El Beso Del Final escrita por Ms Holloway


Capítulo 2
O pacote




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Capítulo 2

 

O Pacote

 

 

Cidade do Panamá, Panamá

1 ano depois

 

 

                 Um carro é como um filho. O velho Toretto costumava dizer desde cedo ao seu pequeno Dom quando começou a ensiná-lo sobre carros. E logo Dom pôde constatar por si mesmo a veracidade das palavras do pai e carros tornaram-se sua maior paixão.

                 Ele não podia se imaginar fazendo nada na vida que não fosse estar envolvido com carros e corridas, exceto quando isso implicava em transgredir a lei. A vida não tinha sido muito justa com Dominic em muitos aspectos, incluindo a morte de seu pai, por isso Dom fez tudo o que foi preciso para continuar vivendo sua vida, sem se importar com as conseqüências de seus atos, tudo o que ele queria era proteger Mia, sua querida irmã e dar uma vida digna a ela. Pelo menos nisso Dom não falhara. Mia não estava com ele, mas ele sabia que ela estava bem. Quanto à Letty, essa era uma história bem diferente.

                 Já fazia um ano que ele a tinha deixado e não tivera mais nenhuma notícia dela, assim como também tivera o cuidado de não ser encontrado de maneira alguma, apenas Mia sabia onde ele estava e tinha ordens restritas para não revelar seu paradeiro a ninguém.

                Dom nunca deixara de pensar em Letty, nem um dia. Ainda assim não se arrependia de sua decisão de ter ido embora. Tinha sido o melhor para os dois. Letty agora estava livre para seguir sua vida sem as complicações que estar ao lado dele causariam a ela.

               Era mais uma manhã rotineira no Panamá. Dom já estava lá há quase dez meses. Ele passara algum tempo escondido em uma cidadezinha da República Dominicana antes de partir para o Panamá, tão perto e tão distante de Letty.

               Ao chegar ao Panamá ele logo conseguira um emprego de mecânico. Alugou um quarto e estava lá desde então, vivendo uma vida simples e discreta. Participava de corridas de vez em quando, mas nada muito grande. Tinha que continuar incógnito da polícia. Dom não sabia por quanto tempo ainda ficaria no Panamá, mas sabia que quando tivesse que partir sua intuição o avisaria.

              Ele estava trabalhando embaixo de um carro, consertando algumas peças quando um dos filhos de seu patrão na oficina mecânica entrou correndo no galpão onde ele trabalhava.

- Tio!- chamou o garoto. Dom tinha um bom relacionamento com a família do dono da oficina mecânica e os cinco filhos dele o adoravam.

- Que pasa, niño? ( O que há, garoto?)- ele perguntou saindo debaixo do carro.

             Foi então que ele notou que o menino segurava uma caixa de tamanho médio com muito cuidado junto ao peito.

- O que é isso, José?- Dom indagou se levantando do chão.

- È pra você, tio.- respondeu o menino em espanhol. – Tem seu nome escrito.

            Dom pegou o pacote e agradeceu ao menino.

- Gracias, José. (Obrigado, José).

            O menino saiu do galpão e quando Dom ficou sozinho, ele checou o pacote. Tinha seu nome escrito e o endereço da oficina. Ele ficou apreensivo. Só podia ser de Mia, ela era a única pessoa que sabia que ele estava lá. Algo devia ter acontecido com ela.

            Preocupado, Dom tratou de rasgar o lacre do pacote com um estilete. Dentro do pacote havia um pedaço de papel e um ursinho branco de pelúcia. Dom segurou o brinquedo em suas mãos sem entender do que se tratava. No pacote não havia remetente. Ele pegou a carta e leu. Eram poucas linhas.

 

“Volte para Los Angeles. Gostaria de falar sobre assuntos que são do seu interesse. Não se arrependerá se voltar.” Braga.

 

           Dom franziu o cenho. Aquilo era muito estranho. Quem diabos era Braga? E como sabia que ele estava ali? Seria isso algum tipo de código? Uma mensagem de Letty, talvez? Podia ser uma armadilha, mas Dom precisava descobrir do que se tratava.

