Going Back In Time Party escrita por Rennan Oliveira


Capítulo 6
Conversas de Celular




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- Alô? – disse Santana ao atender celular.

- Alô – disse a voz do outro lado da linha. Era masculina. – Tudo bem, Santana?

- Estou ótima, mas quem está falando?

- Não está me reconhecendo pela voz?

- Ahn, não, e se não me disser quem fala logo, talvez eu encerre a ligação no minuto seguin...

- Sou eu, o Finn – disse Finn, cauteloso. Era notável a vacilação em sua voz por estar falando com Santana de novo.

- Ah, Pé Grande. E eu já estava me contentando com a ideia de nunca mais ter que ver você e essa sua cara de fuinha pelo resto da minha vida. O que você quer?

- Você não muda nunca, Srta. Lopez! – Finn comentou e riu sozinho. Santana encarava a parede à frente com expectativa. – Estou pensando em marcar um encontro aqui em casa, pra gente fazer uma socialização antes da Going Back In Time Party. Você está em Lima?

- Estou.

- E então, o que acha da ideia?

- Acho inteligente demais para ter partido de você – Santana respondeu, seca. Não que estivesse mesmo irritada com Finn, mas achava engraçada a maneira como as pessoas reagiam com suas afrontas. – É claro que eu vou, e é bom que você sirva bebidas misturadas com álcool, senão eu volto pra casa mais rápido do que você poderá voltar a me ver.

- Vou pedir ao Kurt que providencie isso. Se puder vir aqui às oito horas...

- Às oito eu estarei aí. Quem mais você convidou?

- Rachel, Quinn, Puck, Artie. O Sam já está aqui. Só os mais próximos, mesmo. Claro que você pode chamar também a sua ilustre companheira, se assim desejar.

- Eu vou chamar, assim que ela sair do banho.

- Muito obrigado por ter aceitado o conv...

Santana desligou. Se dependesse de Finn, era bem provável que aquela conversa de telefone se estendesse por mais tempo do que o necessário.

~//~

Tina observava Mercedes andar de um lado para o outro no quarto e só não ficou tão tensa quanto ela porque sentia que devia estar calma em momentos como aqueles. O que a amiga precisava era de uma pessoa com a cabeça no lugar, e não de alguém que enlouquecesse junto. Além do mais, Mercedes era uma pessoa que tinha litros e mais litros de sangue quente e fervendo nas veias, portanto, qualquer palavra mal posicionada seria capaz de explodi-la.

As duas estavam no quarto de Mercedes, já em Lima, e, antes de alcançarem aquele ápice, já tinham conversado sobre tudo o que tinham que conversar. Mencionaram suas histórias depois de deixarem o McKinley High, contaram o que o futuro lhes havia reservado – Mercedes estava trabalhando como backing vocal da Mariah Carey enquanto Tina fazia apresentações esporádicas de sapateado junto com a escola de dança onde trabalhava – e agora reservavam um tempo para agir como antes. Mercedes se transformou na Troubletone de seis anos atrás em questão de segundos, o que obrigou Tina a se transformar na mesma Tina de outrora, a conciliadora, com a cabeça no lugar, que só falava quando achava necessário. Tudo isso por uma razão:

- Ele não me atende! – disse Mercedes ao se jogar em sua cama luxuosa, sacudindo não só o colchão, mas o corpo de Tina, que antes estava bem confortável. – Eu sempre achei que ele fosse meio tapado, mas a ponto de ignorar um toque de celular, nunca!

- Talvez ele não esteja próximo ao celular...

- É o que você acha? Conheço aquele homem como conheço meu alcance vocal, sei que ele, assim como todos vocês, jamais se afastam de um aparelho de celular! Ele está me evitando, eu sinto!

- Não é possível saber, Mercedes. Além do mais, não podemos julgar antes de saber a verdade. Ele pode nem estar em Lima.

- Você e Mike estão em Lima, como ele não estaria?

- Isso foi um tanto ofensivo...

- Ele está me evitando, Tina, e nada do que saia dessa sua cabeça asiática vai me convencer do contrário.

- Talvez você só deva esperar mais um pouco.

- Talvez.

- Espere alguns minutos e torne a ligar. Talvez ele esteja no banho e só não pode atender.

- Sua positividade me irrita, Tina. Eu nunca conseguiria ser como você.

~//~

Brittany saiu do banheiro com a toalha ainda enrolada no corpo. Caminhou todo o corredor que havia de lá até seu quarto, passando pelas portas do de todos os demais membros de sua família. Nunca a garota tivera problemas com intimidades e pudor dentro da própria casa. Sempre fora tratada como criança e encarava a nudez e a sexualidade com esse tipo de inocência. Mesmo depois de tanto tempo, ao alcançar a vida adulta, nada disso tinha mudado.

A essência da Brittany que deixara o McKinley High seis anos atrás ainda estava ali.

Ela entrou no quarto e finalmente se despiu. Jogou a toalha em cima da cama, assustando o pobre Lord Tubbington, o gato, que só estava ali descansando. Lord Tubbington percorreu toda a cama até se posicionar em cima de outro travesseiro, o que julgara mais confortável do que o anterior. Depois disso, só observou sua dona fazer o que quer que estivesse fazendo.

