Ali estava ele, em frente à sepultura fria e cinzenta. Sabia que o irmão odiaria, sendo como era. Ajoelhou-se e colocou as flores. Neville havia criado em homenagem a Fred, batizando-a com seu nome. Quando relada, a flor liberava uma substância parecida com as contidas nos Logros Weasley que infiltrava na pele, causando reações estranhas. Tinham certeza que Fred teria achado hilário.

_ Oi Fred. – cumprimentou Rony, sentindo-se idiota por falar com a lápide. Mas era o mais próximo que poderia chegar do irmão – Hoje é um dia especial sabia? Hoje é o dia em que... Em que... – engasgou-se com as lágrimas – Em que eu e a Hermione vamos nos casar. É, nós vamos finalmente nos amarrar. E eu queria muito você ali, do lado do Harry, como meu padrinho e...

Não conseguiu terminar, pois o choro ficou muito forte. Encostou a testa na lapide, deixando suas lagrimas escorrerem, deixando rastros escuros na poeira.

~*~

Estava irritado, claro que estava. Aquela maldita sabe-tudo, metida, convencida, linda... Como ele gostaria de repugná-la como quando tinha onze anos, mas não: tinha de estar apaixonado por ela.

Andava sem rumo pelo castelo, resmungando pragas ao mundo e sem olhar o caminho, até que trombou com alguém.

_ Fred? – resmungou ele, quando viu o irmão ali sozinho – Cadê o Jorge?

_ Em algum canto com a Angelina. – resmungou o outro, esfregando o braço onde havia dado a topada – E você? Xingando quem?

_ Ninguém. – apressou-se em responder Rony, corando violentamente – Mas porque essa raiva? É por Jorge estar com alguém ou por estar com a Angelina?

_ Um poucos dos dois. – admitiu Fred derrotado, sentando-se no parapeito da janela.

_ Você gosta dela. – concluiu o ruivo mais novo e o mais velho revirou os olhos.

_ E você gosta da Hermione. – retrucou o mais velho.

_ Q-q-que? Eu? Gostar daquela sabe tudo irritante? – gargalhou nervosamente – Faça-me um favor Fred.

_ Tudo bem, se acalme. – riu o mais velho – Mas é, eu gosto da Angelina. Mas ela prefere o Jorge.

_ Como prefere? – resmungou Rony – Vocês são gêmeos idênticos. Ela pode estar pegando ele pensando ser você que nem ia notar. Eu mesmo às vezes não noto. Você é o Fred mesmo né?

_ Claro que sim cabeção. – riu o mais velho – Mas acho que você está certo. Pode ser que ela pense que sou eu ali.

_ Acho que você deveria conversar com Jorge. – incentivou Rony dando de ombros – As coisas podem se ajeitar.

_ E eu acho que você deveria conversar com a Hermione sobre seu chilique no Baile de Inverno. – apontou Fred, levantando-se, enquanto o irmão corava.

_ Eu não dei chilique nenhum, porque eu não... Quer dizer... – começou o ruivo, mas o irmão já seguia pelo corredor – Fred. – chamou de repente, quando ele já virava a esquina – Eu gosto dela sim... Eu gosto da Hermione.

_ Eu sei Roniquinho. Sempre soube! – comemorou o mais velho, sumindo das vistas do mais novo, deixando-o com um sorriso.

~*~

Ali estava ele, casado. Hermione estava linda em seu vestido branco, digno de uma princesa de contos de fadas, o que ela de fato era para ele. Estavam tendo sua primeira dança e todos os olhavam sorridentes e emocionados. Rony avistou o grupo de cabeças ruivas a um canto e sorriu, abraçando a esposa.

_ Você sabia que, o único irmão para quem eu contei que eu gostava de você, foi o Fred? Logo depois do baile de inverno no 4º ano? – sussurrou ele no ouvido da esposa, sentindo-a apertá-lo mais contra si.

_ Não... – sussurrou ela com a voz embargada.

_ Ele foi o único para quem eu contei. E é o único da família que não nos viu juntos. – respondeu ele, as lágrimas queimando seu rosto.

_ Ele viu Rony, eu tenho certeza que viu. – garantiu ela, beijando-o – Seja onde ele estiver, ele está muito feliz por nós dois e muito orgulhoso de você.

E ele estava. Rony sabia que estava. Porque quando fechava os olhos e se concentrava no vento, podia ouvi-lo trazer “Bom trabalho Roniquinho!”.