Absinthe escrita por Moira Kingsley


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Desculpem qualquer coisa neste capítulo...



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Passaram-se três rápidos dias até a chegada da data estimada. Afrodite não parava de aparecer cheia de ânimo. Ártemis e Apolo não se falavam muito. Apenas o cordial e necessário. Até porque, a própria deusa da beleza fazia com que ambos se desencontrassem. Havia um mistério guardado as sete chaves que, pelo menos para Ártemis, incomodava até os ossos. O vislumbre de apenas um pouco dessa enigmática viagem era constantemente encoberto pela deusa de cabelos escarlate.

Inclinar-se a esse pedido criado por Afrodite desarrumou um pouco sua agenda de atividades. Não que nela constasse muitas coisas além de caçar e supervisionar as caçadoras, por certeza. Entretanto, suas subordinadas nunca deram á deusa muitos problemas. Ninfas, ela se lembrava muito bem, nunca foram aptas para o destino de guardiães castas dos seus bosques como as suas estrelas. As crisálidas eram um tanto volúveis e apegadas à vaidade. Às vezes pensava se não deveriam servir a Afrodite pelas banais manias femininas.

Enquanto as caçadoras: jovens garotas semideusas, dotadas de virtudes, abdicavam aos prazeres da vida para proteger a cada pessoa na terra. Em relação aos seus comportamentos somente tinha que temer a um ser divino. Mas, durante aquela breve visita a Nova Iorque, não precisaria se preocupar. As mais experientes organizariam tudo e manteriam o controle esperado de uma guerreira de Ártemis.

A deusa da caça percebia um segredo. Algo que só descobriria durante essa ida a Nova Iorque. Isso a desconcertava de uma maneira avassaladora. Todavia, suas investidas de encontrar a resposta escondida dentro do sorriso sapeca da deusa do amor eram fracassadas. Apesar disso, seus próprios planos para a viagem ocupavam mais a sua mente.

Estava preparando as suas malas. Com um estalo entre o polegar e o indicador as roupas apareciam magicamente em suas bolsas de viagem revestidas de couro. Não era como se fosse viajar realmente, já que o Empire State Building ocultava o grande Olimpo. Mas suas malas iriam ser levadas para o hotel onde se hospedariam.

Ártemis obtinha um semblante sério na tarde daquele dia. Estava nublado. Isso queria dizer que o deus da luz solar estava com raiva? Ou triste? Bem, ela fingiu não se importar. Porém, em seu interior, os questionários do porquê disso, já que ela tinha aceitado aquela proposta, remexiam em curiosidade.

Dezesseis horas fora a hora acertada da partida. E ás dezesseis horas da tarde, Ártemis se encontrava na Sala dos Tronos onde Afrodite e Apolo esperavam. Afrodite, sendo ela mesma...Ou seja, espevitada e com um sorriso contagiante e Apolo ao se lado, mãos nos bolsos. Despreocupado.

Ártemis andava a pisadas leves e contidas. Fitava seus coturnos floridos um pouco largos para seus pés, quando ergueu a cabeça em direção aos dois e percebeu, de relance, olhos brilhantes e um esboço do que lhe parecia, o sorriso torto mais charmoso que poderia avistar. Demorou um pouco para se recompor e se manter neutra a tudo aquilo sem que ninguém notasse.

- Que bom que não se atrasou! Estava tão aflita e ansiosa por esse dia! Magnífico, não? – Perguntou alegre ouvindo em seguida estrondos da iniciação de uma tempestade. – Bem que poderia ter um solzinho para ser mais perfeito... – Resmungou vendo de soslaio o rapaz que aparentava ter dezoito a vinte anos ao seu lado. A resposta de Apolo foi um simples olhar para o lado. Era incrível como ele conseguia movimentar-se em harmonia e sempre fazendo com que Ártemis notasse seu físico dotado de músculos delgados. Isso a deixava com um frenesi borlista.

- Apolo. – Falou polidamente a deusa da caça com indiferença forçada.

