“Londres, 26 de Agosto.

Olá Diário,

                Aqui estou a escrever novamente.

                Hoje estou em meu apartamento, escrevo no mesmo horário que fiz isso ontem. Talvez eu esteja desenvolvendo aquele problema trouxa. Seria Transtorno Obsessivo Compulsivo? Não importa. Ontem eu saí e me forcei a reparar as pessoas que estavam ali. Vi uma menina loira de cara emburrada por ter que ir embora do parque. Devo dizer que isso me lembrou algo, o que foi um pouco irônico. Vi uma garota de cabelos castanhos – que coincidência da vida – lendo. Ela parecia tão entretida com o que estava fazendo que não percebeu quando uma criança se sentou ao seu lado para ajeitar o pequeno vestido, ou quando uma borboleta pousou em seu ombro e foi embora logo depois. Só levantou a cabeça quando olhou no relógio, e se deu conta que perdeu a tarde toda ali. Talvez ela tenha sido tola em perder a tarde inteira lendo um livro. Mas, do mesmo jeito, está em uma situação melhor do que a minha, que perdi a minha tarde inteira olhando uma garota de cabelos castanhos lendo um livro.

                O que eu tenho a dizer? Hoje, vou ter que sair novamente, porque não sei cozinhar nada, e esses programas culinários trouxas são simplesmente uma droga. Não ensinam nada! Mas, pelo menos, terei novamente a chance de ir naquele parque, e observar aquela menina lendo. Talvez eu tome coragem e vá falar com ela. Ou talvez eu me aproxime um pouco, e descubra algo além da cor de seus cabelos. Talvez eu descubra a cor de seus olhos, ou o nome do livro que ela está lendo. E, por alguma obra do destino, talvez eu descubra seu nome.

                Eu ri comigo mesmo. Meus pensamentos direcionados em algo tão banal como uma menina que gosta de ler. Em pensar, que em menos de uma semana eu estava preocupado em me manter vivo. Acho que gosto de como a minha vida está agora. Consigo até simpatizar com os trouxas agora. Finalmente sinto essa calmaria que eles sentem, e devo dizer que a sensação é boa.

                É agora. Eu estou sentindo meu estômago reclamar pela falta de comida. E é agora que estou indo, para o desconhecido conhecido que me encanta – que irônico! Novamente, estou com a chave em minhas mãos, escrevendo nesse caderno. Sinto-me tão novo. Tão diferente. E em pensar que dentro de cinco dias estou indo para Hogwarts. É melhor eu ir. Até mais.

Draco Malfoy.”