Confissões De Hermione escrita por Guilherme Faquini


Capítulo 4
Revelação


Notas iniciais do capítulo

Estranhos acontecimentos, o fantasma de Petter Lacun e o temor de Dumbledore. Hermione será forte o bastante para suportar tamanha pressão?
Hogwarts está em estado de alerta. O tempo está correndo!



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Aquela havia sido minha pior noite, não tinha dúvidas. Eu não pregara o olho pensando como seria meu encontro com o fantasma de Petter Lacun e o que eu diria ao encará-lo mais uma vez.

Eu não sabia ao certo o que de fato Lacun representava para Hogwarts, se é que representava, mas tinha certeza de que não haveria de ser nada de muito bom, já que a conversa de Dumbledore com Hagrid ainda me indagava.

O salão comunal estava repleto de estudantes que ainda dormiam. Pela janela conseguia ver a neve que caía lentamente do lado de fora. Harry parecia estar em um sono tranquilo, sua aparência era serena, porém não demorou para que pouco a pouco todos fosse despertando.

O corpo acadêmico da Sonserina não admitia ter que dormirem em finos colchonetes e, como sempre, Draco insistia na hipótese de amedrontar a direção com ameaças banais.

Até o Hagrid dorme melhor em sua velha barraca empoeirada! Disparou Malfoy

Na verdade, não entendia o porquê de tantas reclamações. Me sentia tranquila em saber que, pelo menos, no salão estávamos seguros. Aliás, não se ouvira falar mais do ataque dos Dementadores da noite passada.

Naquela altura o burburinho matinal estava generalizado. Todos conversavam ao mesmo tempo, enquanto os colchonetes desapareciam, dando lugar às mesas, bancos e, consequentemente, o delicioso banquete.

Harry me cutucou como quem quisesse dizer algo entusiasmante, mas apenas sorriu largamente. Ron parecia um sapo velho, estava tão inchado que mal conseguia abrir os olhos.

Ah, meu Deus ... quanta comida! Desesperou Rony

Harry me olhou como se soubesse que eu detestara as atitudes de Ron ao ver comida. Parecia que não se alimentava há anos, mas não. Aquilo era terrível!

O café da manhã estava ótimo, como sempre. Por alguns minutos havia esquecido de que hoje me encontraria com o Postergaste na Floresta Proibida. O clima descontraído entre Ron, Harry e eu, era agradável. Weasley havia me dito que Gina se queixara de vagalumes em sua visão, mas que estava bem. Além disso, Nevil nos informou que a aluna da mão mutilada passaria por uma cirurgia naquela manhã, uma vez em que nenhum feitiço de reparo foi suficiente para sanar o ferimento.

Ela vai ficar sem sua mão? Coitadinha! Além de Nick Quase-sem-cabeça, teremos uma aluna quese-sem-mão! zombou Ron

Eu poderia permanecer calada e ignorar a brincadeira de mal gosto, mas meu instinto não permitia tamanho feito.

Escute aqui, cabeça de ferrugem! Não tem graça zombar de uma aluna que está prestes a perde uma de suas mãos. E se Gina não voltasse a enxergar, seria também uma Quase-sem-olho? Ela, assim como sua irmã, também foi vítima de um ataque cruel e covarde, no qual ainda não sabemos de onde partiu. Eu no seu lugar andaria com cautela, Weasley, pois tagarela e zombeteiro assim é provável que seja uma próxima vítima marcada para ter a língua arrancada. Passar bem!

Me levantei, me despedi de Harry e lancei um olhar feroz para Rony. Eles me olhavam assustados, enquanto desaparecia em meio aos alunos que seguiam para os dormitórios.

O que deu nela? Questionou Rony

Talvez devesse medir suas brincadeiras com Mione. Um dia ainda ela te transformará em um rato, aguarde! Gargalhou Harry.

