The Ruler And The Killer escrita por Marbells


Capítulo 27
In your arms I´m in home


Notas iniciais do capítulo

Falamos nas notas finais.



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Quando acordo, a primeira coisa que vejo é o teto branco, onde, no seu centro, está um pequeno candeeiro que irradia uma luz suave e amarela que é suficiente para iluminar o quarto onde estou. Todas as paredes são brancas e a cama onde estou deitada é, com exceção d euma máquina barulhenta que está ao meu lado, o único objeto no quarto.

Estou confusa, não sei que dia é, o que aconteceu e muito menos sei onde estou. A máquina que está ao meu lado pareçe-me semelhante a umas máquinas que vi na enfermaria do Centro de Treinamento do Distrito 2. Tenho um tubo no nariz e outro na boca, assim como mais alguns tubos transparentes espalhados pelo meu corpo, e todos eles estão diretamente ligados á máquina que me parece estar a registar todos os meu batimentos cardíacos.

Tento falar, mas é como se me tivesse esquecido como se fala. Tento mover-me, mas o mesmo acontece. Finalmente, começo a entrar em pânico e a olhar freneticamente á minha volta. Não há janelas nem portas. Estou presa dentro do meu próprio corpo que, por sua vez, está encurralado num quarto sem saídas. Devido ao pânico e ao medo que sinto, começo a sufocar, sentindo-me claustrofóbica dentro do meu próprio corpo. O meu coração começa a bater descompassadamente e a máquina começa a apitar. A minha cabeça dói, mas tenha a sensação de que já senti aquela dor antes. Não me consigo lembrar de nada útil, todas as minhas memórias são vagas e fúteis.

Menos de um minuto depois, uma parte da parede abre-se e uma equipa de médicos entra rapidamente no quarto, rodeando-me e falando comigo, mas não percebo nada do que dizem. Sei que alguns tentam acalmar-me, enquanto outros parecem estar a analisar as informações que estão registadas na máquina. Um dos médicos grita algo para uma enfermeira que veio com eles e ela tira do bolso uma seringa. Esbugalho os olhos, assustada. Não estou assustada da agulha, é claro que não. Estou assustada porque sei que qualquer que seja o líquido que vejo a brilhar no interior da seringa transparente, tem como único objetivo fazer com que eu volte a dormir. Mas eu não quero dormir, eu quero saber onde estou e porquê. Eu quero explicações. Mas no momento em que a enfermeira me espeta a agulha no meu braço, sinto o líquido frio e espesso a entrar-me nas veias, aniquilando qualquer esperança que eu tinha de obter explicações.

*

Na segunda vez em que volto a acordar, já me consigo mover. Desta vez, não estou sozinha. Um dos avoxes que me lembro de ter visto antes de entrar na arena estava ali, sentado numa cadeira – que deve ter sido colocada ali propositadamente para alguém me vigiar – e a olhar para mim com uma expressão indecifrável. Desta vez também, recordo-me de tudo. As imagens passam pela minha mente, o nervosismo antes da Colheita; eu a subir ao palco; Cato a voluntariar-se; nós a chegarmos á Capital; os treinos e as discussões com Cato; os beijos com Cato; a nota de Katniss Everdeen; as entrevistas; a entrada na arena; o incêncio que quase matou Cato; a manhã em que Katniss quase matou todos os carreiristas; o banquete; o momento em que eu disse a Cato que o amava; a morte de Katniss e de Peeta. E depois lembro-me de Cato a discutir com a voz de Claudius. Só podia haver um vencedor. E se eu estava viva… Abano cabeça, afastando tal pensamento, e tento falar, mas o tubo que está inserido na minha boca e parece descer pela minha garganta não mo deixa fazê-lo e é desconfortável. O avox levanta-se e anda até á cama onde estou deitada. Cautelosamente, o avox retira o tudo da minha garganta e coloca-o num saco de plástico que estava em cima de uma mesa de cabeceira ao lado da cadeira onde estava sentado.

