Scritto Nelle Stelle escrita por Karla Vieira


Capítulo 4
Pinturas


Notas iniciais do capítulo

Boa noite amores!! Por onde eu começo? Bem, eu fiquei super feliz com as reviews de vocês me desejando uma boa viagem. Sério, amei! E foi uma boa viagem mesmo. Tanto que voltei com várias ideias para a história! Envolvem hotéis, metrôs, Santiago (cidade chilena) e uma cidade livre de extradição. Creditem isso ao Chile e o seriado White Collar. É.
Fiquei mais feliz ainda ao perceber que Flamma Amoris e Juntos pelo Acaso, mesmo já terminadas, continuam recebendo reviews e recomendações. Quanto amor! Obrigada mesmo, de coração.
Como eu fiquei feliz e com a criatividade solta, fiz um capítulo grandinho hoje mesmo (ou ontem, que seja) para trazer para vocês. Espero que gostem!



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Mahara Carter POV

– Alô? – Atendi, colocando o aparelho celular encostado em minha orelha. Eu estava com os pés para cima da mesa no escritório, olhando alguns arquivos no meu notebook sobre o caso que estava trabalhando, enquanto esperava o horário certo de ir para casa e continuar olhando os mesmos arquivos do caso. O caso que envolvia Dan Evans.

– Mahara? – Chamou uma voz grave e melodiosa, da qual reconheci imediatamente. E definitivamente, reconhecê-la não era bom. E a pessoa dona da voz me procurar, também não. Respirei fundo.

– O que você quer Adam? – Perguntei fria e cortante como uma faca Tramontina. Tirei os pés de cima da mesa e sentei-me, endireitando minha postura.

– Você de volta. – Respondeu ele imediatamente, suas palavras fazendo doer cicatrizes em meu peito, que foram feitas como um ferro quente marca o traseiro de um cavalo. Achei que aquela parte do meu passado havia sido enterrada, esquecida no fundo da minha memória, mas percebi que não; quando cantei aquela música para os garotos, eu já havia percebido que não. Como poderia? O que havia acontecido não era de fácil esquecimento, não mesmo.

– Não se pode ter tudo o que quer, você sabe disso. Não adianta insistir, você não vai me ter de volta.

– “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Acho que isso serve para você. Sei que seu coração ainda pertence a mim, e sei também que se eu correr um pouco atrás de você, terei você de volta.

– Tudo já foi dito uma vez, mas para quem não escuta é necessário dizer novamente. – Eu disse, irritada. – Não há mais nada entre nós dois, e o que você me fez não tem perdão. Desista, Adam, você nunca vai me ter.

– “Nunca diga nunca”... Isso também se aplica a você, docinho. Nunca diga que você não vai voltar para mim, se você não tem certeza do futuro...

– Isso é a única coisa da qual tenho certeza sobre meu futuro, Adam: eu não vou voltar para você. Você é página virada de um livro jogado fora.

– Então porque continuo te afetando?

– Você não me afeta mais. – Eu disse, sabendo que era mentira. Os flashes passavam em minha mente e eu sentia meu coração doer com o que eu lembrava. Maldito seja Adam Smith.

– Mente que eu finjo que acredito, docinho. – Disse ele, irônico. – Vou desligar agora, e deixar você pensar em mim. Quem sabe você se toque que ainda és minha.

Soltei uma risada irônica e desliguei. Eu precisava urgentemente conversar com alguém. Sabia que Andie estava trabalhando, ocupada em um caso novo e complexo de seu departamento, e não poderia conversar comigo agora. Minha mãe deveria estar no décimo sono, lá na Tailândia. Eu não possuía mais ninguém com quem eu pudesse me abrir tão abertamente, alguém que fosse entender perfeitamente o que eu estava passando e ia tentar me fazer sentir melhor de alguma forma.

Olhei para a tela do notebook, onde havia uma foto. “Independente do que for, nós estaremos aqui para você, viu?” a voz doce disse em minha cabeça. O meu telefone tocou. Respirei fundo e atendi.

– Alô? – Atendi desanimada.

– Mahara? – Uma voz doce chamou-me suavemente do outro lado da linha. A mesma voz que há dois segundos estava em minha cabeça. Dan.

– Oi, Dan.

– Está tudo bem com você? – Perguntou ele. – Seu tom de voz está estranho.

– Na verdade, não...

– Quer conversar? Você já pode sair do estúdio? Quer me encontrar em algum lugar? Ou você quer ficar sozinha? Posso...

