Julie e os Fantasmas - Segunda Temporada escrita por Alice e Cecília


Capítulo 4
Mais um Insólito?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Escrito por Cecília
Desculpa pela apologia ao Metallica, é que eu tava ouvindo e escrevendo, então...
Ah, sempre olhem as notas finais pois postaremos um "promo" do próximo episódio. ;D



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Daniel disse, incrédulo:

– O quê? Você quer entrar para a banda?

– Julie, – começou ele, ignorando o comentário de Daniel. – você mesma disse que eu estou tocando bem. Eu até consegui tocar uma música inteira no violão. Meu primo tem uma guitarra, e eu venho praticando. Deixa eu te mostrar...

– Não toque na minha guitarra. – falou Daniel, quando Nicolas tentou encostar nela. – Se quer tanto mostrar como é péssimo tocando, pega a guitarra velha. – apontou para a guitarra vermelha com uma tampinha de garrafa como botão.

– Péssimo? Por que não olha para você antes de me criticar? Se acha tão bom, mas a verdade é que até minha prima de dois anos toca melhor. – ele olhou para Daniel com desprezo. – Essa sua arrogância deixa você mais ridículo do que normalmente já é. – respondeu Nicolas e Daniel avançou para cima dele, porém Julie separou-os.

– Parem com isso! – Quando as coisas se acalmaram, ela voltou a falar. – Nicolas, pegue a guitarra velha. Mostre-me o que sabe fazer.

Nicolas pegou a guitarra e começou a tocar. Realmente, tocava muito bem. Tocou “Para sempre Nós”. Julie nunca havia ensinado essa música a ele, devia ter aprendido sozinho. Chegava a ser bom, muito bom, mas não chegava a ser um Daniel.

– Talvez ter dois guitarristas tornasse a banda mais irada. – sugeriu Martim, sorrindo.

– Fica quieto, Martim. – falou Daniel. – Não podemos deixar esse panaca entrar na nossa banda. Não mesmo.

– O Nicolas não é um panaca. – respondeu ele. – Ultimamente ele tem sido...

– Tem sido o quê? Melhor do que eu? – disse Daniel, mas Martim não falou mais nada.

Julie mandou Daniel parar de falar, e disse:

– Nicolas, isso não é uma decisão minha. É da banda. Você provou ser bom, é verdade. Mas todos nós quatro temos que concordar. Vamos fazer o show no fim de semana e aí te dizemos o que decidimos, está bem?

Ele assentiu.

– Agora, Nicolas, por favor vá para casa. Tenho que conversar com os meninos sobre isso. – ela o beijou na bochecha e ele saiu.

Daniel falou:

– Julie, você...

– Daniel – interrompeu ela. – Realmente, hoje está sendo um dia grande. Temos um show sábado e temos que ensaiar. Não vamos decidir nada agora. – Julie aproximou-se do microfone. – Félix, conta o tempo.

Ensaiaram por mais um bom tempo, só pararam quando anoiteceu. Era quinta-feira e sábado eles tinham um grande show. Julie pensou em compor uma nova música para o evento, mas ela não teria muito tempo e também não estava com um pingo de inspiração para escrever.

– Gente, está ficando tarde. – disse ela. – Tenho que acordar cedo amanhã. Vou dormir.

Julie saiu da edícula, tomou banho, colocou sua roupa de dormir e deitou-se. Tentou dormir, mas o sono não vinha. Já eram onze horas e ela tinha que acordar às seis. Ela lembrou-se da noite em que seu pai viajara e que ela e Daniel ficaram tocando, passeando e conversando. Julie sorriu.

– Não consegue dormir? – perguntou Daniel, aparecendo no quarto.

– Não. – Daniel sentou-se na beira da cama.

– Quando eu era vivo me disseram para contar carneirinho se eu estivesse com insônia. – ele sorriu. – Mas isso nunca funcionou. Numa noite contei mais de dez mil malditos carneirinhos.

– Dez mil? – perguntou ela, sorrindo. – Não dá para contar tantos carneiros numa noite só.

– Talvez tenham sido só nove mil e novecentos malditos carneirinhos.

Ela riu.

– Por quê você está sem sono? – questionou ele. – Algo está te preocupando?

Julie suspirou.

– Essa história do Nicolas querer entrar na banda. Você e ele brigando. A tal da Larissa. A escola. O Martim e o Félix. Sentimentos confusos.

