Scritto Nelle Stelle escrita por Karla Vieira


Capítulo 32
Prometa!


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoas lindas! Adivinha quem recebeu uma recomendação e está super feliz? Eu!! Obrigada Acsa Neves, obrigada mesmo!! Você não tem noção de quanto isso é importante pra mim!
Então... Esse capítulo tá bem grande mesmo. E bem bom também. Eu gostei!!



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Dan Evans POV

A enfermeira loira me lembrava demais a Mahara. Não no quesito de aparência, mas o jeito que falava, andava e sua personalidade. Inclusive, teimosa.

– Eu não estou com fome. – Repeti pelo o que me pareceu ser a milésima vez. Ela sorriu cansada, e eu pude ver em seus olhos verdes escuro que ela estava começando a ficar brava comigo.

– Você tem que comer. Está fraco e tem que se recuperar direito. – Disse ela, erguendo uma colherada de um líquido amarelado com algumas verduras picadas e murchas. Acho que ela chamava isso de sopa.

– Quando vou poder vê-los?

– Não mude de assunto. Vamos fazer assim: você come esse prato todo de sopa, e eu te levo para ver seus amigos. Ok?

Suspirei frustrado e assenti em concordância.

– Bom garoto! – Ela exclamou. Sinceramente, ela me tratava como se eu fosse uma criança de sete anos de idade, ou até um cachorro de estimação. Isso só podia ser zoação com a minha cara. Ela ergueu a colher novamente, e deixei com que ela colocasse o conteúdo na minha boca, e me forcei a engolir. Aquilo estava horrível. Mas era um esforço que eu tinha que fazer para poder ver meus amigos. Depois de um tempo, o prato foi esvaziado e a enfermeira parecia estar contente.

Fui colocado em uma cadeira de rodas (eu podia andar perfeitamente bem, mas a enfermeira não parecia entender essa parte) e ela me empurrou para fora do quarto, levando-me ao quarto vizinho, dividido por Luke, John, Andie e McCartney. Assim que entrei, encontrei os quatro despertos, assistindo televisão, enquanto John se negava profundamente a comer a mesma sopa que tinham me obrigado a comer, Luke comia atrapalhado um pote de iogurte com uma mão só, Andie olhando entediada a tela do aparelho e McCartney comendo obedientemente a sopa que a enfermeira ruiva lhe oferecia. Eu entendi logo por quê: ela era incrivelmente linda. Já que usar uma palavra como gostosa é desrespeitoso.

– Ei, Dan! – Exclamou John assim que me viu, abrindo um sorriso alegre, mas dolorido. Seu rosto estava com alguns arranhões, a testa com quatro pontos, e um ponto em um corte abaixo do seu olho direito. – Como você está? Pelo visto, melhor do que eu.

– Estou bem. E você?

– Vou ficar legal.

Luke pronunciou um palavrão quando derramou o conteúdo do pote de iogurte em seu colo.

– Porcaria de gesso. Não consigo sequer tomar um iogurte sozinho.

– Ei, duende, não fique tão bravo. – Comentei, enquanto a enfermeira ruiva ia trocar o lençol que cobria as pernas dele. – Eu ajudo você a comer.

– Sinceramente, cara? Prefiro a ajuda da enfermeira. Mas agradeço a oferta. – Ele piscou para mim, enquanto a enfermeira corava, e outra ria baixinho. A que ria já devia estar acostumada com pacientes mais atirados como o Luke.

– Danado!

Nós rimos juntos, e por um momento pareceu que estávamos realmente bem. Fazendo piadas e conversando deste jeito sequer parecíamos que tínhamos sofrido um acidente grave por minha culpa, que amigos nossos haviam morrido e que provavelmente não seria a última vez que sofreríamos algum ataque.

John pareceu lembrar-se disso, desmanchando logo seu sorriso.

– Você sabe se fizeram algum funeral para os caras? – Perguntou, chateado.

– Não. Mas imagino que Paul cuidou disso perfeitamente bem. – Respondi, sentindo o peito apertar. Quatro pessoas haviam morrido por minha culpa.

– Ei, cara, não foi sua culpa. – Luke disse, parecendo ler meus pensamentos. – Você não pediu para ser exposto a esse cara. Lembre-se, a culpa não é sua, e sim desse monstro.

– Luke tem razão. – Andie se fez ouvir. – Não culpe você mesmo pela crueldade de um homem. Você é uma vítima, Dan, e não o vilão.

Suspirei, sorrindo fraco. Se bem que estava mais parecido com um esgar.