– Calma Dan, uma pergunta de cada vez. – Eu disse, rindo levemente. – Quero conversar sim. Você pode passar lá em casa, daqui uma meia hora? Aí nós pedimos pizza.

– E poderei conhecer a Mathai e a Florence? – Perguntou ele, rindo levemente. Em uma das nossas cada vez mais frequentes conversas, contei sobre meus animais de estimação que, para mim, eram parte da família.

– Claro. – Eu disse, rindo com mais gosto. Dan era apaixonado por tartarugas, e ficou empolgado para conhecer a minha. – Você tem certeza que sabe onde é?

– Eu gosto do som da sua risada. Sei onde é, sim. Estou na sua casa daqui meia hora, então, e quero ver você rindo mais ainda.

– Tudo bem. Até lá.

– Até.

Desliguei o telefone, desliguei o notebook, reuni minhas coisas e fui para casa.

E tomara que Mathai não esteja com fome e não tenha mordido o sofá novamente.

Dan Evans POV

Toquei a campainha ao lado da porta do apartamento, e logo um olho intensamente azul preencheu o olho mágico, um som baixo de correntes surgiu e a porta se abriu. Mahara sorria fracamente para mim, com seus cabelos loiros enrolados em um coque frouxo colorido pelas suas mechas, e vestia uma daquelas blusas com as costas maiores que a parte da frente com um short curto cheio de tachinhas.

– Então você realmente sabia onde eu moro! – Disse ela em tom brincalhão. Sorri.

– É, e você não acreditou em mim.

– Eu nunca disse que não acreditava. – Disse ela. – Entra.

– Mas foi o que deu a entender. – Eu disse rindo, entrando no apartamento. E me surpreendi ao encontrar um apartamento nada comum. O sofá era branco com almofadas coloridas semelhantes as que se encontravam no escritório dela, de cores vermelha, verde e amarela. A cortina era branca e tinha três ou quatro correntinhas de pedrinhas brilhantes penduradas; em uma parede havia uma grande gaiola ocupando um bom espaço, feita de ferro branco trabalhado, onde dentro havia uma cacatua branca com algumas penas amarelas. Ao lado da gaiola, uma pequena estante com algumas prateleiras cheias de CDS e DVDS, uma televisão, um aparelho de DVD e um rádio. Mas o mais impressionante na sala eram as pinturas nas paredes. Três delas eram azuis claros – mas na parede onde o sofá estava encostado, havia um desenho perfeito de um mar azul forte, com suas pequenas ondas quebrando em uma areia e o sol brilhando no céu azul clarinho (mais claro que o azul claro das outras paredes). E andando preguiçosamente em direção a uma tigela roxa de ração especial, havia um jabuti: Mathai.

– Gostou do meu apartamento? – Perguntou Mahara.

– É lindo. – Eu disse, e ela sorriu. – O desenho na parede. Foi você quem fez?

– Sim. Gostou?

– É demais.

– Venha ver os outros cômodos, então. Tem um em especial que você vai gostar.

Mahara me puxou pela mão e me guiou pelo apartamento, que era incrivelmente espaçoso. A primeira porta que abriu era seu quarto, com a parede onde ficava sua cama repleta de flores de vários tipos: tulipas vermelhas, rosas amarelas, lírios brancos, orquídeas cor-de-rosa... Pendurados em ordem de tamanho, haviam três filtradores de sonhos coloridos: um roxo forte, um verde limão e outro amarelo canário. Mahara realmente gostava de cores.

A segunda me deixou de queixo caído. Era um ateliê.

As quatro paredes do cômodo estavam repletas de pinturas. Havia de tudo: flores, animais, cachoeiras, sóis, arco-íris... Penduradas na parede, encostadas no chão e na parede, e em cima de cavaletes, haviam telas. Algumas estavam brancas, outras estavam pintadas. Também eram de grande variedade, mas a grande maioria eram paisagens. Havia uma pintada da vista da London Eye, pegando a cidade; outra era um gramado com algumas zebras pastando... E um quadro chamou minha atenção. Era um par de olhos castanhos, que passavam a impressão de um sorriso, de alegria. Pareciam-me familiares.

– Uau, Mahara. Você é talentosa demais. Isso tudo é... Lindo.

Ela sorriu tímida.

– Pintar é uma de minhas paixões e passatempos. Seu efeito é praticamente igual ao da música: acalma, dá para extravasar emoções... A única que não consigo expressar é raiva, ódio. Sempre acabo estragando a pintura e gasto uma tela a toa. Na música eu consigo fazer isso. Mas é claro que você expressa melhor socando um saco de pancadas e imaginando quem te deixou com raiva no lugar.

