Pov Bella

Hoje estava para ser um dia muito normal na minha rotina. E isso era tudo que eu não queria. Não aguento mais essa vida.Fazer tudo que meus pais querem só porque moro na casa deles, não ter vez nem voz, e ter que aceitar tudo que me é imposto. Tudo que eu queria era sair dessa casa, arrumar meu próprio emprego e viver minha vida. Mas isso parece impossível. Toda vez que começo a falar desse assunto com meus pais, é sempre uma discussão que se encerra com as mesmas palavras do meu pai: “Se você quiser sair desta casa, saia. Mas já vou avisando que não vai conseguir emprego com esse seu diplomazinho de jornalista. E eu vou fazer questão de não te ajudar em nada, ouviu, nada!”.Depois dessas discussões eu sempre me tranco no quarto e coloco o som bem alto. O que me faz pensar que eu sou mesmo uma garota mimada, tudo o que eu menos quero ser. Foi depois de uma dessas discussões que eu decidi que ia viver a vida que meus pais querem e desisti completamente da minha felicidade. E hoje ia ser assim, mais um dia de infelicidade. Acordei e desci para o café da manhã. Aquela mesa estava mais silenciosa do que nunca e meu pai nem comendo estava, só lendo o jornal e bebendo café. Não estava com clima para responder perguntas ridículas da minha mãe, tipo:”Como foi a sua noite?” e “Quais são seus planos para hoje, filha?”.Ela já estava cansada de saber a resposta para as perguntas, mas as fazia todos os dias. Cansada do silêncio horrível, peguei uma maçã e subi de novo para meu quarto.Não sabia o que fazer hoje, mas eu não ia ficar em casa de jeito nenhum.Resolvi ir almoçar cedo sem ideia do que fazer depois. Enquanto estava almoçando, tive uma ideia de onde poderia ir. Fazia um tempo que eu não ia lá e me pareceu uma boa. O abrigo para crianças órfãs sempre me fazia sentir bem. Eu sinto pena daquelas crianças, mas quando vou lá elas parecem tão felizes, tão dispostas. Paguei a conta e fui direto para lá. Cheguei e as crianças vieram me abraçar.

  - Tia Bella!!

 - Oi, crianças!! – eu disse rindo.

Brinquei muito com as crianças, e me diverti demais, coisa que há muito tempo eu não fazia.

Quando voltei para a casa, meu pai estava na sala de estar, me esperando. Ele disse que precisávamos conversar, e que mais tarde viriam alguns amigos dele para jantar, então eu deveria estar arrumada. Achei estranho tudo isso, porque ele, assim como eu não era muito de conversa. E o pior foi que ele me chamou para conversar no escritório, coisa que ele nunca fazia, então fiquei desconfiada desde o início.

 - Bella, filha, não sei como começar essa conversa com você, então vou direto ao ponto – ele disse e após uma pausa continuou – A empresa não está muito bem e está cheia de dívidas, e para melhorar essa situação, só há uma saída, fundir com outra empresa. Você certamente sabe da existência da empresa Cullen, e essa foi a única empresa com interesse nessa fusão. Você sabe quem é Edward Cullen? É o único filho dos Cullen e ele está destruindo a reputação da empresa. Vive como um playboy, sai toda noite para a balada e sempre é fotografado bêbado por paparazzi. – me olhou de rabo de olho, e viu alguma coisa que o impeliu a continuar – O senhor Cullen, quer que o filho acabe com essa reputação, mas não fazia ideia de como. Quando cheguei ao seu escritório, propondo a fusão de nossas empresas, ele teve uma ideia, que logo me impôs como condição. Disse que só aceitaria a fusão se o filho se casasse com você.

Agora eu estava entendendo tudo. Meu pai ia me obrigar a casar com um estranho, um casamento por contrato. Ele só podia estar maluco, eu nunca ia aceitar uma coisa dessas.

 -  Pai, você enlouqueceu de vez – disse já explodindo – eu NUNCA  vou me casar com um estranho, para o bem da sua empresa. Prefiro que você vá a falência do que me casar com um playboy metidinho por contrato.

 - Bella, não me faça perder a paciência! Em primeiro lugar: você só tem que ficar casada com ele por 4 meses, depois podem se separar. O senhor Cullen só quer a reputação do filho não esteja mais ligada a empresa. Um homem casado, sério, os paparazzi não iam mas correr atrás dele procurando fofoca. Depois que vocês se separarem, as empresas já vão ser uma só e o filho dele que faça o que quiser.

Meu pai já estava muito irritado e precisou parar para respirar. Ele está pensando o quê? Que eu vou aceitar destruir minha vida e viver na infelicidade completa por 4 meses, só por causa da empresa dele? Só pode estar maluco mesmo. Depois caiu a ficha: eu já vivia na infelicidade completa, minha vida já estava destruída! Fiquei com o rosto inexpressivo, esperando ele continuar.

- Olha Bella, você TEM que se casar com Edward Cullen, por bem ou por mal.

- O que quer dizer com isso? – fui direto ao ponto e já imaginava a resposta da minha pergunta.

- Quero dizer,que se você não está disposta a se casar com Edward Cullen, mesmo que seja por pouco tempo, pelo bem da empresa, você NÃO é mais minha filha e pode sair dessa casa hoje!

Controlei as lágrimas, essa tendência humilhante que eu tenho, de chorar quando sinto raiva. Sim, eu queria dizer para ele. Eu vou sair dessa casa e finalmente viver minha vida. Mas a razão falou mais alto: para onde eu iria? Viraria uma mendiga?Moraria na rua? Tudo isso parecia melhor do que casar com um estranho, mas eu tinha que tentar. Afinal, eu não tinha saída. A não ser a morte. Essa me parecia uma boa ideia. Morrer. Minha vida era uma desgraça mesmo, ou eu ia morar na rua ou me casar com um estranho.

- Os Cullen virão aqui hoje e você deve estar apresentável. Você vai conversar e sorrir. Vai conhecer Edward Cullen , seu futuro marido. Depois disso vamos organizar o casamento, você vai ficar casada por 4 meses, depois se pode se separar. Em troca vou lhe dar um presente: depois que vocês se separarem, você pode ter sua própria casa, pode arrumar um emprego e eu não vou interferir em nada. Aceita?

Meu coração quase explodiu com as palavras dele. Se eu sofresse por 4 meses, poderia ter tudo que eu sempre sonhei. De repente não parecia uma ideia tão ruim assim me casar com Edward Cullen. Se eu conseguisse suportar, poderia viver minha vida, poderia ser feliz. 4 meses, tão pouco, e o caminho para a felicidade. Eu era forte. E eu ia conseguir.

- Aceito.