– Vocês tem razão... Mas é difícil. Muito difícil. Fico lembrando que esse monstro quer a mim, e por isso fica prejudicando quem estiver ao meu redor... – Me interrompi, sentindo a garganta se fechar e as lágrimas se formarem em meus olhos.

– EI, ei, nada de chorar. – Protestou Andie. – Por favor.

Olhei os quatro rostos que sorriam amigavelmente tristes e preocupados para mim, e tentei engolir as minhas lágrimas. Pelo menos, por um pouco mais de tempo.

Mahara Carter POV

Rua Shelburne, número 23.

Olhei para o prédio e tudo o que eu conseguia pensar era: “Mas ele só pode estar brincando”. Bem, eu não duvidaria que ele estivesse tirando uma com a minha cara. Aquilo era uma filial do Nando’s. Do N-A-N-D-O’S.

Tudo bem que era uma filial mais acabada e tinha uns três clientes, mas ainda era o Nando’s. Por que, ó céus, corromper a mágica do melhor restaurante do mundo para fazer dele um lugar corrupto e cruel?

Respirei fundo e entrei no local que estava cheirando como um Nando’s normal deveria cheirar: a comida excelente. Me dirigi ao balcão, onde o atendente sorriu e perguntou amigável:

– Posso ajudá-la?

– Eu quero uma informação sobre o especial do dia, se você entende o que quero dizer.

– Ah, sim. – Ele mudou o sorriso amigável para um meio macabro. – Fique a vontade para perguntar ao nosso gerente, por aqui.

Ele me guiou até os fundos da loja, onde parou bruscamente e me olhou, me avaliando.

– Quem é você?

– Mahara Carter.

Ele pareceu compreender tudo, então. Sorriu. Não gosto da maneira que estas pessoas sorriem. Sempre parecem estar escondendo segredos, ou zombando de mim. Acho que não zombariam mais se soubessem o que eu posso fazer. Acho que ninguém gostaria de ficar estéril.

– A Sra. Bomer está esperando por você.

Ele abriu a porta branca ao nosso lado, e sinalizou para que eu entrasse. Tudo parecia um escritório normal de um dono de restaurante, exceto a mulher que estava ali. Era a primeira mulher que eu via trabalhar para Ian Hawking. Mas isso não me surpreendia, levando em conta que mesmo em silêncio, com face inexpressível, a mulher exalava perigo, violência. Os seus olhos eram acinzentados, suas sobrancelhas bem desenhadas e encaixando-se em suas feições. Seus lábios não eram nem finos, nem grossos, pintados com um batom tom vinho, que se destacavam em sua pele clara. Os cabelos eram incrivelmente negros e caíam em ondas perfeitamente definidas em seus ombros, parecendo que não havia nenhum fio sequer fora do lugar.

Mas aparências nunca me colocaram medo. Eu era um exemplo vivo de que aparências enganam.

– Srta. Carter... Que bom vê-la. – Disse ela, em um tom que deixou claro que não achava tão bom assim me ver.

– Sra. Bomer. – Respondi com um aceno de cabeça. – Já deve saber por que estou aqui, imagino.

– Obviamente. Estamos sempre a um passo de você, meu bem. Mas vamos lá... O que você deseja saber? – Ela cruzou os braços e apoiou os pés na mesa, me olhando com um sorrisinho de canto.

– Como encontrar Hawking.

– Você não o encontra. Ele encontra você, na hora que ele quiser, do jeito que ele quiser, como ele quiser.

– Sempre há um jeito, e eu vou descobrir qual é esse jeito, você querendo ajudar ou não.

A mulher tirou os pés da mesa e se levantou, andando em minha direção.

– Escuta, querida. Por que você não tira umas férias, saí do país, vai viver? Soube que você está afastada da MI6 e acho que é melhor para você sair, conhecer novas pessoas, se distanciar. Ele não quer fazer mal a você, meu bem. Pelo contrário, ele deseja ter você na equipe. Sabe que você é valiosa e tem acesso a coisas e informações que nem o traidor da MI6 tem.

O traidor. Olha ele novamente. E eu prestes a virar uma párea.

– Pois é por isso mesmo que eu quero contatá-lo, querida. – Respondi em tom irônico. – Eu quero fazer parte da equipe.

– Ah é? E desde quando a princesinha aqui mudou de lado?

– Para começar, não me chame de princesinha. Convenhamos, você sabe que de delicada só tenho a aparência. E segundo, eu cansei de ser usada como um fantoche pela MI6, um brinquedinho que eles mandam fazer o que quiser. Simplesmente cansei e eu nunca servi para ser feita de boba. Eu tenho é ódio de todos eles. Quero que todos eles se explodam. – Vociferei.