           Ele deixou a oficina e procurou o telefone público mais próximo que ficava na feira, um calçadão desorganizado e mal-cheiroso repleto de barracas de verduras e frutas. Dom pegou o telefone e discou o número de Mia. Sabia que a irmã ficaria espantada em receber uma ligação dele depois de quase um ano.

- Alô?- a voz suave de Mia soou do outro lado da linha.

- Mia, sou eu.- disse Dom.

- Dom? Oh, meu Deus, Dom! È mesmo você? Estive tão preocupada. Pensei em ligar pra você tantas vezes, mas você disse que eu não podia ligar...

- Eu estou bem, Mia. E você?

- Eu estou bem.- respondeu ela. – Apenas sozinha aqui...

- Eu sei, Mia. Mas você sabe que as coisas são assim, então não vamos falar disso. Não foi por isso que eu liguei. Liguei pra saber de você e da...Letty.  Você a tem visto?

- Eu não vejo a Letty há mais de um ano, Dom. Ela me disse que precisava ir embora. Foi de repente. Ela veio só se despedir de mim. Disse que tinha umas coisas para resolver. Não me contou para onde ia, só disse que manteria contato. Cheguei a pensar que ela estivesse indo se encontrar com você e não pudesse me contar...

- Contou a alguém que eu estava aqui?

- È claro que não, Dom. Não contei nem à Letty.

            Dom olhou o bichinho de pelúcia em suas mãos e disse a Mia:

- Estou voltando, Mia.

- Não, você não pode, Dom. Eles irão pegar você!

- Eu preciso voltar, Mia. Nos veremos em alguns dias.- ele desligou o telefone.

xxxxxxxxxxxxxx

 

República Dominicana

 

             Letty respirou fundo e contou o restante do dinheiro que tinha em sua bolsa. 3 mil dólares. Muito pouco. Com esse dinheiro ela não poderia se sustentar mais por muito tempo naquele país. As coisas estavam começando a ficar complicadas. Era hora de voltar aos Estados Unidos e pedir ajuda, por mais que estivesse com medo de voltar.

             Largando o dinheiro sobre uma mesinha no pequeno quarto do cortiço onde morava, Letty pegou seu telefone celular, modelo antigo, o único pelo qual podia pagar e telefonou. Uma voz feminina atendeu e Letty falou em espanhol:

- Hola. Soy yo. Tienes mi dinero? Como no tienes, mujer? Yo necesito este dinero. Quiero volver al Estados Unidos. (Oi. Sou eu. Já tem meu dinheiro? Como não tem, mulher? Quero voltar aos Estados Unidos.) - ela fez uma pausa para ouvir o que a outra dizia e então continuou com a voz alterada pelo nervosismo.

 – Pero como tu quieres que yo regrese al Estados Unidos solamente con lo que tengo? Yo no puedo, Soledad. Yo he trabajado duro para ti y ahora necesito el dinero. La niña necesita muchas cosas. Tu lo sabes. Oh, no, no te perdono! Por favor, ayudame… está bien. Voy a esperar que llames. Pero no tardes. Preciso regresar a mi país.(Mas como você quer que eu volte aos Estados Unidos somente com o que tenho? Eu não posso, Soledad. Eu trabalhei duro pra você e agora preciso do pagamento. A menina precisa de muita coisa, você sabe. Por favor, me ajude!...está bem. Vou esperar sua ligação. Mas não demore a me ligar, preciso voltar ao meu país.)

               Letty desligou o telefone e sentiu lágrimas quentes invadirem seus olhos. Porém, um choro mais alto e desesperado do que o dela soou no quarto e Letty tratou de enxugar as lágrimas para atender a uma necessidade mais urgente que a dela naquele momento.

               Ela se levantou da cama onde estava sentada e foi até um berço de madeira recostado no canto do quarto próximo à janela de onde um bebê esperneava e chorava envolto em uma manta amarela. Letty sorriu e pegou seu pequeno embrulho, ninando a criança em seus braços e falando com ela com voz suave:

- Não chore, pequena. Mamãe está aqui.  Pequena Caterina...

 

Continua...

 


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