- Oi, Ártemis. – O som de seu nome dançou naqueles lábios em uma ária amorosa. Ártemis não pareceu reparar nisso. O que fez Apolo, em parte, ter a ilusão perdida e desapontar-se por ela não notar.

- Vocês vão ficar no Plaza. É uma de nossas filiadas mais antigas, vocês sabem. – Comentou sem preocupação sobre o premiado estabelecimento e com superioridade. - Um espetáculo este hotel. Excelente localização, ambiente luxuoso. Poderia ditar sobre o controle de ambientes ou como a sala de banho, adornada com ouro, impressiona. Poderia ainda falar da perfeição da cama, travesseiros e lençóis, ou expor que vocês estarão hospedados em um ponto turístico, um ícone. Mas, isso, vou deixa-los descobrirem sozinhos... – Disse em tom divertido, repuxando nos cantos seus carnudos lábios pintados de carmim. – Comportem-se crianças, vejo vocês em uma semana! – “Unidos!”, pensou Afrodite entrelaçando os dedos sorrateira, torcendo pela viagem dar certo.

Aquilo parecia normal demais. Como se Ártemis estivesse aceitando ser morta em uma fogueira por um crime que nem se quer cometeu e ainda esbanjando um sorriso por isso. Ela fazia de tudo para controlar-se e não começar a falar asneiras sobre como essa história de perdoar realmente era para ela. “Lembre-se do que Atena disse: Sangue frio e estabilidade. Eu vou conseguir minha vingança.

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Os dois desceram do Olimpo sempre a uma distancia considerável. A última discussão ainda pairava carregada de remorso e nostalgia.

Não chovia mais, apesar do cinza ainda inundar o céu de Nova Iorque. Ao saírem do Empire State, Apolo sinalizou para um táxi com um assobio alto.

- Plaza. – Pronunciou Ártemis direta ao sentar-se no banco traseiro. Apolo fechou a porta e os dois passaram o tempo olhando a cidade. Um em cada janela. Distantes.

O silencio mórbido parou de incomodar tanto, quando puderam sair do carro amarelo e as portas do hotel serem abertas por um simpático senhor desejando uma boa tarde.Logo estavam fazendo o check-in com um homem de meia-idade vestido de terno.

Como sempre os deuses, evidenciados de beleza e com graça natural foram o centro das atenções. Algumas pré-adolescentes que liam juntas a uma revista com a capa do Justin Bieber suspiraram em uníssono a medida que o deus da medicina e da luz do sol caminhava a recepção e passava sua mão direita no cabelo cor de ébano, em um gesto habitual, mas que despertava algo selvagem em qualquer mulher. E Ártemis, mesmo com uma simples regata e jeans, prendia a atenção dos homens que paravam de vez o que estavam fazendo só a fim de admirá-la.

- Temos uma reserva. Em nome de Mandy Monroe. – Falou Apolo eloquentemente. Ártemis, ao seu lado, o fitou imaginando que Afrodite fosse essa tal Mandy. Ela deveria ter dito anteriormente a Apolo sobre a reserva.

O senhor do outro lado do balcão com adornos graciosos mexeu um pouco nas teclas de um computador, que não podia ser visto pelos clientes graças a mesa da recepção, com experiência e rapidez perceptível. - Sim. Mandy Monroe, reserva para Cale Monroe e Caroline Monroe. Suas malas já chegaram pela manhã. – Disse com um sorriso educado. – Apartamento 1705º. Casal. – Entregou o cartão/chave a Apolo.

“Casal”. A palavra, ao ser pronunciada, fez a deusa encurvar suas sobrancelhas loiras em indignação completa.

- Espera aí, que história é essa? – Sua voz aumentou dois tons gradativamente em puro desequilíbrio. Olhava desconfiada entre o pobre e surpreso recepcionista e a um Apolo sem reação. – Há um problema nisso! Não somos um casal! Somos...

