Stefan Salvatore não era o tipo de pessoa que se encontrava no balcão de um bar depois das duas horas da manhã, mas ultimamente as coisas haviam mudado.

Atrás dele um grupo de jovens já bêbados ria histericamente. Stefan queria poder ser como eles em todos os sentidos. Ele queria poder viver uma vida normal. Uma vida sem o sofrimento e sem a tentação que míseras gotas de sangue lhe causavam.

–Aqui está – a garçonete disse e deixou outra dose de uísque no balcão. Julgando pelo fato de seu corpo estar inclinado em direção ao de Stefan, os últimos botões de sua camisa abertos e o modo como ela olhava para Stefan, era obvio que ela estava flertando com ele.

Mas, Stefan simplesmente não se importava. Para dizer a verdade, ele não se importava com nada nos últimos meses. Não depois do que aconteceu. Não depois de Elena, sua Elena, ter escolhido Damon.

Ele tomou um longo gole de sua bebida para tentar afastar seus pensamentos sem nem mesmo olhar na direção da garçonete.

Alguns minutos depois, alguém senta no banco ao lado de Stefan, mas ele também não liga para isso.

–Vai querer algo? – a garçonete pergunta para a garota que acabara de sentar.

–O que? – Ela pergunta. Seu tom de voz estava repleto de nervosismo e ela falava rapidamente. – Ah, sim. Eu quero – a garota parou para pensar por um momento – o mesmo que ele.

A garçonete assentiu e segundos depois colocou a bebida no balcão. Ao contrário do que fizera com Stefan, a garçonete nem mesmo olhou na direção da garota.

Stefan não pôde evitar olhar para a garota com o canto dos olhos. Ela tinha cabelos escuros que contratavam com sua pálida pele. Mesmo por trás da grossa camada decorretivo que ela passara, era possível perceber profundas olheiras em seus olhos. A garota encarava o copo como se estivesse em um longo dialogo com ele. Ela nem mesmo o havia tocado.

–O que você está fazendo? – Stefan não pode deixar de perguntar.

Ela quase deu um pulo na cadeira.

–Desculpe – ele disse – não quis assusta-la.

A garota olhou para Stefan por um longo tempo antes de responder.

–Eu não estou assustada – ela disse sorrindo. – Só surpresa.

Stefan sabia que ele deveria deixar a garota em paz, mas algo no tom de voz dela ativou sua curiosidade.

–Surpresa com o que? – Ele perguntou.

A garota deu de ombros.

–Você sabe – ela começou a dizer -, você está se afogando em auto piedade. Não pensei que estaria prestando atenção no resto do mundo.

Se afogando em auto piedade. Essas foram suas palavras. Será que era tão obvio assim?

–Olha quem fala – Stefan disse acusadoramente -, você está sozinha em um bar no meio de uma cidade praticamente deserta. Já passa da meia noite. Você está falando com um completo estranho. Parece que não sou o único me afogando em auto piedade.

A garota o encarou com os olhos arregalados, mas depois relaxou.

–Diana Meade – ela se apresentou.

–Stefan Salvatore – Stefan disse.

–Pelo menos agora não estou falando com um completo estranho – Diana disse.

Stefan preferiu não comentar nada. Diana não tinha a menor ideia de quem ele era. Se ela tivesse, provavelmente sairia correndo.

Mal ele sabia que Diana não era a garota normal que ele pensava que fosse.

–Por que está aqui? – Diana perguntou após o silêncio cair sobre eles.

–É complicado – Stefan disse. – Por que você está aqui?

–É complicado – ela repetiu as palavras dele. – Meu namorado. Não, ex namorado – Diana disse mais para ela mesma do que para Stefan -, está namorando a minha irmã.

Os olhos de Stefan se arregalaram e ele a encarou mais de perto. Diana estava na mesma situação que ele. Ele não entendia porque alguém trocaria Diana. Ela parecia o perfeito retrato da “miss simpatia”.

