Cruel Fairy Tale escrita por Talita Ribeiro, jamxx


Capítulo 2
Capítulo 1 - Piloto


Notas iniciais do capítulo

Até que fim, né?! Primeiramente quero me desculpar por ter demorado tanto para postar o capítulo. Tive imprevistos que me irritaram muito! Mas, isso é outra coisa. Espero que esse começo realmente esteja bom e obrigada pelo carinho nos reviews do "cap" passado. Tanto eu como a Yo Mismo, amamos. Chega de enrolar - porque parece que eu enrolei demais - Boa leitura *-*



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Nas noites de inverno minha mãe costumava preparar chocolate quente com marshmallow e pegar o grande livro de contos de fadas para entrarmos em um novo mundo. Eu me deitava no sofá em frente à lareira e Charlotte sempre tinha o privilégio do colo da nossa mãe. É estranho hoje dizer que quando garoto me afeiçoava por histórias de bruxas, abóbora, princesas e príncipes. Com seis anos eu sabia que minha mãe era a minha rainha e com o passar do tempo, aos dez anos, ela se tornou minha heroína. Pois meu vício aos dez era inteiramente por gibis, heróis e vilões. Durante as noites de inverno em Jacksonville eu desejava ser um príncipe para alguma princesa e nas noites em Seattle, passei a querer ser um herói. Mas, até onde vai o ato do heroísmo? Não importa quanto o herói se mostra corajoso e integro, pois ele também é vilão.

–-

Com a perda de um amor entrei em uma complicada jornada: Fredward Benson tem Transtorno Obsessivo Compulsivo.

Assim me lembro quando fui diagnosticado e em todos os jornais se destacava o meu problema. Ser filho de pessoas influentes torna praticamente tudo "fora do perfeito" um grande escândalo o que é uma fonte lucrativa para grandes redes de fofocas ou donos do prestígio.

Sou maior de idade e mesmo assim devo satisfação ao mundo que me rodeia diariamente. Cada alvoroço sobre os Benson's diminuía a imagem da perfeição que no cotidiano demonstramos.Fui ensinado que a imagem é algo extremamente importante e que nossa família tem o dever de preservar intacta esta imagem. Sempre a imagem é associada a proteção contínua da familia. Doa a quem doer: meus pais protegem, como selvagens modernos, a mim e a Charllote.

Com tanta pressão e com o sobrenome a pesar, fui começando a ficar transtornado. Até que a melhor fase da minha vida aconteceu: Carlotta Taylor Shay. Eu a amei mais do que pensava. Talvez isso tivesse sido o meu maior erro, pensar como um príncipe e lançar-me de cabeça em um amor. Idiota. Porque foi esse amor que me destruiu e pouco a pouco me tornou assim... Um completo doente.

Saí do banheiro com o roupão e me sequei devagar. Braços, pernas, abdômen, ombros... Respirei fundo. Talvez esse seja o ritual mais sagrado de toda manhã: tomar banho e me enxugar. Pois é o momento em que mais sinto falta da Carly. O divã no banheiro e as roupas no closet são o que matém as suas lembranças vivas, gosto da sensação que as lembranças trazem, pois é como se ela estivesse aqui ainda. Mas a cada dia a ansiedade em mim aumenta, não consigo esquecer a única mulher que já me fez feliz que, talvez, por minha culpa está morta. Morte. Carly. Sujeira. Vermelho. Sangue. Compulsivamente o nervo do olho esquerdo começa a dar leves e incontroláveis fisgadas.

– Banho. - Sussurro pra mim mesmo e adentro no box novamente.

Consegui impreterivelmente terminar parte do início da minha manhã. Abri o closet e observo atentamente as roupas femininas do lado esquerdo. Sorri. Será que é completamente doentio deixar as roupas dela ali? Arrumadas e intocáveis, da mesma forma que ela deixou antes de ser sequestrada.

Outra mania do meu dia é separar a sua roupa e colocá-la na cama. Escolhi com cuidado as peças de roupa e estirei-as sob a cama king. Voltei ao closet e coloquei no pé da cama. Assim me sinto mais leve e pronto para começar o dia. Como se pudesse ouvir a Carly se apressando para ir trabalhar com minha mãe. Ainda Era como se Carly ainda estivesse aqui.