– Sentimentos confusos? – repetiu.

– Sei lá. Não tenho certeza se ainda estou tão apaixonada pelo Nicolas. – ela sentou-se. -Quer dizer, eu gosto muito dele, mas... Será que ele é o cara certo?

– Julie, isso só o tempo vai dizer. – Daniel aproximou-se. – Você está gostando menos dele ou está gostando mais de alguém? Tem algum novo garoto na sua escola?

– Não. São os mesmos garotos ainda, Daniel. E eu não sei se estou gostando menos do Nicolas. Só que eu estou confusa. – Julie suspirou e admitiu: – Talvez eu possa estar gostando um pouco de outro.

– E ele gosta de você? – perguntou Daniel.

– Acho que sim. – disse ela. – Ou pelo menos gostava.

– E você começou a gostar dele agora?

– Eu gostava um pouco dele antes de eu namorar com o Nicolas. – respondeu Julie.

Fez-se o silêncio por apenas alguns segundos, pois Daniel quebrou-o.

– Tente contar carneirinhos, Julie. – ele refletiu por uns instantes. – Não, não faça isso, senão você só conseguirá dormir depois de contar nove mil e novecentos malditos carneirinhos.

Julie riu.

– Julie, você quer que o Nicolas entre para a banda? – perguntou Daniel depois de um tempo.

Ela abaixou os olhos, pensativa.

– Sinceramente?

Daniel assentiu.

– Não quero. – ela suspirou. – Os Insólitos é a nossa banda. Eu, você, Martim e Félix. Por mais que ele esteja tocando bem eu não quero. Ele poderia tocar bem como o Kirk Hamett que mesmo assim a minha resposta seria a mesma.,

Daniel suspirou.

– Eu queria tocar como o Kirk Hamett. – ele sorriu. – Você já sabe a minha resposta, não é? Só tem um problema.

– Qual?

– São dois votos não contra dois sim. Martim e Félix querem ele na banda.

Julie ficou calada e depois disse:

– O quê? Os dois?

– Pelo menos o Martim quer que ele toque. O Félix também, mas o Martim fez a cabeça dele. Também estavam tentando me convencer.

– Daniel, não podemos deixar o Nicolas entrar na banda. Se o Martim e o Félix votarem que não, aí direi a ele que foram três votos contra um.

– Três? Não seria quatro? – perguntou Daniel, confuso.

– Se vocês votarem contra, eu irei votar a favor. O Nicolas não irá gostar mais de mim se eu...

– Julie – interrompeu ele. – se o cara gosta de você tão pouco assim para desistir só por causa de algo bobo assim, então talvez seja melhor nem gostar dele. Se ele parar de te amar só por isso, Julie, com certeza ele não te merece.

– Você quer dizer gostar. – corrigiu ela.

– Amar, gostar, é tudo a mesma imbecilidade fútil. – disse Daniel, indiferente.

O celular de Julie apitou. Era onze e meia. Como o tempo passou rápido!

– Preciso dormir, Daniel. A gente conversa amanhã.

Daniel simplesmente desapareceu. Julie suspirou e deitou-se. Dormiu antes de contar os nove mil e novecentos malditos carneirinhos.

O dia na escola foi normal. Vários colegas e amigos de Julie já haviam comprado o ingresso para o show e muitos estavam falando nele. Sua sala inteira ia ao show, até mesmo Larissa. Julie contou a Bia sua conversa com Daniel, o desejo de Nicolas de entrar na banda, seus sentimentos. Bia falou pouco, na realidade, ela só disse quase que as mesmas coisas que Daniel. Nicolas perguntou a Julie se ela havia decidido. Ela respondeu que a banda só falaria sua decisão na segunda-feira.

Julie foi para casa sozinha. Não queria a companhia de Nicolas. No dia seguinte ela tinha um grande show e precisava estar pronta. Trocou de roupa, almoçou e foi para a edícula.

– E aí, Julie? Demorou muito para dormir ontem? – perguntou Daniel.

– Só contei quinhentos e oitenta e cinco malditos carneirinhos. – respondeu ela, sorrindo. Daniel também sorriu.

Félix fez a contagem, e eles iriam tocar se Martim não tivesse interrompido.

– Gente, e o Nicolas?

– O quê?

– Ele vai entrar na banda, não vai? – perguntou ele, sorrindo.

