Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 3
Anotação n°2


Notas iniciais do capítulo

[/galera , uma perguntinha TOSCA³¹²³² : comofas avisar vcs que eu já postei capitulo novo ? É que essa é minha 1ª vez aqui no Nyah! , aí stol mto perdida y Q DJAIOSJDAOIS ,obrigada



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O relógio marcava oito da noite, e eu tenho certeza disso, pois essa é a hora em que o meu expediente acabara na lanchonete, nesse dia. Eu tinha algumas horas extras à cumprir.
Lembro-me de ter saído sem ao menos falar com Hayley. Eu não estava muito bem. O meu humor é estranho. Ou está em topos ou em abismos, depende do dia. E hoje era um dia em que eu queria meter uma serra elétrica na barriga de quem aparecesse em minha frente. Bem mais tarde, quando eu passei a freqüentar a droga do psicólogo, comecei a compreender que eu era um bipolar. Eu sou um louco, eu sei.

Não fui direto pra casa, não estava com vontade. Ver meu pai sentado, concentrado em terminar o seu vigésimo sexto livro do dia me deixa nervoso, e digo isso com total razão. Joseph é um pai muito certinho, chega a dar vontade de morrer.
Andei pelas alamedas que cercavam a lanchonete só pra passar o tempo, até que decidi sentar na quina de uma calçada que tinha como vista uma rua escura e sem-saída, só com um poste antigo que iluminava o nada ao seu redor, bem de leve, sedutoramente sombrio. Eu amo olhar pra esses becos, principalmente à noite. A escuridão me inspira, mesmo sendo tragicamente traumatizado em uma delas. Eu quase fui morto por um garoto que estudava na minha escola, sem brincadeira. Ele era um tanto obcecado por mim, e digo isso sem dúvida alguma. Eu nunca descobri o real motivo dessa obsessão, mas uma coisa que eu nunca vou me esquecer é que, quando quase morri, ele me chamava de Gee. Foi numa dessas ruas escuras e sem-saída. Ele me pegou na saída do trabalho e colocou uma faca em meu pescoço. Eu não sei bem se aquilo era uma faca, mas era afiado, então suponho que seja. Então começou a dizer muitas coisas sem nexo algum, e em cada frase ele colocava o maldito Gee no meio. “Gee”... Nunca me chame assim. Eu disse nunca.
Mas enfim, esse ser tinha o psicológico muito fraco, e me soltou logo depois de ouvir a voz da Hayley, que me chamava. E hoje ele deve estar bem melhor. Ele morreu já faz dois anos, e era justamente esse filme que rodava em minha cabeça quando vi algo que eu não gostaria de presenciar: aquele estranho jovem que quase me deu um golpe no trabalho. Não dava para ver sua face, pois estava coberta pelo seu surreal gorro preto. Mas pelo arrepio... Ah, era ele sim.
- Passa a grana... – ele sussurrava, segurando na cintura de uma garota conhecida na escola. Ela se chamava Tracy, “a patética”, como Hayley costumava dizer. E era um bocado bonita.
- Me solta! – ela tentava gritar, mas as mãos do outro serviam como mordaça.
- Passa a merda do dinheiro!!!
Ela começou a chorar, e eu a ficar cada vez mais apavorado e sem ação.
- Passa logo, porra!!! – ele berrou. A garota gemeu.
Sabia que tinha que fazer alguma coisa. Eu sempre fui fraco e covarde, mas não era hora de ser o lesado de sempre. Dei um pulo que me colocou de pé na hora, e corri em direção aos dois com uma coragem imensa. Porém logo fui murchando. Aquele cara parecia sugar minhas energias vitais. Deixava-me em um estado brando. Era estranho.
- Solta a Tracy, cara... – foi o que consegui proferir, como em um suspiro desesperado.
O cara me fitou daquele mesmo jeito malignamente cativante, e sorriu. A menina se debatia nos braços do outro, no entanto não tinha força suficiente para se livrar deles, o que mais fazia bem era chorar.
O garoto direcionou seus olhos desbotados para baixo, e com um gesto rápido, pegou a carteira da menina e me encarou mais uma vez, sempre sorrindo. Logo após isso, ele a soltou rapidamente e correu, e fez questão de esbarrar furiosamente em meu ombro.
- Obrigada... – Tracy sussurrou com um brilho estranho no olhar, e esboçou um pequeno sorriso em seus lábios, em que só saíam fofocas e mentiras sobre os mais excluídos e ridículos da escola (e eu me incluía nesse ranking, é bom ressaltar).
- Você está bem? – perguntei com as mãos apoiadas sobre seus ombros.
Ela não respondeu. O que fez foi afundar seu rosto no meu peito, pressionando-me com força contra seu corpo. Uma espécie de... abraço.
- Você é a Tracy, não é? – disse só pra tirar esse clima estranho de heroísmo.
- Sim, sim... – ela soltou-me e limpou o rosto – E você? Como chama, meu herói?
Eu nem te conto como eu odiei esse “herói”. Soa irônico e cretino demais pra mim.
- Gerard – respondi, inquieto.
- Obrigada de novo, Gee! – e ela começa a me apertar novamente, e eu comecei a achar que fiz uma loucura ao dar uma de bom moço. E quase fiz uma última boa-ação: chamar pelo cara misterioso só pra dar um fim nela, e com uma bela serra elétrica, por que não?


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