A minha mente recria o som do chuveiro enquanto eu me visto. Olho novamente para as roupas e as guardo. Fecho e abro as portas do closet quatro vezes, até que minha ansiedade se satisfaça. O mesmo ritual acontece em todas as portas do apartamento.

Esse foi meu início de manhã, tudo é normal e só volto a ter problemas com a limpeza ou na outra manhã.

Complexidade adquirida por uma perda, por buracos no coração e por esperança inacabível de reencontrar alguém. Esse alguém de silhueta definida, magra, com grandes olhos negros, ex-assistente pessoal da minha mãe, vegetariana, romântica e até então, com o corpo desaparecido a dois anos.

Um amor que, no fim, foi destruído por um sequestro e menções de dinheiro como resgate há dois anos atrás. Dinheiro entregue aos bandidos que no final fizeram o que prometeram não fazer. Matar ela. No galpão proposto pela quadrilha, onde minha amada deveria estar, encontramos somente um notebook aberto com um pendrive conectado.

Lembro nitidamente do meu desespero e da única informação do pendrive: um vídeo. Com cenas dela em completo desespero e sons de tiros. Os últimos segundos do vídeo são inesquecíveis, pois são nesses segundos a prova que atiraram nela e certamente a mataram. Esse foi o desfecho do que ela chamava ser um conto de fadas, pois era inacreditável toda a perfeição em que vivíamos.

– Bom dia, Sr. Benson. Seu pai o espera no escritório dele e parece ter certa urgência. - Fui recebido por Kalienne, já com ordens. Como sempre.

Coloquei minha maleta de trabalho sobre a mesa dourada, logo na entrada da mansão dos meus pais e pude perceber duas vozes bem conhecidas e alteradas. No meu campo de visão entrou duas das mulheres mais lindas do mundo, na minha concepção.

– PARA! NÃO POSSO ACREDITAR QUE NÃO O DEIXOU ENTRAR AQUI ONTEM... - Charllote gritou descendo as grandes escadas, com expressão facial fechada e pisando forte. Logo atrás minha mãe a olhava desacreditada.

– ELE É UM BARMAN, CHARLLOTE. Como quer que eu aceite isso? - Charllote parou e se virou a olhando com revolta.

– Pensei que quisesse minha felicidade, mãe. Você mesma diz: Família acima de tudo e de todos. - Minha mãe sorriu e se aproximou dela. Mexeu os dedos em suas madeixas castanhas e suspirou.

– Você é uma Benson, querida. Vai encontrar alguém no seu nível. Talvez um empresário de tecnologia ou um médico bem conceituado. Aceito que namore até um ator! Que tal o Jogia? Ele me parece ser um bom rapaz e seria bom para a imagem da família. - Marissa diz com grande animação na voz.

– Que se dane esse maldito sobrenome que eu carrego e a reputação desse banco infeliz! Ah! Não posso me esquecer da sua rede de televisão, mamãe. Que o canal fechado do famoso The Queen's World se exploda também! - Vociferou Charllote passando por mim rapidamente e tornando audível o estrondo da porta ao bater. Ela ignorou totalmente minha presença.

Minha irmã mais nova ainda não tinha aprendido o peso do nosso sobrenome. Meus pais, Marissa e Joseph, são considerados o casal mais bem casado do país. Estão sempre em festas beneficentes ou de alta sociedade. No mês passado saíram na capa da revista People. Eles carregam nas costas a imagem de casal perfeito e mais bem conceituado de Washington, e especialmente, em Seattle. Por pura consequência eu e Charllote levamos a mesma cruz. Somos vistos como perfeição e através de nós dois também se espelha a imagem do Banco Internacional BB's Gold e da rede de televisão The Queen's World (TQW).

– Vá com mais calma, mãe. - Disse, em seguida abraçando-a.

– Ela não compreende, Freddie. - Resmungou minha mãe.

– Eu também não entendia. Deixa o tempo trazer maturidade a ela. - Ela sorriu e soltou-me de seu abraço.

– Ainda está fazendo a terapia cognitivo-comportamental, filho?

