“And everything you do... Yeah, it was all yellow...”

Agora lá estava ele, a cabeça doendo, o coração a mil e as mãos machucadas por estarem revirando os escombros. Ele sabia que se não a encontrasse acabaria se perdendo de vez. Para sempre.

Foi então que Draco viu a luz amarela. Ele entendeu na hora que se tratava de um luminus muito mal feito, mas que era um sinal. Seu sinal. Com a forca renovada pela esperança ele se aproximou do lugar de onde a pequena luz vinha e cavou e cavou, usando tudo o que tinha. E quando, depois de remover uma das pedras, Draco viu o rosto bonito manchado de sangue, mas mesmo assim estampando um sorriso ele chorou. De tristeza, de raiva, Draco chorou porque podia chorar com ela. Ele terminou de tirar as pedras que a cobriam só para ver, com horror, que suas pernas haviam ficado num ângulo horrível e provavelmente – pela expressão de Hermione – terrivelmente doloroso.

Murmurou todos os feitiços de cura que conhecia, tentando fazer com que ela ficasse bem o suficiente para que ele aparecer em São Mungus com ela.

- Eu vou te tirar daqui. – ele prometeu, entre feitiços – Você vai ficar bem Hermione.

Ela tossiu, exibindo uma careta de dor e respirou fundo, se preparando para falar.

- Não vou. Eu estou morrendo, Draco.

- Não, não, não...

- Por favor... – a mão que segurava a varinha tocou o braço marcado e ele a encarou – Só conversa comigo. Para que eu possa me distrair. – pediu – Eu estive tão preocupada com você.

- Eu estou bem. – ele prometeu, apertando a mão que ela oferecia –E você vai ficar também, eu só preciso colocar sua perna no lugar antes de podermos aparatar.

- Não tem mais perna, Draco. Bellatriz usou aquele feitiço que destrói os ossos. Se formos aparatar você vai precisar voltar para pegar os meus pedacinhos. – ele a encarou, horrorizado e ela sorriu, feliz por tê-lo chocado – E a razão pela qual ela invocou o fogo é porque sabia que eu não poderia correr. - ela tossiu outra vez e a careta de dor se intensificou, mas Hermione voltou a falar - Acho que ela não esperava que o efeito fosse esse.

Draco também não e ele não aceitava que o fim fosse aquele. Quando haviam dito adeus, muitos meses atrás ele acreditara que nunca mais a veria, mas eles estavam juntos agora e ele queria acreditar que teriam uma chance. Era tudo o que precisavam. Ele faria as coisas certas dessa vez, tomaria as próprias decisões. Escolheria Hermione.

Ela percebeu seu desespero porque se esforcou em sorrir, antes de continuar:

- Está bem, eu estava cansada. Eu estou muito cansada. – ela fechou os olhos, como se mantê-los abertos por muito tempo lhe causasse dor. Quando os abriu, fitou o céu estrelado. – É uma noite muito bonita. – comentou – Olhe as estrelas.

Draco o fez, ignorando o fato de que todo seu corpo tremia só porque se ela parecia tranquila, ele não tinha o direito de estar nervoso. Ele não tinha direito de sentir coisa alguma.

- Elas estão brilhando para você, Hermione. Só pra você. – sussurrou, beijando-lhe a mão.

Ela sorriu e o encarou com carinho.