- Irmãos. – Apolo a interrompeu. Nem se quer a olhou. Sua voz saiu dura e com um lamento quase imperceptível. Artemis não iria falar essa palavra tão fraternal, já que praticamente obrigou-se a esquecer de que um dia eles saíram de uma mesma mãe. De fato, ela não sabia o que dizer. Eles eram o quê realmente? Ela sabia que já tinham sido algo antes, mas agora, eram um papel em branco.

- Exijo que forneçam dois quartos! – Exclamou autoritária.

- Oh, perdoem-nos. Deve ser um erro no sistema. – Disse teclando um pouco nervoso pela reação de Ártemis e procurando algo no computador. – Esperem! – Falou aliviado. - Aqui. Temos dois quartos vagos, felizmente. – Deu um riso tranquilizador. – Quartos 975º e 976º. É uma sorte ter dois seguidos vagos. – Comentou.

Ártemis resmungou um “Ótimo” e o recepcionista chamou um camareiro para levá-los aos seus devidos aposentos. Seria tremendo infortúnio e azar ter que, além de conviver próximo a um homem, dividir um quarto com ele. Era simplesmente inadmissível e algo dentro da deusa da caça fazia pensar que tudo aquilo fosse mais uma armação de Afrodite.

Já estavam em um dos elevadores quando, mesmo ao redor dos camareiros, riu sozinho.

- Por que ri? – Ártemis perguntou em curiosidade.

- Você assustou mesmo aquele cara, hein? Só via a hora dele se borrar todo pela sua exaltação.

- Só poderia ser um homem mesmo para errar em tal gravidade. Onde já se viu? Nós, um casal? – Riu-se em desdém.

Apolo fechou a cara e começou a contar junto com o aparelho digital apresentando, em cores vermelhas, os números dos andares em cima das portas do elevador. Abriram-se, finalmente, e os passageiros puderam sair.

Caminharam à esquerda e logo viram o quarto de número 975º. Apolo foi sem hesitar para depois de uma mesa de cristal com enfeite de um jarro com tulipas até chegar à porta numerada 976º. O camareiro ao lado de Ártemis abriu a porta com o identificador do cartão dela, entregando-a antes de anunciar que suas malas seriam levadas para o cômodo correto.

O quarto era bonito. Poderia ser um paraíso para meros mortais. Entretanto, não significava tanto para alguém que possuía seu próprio palácio. Era confortável, é claro. Paredes da neutra cor branca. Espelhos e rosas amarelas em jarros bem trabalhados. O banheiro até tinha alguns lados em ouro e o quarto era enfeitado por esculturas na parede de alguns anjos. Sentou-se em sua cama macia com travesseiros de penas de pato e olhou para cima tentando se perguntar o que a mantinha ali.

Logo, o camareiro chegou com suas devidas malas. As arrumou em fileira e Ártemis o agraciou com alguns trocados. Ao sair, após poucos segundos, a porta recebia novas batidas. Ártemis a abriu suspeitando ser mais alguma coisa do camareiro. Todavia, deu de cara com um Apolo que logo se encostou no portal da porta e disse breve:

- Vou sair. E você vai comigo.

- O quê? Nem nos estabelecemos direito e você já quer sair? – Perguntou cruzando os braços.

- Vamos nos divertir, Ártemis. Quero te mostrar que caçar animais e treinar garotinhas para serem assassinas não são as coisas mais excitantes que existem na vida.

- E, supostamente, iríamos para onde? – Perguntou o avaliando.

- Uma boate. Estou te esperando no saguão principal.


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Notas finais do capítulo

As coisas vão demorar por aqui...não sei dizer quando ao certo poderei postar novamente. Para escrever esse texto, por exemplo, foi um sufoco. Estou viajando e aqui a net é horrível. Cai o tempo todo. As férias estão acabando e vão me ver raramente por aqui. Mas peço, por favor, não esqueçam de Absinthe! Eu não vou largar essa fic. FATO. Espero que vocês também não.
Beijos.