– Você sabe que sim. - Resmunguei. Marissa Benson só é ela mesma se tiver total controle da vida dos seus filhos. Disso eu sabia bem!

– Não sei do que fala... - Ela cantarolou andando em direção a porta. - Avise seu pai que existem funcionários incompetentes ainda na TQW, então, vou ver quais são os problemas que eles não conseguem resolver.

– Eu te vejo pela noite? - Perguntei a lembrando do evento.

– É claro que sim. Terão muitos convidados importantes, afinal é o fim da primeira semana de Janeiro. Temos que seguir tradições. - Sorri com a forma doce de sua voz.

É um fato interessante, pois nunca gritou ou com indelicadezas. Sempre com um sorriso nos lábios avermelhados, cabelos devidamente arrumados, diamantes pendurados nas orelhas e suas festas tradicionais.

Ela costuma dizer que são as festas que mantêm suas amizades e são essas amizades que a mantém no pódio. Minha mãe gosta de brilhar, estar na moda, ter mais e mais dinheiro, prestígio e viver sempre acima de todos. Por isso ainda a denomino uma rainha. Prova disso é a TQW, com suas programações superficiais e motivadores, eu acho, mas isso é com o mundo feminino. Também a denomino heroína, porque de certa forma ela é a força da minha família. Às vezes ela se torna uma selvagem quando a questão é nos proteger e o melhor de tudo, meu pai também pensa e age assim.

Joseph Benson. Definem lá fora que ele é o maior bancário dos EUA, mas é visto nitidamente o seu poder em Washington e mais ainda em Seattle. Meu pai é certamente um homem de muito dinheiro, tanto que ele não mede esforços com minha mãe, ou seja, sempre e eternamente aparece com presentes caros para ela. Além de tudo tem um estilo romântico europeu.

– Use a gravata azul petróleo, querido.E não se esqueça de avisar seu pai que estou na TQW...

Assenti e ela saiu com a assistente pessoal atrás. Voltei à mesa de centro, banhada a ouro, e peguei minha maleta. Nela só estava o notebook e o tablet. Exatamente tudo que preciso para trabalhar.

Andei até duas grandes portas de correr e as abri, que fica em frente à escadaria grande, e de cara vi meu pai. Ele tinha os olhos fixos na tela de seu notebook, ajustou os óculos de grau e apoiou o cotovelo na mesa grande madeira escura.

O ambiente é claro, como todo o resto da casa. As grandes paredes de vidro, atrás da mesa no meu pai, proporcionava a visão do lado direito da entrada tanto que ao longo podia-se ver o mar e ainda o caminho de vidro que leva a entrada principal.

O escritório é amplo, a parede esquerda é tomada por estantes abertas de madeira e lotadas por livros, por ordem da minha mãe os livros foram organizados em ordem alfabética e por tamanho. Na parede direita tem uma grande televisão, aparelhos eletrônicos e uma parede na diagonal de comprimento exato para a lareira eletrônica. Atrás dessa parede de pedras tem uma pequena adega de vinhos.

Meu pai considera aqueles vinhos parte essencial da sua home Office. Com certeza o amor por vinhos eu herdei dele, como também gosto de gostar Polo, acho que por ter sido uma das únicas atividades que tive junto com meu pai desde a infância.

Limpei a garganta e ele nem se moveu. Joseph é do tipo de homem que tudo que faz tem que ser com total atenção e isso é um dos motivos de trabalhar em casa. Limpei a garganta novamente, mas fazendo um som mais alto. Não aconteceu absolutamente nada. Andei até sua mesa, dando passos pesados e me sentei na poltrona esquerda. Dei um tapa na mesa e, novamente, o silêncio dominou o lugar. Me acomodei. Tirei meu tablet de sua case preta e procurei uma música ideal. Guns N'Roses ou Scorpions? Não. Tem que ser algo pesado... Pensei e decidi. Antes de tocar no play, coloquei no último volume e dei a última chance ao meu velho.

– Pai? - Chamei alto e me senti completamente ignorado. Dei play na música My Little Man do Ozzy Osbourne, o som do rock começou e gargalhei alto ao ver o susto do meu pai. Ele praticamente saltou na cadeira e me olhou sério.