-Ca… t… Cat… - não consigo pronunciar o nome dele corretamente, mas o avox parece perceber o que eu quero dizer e balança a cabeça ligeiramente – On… est… Ca… o? – o avox volta-de costas para mim e anda até á parede. Uma parte da parede abre-se e o avox sai do quarto. A porta fecha-se e eu fico sozinha. Outra vez.

Sinto como se não conseguisse respirar. O Cato tem de estar vivo, ele não pode ter morrido. Para que quero eu a vitória, dinheiro e uma casa na Vila dos Vencedores se o Cato não estiver comigo? As primeiras lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e eu tento sentar-me, mas algo me prende á cama. É uma espécie de sinto – também branco – prende a minha cintura á cama. As minhas mãos tremem, enquanto soltar-me, mas é em vão. Em poucos segundos já estou a soluçar desesperadamente e a debater-me violentamente na cama. Dói. Dói muito, mas eu tenho de saber o que aconteceu ao Cato, ao meu namorado, ao meu único e melhor amigo.

Uma parte da parede volta a abrir-se e um grupo de médicos entra. Atrás deles, está Brutus, com uma expressão cansada e irritada, mas, ao mesmo tempo, aliviada. Os médicos aproximam-se de mim e tentam acalmar-me, mas eu começo a gritar.

-Cato! – a minha voz está rouca e eu sinto uma dor terrível na garganta, quase como se a carne estivesse a ser queimada, mas não paro de gritar – Cato! Onde ele está? Cato?

Um dos médicos pega numa seringa e prepara-se para a espetar no meu braço – enquanto outro médico segura os meus braços e outros as pernas e a minha cabeça – quando Brutus ordena que ele não faça nada.

-Tenha calma, garota! – abano a cabeça e volto a gritar. Brutus empurra um dos médicos, que se desiquilibra e cai no chão, levantado-se atrapalhadamente e com uma expressão ofendida, e segura o meu rosto com as duas mãos. Ele aperta o meu rosto com força, obrigando-me a parar de gritar e a olhar para ele – Pare de chorar, sua idiota! Você foi operada e quase morreu na porcaria da mesa de operações e agora está tentando dar cabo de tudo?

-O… O Cato? – pergunto, solunçando. Brutus revira os olhos, mas olha para mim com certa compreensão – Ele está bem? O Cato está vivo? Ele já acordou? Ele…

-Hey, chega de perguntas! – Brutus suspira e eu olho nos olhos dele, implorando por uma explicação. Brutus, com as costas da mão, limpa desajeitadamente as minhas lágrimas – Ele está vivo, Clove. O Cato está bem, ele foi ferido apenas na perna e perdeu algum sangue. Ele está bem, mas você quase morreu. – eencolho os ombros, tentando controlar a vontade de voltar a chorar. O Cato está vivo! Expiro todo o ar contido e começo a sorrir tolamente.

-Po… Posso vê-lo? – pergunto, esperançosamente.

-Me desculpe, garota, mas há regras que têm de ser seguidas e uma delas é que vocês não se podem ver até á primeira enttrevista. – a alegria evapora-se como que por magia e fecho os punhos com força. Olho para Brutus com raiva e as lágrimas voltam cair, mas desta vez não são de tristeza. Eu preciso de ver o Cato. Eu tenho de ver com os meus olhos, tenho de ter a certeza de que Brutus não está a mentir. Eu tenho de ver aqueles olhos azuis que são frios para toda a gente menos para mim – Hey, não olhe assim para mim, Clove. – Brutus abana a cabeça – Eu e a Enobaria fizemos tudo para vos ajudar, mas o Presidente Snow, que, por acaso,  está bem irritado, obrigou-nos a prometer que não deixaríamos vocês se…

-CATO! – o meu berro surpreende todos e aproveito isso para, com a força da adrenalina e da minha vontade de ver Cato, empurrar Brutus. Apanahdo de surpresa, Brutos cai para trás, derrubando três ou quatro médicos que estavam atrás dele – Cato! Me deixem ver ele! Cato!