–O que foi? – Diana perguntou inconfortável com o intenso olhar de Stefan.

–Minha namorada está saindo com meu irmão – ele disse. – Ex namorada – Stefan corrigiu. Pela primeira vez ele admitira isso em voz alta. Era estranho.

–Sério? – Diana perguntou quase como o analisando.

–Você acha que eu mentiria sobre isso? – ele perguntou com um sorriso que não alcançava seus olhos.

–Sinto muito – Diana disse balançando a cabeça levemente. – Só acho difícil acreditar que isso aconteceria com alguém além de mim. Quero dizer, achei que só a minha vida pudesse ser tão trágica.

–Tragédia é o meu nome do meio – Stefan disse sorrindo.

Diana sorri também. Ela não tem certeza do que está fazendo, mas a sensação era boa.

–A pior parte é que eu só descobri que Cassie era minha irmã alguns dias atrás – ela disse cerrando os punhos. Ela não iria chorar. Não novamente.

–A pior parte é que Damon foi meu irmão a minha vida inteira – que não foi nada curta Stefan queria acrescentar.

–Talvez seja pior para você – Diana admitiu.

–Talvez – Stefan disse. – Pelo menos eu não descobri que um de meus pais foi infiel.

Diana balançou a cabeça com um sorriso triste.

–Eu descobri que meu pai não é na verdade meu pai.

Stefan levantou uma sobrancelha.

–Talvez seja pior para você – ele repetiu as palavras dela.

Diana riu sem humor algum.

Por um momento os dois sentaram em silêncio. Nenhum deles tocava em suas bebidas. Nenhum deles prestava atenção no mundo ao redor. Nenhum deles notara o olhar invejoso que a garçonete lançara para garota que conseguiu atrair a atenção do rapaz misterioso. Nada importava.

–Sério – Stefan perguntou após um tempo -, o que você está fazendo?

–O que você quer dizer? – Diana disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

–Eu entendo que seu namorado e sua irmã traíram sua confiança. Eu entendo que você está machucada. Mas, o que você está fazendo em um bar decadente a essa hora? É perigoso. Não é arriscando sua vida que as coisas vão melhorar. Você é melhor do que isso. Eu sei que é.

Diana não sabia o que fazer a principio. De repente, ela se sentia uma menininha irresponsável sob o intenso olhar de Stefan. Ela teve de piscar algumas vezes para segurar as lágrimas.

–Olha quem fala – a raiva era evidente na voz de Diana. – Você não tem moral para me julgar. Você está na mesma situação que eu.

–Talvez – Stefan concordou. – Mas, você é muito melhor do que eu. Então, vá viver sua vida, Diana. Seja feliz. Você não pertence a esse estilo de vida.

Diana encarou Stefan e sentiu suas bochechas esquentarem. Ela queria gritar com ele. Ela queria bater nele. Mas, ao mesmo tempo, Stefan havia dito tudo o que Diana queria ouvir. Ela não queria continuar nesse estilo de vida, como Stefan havia chamado.

Diana levantou de seu banco e deixou o dinheiro no balcão. Ela estava prestes a sair, mas algo a fez perguntar uma última coisa.

–Stefan Salvatore, algum dia eu irei vê-lo de novo?

–Talvez. – Stefan disse lentamente – Talvez em outra vida.

Diana não esperava por essa resposta. Ela delicadamente colocou sua mão no ombro de Stefan. O toque causou arrepios nele. Imediatamente, os instintos de Diana a avisaram que havia algo diferente em Stefan. Algo sombrio.

–Boa noite, Diana – Stefan disse firmemente.

Ela retirou sua mão do ombro de Stefan e caminhou em direção à saída. Nenhuma vez Diana olhou para trás. Stefan, por outro lado, não tirou os olhos de Diana nem mesmo por um segundo.

Assim que Diana saiu do bar e o ar frio da noite tocou seu rosto, ela teve certeza de uma coisa.

Diana suspirou.

Ela esperava algum dia poder rever Stefan Salvatore.