– Desliga. Isso. Agora. - Cuspiu em voz de comando e obedeci, ainda rindo.

– Desculpa, mas você estava tão concentrado... - Ele assentiu as minhas palavras e voltou a arrumar os óculos.

– Toma. - Ele disse me dando uma folha de papel e tomou um gole do whisky.

– O que é isso? - Falei confuso, pois na folha tinha seis nomes.

– São os empresários e políticos que serão investidores e clientes do BB's Gold. - Ele disse confiante.

– E o que eu tenho haver com isso?

– Você os convencerá que eles terão mais ganhos no nosso banco do que nos concorrentes. Também temos cofres bancários mais seguros e estabilizados. Não se esqueça de falar aquele blablablabla sobre os funcionários e tudo mais. - Ele falou olhando fixamente para a tela do computador.

– Espera aí, desde quando estamos oferecendo os serviços de cofre-forte?

– Faz dois anos, filho. Optei por não fazer propagandas e deixar fora da mídia a informação desse serviço, pois é mais seguro. Afinal, os serviços oferecidos são basicamente segurança e total segredo de nossos clientes.

– Vovô está a caminho, certo? - Perguntei com total certeza da resposta. Meu pai só se preocupa com mais lucro e clientes com conta bancária extensa quando meu avô está vindo para ver com os próprios olhos suas ações sendo executadas. Afinal, ele foi o pioneiro do banco, que foi passado para o meu pai e futuramente e infelizmente será minha responsabilidade.

Ser o herdeiro da grande rede de bancos BB's Gold foi um dos grandes motivos para trancar a faculdade de astronomia. Carly me incentivou a estagiar com meu pai e abandonar a faculdade, que ainda é minha maior paixão.

A imensidão do universo é certamente fascinante. Dois anos atrás eu me dedicava para os estudos dos corpos celestes e a Carly. Mesmo que eu não esteja cursando astronomia, todas as noites na varanda na minha cobertura eu me torno o que sou. É estranho, mas na minha mente, a bagunça dos mapas, das peças dos dois telescópios, dos livros e das minhas anotações não me incomoda. Não fico ansioso para arrumá-los, pois é algo que pra mim está arrumado mesmo em completa confusão. O maior e único prazer que tenho é estudar o universo e seus objetos. Calculando através de fórmulas químicas para avaliar as composições de objetos cósmicos, dominando e aprimorando o meu conhecimento sobre física e somente observando os astros. Uma paixão que nunca vou deixar de ter por mais que só tenha o meu próprio apoio.

A família Benson tem dois investigadores particulares que além de investigar são seguranças e amigos próximos da família. Spercer Shay, irmão da minha antiga namorada, que cortou definitivamente há anos sua relação com qualquer parente da família Shay é um dos investigadores e o que sempre está em campo conosco. Meião é o principal e que quase nunca é visto com a família. Não em público. Sempre quando causam polêmica ou pessoas se levantam com processos judiciais é ele quem resolve. Na verdade, ele resolve tudo que a família Benson faz. Desde com as amantes do meu pai até os problemas escolares da Charllote. Meu pai tem uma confiança cega nele e particularmente acho isso um grande erro. Apesar que sou o único que dúvida da lealdade do Meião, pois pra mim ele é muito afeiçoada pela Marissa.

Liguei para Spencer e combinamos de nos encontrar no Groovy Smothies. Como sempre, cheguei primeiro.

Groovy Smoothies é um dos lugares que comecei a frequentar desde a nossa chegada em Seattle, quanto eu tinha dez anos, e até hoje é o lugar com as vitaminas mais saborosas dessa cidade. Meus pais não gostam daqui, porém eu e Charllote somos viciados nas vitaminas que esse lugar oferece. É o melhor e sempre será o melhor. O local teve grandes mudanças, porque, quando cursava a universidade, investi para o crescimento do Grovy Smoothies. T-Bo agora é o novo proprietário e afirma com mais orgulho ser doutor em vitamonologia.Felizmente, depois de tantos anos, ainda continua a oferecer donuts em espeto de churrasco.

– Então quer dizer que Corand Grayson é tem 41% das ações da BMW? - Falei rindo um pouco.