É muito rápido e confuso o que aconteceu asseguir. Outros médicos entraram no quarto, deixando a porta aberta, e todos tentavam me acalmar. Brutus, agora já levantado, oedia que não me pusessem a dormir outra vez e, por isso, a única opção era me acalmarem falando comigo. Mas eu só queria falar com o Cato, era tão difícl perceber isso?

-Clove, pare com isso! – Brutus gritos quando dei um pontapé no rosto de um dos médicos – Você foi operada e esteve em coma, não pode estar fazendo isso!

-Eu quero ver o Cato! – continuei a debater-me, esperneando e agitando os braços no ar – Eu tenho de o ver! Por favor! – uma enfermeira entrou no quarto e veio até á cama, abrindo espaço por onde passava. Brutus abanou a cabeça, quase tristemente.

A enfermeira segurou o meu rosto com as mãos e começou a falar comigo, mas eu apenas abanava a cabeça, tentando soltar-me do aperto. Houve um momento em que, irritada, a enfermeira gritou algum a um dos médicos. Brutus gritou um “Não a ponham dormir de novo!”, mas foi ignorado. Engoli em seco, já sabendo o que ia acontecer, mas recusei-me a ceder.

Uma nova e mais rápida luta começou nesse momento. Eu agitava os meus braços de forma a que ninguém os pudesse segurar e injetar aquele líquido que me podria a dormir mal fizesse contato com o meu sangue. Mas foi enquanto me tentavam segurar, que eu bati com a cabeça – não faço ideia onde, porque estava demasiado ocupada a pensar em como o Cato se estaria a sentir naquele momento. Acho que só nesse momento é que sentia a quantidade exagerada de ligadura na minha cabeça. Senti uma gota espessa a deslizar pelo meu rosto. Todas as pessoas pareceram ficar congeladas no momento em que, tanto eles quanto eu, percebemos que aquilo era sangue.

Eu estava imóvel agora, mas apenas por fora, porque snetia como se uma tempestade estivesse a occorrer no meu interior, devastando tudo á sua frente. Deitei a cabeça na almofada e fechei os olhos. A sensação na minha cabeça era estranha agora. Era como se houvesse uma bola dentro do meu crânio e essa bola andava rolando de um lado para o outro, chocando contra as “paredes” da minha cabeça. Apenas voltei a abrir a boca – tirando todos do seu estado imóvel - quando uma dor excruciante trespassou o meu corpo.

-Merda! – ouvi Brutus exclamar, enquanto era expulso do quarto, enquanto uma outra equipe de médicos entravam com alguns aparelhos.

Agora já ninguém estava preocupado em manter-me calma, acordada ou a dormir. O objetivo era manter-me viva.

Eu já tinha perdido a noção do tempo e de tudo o que se passava á minha volta quando ouvi uma voz quase inaudível. Vinha de longe aquela voz que me era tão familiar e desejada. Chamando o meu nome, a voz tinha quase ou tanta dor como a minha tinha quando chamei por ele. Mas agora era tarde demais, já estava tudo escuro outra vez.

Cato´s POV

-Então, ela está bem agora? – perguntei, permitindo-me finalmente relaxar desde que acordara há algumas horas. Enobaria encolheu os ombros.

-A Clove está num estado, hum… razoável. Mas ela podia estar bem melhor se não tivesse feito aquela fita quando acordou.

-Não é culpa dela, Enobaria. – resmunguei, defendendo a minha pequena. Abri os olhos e fitei a treinadora de Clove – Ela acordou e queria ver-me, tal como eu queria vê-la. Porque não deixaram isso acontecer? – Enobaria rolou os olhos com impaciência.

