Acho que fiquei milênios sentado naquele beco, pensando na morte como saída de emergência, como punição. Odeio quando as idéias me deixam tonto, mas amaria se esse fosse o caso. Agora elas me deixavam em um estado deplorável, algo próximo do suicídio.
Quando decidi ir para casa já era noite, e a lanchonete estava fechada fazia um bom tempo. Não hesitei em falar mil palavrões em voz alta durante o percurso ao lar, mesmo vendo que os pedestres me olhavam com aversão e um medo um tanto curioso. Até esses cretinos me achavam maluco, e percebi que já estava na hora de concordar.
Só que quando cheguei à esquina de casa algo estava errado.
Algo estava definitivamente errado.
Sirenes. Ora, o que sirenes ligadas faziam em frente ao meu portão?
“Ambulância, só pode ser ambulância.”, pensei, forçando a vista para identificar a anomalia. “Pronto, além de Frank matar Hayley, ele também matou meu pai. Cretino.”
Corri até onde as luzes se encontravam, e vi que não eram ambulâncias porcaria nenhuma. Eram viaturas da polícia.
E os policiais agiram rápido. Agiram tão rápido que mal pude perceber que eles já me esperavam havia horas, e logo que me avistaram... Bom, eu não me lembro de mais nada. Somente do barulho dos cassetetes descendo sem pudor em minha nuca, várias vezes.

Várias e várias vezes.