Na noite anterior. Los Angeles.

A neblina escondia as estrelas do céu azulado- escuro. Apenas duas pessoas caminhavam a noite, sozinhos, com os passos ecoando alto ao encontrar a calçada de granito.  Um jovem, alto e bonito de pele bronzeada, e uma ruivinha de salto alto.

- Beck... – Cat choramingou. - ... Eu estou com medo.

- Tudo bem. – Ele passou o braço ao redor dela. – Eu estou aqui com você, Cat.

- Não é isso... – Ela suspirou. – É a Jadey. E se ela não estiver lá?

Beck olhou para os olhos lacrimejantes dela, uma dor no coração maior o atingiu. E se a Jade não estivesse lá? Eles já haviam procurado em todos os lugares... Um último lugar onde a Jade estaria nesta hora da noite, seria em um salão de tatuagem, falando com seu tatuador.

Fizeram o restante do caminho a pé, já que aquela parte não tinha espaço para carros passarem, mesmo assim era assustador andar por esse bairro a pé. Logo que chegaram ao salão, foram em busca do tatuador dela, ele disse que não a via há meses... Os corações dos dois pararam.

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- Faz quinze horas que ela desapareceu. – Cat suspirou, olhando para o relógio de seu pearphone rosa, enquanto subia as escadas de sua varanda. – Eu quero ela de volta!

- Eu também quero. – Beck respondeu, não dava para continuar as buscas, ela poderia aparecer, não é? – Cat eu acho que já está na hora de você dormir. Amanhã temos aula.

- E a Jadey? – Ela iria chorar, Beck a abraçou. Um peso maior ainda pressionou sua alma. Ele a queria de volta.

- Ela está bem, é só ter questão de fé e talvez ela esteja aqui conosco amanhã, você sabe como é a Jadey. Agora, Cat apenas durma. – Ele tentou, a balançando nos braços... Do mesmo jeito em que via a Jade fazer quando a Cat estava com medo.

Ambos se despediram, Beck observou ela entrar em casa e voltou para o seu carro. Assim que estava dentro, bateu repetitivamente a cabeça no volante.

Como que isso aconteceu?

Como que ela não disse nada? Talvez o seu celular tenha descarregado, e ela está na casa de um parente... Ou então, alguma emergência havia acontecido e ela estava bem.

Ele precisava pensar assim.  A Jade está bem, ela é incrível, ela consegue de tudo... Ela é forte de mais.

Ele sabia disso, e essa era a única coisa capaz de reconfortar seu coração.

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O sol entrou suavemente pelas brechas da persiana branca, que enfeitava a grande janela que havia no quarto novo e temporário da Jade. A luz fez seu caminho lentamente, até uma garota deitada em meio a um lençol branco, com os cachos negros despenteados.

A pele pálida, agora coberta apenas por uma grande camisa cinza que ia até sua cocha, dava um ar desastrado a todo aquele corpo. Ela inconsciente, afundou seu rosto no travesseiro, tentando fazer aquela luz clara desaparecer.

O quarto estava uma bagunça, havia malas deitadas no chão e caixas espalhadas por todos os lugares, suas coisas em uma das estantes, a roupa de viajem que ela havia usado ontem estava jogada em cima da escrivaninha. Sua bota de combate, já meio suja era visível apenas um dos pares, o outro provavelmente deveria estar em baixo da cama. Jade não estava se importando em arrumar as coisas por agora,ela só queria dormir e descansar um pouco... Talvez assim parasse de chorar por causa de saudades que sentia no peito. Seu quarto tinha a porta fechada, o que fez a Chris do outro lado bater suavemente.

- Jadeey... – A voz rouca natural da mulher morena soou docemente. Jade se lembrou do tempo em que sua mãe a acordava assim.

- Oi...? – A garota ainda de olhos fechados perguntou com a voz seca.

- São dez e meia, você realmente quer dormir ainda? – Chris perguntou.

Jade sorriu, se fosse possível dormir a vida inteira, ela faria isso. – Para mim parece ser seis horas... Mas Depende. Te darei trabalho? Sabe que eu odeio o fuso horário...

Chris riu. – Acorde logo e vai se arrumar,quero sair com você sua preguiçosa!

Jade abriu lentamente os olhos, com um sorriso em seu rosto. De repende, ela se lembrou do que teria que contar a Chris hoje.

Droga.

Ela não queria nem imaginar a reação que sua amiga teria.