-Eu já expliquei isto para você, Cato. Um de vocês nem devia estar vivo! Isso é o mínimo que vocês podem fazer para acalmar o Presidente Snow, porque eu garanto que ele está tudo menos satisfeito com aquela ideia maravilhosa. – suspiro pesadamente.

-Eu não podia deixar ela morrer, Enobaria. – sussurrei.

-Eu sei disso, Cato, - a treinadora de Clove lenvata-se da cadeira onde estava sentada – e sei também que ela faria o mesmo por você. E é por isso que não aconteceu nada pior, porque o Presidente Snow sabe que se um vocês tivesse, digamos, um “acidente”, não haveria um Vencedor da 74ª Edição dos Jogos Vorazes durante muito tempo. – ela vai até á porta “escondida” na parede e a abre – Tenho de ir embora agoora, mas volto amanhã. Tente não arranjar mais problemas, pode ser, Cato? – encolhi os ombros.

-E o que faria eu para causar problemas? Afinal, estou preso á cama. – Enobaria soltou uma gargalhada.

-Você só está preso na cama porque deixou quatro médicos e uma enfermeira incoscientes!

-Eles não me deixaram is ver a Clove. Eles que me provocaram, eu apenas respondi á provocação. – Enobaria rolou os olhos.

-Claro que sim, Cato, claro que sim. Adeus, garoto, e não mate ninguém.

-Vou tentar. – com isso, Enobaria sai do quarto, deixando-me sozinho.

No preciso momento em que fiquei apenas eu no quarto, todos as minhas preocupações voltaram a pesar sobre os meus ombros. E todas essas precoupações, todos esses pensamentos que me assombravam, tinham apenas um culpado: Clove Breil.

Eu queria vê-la. Tudo o que eu queria era ver aqueles olhos verdes, as sardas claras e cheirar o cabelo negro e brilhante. Eu queria poder abraçá-la e protegê-la de tudo. Mas não podia. Depois de eu quase me matar com uma das facas de Clove, fomos levados para fora da arena. A Clove estava desmaida e a sangrar quando eles a levaram para longe de mim. Fui levado para um quarto e depois sedaram-me. Antes de apagar completamente, o meu último pensamento foi sobre ela. Sobre o quanto eu desejava que a minha tentativa de salvar ambas as nosas vidas tivesse dado certo. E deu, mas por pouco. Enobaria me disse que a Clove quase morreu várias vezes durante a cirurgia. Parece que os comprimidos enviados pelos patricionadores, enquanto estávamos na arena, apenas tiveram um efeito temporário e, com todo o esforço que a minha pequena teve de fazer, o dano no cérebro dela ficou ainda maior do que aquele que a pedra fez quando o desgraçado do Thresh a tentou matar.

Ela estava bem agora, depois de outra recaída. Parece que, quando acordou, a Clove atacou – ou tentou atacar – a equipa de médicos, pois queria me ver. E, com isso, ela acabou batendo algures com a cabeça, voltando a sangrar. Não foi preciso operá-la outra vez, mas foram necessárias várias horas para parar a hemorragia e, agora, ela estava dormindo.

Eu também não estava completamente bem. Embora o ferimento da Clove fosse muito pior, a minha perna quase que teve de ser ampuntada. Perdi muito sangue também, e Enobaria contou que estive quase tanto tempo em coma quanto Clove. De qualquer forma, não importava o tamanho do ferimento que Clove tinha, nem a dor que ela sofria, eu apenas desejava com todas as minhas forças que eu pudesse passar a dor dela para mim, livrando-a da dor. Eu faria tudo para ver aquela garota sorrir, mesmo que fosse um daqueles seus típicos sorrisos cruéis e que amedontram tanta gente. Eu faria tudo por ela. No entanto, nem a ver posso agora. Estou preso á minha cama por uma espécie de cinto e tenho a certeza que há pelo menos cinco peacekeepers a proteger o lado de fora da porta do quarto onde estou. E tudo isso porque, mais cedo, eu tentei ir ver a Clove. Quando soube que ela quase teve de ser operada novamente, eu fiquei completamente louco. E isso terminou com alguns médicos a sangrar e incoscientes e eu a ser mantido longe da única pessoa com que me importava neste Mundo.