Brittany penteou os cabelos de frente para o espelho. Fazendo isso, percebeu que ainda havia restos do glitter que era usara para dar mais brilho nas madeixas durante a apresentação que fizera na noite passada, com o grupo de dança do qual fazia parte. A casa estava cheia e a lembrança dos aplausos ainda lhe causava arrepios. Ela fazia o que gostava e era muito bem recompensada por isso. Não tinha nada do que reclamar de sua vida.

Ao terminar aquela parte, vestiu-se com uma camisola leve e foi até a cama. Lord Tubbington não demorou muito para se dirigir do lugar em que estava e subir no colo da dona, que começou a acariciá-lo instantaneamente.

Brittany dobrou-se sobre o gato e alcançou o controle remoto da televisão à sua frente. Apertou um botão e ligou-a. Uma série de televisão musical era transmitida num canal de TV aberta. Ver tanta gente bonita dançando e cantando causou certa nostalgia na mulher, embora ela não soubesse dizer que sensação era aquela. Tudo que sabia era que sentia falta do Clube Glee e que achava a ideia de Artie, de reunir todo mundo, excelente. Inclusive, mal podia esperar para a Going Back In Time Party, tão ansiosa que estava.

O programa foi para o comercial e Brittany bocejou. Ela nunca conseguia se lembrar muito bem dos horários em que ia se deitar, mas sabia que estava cedo demais para isso. A noite passada foi mesmo desgastante, pensou e começou a procurar um relógio naquele quarto que há muito tempo não lhe pertencia mais.

Na parede, o relógio marcava oito horas da noite.

- Muito cedo para dormir, Lord Tubbington – declarou com calma. – Vamos assistir mais alguma coisa antes de dormir.

Levantou-se para apagar as luzes e voltou a se deitar. Nem quinze minutos depois, já estava adormecida.

~//~

Meia hora depois, que só foi possível de ser esperada depois de algumas doses de vodka na companhia de Tina e Mike, que estavam casados, Mercedes tornou a apanhar o celular. O fez como quem se apega à própria vida. Olhou para a tela do aparelho e nada, nem uma mensagem ou ligação perdida sequer. A mensagem que ela estava querendo passar não estava sendo recebida. A garota, mais irritada do que podia imaginar, estava a ponto de querer assassinar alguém.

Olhou para Tina com um olhar de súplica, como se procurasse na amiga a solução para o seu problema.

- Faça o que acha que tem que fazer – Tina respondeu, dando de ombros. – No final, qualquer coisa do que eu disser não vai fazer diferença nenhuma, porque você vai fazer o que tem vontade, mesmo.

- Porque, geralmente, a minha mente é mais convincente do qualquer argumentação sua, Tina.

- Ou talvez você só não saiba como dar ouvido às pesso... AI! – Mike parou o que falava assim que Tina cutucou-lhe com força com o cotovelo.

Mas era tarde demais. Mercedes já tinha recebido a mensagem.

- Abra sua boca para me chamar de egocêntrica de novo e talvez essas sejam as suas últimas palavras, garoto! – ela declarou, os olhos em chamas.

Tina contorceu-se para não rir. Mike estava estupefato demais para dizer qualquer coisa.

Mercedes discou o número e levou o aparelho ao ouvido. Ouviu-o tocar uma vez e assentiu. Isso é normal, ninguém atende no primeiro toque, pensou. Tocou uma segunda vez e ainda assim não houve resposta. Se ele estiver correndo até o celular, talvez não tenha chegado a tempo ainda. Houve o terceiro toque. Ele ainda está chegando, eu sinto. Depois disso, o quarto, o quinto e todos os demais toques. Ninguém atendeu.

Mercedes ouviu a mensagem de correio de voz com olhos arregalados. Ergueu o braço e estava pronta para lançar o aparelho pela janela quando Mike o agarrou.

- Não o celular, mocinha! Talvez se você abrir a janela e gritar um pouco, seja menos prejudicial pra todo mundo!

- Eu vou quebrar aquele corpo com as mãos quando vê-lo novamente!

- Você não sabe o que pode estar acontecendo... – Tina começou a dizer.

- Você é que não sabe o que está acontecendo. Vocês dois!

Mercedes levantou-se e começou a caminhar de um lado para o outro. Deixou o celular em cima da cama ao fazer isso. A cabeça girava por causa da vodka.

- Mas sobre o que você precisa tanto falar com ele? – Tina ousou perguntar.

- O que nós tivemos foi muito forte – Mercedes declarou, os olhos agora brilhavam com lágrimas. – E eu não queria ter que ver o Sam na Going Back In Time Party sem que a gente tivesse pelo menos conversado e colocado todos os pingos nos Is sobre isso.

Mike e Tina até chegaram a ouvir o discurso da garota, mas deram de ombros. Não conheciam muito bem esse romance de que Mercedes falava para ter uma opinião forte sobre ele.


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Notas finais do capítulo

É um Samcedes ali? Não, galera! Eu disse que ia apenas dar uma cutucada em Samcedes, e aqui vai ela! Vocês ainda vão ver que essa parte da Mercedes teve algum sentido, assim como a da Brittany e a da Santana :)