Sasuke sentiu um tipo de medo que a muito tempo não sentia. Não pela luta, não por ter caído dolorosamente na neve. Isso parecia insignificante quando uma garota de cabelo rosa estava desacordada em seus braços nesse exato momento.

Mais uma vez, deixou de se questionar sobre os motivos que levaram às suas próximas ações. Mais uma vez se deixou a cargo do que ele apelidou de impulso idiota. Ao olhar a forma frágil em seus braços, apenas não podia deixa-la pra trás.

A má sorte, aparentemente, era a sombra de Sakura agora. Zetsus disfarçados de ninjas da aliança para ataca-la, seguida de uma queda que provavelmente iria mata-la se não tivesse cuidados médicos. O problema era que ela é a médica. E, como se desafiasse algum tipo de ordem no universo, uma nevasca estava se aproximando, Sasuke podia sentir. Ainda assim, a pior de todas as sortes era a de que, o homem que a feriu de tantas formas dolentes no passado, seria agora seu salvador.

Mas isso não significa nada, repetiu como subterfúgio, apertando Sakura contra o peito.

Ativando seu sharingan para procurar uma caverna onde pudessem se esconder durante a nevasca, acomodou ela contra si o melhor que pode. Nunca teve nenhum tipo de contato físico tão duradouro com ela (ou com qualquer outra mulher) e o corpo quente dela contra o seu próprio o faziam esquecer que a neve tinha aumentado consideravelmente.

Localizou uma gruta não muito profunda que deveria servir, sua entrada encoberta por galhos secos prestes a ser selada pela neve. Estudou o lugar antes de entrar. Era escuro, porém o solo era relativamente liso e havia algum material para uma fogueira se precisasse. Ao entrar, deitou Sakura delicadamente no chão escorando sua cabeça numa pedra lisa e assim que seus corpos se distanciaram sentiu frio, pela primeira vez, em sua longa caminhada do vale onde encontrou seu irmão até a gruta onde se encontravam.

Mesmo deitada perto da pequena fogueira que Sasuke acendeu, Sakura estava fantasmagoricamente pálida e a única coisa que poderia fazer era esperar que ela acordasse assim como esperava pelo fim da tempestade de neve que acara de começar.

Sentando na penumbra da caverna, ouvindo apenas o assovio da ventania lá fora, Sasuke se perguntou por que não mata-la agora mesmo, porque simplesmente não conseguia parar de se preocupar com a garota desmaiada na sua frente. Seus pensamentos não conseguiam seguir nenhuma linha coerente e se agarrou a desculpa de que precisava saber mais sobre a natureza da missão de Sakura e sobre a situação atual de Konoha.

~o.O.o~

Dor foi o que tirou Sakura de seu torpor gélido e a trouxe a superfície da realidade. E é claro não era pouca dor. Todo o seu corpo doía e pela emanação de seu próprio chakra sabia que um bom estrago tinha sido feito. Por sorte, em um auto exame rápido, sabia que não teria qualquer tipo de sequela permanente, e se culpou por não ter sido mais cuidadosa quando planejou sair voando por ai.

.

Passou a analisar o lugar onde ser encontrava. Era escuro e a pouca luz que penetrava no lugar provinha de uma pequena fogueira, enchendo o lugar de sombras assustadoras. E como está frio, pensou, mesmo estando deitada em frente a uma fogueia com um mando negro sobre si...

Sakura estancou. Ela simplesmente não podia ou não sabia como reagir. Seu corpo que antes reclamava do frio e da dor, agora ficou quente com a descarga de adrenalina. O fato de estar dentro de uma caverna, coberta e aquecida (mesmo que não o suficiente), só podia significar que ele tinha feito isso. E conhecendo Sasuke como somente ela poderia, aquilo significava muito. Por Kami, não fazia nenhum sentido, ela pensou. De todo uma enxurrada de pensamentos e alternativas e conjecturas, sua primeira reação foi cheirar o manto que a cobria. Tinha um cheiro suave de sândalo que surpreendentemente a acalmou, como se todo o resto pudesse esperar.

–Ai... – exclamou ao tentar se levantar.

–Hn. – Sasuke virou os olhos para ela como se fosse óbvio o fato de que não deveria tentar se levantar.

Não se surpreendendo com a suposta frieza de Sasuke, Sakura se recostou numa pedra para avaliar seu estado. Uma costela e dois dedos quebrados, um profundo corte na coxa direita e vários arranhões que ardiam por todo o corpo. Sua cabeça doía como o inferno e concluiu, grata, que poderia ser muito pior considerando a sua queda.

Mas o mais intrigante de todas as coisas que aconteceram nesse curto espaço de tempo (além do manto sobre seu corpo) foi o curativo feito em sua perna. Isso não significava que ele apenas tinha feito o curativo. Isso significava que Uchiha Sasuke tinha, deliberadamente, tirado sua saia, levantado seu short, limpado seu ferimento e feito um curativo e se preocupado com o frio que ela poderia passar. Isso tudo logo depois de te-la defendido de Zetsu e a carregado inconsciente para dentro dessa caverna.

Sakura não se lembrava como respirar. Assim que se deu conta da sequência de fatos intrigantes, seu olhar encontrou o dele e era como se um verão escaldante tivesse acabado de começar em pleno inverno.