Eu não queria saber o que estavam cochichando e sobre o que cochichariam. Minha preocupação era com Lacun e com, acima de tudo, a segurança de todos que estudavam em Hogwarts. Caminhava depressa, quase que correndo. Meus cabelos pareciam voar à medida com que acelerava os passos.

Tenho que ser forte, não sou uma garotinha indefesa! Pensava sem parar.

Não percebia quem vinha em minha direção, tantos alunos caminhavam com livros e malas que minha visão parecia estar embaçada. Em um relampejar de segundos senti um forte impacto.

Olhe por onde anda Granger! Disse Malfoy

A cara amarela de Draco me dava ânsia. Talvez devesse abusar um pouco mais da maquiagem, não sei. Seu aspecto de cadáver era medonho. Não respondi, até porque não compensava gastar minha saliva com alguém do tipo de Malfoy.

Apenas sorri sarcasticamente, enquanto o mesmo me observava com desprezo. Draco deve ter ficado alguns segundos parado em frente ao memorial dos monitores, até me perder em seu campo de visão.

Durante minha travessia pelos corredores, notei Luna chorando de cabeça baixa com um pedaço de pergaminho na mão. Parei quase que imediatamente, abaixei-me de maneira com que pudesse ficar de sua altura e apoiei minhas duas mãos em seus joelhos.

O que houve Luna? perguntei

Luna me olhou fixamente. Seus olhos claros estavam avermelhados, seu rosto inchado e sua aparência triste. Bem triste.

Acabei de receber este pergaminho do Ministério. Meu pai poderá ser condenado a viver em Azkaban por um crime não cometeu. Meu pai não é um bandido, Granger! Não é um bandido! Disse em tom de desespero.

Qual o motivo que levaria Xenófílio à prisão? Geralmente o Ministério decreta isolamento quando o indivíduo representa perigo para o mundo mágico e, até então, o Sr. Lovegood era conhecido por ser um homem de bem, inteligente e leal.

Eu não poderia deixar com que Luna se desesperasse e, ao mesmo tempo, ficar sem entender a razão desta atitude do Ministério da Magia.

Luna, mas o que seu pai fez para que resolvessem manda-lo para Azkaban? Questionei.

Luna me olhava como quem quisesse pedir ajuda. Ela sempre se dizia orgulhosa de seu pai e de poder seguir os ensinamentos que o mesmo lhe comtemplou durante a infância.

O Ministério alegou que meu pai está envolvido com Você-Sabe-Quem e que estaria se passando por intermediador. Algo que eu sei ser mentira! Gritou Luna.

Meu cérebro pareceu congelar. O que levaria Xenófílio à se aliar ao time de Voldemort? Aquilo era demais para mim e Luna não poderia ficar ali, naquela situação.

Talvez o Ministério tenha se equivocado, Luna. Vamos falar com Alvo, ele saberá o que fazer e como intervir na decisão do MM Ministério da Magia.

Dumbledore já sabe! Afinal, foi ele que pediu para que o Ministério prendesse meu pai, no qual não pode reagir e agora está trancafiado no calabouço da Unidade. Disse aos prantos.

Eu já não sabia como reagir. Por que Dumbledore pediria para que Xenófílio fosse preso? Será que ele realmente estaria envolvido com o lado negro do mundo mágico? Alvo era inteligente e não tomaria uma atitude precipitada sem razão.

Confortei Luna como pude e pedi para que tentasse se acalmar. Talvez as coisas mudassem e seu se livrasse deste momento sombrio. Despedi-me e a deixei com seu pedaço de pergaminho.

Chegara à conclusão de que as coisas em Hogwarts não estavam muito boas. Primeiro descubro o fantasma de Petter, no qual tenho um encontro nada romântico essa noite, em seguida a Escola é atingida por Dementadores descontrolados e agora recebo a notícia de que Xenófílio havia sido levado para Azkaban, prisão encarada como inferno por aqueles que já passaram por lá. Sirius, padrinho de Harry, conseguiria relatar os detalhes com mais clareza, já que havia passado alguns bons anos trancafiado no mais sinistro ambiente que o mundo mágico tem conhecimento.