– É. A mãe dele é meio louca. - Spencer me informou.

– Sério?

– É lógico. Olha o nome do cara: Corand. - Spencer falou em meio a uma risada.

– Estou falando sério, cara.

– Próximo?

– Pamella Puckett. Nunca ouvi sobre ela... Os outros três, eu tinha ideia de quem poderiam ser. Agora essa aí... - Respondi, olhando atento o papel.

– Ela é só a noiva do Prefeito McGinn - Ele disse como se fosse óbvio e gargalhei.

– Meu pai é louco. Como eu vou conseguir falar com a noiva do prefeito de Seattle? - Eu perguntei e passei a mão nos meus cabelos.

– Vou pedir ao Meião investigar ela. Ele vai achar algo... Ele sempre acha... - Spencer pegou o celular e me pareceu digitar um texto grande. Peguei minha vitamina de banana com chocolate e tomei um grande gole.

– Vamos chegar atrasados. - Conclui ao olhar no relógio.

–--

A festa está acontecendo em espaço aberto e mais amplo da mansão dos meus pais, ou seja, no lado norte da mansão. A entrada foi decorada com grandes arranjos cristalinos de rosas brancas e flores brancas com cordões de safiras. A decoração em geral é a cara da minha mãe, grandioso, volumoso, rico e elegante. Andei devagar sob o caminho que leva a entrada. As luzes abaixo do vidro desse caminho proporcionavam ênfase na água, aumentando a sensação de profundidade.

– Você demorou muito. - Disse Kalienne na entrada. Parece extremamente nervosa e em suas mãos um tablet. Ela respirou fundo e começou a falar novamente. - Por favor, procure a sua irmã pra mim.

–Pode deixar. – Sorri simpático e ela saiu dali assim que minha mãe apareceu. Kalienne é o tipo de faz-tudo para a minha mãe e somente com um olhar a assistente compreende o que fazer. É uma das pessoas mais eficientes que conheço.

Subi a escadaria principal e a mais larga. No fim dela havia mais duas escadas: uma a direita e outra a esquerda. Sem pensar muito, subi as escadas do lado direito e entrei em um corredor amplo. Passei por cinco portas e parei na sexta porta do lado direito. Entrei sem bater.

– Você tem seu quarto e mesmo assim prefere usar o quarto de hóspedes. - Falei e minha irmã bufou. Freneticamente ela arrumava o laço grande no seu vestido.

– Oi pra você também. Mano, você acha mesmo que eu vou ficar no meu quarto? Por favor, né! Aqui tem 26 quartos!- Charllote falou como se fosse óbvio. – Aliás, assim fica mais difícil da Marissa me encontrar.

– Marissa? Se a mamãe te ouvisse agora...

– Essa mulher parece não ser minha mãe! Olha. Esse. Vestido.- Ela falou enquanto articulava com as mãos.

– Dramática como sempre...

– E você a defende como sempre! - Ela pegou uma escova e passou nos longos cabelos. Sorriu pra mim cinicamente.

– Esse arranjo de flores na sua cintura realmente está esquisito. - Falei divertido.

– Calado. - Ela berrou e colocou os saltos, irritada.

– Mandona. - Sussurrei e ela me deu um tapa no ombro. Minutos depois estavámos rindo.

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– Quando sentamos para discutir o tema desse evento tradicional, fui pega com a ideia de uma noite inspiradora na alvorada. Inverno. O ano passou e com ele as angústias e decepções dos quais nos fizeram crescer. Nesta noite vamos celebrar o crescimento de cada um. Albert Camus disse, certa vez: ''No frio do inverno, finalmente aprendi que dentro de mim existe um insuperável verão". Então queridos amigos, o insuperável verão tome conta desse maravilhoso ano que mal começou. - Marissa disse e aplausos fortes começaram.

– Ela realmente é boa atriz... - Charllote comentou ao meu lado.

– Quem?

– Mamãe, é claro. - Ela fez careta e pegou uma taça de champanhe.

– Charllote...

– Uma taça não vai me fazer entrar em coma alcoólico. - Ela argumentou e saiu do meu lado. Observei ao longe Spencer andar em minha direção. Certamente com boas noticias.