Eu ri.

– Quanta agressividade, senhorita Carter.

– Vai me dizer que nunca experimentou socar algum travesseiro ou um saco de pancada para aliviar o estresse? Dá uma leveza na alma que você não faz ideia.

– Na verdade, eu faço ideia. – Eu disse, lembrando-me de certa noite a dias atrás. – Mas no meu caso não adiantou muita coisa.

– Posso perguntar o que houve? – Perguntou em tom suave, colocando a mão no meu ombro. Suspirei. Mahara talvez fosse compreender. Não éramos amigos há muito tempo, admito; talvez umas duas semanas, mas eu já confiava nela. Ela já tinha minha amizade e acho que o sentimento era recíproco.

– Aconteceram várias coisas... Acho que fui acumulando tudo, até que transbordei com o término do meu relacionamento. Durou anos, Mahara. E tudo o que ela me disse foi não aguentar mais a distância e a pressão da mídia, e que era para eu ser feliz sem ela. Estávamos lidando com tudo muito bem, e de repente, ela faz isso.

– Assim como você, ela também transbordou. – Disse Mahara, compreensiva. – Terminar com você foi a opção que ela encontrou para tentar se aliviar, e pode ser que tenha achado que aliviaria você também. Ela ainda pode amar você. Sabe, às vezes fazemos escolhas difíceis por amor.

Senti meus olhos arderem.

– Eu não estou me sentido nada aliviado sem Danielle, Mahara.

De repente, Mahara me abraçou. Eu não consegui controlar minhas lágrimas, que começaram a cair. Eu não queria chorar. Eu estava ali para confortar Mahara, e era ela quem estava me confortando.

– Eu entendo, Dan. Mas isso passa. Acredite em mim, passa. Você não esquece, mas aos poucos, a dor some.

– O que aconteceu a você, para ter essa certeza? – Perguntei sem pensar, gaguejando.

– Me apaixonei pela pessoa errada. E quando é a pessoa errada, você se decepciona muito. – Disse ela, com a voz trêmula. – Às vezes, a pessoa te machuca mais do que óleo quente na pele.

Ouvi Mahara fungar, e apertei o abraço. Ficamos em silêncio por um tempo, até que nos distanciamos. Os olhos azuis de Mahara estavam avermelhados. Sorri fracamente e coloquei uma mecha de cabelo que havia escapado de seu coque atrás da orelha.

– Eu... Eu...

– Você não precisa me contar, se você não se sentir bem com isso.

– É por isso que eu preciso contar. Para poder me sentir bem, talvez.

Fiquei em silêncio, sorrindo fracamente e a olhando.

– Eu fui traída, Dan. E eu vi tudo com os meus próprios olhos. Doeu bastante, porque eu gostava realmente dele. Agora eu não sinto mais nada. Sou indiferente.

– Isso não é verdade. – Eu disse, e ela franziu a testa. – Está escrito nos seus olhos que não é verdade.

– Ele me ligou e quer que eu volte para ele. Eu não vou voltar.

– Garota inteligente! – Exclamei, e ela riu levemente. – Mas...?

– Mas a ligação me fez lembrar de tudo aquilo, e eu fiquei mal. Eu queria ser completamente indiferente a ele.

– Como você disse, o tempo cura isso. O tempo, uma pizza e um bom amigo.

Ela riu.

– Suponho que você está falando de si mesmo.

– Uhum.

– Santa modéstia! – Ela exclamou, e eu ri.

– “I'll be there for you, when the rain starts to pour…” – Comecei a cantarolar.

“I'll be there for you, like I've been there before. I'll be there for you, cause you're there for me too”. – Ela cantarolou comigo.

– Gosta de Friends?

– Fala sério, é meu seriado favorito! – Exclamei.

– Sério?!

– Sério! Por quê?

– Porque é a minha também e eu tenho o box das dez temporadas completas! Que tal...

– Pedirmos a pizza e assistirmos alguns episódios?

– Isso! Você leu meus pensamentos, não foi?

– Não!

Rimos juntos.

– Você quer de que sabor? – Perguntei.

– Filé mignon com cheddar. Você pode pedir o sabor que quiser.

– Que tal... Peito de peru com catupiry?

– Ótima escolha! É um dos meus sabores preferidos.

– Temos gostos bem semelhantes, hein, senhorita Carter!

Mahara riu.

Definitivamente, estávamos nos tornando amigos.



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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?