Ao me desconectar dos meus pensamentos, notei que o corredor estava vazio. A aula de Defesa Contra as Ates das Trevas estava prestes a começar e eu nem havia retirado meus livros do armário. Snape não me perdoaria se me atrasasse mais uma vez.

Onde está Hermione, Harry? Perguntou Ron enquanto a aula começara

Calados! Ordenou Snape

À medida com que corria, pensava como faria para conseguir chegar a tempo. A gorda estava dormindo em seu quadro e eu precisava passar pela passagem.

Gorda, gordinha... acorde! Gritei

A gorda no alto de seu quadro nem se movia. Parecia estar em um sono profundo ou estaria me ignorando, como adorava fazer com os alunos. Nada adiantava, nem mesmo cócegas. Minha paciência estava no limite, precisava dos meus livros.

GORDA IDIOTA, LIBERE A PASSAGEM! Me estressei

A gorda começou a se mover, bocejou e me olhou clinicamente. Seus braços pareciam pães fofos, nada parecidos com seu temperamento.

Se não me falha a memória, você deveria estar neste exato momento na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, não é mesmo? Questionou a gorda.

Eu detestava dar satisfações, principalmente para um quadro velho que abrigava uma mulher ranzinza.

É, deveria, mas preciso passar para pegar meus livros que esqueci no dormitório. Disse.

A gorda não parou de resmungar. Disse todo o relatório de conduta dos alunos, sem esquecer nem um ponto ou vírgula. Além disso, me aplicou lições de moral e me obrigou a cantar uma música para ela. Humilhação que não me resultou em nada, a não ser em um berro estrondoso que ecoou pelos corredores do castelo, acordando todos os quadros que estavam dormindo.

Aluna fora da classe! Aluna fora da classe! Aluna fora da classe! gritava descontroladamente.

A minha vontade era a de partir aquela moldura ao meio e queimar aquela gorda imprestável. O que ganhara em me dedurar assim, para todos? Eu era estudiosa, só estava com um acumulo excessivo de tarefas e complicações. Mas minha intenção era de estar na sala, estudando e ouvindo Snape ser grosso e arrogante. Discutir com um quadro não me fazia mais poderosa e sim, inútil.

Decidi ignorá-la. Deixei com que ficasse falando sozinha, enquanto eu me preparava para a disciplina severa que Severo me aplicaria. Recolhi minha varinha e, antes de ir embora, apontei com raiva para a cara pálida da gorda e a ameacei como nunca antes.

Fique sabendo, balãozinho emoldurado, que eu só não lhe aplico um feitiço gostoso porque adoro vê-la presa ai em cima, sem poder andar ou agir como uma pessoa normal. Chore sua tinta velha e fale com minha sombra, sua... Desabafei.

Enquanto descia às escadas, ouvia os resmungos da gorda. Fazia tempo que queria dizer umas boas para aquela pinturazinha mequetrefe. Harry e Ron estavam conversando em frente ao banheiro masculino, admirando as garotas fáceis que saíam do vestiário.

Ah, aí estão vocês! disse

Rony me olhou com espanto. Parecia que não esperava me ver naquele instante. Eles estavam com livros e um punhado de folhas nas mãos. Estava claro que a aula de hoje não havia sido fácil.

Por que não estava na sala? Snape ficou uma fera! Disse Harry

Há tempos estava guardando muita coisa somente para mim. Eles eram meus amigos e eu escondia tudo nos últimos dias. Sabia que poderia confiar em Harry e Rony, por isso decidi contar a respeito do pai de Luna e o motivo da minha ausência na aula de hoje. Porém, o corredor não era o local mais apropriado para a ocasião.