Jade engoliu a seco, enquanto se levantava e se espreguiçava. Ela se levantou gemendo da cama, e sem se importar com a aparência, abriu a porta.

- Nossa! Como você está sexy garota... – Chris brincou, olhando para a situação da Jade.

Ela por si, riu. Agora acreditava porque o Beck dizia todas as manhãs a ela que ela era incrivelmente quente.

- Vamos, vamos lá... Quero te levar em alguns lugares. Tome banho e se vista, continue quente e venha tomar café lá embaixo. – Chris fez uma careta, gesticulando rapidamente as tarefas que Jade teria que fazer.

- Tudo bem mamãe. – Ela resmungou, Chris falou que estaria lá embaixo pra qualquer coisa, Jade fechou a porta do quarto e foi em direção a sua mala, procurar algumas roupas.

Saiu do banheiro já vestida, Jade desceu as escadas chamando atenção pelo barulho que sua bota fazia ao encostar com as escadas de vidros temperados. Chris sorriu do sofá, ao ver ela vindo.

- E você veio mais bonita ainda, quem diria...? – Chris brincou, Jade riu.

- Vamos aonde? – Ela disse, depois que sua amiga havia a servido café. Brownies e suco de laranja ainda eram o seu preferido desde a terceira série.

- Sair por aí, algumas lojas, depois vamos ao seu apartamento. Sua mãe ligou ontem a noite passando alguns detalhes para mim... – Chris disse séria. Jade gelou. Detalhes?

- E o que ela disse...? – A garota de pele pálida perguntou, prestando atenção na morena.

- Que fugir nunca foi a melhor decisão. – Chris balançou negativamente a cabeça. – Você vai me contar o porquê de ter fugido, mocinha.

Uma onda de aliviou passou pelo corpo da mais nova, depois ela se lembrou, que teria que contar a Chris ainda sobre a gravidez.  O medo em sua face era evidente.

- Tudo bem... – Jade deu uma última mordida em um dos brownies. - ... Você quer saber... Agora?

Chris negou sorridente. – Andar na St. Picadilly.

- Nossa! Faz tempo que eu não vou lá... Da última vez foi duas semanas antes de voltar para Los Angeles. – Jade suspirou baixinho. Bom, talvez parar em alguma loja e contar a Chris o que ela estava dentro da barriga dela. Tudo bem, Jade... Respira.

- Por isso mesmo, então tome logo seu café para ter energia o suficiente para sair comigo. Eu vou te comprar um presente. – Ela sorriu ao ouvir isso.

- Não precisa, Chrissy... Já é muito que você está fazendo por mim. – Jade tentou. Estava grata no momento, até por Chris não odiá-la por ter mudado toda a sua personalidade.

- Pare com essa modéstia, Jadey. Vamos logo. – Ela falou. Jade se levantou, dando a mais rápida organização o possível a impecável cozinha que a rodeava. Chris resmungou algo sobre deixar a bagunça para mais tarde, e saiu de casa puxando a Jade pelo braço.

As duas caminharam lentamente pelas ruas impecavelmente limpas e as lojas chiques da cidade. Jade como sempre, olhando tudo e resmungando sobre o quanto as coisas eram terrivelmente caras... Logo veio em sua mente, ela teria que trocar suas roupas... Sua barriga não caberia mais em camisas justas de bandas de rock. Jade suspirou. Se lembrou de Chris, ela teria que contar a ela... O mais cedo o possível. Mas, como fazer isso?

- Chris... – Jade engasgou-se.

- Oi? – Chris virou-se para ela, colocando de volta uma peça de roupa na arara.

- Aqui por perto tem uma loja para bebês... Ou mulheres grávidas? – Jade perguntou. Hesitação havia substituído a necessidade de respirar.

- Ah... Tem né. Mas por quê? –  Ela perguntou, inclinando suavemente a cabeça.

- Bom,apenas vamos lá.

Pelo resto da hora, Jade tentou parecer calma o suficiente, ou apenas ouvir o que a Chris não parava de falar, mas sua mente vagava livremente por suas lembranças. Suas e do Beck.

Não era atoa que ela sempre odiou essa ideia inteira de ficar grávida. Em sua mente, ela via uma situação parecida com essa. Mas ela precisava ver o futuro, provavelmente tudo isso mudaria... E as coisas passariam a melhorar, talvez ela visse ele novamente... E era isso que o seu coração não parava de pedir.