A mulher sorriu maquiavélica, acreditando nas minhas palavras.

– Realmente você é de fibra, Carter. Vamos fazer o seguinte: eu dou o recado para ele, e a hora que lhe convir, Hawking procurará por você. Aposto que você consegue fingir mais um pouco, certo?

– Claro que sim. Tenho fingido todo esse tempo, posso suportar mais alguns dias.

– Enquanto isso, aproveite e use e abuse de seus colegas homens. Sei que você tem uns bonitinhos. Se eu não fosse casada, eu mesma iria atrás de um deles. – Ela piscou para mim. Sorri de volta, e com um aceno de cabeça, deixei a sala.

Horas mais tarde, entrei no meu ateliê, e puxei uma tela em branco e coloquei sobre o tripé de madeira, perto do meu balcão cheio de tintas de diversas cores. Sentei-me no meu banco, enquanto a voz de Joe Brooks chegava aos meus ouvidos. Olhei ao redor do cômodo, sem razões, e meu olhar se deteve em um quadro específico.

Dois olhos intensamente castanhos e com brilho brincalhão.

Dan.

Agora eu vou ter que confessar. Não me sinto nada bem desde que tudo aconteceu. Desde que fui privada de vê-lo, tocá-lo, poder amá-lo em paz. Passei a minha vida toda sendo privada de várias coisas, mas sempre lidei muito bem com essas privações. Mas ser privada de encontrar o amor? Essa era a que mais doía. A que mais está doendo.

Eu precisava dele comigo. Eu o queria comigo. Queria ao menos poder vê-lo e saber se ele estava bem. Mas o que eu mais queria é que ele estivesse ao meu lado, e ali ficasse para sempre.

Mas nem sempre querer é poder.

Encarei a tela em branco, sem saber o que pintar. Por fim, desisti. Levantei-me, troquei de roupa, e decidi visitar as minhas crianças. Fui caminhando até o hospital. O dia estava nublado, fresco, e a leve brisa era fria, mas boa. Caminhar era uma boa opção para mim, que fui pensando durante todo o trajeto. Eu talvez estivesse fazendo a coisa certa ao querer passar para o lado de Hawking. Poderia ficar sabendo das coisas mais rapidamente. E assim proteger melhor Dan. Ou talvez não. Mas no fundo, eu sabia que era isso que eu tinha que fazer.

Entrei no hospital e andei pelos corredores, me dirigindo até a ala infantil.

– Mahara! – Uma voz exclamou. Virei-me e encontrei Josh. Arranhado, apenas.

– Josh! – Exclamei, sabendo que encontrá-lo não era muito bom. Mas também, eu havia vindo para o hospital onde os meninos estavam todos internados. Seria quase impossível eu acabar não encontrando nenhum deles. – Como você está?

– Bem. Melhor do que os outros. Veio vê-los?

– Ah... Na verdade não. Vim ver uma parenta. – Menti. – Sabe, acho que não seria bom nem pra mim nem para Dan que nos encontrássemos. Você sabe o que aconteceu entre nós dois.

– Sei. – Ele pareceu um pouco chateado. – Mas eu acho que seria bom que vocês dois se encontrassem. Sabe por quê? Porque vocês ainda se amam. Dá pra ver no olhar. O olhar de vocês dois parece brilhar quando um ouve o nome do outro! Não dá pra entender como terminaram assim, tão de repente!

– É complicado, Josh. – Eu suspirei.

– Prometa pra mim que vai procurá-lo. O amor de vocês dois é maior do que as complicações.

“Eu bem queria que fosse” pensei tristemente.

– Não posso prometer isso.

– Então me prometa que se ele for procurá-la, você vai ouvi-lo. Por favor. Ele não está nada bem sem você. – Eu sabia que Josh estava dizendo a verdade. Eu também não estava nada bem. Todavia o problema que nos separava era grande demais.

– Prometo, Josh. – Ele sorriu animado. – Mas isso não significa que iremos reatar. Ok?

– Ok. Já é um começo. Bem, eu vou voltar para o quarto dos rapazes e deixar você ir visitar sua parenta. Deseje melhoras pra ela por mim, tá?

– Tudo bem. Tchau, Josh.

– Tchau, Mahara.

Josh beijou minha bochecha e se afastou. Virei-me e suspirei. Realmente, não seria tão fácil manter Dan afastado de mim quanto eu havia pensado. E eu não podia tê-lo perto. Queria, mas não podia.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam?



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