Horas depois, fui transferido para outro quarto. Este quarto era diferente, pois tinha quatro janelas – todas elas do tamanho da parede, permitindo-me ver a cidade inteira. Que cidade? A Capital, obviamente. –, um banheiro e as paredes não eram brancas, pois tinham sido pintadas de um amarelo esbranquiçado. Dois avoxes entram no quarto, um deles empurrando uma cama maior que aquela onde estou e sem o cinto – e soltam o cinto. Mudo de cama com ajuda dos avoxes e eles me ajudam a ficar confortável. Em seguida, um delel vai buscar um tabuleiro cheio de comida. Agradeço sem exageros e um dos avoxes vai embora. O outro avoxe fica sentado numa cadeira á frente da minha cama, observando as janelas. O avox é apenas um garoto que pareçe ser ainda mais novo do que eu, provavelmente da idade da minha pequena. Ele tem cabelo castanho claro e olhos azuis, mas mais escuros do que os meus; o garoto é alto e magro; o rosto dele está marcado por várias cicatrizes e alguma manchas roxas que tenho a certeza terem sido feitas á pouco tempo. Ele olha para a janela, observando a cidade em movimento. Olho na mesma direção e percebo o que tanto distrai o garoto. As cores das luzes do prédios e dos carros – e de algumas roupas também – contrastam espantosamente com as cores do sol que agora se põe. Desvio o olhar rapidamente e volto a minha concentração para a comida. Há uma tigela com um caldo esverdedado, um pãozinho torrado, um copo com suco que penso ser de laranja e ainda uma tigela mais pequena onde está um pudim com morangos á volta. Morangos. A Clove adora morangos, ela sempre os come quando a minha mãe compra alguns no mercado – sempre a meu pedido, pois sei o quanto a Clove fica contente quando os tenho lá em casa.

Como toda a comida que estava no tabuleiro, com a exceção dos morangos, que decido guardar para quando a Clove acordar, pois assim poderemos comê-los juntos, tal como antes dos Jogos. O avox pega no tabuleiro agora vazio – eu tirei a tigela onde antes estava o pudim e deixei ficar apenas com os morangos, colocando-a numa mesinha ao lado da minha cama – e sai do quarto. Minutos depois, o avoz volta. Mas ele não volta para a cadeira, nem vai arrumar ou limpar alguma coisa no quarto. O garoto trás com ele uma cadeira de rodas. Ele aproxima-se de mim e ajuda-me a sair da cama, passando para a cadeira.

-Para onde você me leva? – pergunto, ignorando o fato de que ele não pode falar. O garoto faz sinal para que espere e, com um suspiro, é isso que faço – Só quero ver como você me vai fazer sair do quarto sem que sejamos detidos, garoto. – ele encolhe os ombros.

Quando saímos do quarto, fico surpreendido quando não vejo ninguém no corredor, nem médicos nem seguranças. Sorrio quando penso na possibilidade de aproveitar a deixa e ir ter com a Clove, mas não faço ideia qual é nem de onde está o quarto dela e o corredor, além de ser branco, é enorme e há dezenas de portas.

O garoto empurra a cadeira rapidamente, sempre sem hesitar e sempre em frente. Chegamos a um elevador e ele carrega no botão. Quando as portas do elevador se abrem, entramos e o avoz carrega num botão onde está o número 5. Sinto-me maldisposto com a velocidade exageradamente veloz do elevador, mas recordo-me que isso se deve dever aos medicamentos que tomei há não muito tempo. Saímos do elevador e o garoto volta a empurrar a cadeira de rodas pelo corredor. Desta vez, ele para em frente a uma porta onde está escrito o número 125. O que será que está do outro lado da porta? Não, a pergunta é: quem estará do outro lado da porta?