– Meião conseguiu achar algo. - Spencer sorriu orgulho do companheiro e eu assenti, para que continuasse.

– Pamela Puckett foi uma adolescente bem levada. Engravidou de um chefe de gangue...

– Sem rodeios, Spencer. - Pedi sem paciência.

–--

A noite foi recheada de pessoas fúteis ou cheias de interesse. Então, assim que pude, escapei daquele ambiente que cheira falsidade e ganância.

Estacionei o carro e andei em direção a entrada prédio. Ainda rodava em minha mente como poderia usar a informação que Meião conseguiu. Se bem que tentaria falar com a Pamella Puckett de uma forma natural, ou seja por meio da secretária dela. Apesar que a mídia adoraria ter a informação que a noiva do Prefeito tem duas filhas com um chefe de gangue de Seattle, ainda mais se soubessem do que ela tem feito para calá-las. É racional, pois o Prefeito perderia toda a credibiliadade, afinal é do conhecimento de todos que Pamella Puckett não tem filhas. Minha mãe sempre diz que a maior arma que temos é as cartas que estão nas mangas. Se nada der certo, vou usá-las e provar mais uma vez minha eficiência para Joseph Benson.

Observei o lado do prédio e algo me chamou atenção: um saco de lixo estirado no chão e pior, de dentro dele algo que identifiquei de longe ser um braço. Ri nervoso. Como diabos é um braço? Um corpo? Teriam assassinado alguém e esquar...

Não pensei duas vezes e corri até o que pedi para ser pegadinha da minha mente fantasiosa. Ao lado do saco, respirei fundo e esfreguei meus olhos. Era realmente um braço e pelo que vi, cheio de hematomas. Encostei meu pé nele e chutei de leve. Respirei fundo mais uma vez.

– Não é um bicho, Freddie. É uma pessoa. - Lembrei-me. Com cuidado, fui retirando o saco preto e revelando aos poucos uma mulher um pouco ensanguentada e desacordada. Me certifiquei que não faltava nenhum pedaço da mulher loira ou se tinha algum ferimento exposto e só então peguei-a nos braços em estilo noiva. Além de tudo sua roupa está gelada, provavelmente estava molhada.

Duas da manhã. Ótimo. Duas da manhã.

Peguei o cartão no meu bolso e abri a porta de entrada do prédio. Certamente o maior e melhor prédio com segurança tecnológica da cidade. Decidi ligar para a ambulância somente quando a mulher estivesse com uma roupa limpa, seca e acordada. Claro, se ela conseguisse acordar. Subi pelo elevador e com grande dificuldade abri a porta da cobertura. Deixei-a no sofá da sala. Abri todas as portas dos cômodos e fui direto preparar a banheira. Voltei para a sala com um cobertor grande e grosso, a embrulhei e só então percebi a corrente no seu pescoço escrito "Samantha".

– O que fizeram com você, Samantha? - Perguntei com o coração apertado. O pior machucado em seu rosto é perto da têmpora. Nos seus lábios tem um corte e no seu pescoço marcas vermelhas como se tivessem tentado enforcá-la.

Andei até a cozinha e peguei um algodão molhando no álcool. Voltei ao sofá e passei em suas narinas. Segundos depois ela retomou a consciência. Quando abriu os olhos me deparo com órbitas azuis, incrivelmente lindos os seus olhos. Ajudei-a sentar. A mulher pálida olhou ao redor e depois me fitou.

– Eu... Bem... Eu te encontrei em um saco... - Fui interrompido, pois a linda moça vomita na minha blusa e calça.

Algumas vezes o esperado simplesmente perde importância comparado ao inesperado. (Meredith Grey)



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Notas finais do capítulo

O que acharam? Um bom começo? Hmmmm Estou esperando com o coração na mão o primeiro capítulo da Yo Mismo POASKPOAKS' Genthy, e a Charlotte? Linda demais, né? Sim, usei a Giih *-* Eu simplesmente amo ela e quando estava falando com a Yo Mismo sobre quem poderia ser a Charllote... Bem... Me veio essa ideia *O* Alguém lê radioactive unicorns? É bom demais. Enfim... xoxo da Jaqs :*