– Eu falei que iríamos decidir domingo. – respondeu Julie.

– Mandei uma mensagem para o Nicolas dizendo que nós já havíamos decidido. – falou Martim, em voz baixa.

– Você fez o quê? – falou Julie, com raiva.

– Eu achei que todos menos o Daniel eram a favor e como a maioria vence...

– Você devia ter esperado. Quanto tempo faz desde que você mandou a mensagem?

– Uns quarenta minutos. – respondeu Martim.

A campainha tocou. Era o Nicolas. Ele estava feliz e disse que queria saber qual a decisão da banda. Julie falou para ele entrar. Foram para a edícula.

– Na realidade nós ainda não votamos. – respondeu ela.

– Vota agora. – disse ele. – Já tiveram tempo para pensar.

Bem, a banda nem tinha conversado sobre o assunto, mas Julie resolveu acatar ao pedido de Nicolas.

– Está bem. – ela virou-se para Martim. – Martim, qual seu voto? É a favor ou...

– A favor! – falou ele, sorrindo.

– E você, Félix?

Félix hesitou mais, porém sua resposta foi:

– A favor.

– E você, Daniel? – perguntou Julie, mesmo sabendo a resposta.

– Contra. Preferia ter um babuíno letrado tocando junto comigo do que você, Nicolas. – disse Daniel. Julie falou algo a seu namorado e ele não respondeu.

– Então, Julie – disse Daniel, em tom provocante – qual o seu voto? A favor ou contra?

Ela parecia indecisa. Começou a andar, depois ficou parada, sem olhar para Daniel ou Nicolas.

– Julie – perguntou Nicolas, impaciente. – Fala logo a sua decisão.

– Eu...

Ela não falou mais nada. Olhou para Daniel, que estava fantasiado assim como os dois outros fantasmas, e depois olhou para Nicolas. Se dissesse sim, Nicolas ficaria feliz e Daniel sairia da banda, provavelmente. Se dissesse não, Nicolas poderia ficar bravo com ela.

Julie olhou mais uma vez para Daniel e Nicolas e falou:

– Nicolas, você só está começando a aprender guitarra. Bem, para quem está começando, você está tocando muito bem, mas...

– Sou ruim demais para sua banda? – falou Nicolas, irritado.

– Não. Se esta fosse outra banda, eu o deixaria entrar. Mas esta banda chama-se Os Insólitos e somos nós quatro: eu, Daniel, Félix e Martim. Você não sabe o quanto foi difícil para que pudéssemos tocar juntos. Eu gosto muito de você, você é meu namorado, mas não posso deixar que entre na banda. – ela olhou nos olhos de Nicolas. – O Martim e o Félix podem ter se esquecido de tudo, mas eu e Daniel não nos esquecemos. A formação de Os Insólitos nunca irá mudar. Não se eu puder impedir.

Julie ficou quieta. Nicolas estava decepcionado. Ela aproximou-se dele:

– Ainda vai no show, não vai?

Ele sorriu.

– Claro que vou. Julie, acho que está certa. Eu não devia ter pedido para entrar na banda. Não estou bravo. – e a beijou. Daniel virou o rosto.

Julie levantou-se, sorrindo.

– Vamos tocar.

Ensaiaram por um bom tempo, e quando chegava o fim da tarde Julie mandou Nicolas embora, disse que tinha que treinar sozinha com a banda. Daniel pareceu tocar melhor e mais feliz depois disso.

O ensaio acabou só de noite, as nove horas, quando o pai da Julie chegou. Ele foi tomar banho e Julie aproveitou para falar com a banda.

Foi Martim que falou primeiro.

– Julie, acho que você tinha razão. Em tudo que disse. Me desculpe.

– Ora, Martim, não precisa se desculpar. – ela sorriu. – Amanhã faremos o último ensaio. Lembrem-se de que temos que chegar as quatro da tarde. – eles se abraçaram e Julie foi dormir. E dessa vez o sono chegou rápido.

Julie só ficou nervosa nos minutos antes do show. Quando subiu no palco e viu tanta gente, ela se assustou. Devia ter uma escola inteira ali! Porém quando Martim, Félix e Daniel subiram no palco, ela sentiu-se segura.

Foi o melhor show que Os Insólitos fizeram. E Nicolas estava na primeira fileira. 


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Notas finais do capítulo

No próximo episódio...
Uma pessoa inesperada descobrirá o segredo de Julie.