Olho para o avox e reparo que ele está a ir embora, caminhando em direção ao elevador. Suspiro e carrego no botão que sei que frá com que a porta se abra.

(N/A: Aconselho que ouçam esta música enquanto lêm a seguinte parte do capítulo. http://www.youtube.com/watch?v=335VYWQHzpQ&feature=BFa&list=AL94UKMTqg-9Cbh3y3KBI28ZedBLoagt4q. Esse é sem dúvida um dos meus músicos preferidos, pois ele cria músicas leves e fantásticas que parecem nos fazer viajar para outro lugar em apenas alguns minutos).

O quarto é do mesmo tamanho do que o meu, mas é completamente branco. Não há janelas e a única luz prsente no quarto vem do teto. Levanto-me e, a coxear, ando até á cama onde ela está deitada. Sinto-me como se fosse chorar quando vejo os tubos a que a ligaram.

Olho para a Clove, tão pequena e frágil naquele momento que nem parece ser aquela garota que está sempre tão entusiasmada para matar ou torturar. Sinto um aperto no peito quando a vejo daquela forma, encolhida na cama como uma cria indefesa. Sinto as lágrimas quentes e pesadas nos meus olhos, mas consigo evitar que caiam.

-Oh, pequena… - com cuidado para não a magoar ou incomodar (embora eu saiba que ela está a dormir), deito-me a seu lado, na borda da cama – O que foi que eles fizeram a você?

A pele dela está quase tão branca como as paredes do quarto e, enquanto afago o rosto de Clove, sinto o quanto está fria. Aproximo-me mais dela e abraço-a gentilmente. Os meus olhos analisam e admiram cada detelha no rosto da minha namorada e reparo que não há uma única cicatriz na pele dela, que agora está lisa e suave como seda. Sorrio fracamente quando vejo as sardas dela, intactas e agora mais claras do que nunca. Beijo a testa dela e sussurro:

-Eu te amo, Clove. Você vai ficar bem, eu prometo. – enterro o nariz no cabelo dela e inspiro aquele que deve ser o meu aroma preferido.

Enquanto estou ali, abraçado á única pessoa que alguma vez poderei amar, sei que tudo vai ficar bem. Claro, há cicatrizes que nem os melhores cururgiões de Panem podem remover. Ficaremos sempre com as recordações dos Jogos Vorazes e nunca esqueceremos os momentos em que quase nos perdemos um ao outro, mas aprenderemos a ultrapassar isso. Com a Clove, é como se tudo aquilo não passasse de um sonho. A presença da minha pequena deixa-me tão leve e inebriado que tudo o resto é esquecido. As minhas feridas exteriores e interiores são curadas pelo quase inexistente calor que o corpo dela emana e sinto-me mais completo do que nunca. Obviamente, eu sei que a Clove ainda não está curada e os momentos depois de ela acordar serão dolorosos e difíceis, mas estaremos juntos e eu nunca sairei do lado dela, nem agora, nem nunca.

O tempo ppassa rapidamente e acabo por adormecer no quarto de Clove, ainda abraçado a ela. Quando acordo, ouço a voz de Brutus:

-Deixem-no ficar ali. Eles só vão colaborar se estiverem juntos. – volto a fechar os olhos e, com um sorriso nos lábios, adormeço com a certeza de que um futuro melhor está para vir.


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Notas finais do capítulo

Já faltam poucos capítulos para a fic acabar e as minhas aulas vão começar na próxima quinta-feira, mas não parar de escrever esta fic. Não sei se gostaram do capítulo, eu achei ele difícil de escrever porque, como já disse, não sou muito boa com emoções (uma carecterística que é comum nos aquarianos). Obrigada pelos comentários e recomendações anetrios, fiquei muito contente.
Comentem e recomendem!
P.S-Me digam quem vocês acham que ajudou o Cato a poder ir ver a Clove, porque alguém teve de afastar os guardas do quarto deles.