Venham, vamos até a Torre de Astronomia. Preciso conversar em um lugar mais calmo com vocês!

Harry e Ron se entreolharam, mas não disseram nada, apenas me seguiram. Fizemos todo o trajeto em silêncio. Parecíamos estarmos fazendo um cortejo fúnebre.

No alto da Torre podia-se ver Hogwarts toda. Desde as colinas do oeste até o lago cristalino repleto de peixes que serviam de alimentos para os pássaros que sobrevoavam às aguas.

Harry parecia estar se lembrando de algo. A Torre de Astronomia era um local muito importante para ele, como sempre nos dizia. Talvez por ali em cima termos contato com uma paz tridimensional, algo que não podia se sentir lá embaixo. Era como parar e saborear o silêncio celestial.

Rony não se importava com silêncio, paz e sossego. Qualquer lugar se tornava o melhor lugar para ele se houvesse comida por perto.

E então Mione, vai ficar olhando pro nada, fazendo pose de árvore? Queremos saber o que está acontecendo! Disparou Rony.

Harry apenas observava sem dizer nada. Ele me conhecia, sabia que no momento certo eu diria o que deveria ser dito.

Em primeiro lugar quero que saibam que eu não tive culpa de nada, mas enfim...

Contei toda a história, desde o dia em que ganhei o livro de Hagrid até o que havia descoberto sobre Petter Lacun. Nem Harry e nem Ron sabiam a respeito de Lacun e muito menos quem havia sido e o que havia feito para Hogwarts.

Potter disse que seria perigoso ir à floresta sozinha, ainda mais em noite de lua cheia, quando os lobisomens se divertem matando unicórnios, cervos e todos os outros seres vivos munidos de sangue que aparecerem. Além disso, Harry me alertou para uma possível armadilha.

Se este Lacun é um fantasma, não há com o que se preocupar! Disse Harry.

A conversa foi ganhando pontos importantes e as peças foram se encaixando quando disse ter ouvido a conversa de Dumbledore com Hagrid. Não podemos deixar com que ele retorne a Hogwarts!. Esse alguém poderia ser Lacun.

E você já pensou em devolver este livro a Dumbledore? Questionou Harry

Já sim, mas não posso! Tenho medo de que algo pior aconteça, ainda mais agora que marquei de me encontrar com Lacun na floresta proibida. disse.

Harry sugeriu que falássemos com Hagrid que, mesmo não aceitando, daria um jeito de nos ajudar como sempre.

Aceitei, mas apenas depois que me encontrasse com Lacun. Poderia ser uma prova de que eu não queria prejudica-lo, ainda mais pelo fato de ser um fantasma e não sabermos se está ou não próximo de nós, nos vigiando.

Tudo bem, Mione. Você vai à floresta, mas nós vamos juntos caso aconteça algo! retrucou Harry.

Vamos juntos? perguntou Rony com cara de choro

Eu não queria aceitar que meus amigos se envolvessem em uma história que eu comecei sozinha. Poderia ser perigoso, mas não adiantaria dizer não. Portanto, aceitei a condição. Harry e Ron iriam comigo usando a capa da invisibilidade e ficariam por perto. Todos sabiam o quanto era arriscado entrar na Floresta Proibida sem um supervisor por perto, alguém fosse preparado para se defender dos perigos que lá existiam.

O tempo havia passado depressa, o sol começava a se pôr. Aquele seria o melhor momento para apanharmos o necessário e deixar o castelo antes que os monitores começassem a recolher os alunos para os dormitórios.

Podemos ir depois do jantar, pessoal? perguntou Rony.

Não, não podemos! Respondi.

Eu não sabia se este atrevimento daria certo, se voltaríamos vivos ou se seríamos expulsos de Hogwarts, mas sentia-me obrigada a tentar desvendar o mistério que me atormentava cada vez mais. Lacun não me escaparia, não dessa vez. Era hora de agir.



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Notas finais do capítulo

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