(...)

Alec

A frequência cardíaca de Renesmee aumentou gradativamente. Seus olhos estavam focados em um lugar distante.

- Ree? – arrisquei perguntar, mas ela me lançou um olhar cortante.

- Eu preciso... Preciso... Falar com a Katie... – ela começou, mas parou quando puxei seus pulsos. Ela se calou imediatamente.

- Fique tranquila. São muito raros, vivem em locais mais quentes, e os bandos só matam ao perder o controle.

Ela arregalou os olhos.

- Alec, vamos embora. Chame a Marie. – ela se levantou rapidamente.

Suspirei frustrado.

Não é hoje que eu ganho a confiança dela.

Fui até a pista de dança pisando fundo e identifiquei Marie no meio daquela bagunça toda, puxei seus braços e percebi o quanto ela parecia estar tonta. Não bêbada, mas tonta. Vampiros não ficam bêbados.

Já fora da boate, abri o carro e a coloquei no banco de trás. Renesmee parecia estar contrariada, então só abriu a porta e entrou sem dizer uma única palavra.

- E o meu carro? – Marie fez um bico.

Antes de dar a partida, parei bruscamente.

- Como é que é? – perguntei irritado, e dei um suspiro. – Que modelo é?

- Eu sei lá, eu escolho os que eu acho mais bonitos! Bem, é uma BMW grafite e...

Ela nem terminou a frase e eu e Renesmee já havíamos saído do carro – roubado – ela puxou Marie do banco de trás, que cambaleava.

Encontrei seu carro no estacionamento e fomos até ele, ela me entregou as chaves e comecei a dirigir, ninguém fala nada.

- Tudo bem com você? – perguntei a Renesmee sem desviar os olhos da estrada.

- Sim. Só estou um pouco chocada, e preciso dormir. – Bocejou.

Não protestei. Ela ainda é parte humana.

Chegamos à mansão e saímos do carro imediatamente. Marie deu uma cambaleada e começou a rir. Renesmee a puxou por sobre o ombro – o que não ajudou muita coisa, considerando que ela também está tonta – e fez o máximo para puxá-la até lá dentro. E deu certo, pois ela fez tudo tão roboticamente que não parecera ter sido difícil.

Ela deixou Marie num sofá e subiu as escadas correndo, antes que eu me desse conta, ela havia desaparecido na escuridão do andar de cima.

- Alec, vai. Eu só estou um pouco tonta e rindo de tudo quanto é babaquice, mas ainda estou consciente. Vai, vai atrás dela. VAI LOGO! – ela grita a última parte, irritada.

Suspirando, subi e encontrei Renesmee deitada na minha cama, abraçando um travesseiro em posição fetal. Trêmula, e pálida. Não chorando, mas com cara de dor.

- Renesmee, fica calma! – peço.

- Não, por favor. Para. Eu só preciso pensar. – ela pede ainda chocada.

E de repente senti uma enorme culpa me consumindo. A família dela não havia contado nada, mas eu sim. Porque eu sou um idiota e não medi consequências antes de encher a boca.

Desci para checar Marie. Encontrei-a estatelada no sofá, olhando o teto e fazendo umas caretas estranhas.

- Puta que pariu, você não é normal. Agora estou me lembrando. – fiz uma carranca.

- Eu já te contei daquela vez que eu estava jogando no Super Nintendo e juro que vi o Mario me mostrando o dedo médio?

É, ela não é normal. Deve ter alguma demência desde que era humana.

- Marie, vai dormir.

- Eu não durmo, seu animal insensível. – ela fez uma careta. – Eu amava dormir. Era tão bom.

- Tá, agora vai dormir.

- PORRA! – ela berra irritada e me joga uma almofada com força, acertando em cheio. Doeu um pouquinho. Só um pouquinho. Só que não.

Comecei a rir me deliciando com essa pequena demonstração de carinho.

Ela também começou a rir. Pois não consegue ouvir risadas e ficar quieta, isso é dela.

- Alec, faça-me um favor? – pede com olhos suplicantes, olhando-me com um sorrisinho.

- O que eu ganho com isso? – pergunto entediado, sentando-me no sofá.

- Ganha mais uma chance de não ficar estéril hoje. – ela responde seca.

- Credo, bipolaridade. O que você quer demônia? – perguntei no maior amor.

- Eu quero que você se mate. – fez uma carinha maldosa.

- Eu prefiro não te responder essa. – fechei a cara e subi outra vez para verificar Renesmee, e fiquei surpreso ao ver Jane apoiada nas grades da janela com uma expressão de “se correr vai ser pior”.

Engraçado, de repente tudo melhora, não é?