madeira da cama, numa pose sensual.


- Letty, vista-se!


- Merda, Dom! Não era bem essa reação que eu esperava...


     Ele sabia bem qual era a reação que ela esperava. Dom queria agarrá-la e beijá-la, se esquecer que ela só tinha dezesseis anos. Mas não podia fazer isso ou podia? Seu coração começou a bater mais forte. Letty era uma presença constante na vida dele desde que eram crianças e ele sempre a amou à sua maneira, mas até aquele momento não notara que ela tinha crescido e se transformado numa bela mulher. Não era mais a menina magrela que o perseguia com um milhão de perguntas.


- Não sou mais uma menina, Dom... – ela disse como se estivesse confirmando os pensamentos dele. – Eu gosto de você, cara...e quero que seja com você!


     Dom finalmente se aproximou dela. Letty se ajoelhou na cama e se arrepiou inteira ao sentir os braços fortes e musculosos de Dom ao redor de sua cintura quando ele a trouxe para junto de si para beijá-la.


- Tem certeza de que quer isso mesmo, Letty? Ou está bêbada demais para compreender o que está me pedindo?


     Letty sorriu para ele e passou seus dedos levemente pelos lábios dele, experimentando a textura deles.


- Sempre me perguntei que gosto tinham seus lábios...


    Dom não pôde agüentar mais e apertando-a contra seu corpo, beijou-a repetidas vezes antes de aprofundar o beijo, inserindo a língua na boca quente dela, provando-lhe o gosto adocicado pela primeira vez.


   Deitou-se com ela na cama. Não queria mais pensar em nada, apenas queria senti-la contra seu corpo, tocá-la, desvendar-lhe todos os segredos.


- Está nervosa?- ele indagou, mordiscando o lóbulo da orelha dela.


- Não.- ela respondeu. – Você está?


     Ele riu baixinho e suas mãos deslizaram pelos seios dela por cima do sutiã antes de escorregarem para além da renda e tocarem a pele nua e macia. Letty gemeu baixinho quando ele brincou com os mamilos dela usando os polegares.


     Ela se sentou na cama o suficiente para soltar o fecho do sutiã e tirá-lo. Dominic fez com que ela se deitasse de novo e acariciando-lhe os cabelos, ele tomou um seio em sua boca e mordiscou o mamilo devagar causando ondas de prazer pelo corpo de Letty.


- Dom... – ela suspirou.


- Se alguém nos pegar sou um homem morto... – disse ele e dessa vez foi Letty quem riu.


- Tem certeza de que não vale a pena correr o risco?


- Eu consertaria um milhão de carros só para ter você...


    As mãos dele se espalmaram nas coxas dela e a tocaram entre as pernas. Letty suspirou e ergueu os quadris, sentindo que ele lhe afastava a calcinha para o lado, com pressa de tocá-la. Quando os dedos dele encontraram o interior úmido dela, Letty se segurou nos travesseiros e de olhos fechados sorriu.


    Dom tirou a camisa e a beijou furiosamente nos lábios, sentiu a mão de Letty o tocando, tentando tirar-lhe as calças. Ele soltou o botão metálico depressa e puxou o zíper para baixo, se encaixando entre as pernas dela em seguida e a invadindo profundamente, primeiro com os dedos. Letty sentiu uma pequena dor quando ele foi fundo demais, mas não reclamou de nada, ficou beijando o pescoço dele e esfregando os seios no peito dele.


   Ele finalmente ergueu uma das pernas dela e começou a penetrá-la bem devagar.


- Ahhh...Dom...


- Oh Deus, Letty!


    Dom se empurrou com um pouco mais de força fazendo-a dar um gritinho quando a virgindade se rompeu e se colocou inteiro dentro dela. Eles se beijaram o tempo todo enquanto Dom se impulsionava dentro e fora do corpo dela. Eles não tinham muito tempo, o pai dele poderia chegar e colocar tudo a perder, mesmo assim foi o suficiente para que pudessem desfrutar bastante.


    Enquanto faziam amor, Dom acabou descobrindo uma manchinha linda no seio dela, junto ao mamilo e passou sua língua bem ali antes de devorar a auréola inteira do seio fazendo Letty gemer um pouco mais alto e estremecer de prazer nos braços dele. O orgasmo o atingiu logo em seguida e empurrando o quadril com mais força contra o dela, Dom chegou ao clímax, afundando o rosto nos cabelos negros dela.


- Dom?- eles ouviram passos na escada naquele exato momento. Era o Sr. Toretto voltando de seus jogo de cartas.


- Merda, é o meu pai!- disse Dom saindo de cima de Letty, imediatamente.


- Porra, Dom, o que vamos fazer?- ela perguntou ajeitando a calcinha e a saia enquanto Dom procurava desesperado pelo sutiã e o top dela.


 


2009


 


    Bryan abriu as persianas e Dom deu um passo a frente para observar melhor o corpo. Avaliou-o por vários minutos sem demonstrar nenhuma emoção no rosto.


- Poderia pedir que desçam mais o lençol?


- Como?


- Por favor!- ele pediu e Bryan informou ao funcionário do necrotério que o fizesse.


     O homem desceu o lençol até a linha da cintura rapidamente. Dom levou apenas cinco segundos para dizer:


- Não é ela!


 


 


Continua...


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