Undertaker [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 5
Gabe


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu, voltando dos meus dias de molho.... (^-^)/
Ma sério gente, eu tentei escrever antes, mas o meu World tá bugando e perdi este cap, tipo, três vezes! Aí me irritei e escrevi aqui direto.... (ò.ó)'
Já aviso, titio Keane não dará as caras nesse cap ok?



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Ninguém sabia o que aconteceu; era um fato que ela estava dormindo e sob observação constante – não havia indícios de agressão ou similares, era como se a mão tivesse ficado naquele estado sozinha.

A partir daí, embora a lógica dissesse o contrário, ela recusava com todas as suas forças dormir sob o efeito de drogas, mesmo que todos insistissem que o remédio em si não era capaz de fazer um dano daquele porte. Ela sabia bem o que tinha causado aquilo e não daria uma nova chance ao azar.

O lado bom é que seus nervos estavam preservados, o ferimento, apesar de bem feio, cicatrizava numa velocidade incrível e ela havia recebido permissão para dar leves caminhadas, o que na prática queria dizer que ela podia ficar no quarto de Vlad falando com ele.

Depois de uma crise de ciúmes inicial muito bem disfarçada – Becky não estava exagerando, as enfermeiras o paparicam descaradamente – ela se instalou lá e tratava de tocar qualquer mulher de uniforme que ficasse mais de três minutos ali.

-Sabe, eu estava me dando muito melhor antes de você poder sair por aí. – retrucou ele pela terceira vez desde que ela entrara no quarto; o garoto passava o tempo todo meio sentado meio deitado, suas escoriações se concentravam nos braços e nas costas, sobretudo no lado esquerdo, onde a terceira e a quarta costelas haviam partido.

-Ok, eu vou embora e deixar elas te darem um banho de esponja em paz. – respondeu ela mal humorada; não era nem um pouco legal saber que enquanto a menina era atacada em seus sonhos e morria de preocupação por ele, o mesmo recebia visitas de atiradas a cada dois minutos.

-Acha que se eu pedir um banho de esponja elas me dão? – a menina suspirou e tocou de leve as feridas no lábio inferior dele com um semblante triste; se ele não raspasse a cabeça num moicano e deixasse o resto na altura dos ombros poderia ser modelo. Afinal, tinha um rosto lindo – Isso aí vai sarar sabia Texugo? Quero saber é como você está.

Ela o fitou irritada; desde que tinham oito anos ele a chamava pelo apelido idiota quando queria ser ‘carinhoso’: em uma ida ao zoológico, eles foram ver os filhotes e todos os texugos inexplicavelmente se afeiçoaram a ela – isso somado as olheiras que ela tem desde que se lembra mesmo que durma bem e ao fato de perto dele ela sempre ficar uma nanica foram suficientes para ele lhe colocar essa alcunha.

-Estou é cansada, vou pro meu quarto. – ela levantou da beirada da cama dele, mas o garoto a deteve pelo braço.

-Não vai, não. – ela sentiu um aperto no peito; por mais que ele a sacaneasse, não tinha mais nada para fazer ali, tudo por culpa dela. Derrotada e com culpa, se jogou de volta no lugar onde estava antes. Vlad sorriu.

-Está bem, vou ficar até você dormir.

-Está mesmo cansada? – ela meneou a cabeça, não era mentira.

-Tudo bem. – ele começou a se agitar na cama, soltando leves gemidos de dor ao fazê-lo; rapidamente Raven segurou seu braço e tentou impedi-lo.

-O que pensa que está fazendo? – mesmo ferido a diferença de força era óbvia e ele continuou se movendo.

-Pronto. – disse ele e puxou as cobertas bruscamente, revelando um espaço livre no seu lado direito – Chega mais. – a menina deu um sorriso amarelo.

-Ahã claro, e a enfermeiras nem vão me enxotar daqui.

-Vão nada – insistiu ele – e anda logo que estou com uma camisola ridícula de hospital, logo estou pegando friagem nas pernas.

-Aff seu fresco – disse ela, embora se ajeitasse ao seu lado – estou usando a mesma camisola ridícula caso não tenha notado.

-Na verdade não – disse ele, assim que ela encostou a cabeça no travesseiro – acho que fiquei preso pelos seus olhos ou o seu sorriso. – ela o fitou surpresa enquanto o garoto passava o braço por baixo dela e a trazia mais próxima de si – Ou talvez tenham sido apenas esses machucados horrendos adornando eles mesmo.

Ela fechou a cara e deu um soco nele; no mesmo instante ele arfou e fez uma careta de dor impressionante.

-Desculpa! – murmurou ela desesperada.

-Só vamos dormir enquanto ainda olho pra sua cara. – respondeu ele com um fio de voz.

...

-Sabe, gosto mais de você naquele quarto lá.

-Não vai me deixar dormir em paz nunca? – perguntou ela irritada, houve uma pausa na qual a outra a fitou de forma curiosa.

-Vou sim, no sono eterno.

-Há há. – estava farta das piadinhas mórbidas da menor.

-Não adianta ter essa atitude querida, a morte sempre vai estar em você.

-Durante meu sono eterno? – perguntou ela com sarcasmo.

-Quem garante que ele não começou?

-Estou só dormindo.

-Mas vai acordar? – Raven entrou em pânico.

-É, vou acordar. – respondeu, tentando passar mais coragem que a de fato tinha.

-Realmente, você vai – disse a outra e ela teve que conter um suspiro de alívio – mas isso não significa que minha diversão vai acabar.

A garota sumiu e tudo ficou escuro; a percepção das coisas a sua volta imediatamente voltou, assim como suas dores e a presença quente e reconfortante do corpo de seu amigo junto ao seu. Mas ela também ouvia risinhos nervosos e isso só poderia ser um mal sinal.

-Quer parar de me atormentar? Desse jeito vai acordar ela. – a voz de Vlad saiu clara de poucos centímetros dos ouvidos da menina.

-Aliás, não faço ideia de como ela ainda não despertou com a zona de vocês – ela se surpreendeu ao ouvir a voz de Becky.

-Zona? Ele traiu minha confiança, achei que era meu amigo! – ela sentiu um calafrio com a voz de Gabe; agora sim não iria acordar de fato.

- Cai na real moleque! Como você vem falar em traição, sendo que ela não tem absolutamente nada com você?

-E o que ela tem com ele, hein??

-Aff... eles são amigos a eras, melhores amigos, quem liga se eles dormem juntos, tomam banho juntos, saem pra jantar ou andam por aí abraçados ??! Qualquer ser com meio neurônio sabe que ele significa mais pra ela que você. - Becky estava no mínimo impaciente.

-Mas nós fomos feitos um pro outro!

-Ah, ela quer mais que você exploda!

-ELA ME AMA!

-Vocês vão acorda-la. - disse Susan, num sussurro calmo e racional; um péssimo sinal. No geral alegre e fútil, quando a baixinha começava a ficar calam, era porque estava com raiva e ninguém em sã consciência gostava de encara-la nesse estado.

-Só no seu mundo de sonhos. - vociferou a morena, ignorando o aviso da outra completamente.

-Ora sua...

-Cara ela não quer você, aceite antes que eu também perca a paciência! - era a voz de Jared, outro amigo de infância de Raven, Vlad e Gabe; como consistia basicamente em uma versão ruiva dos gêmeos do Tokio Hotel, fazia um sucesso desgraçado, mas era um canalha.

-Já viram ela com outro cara alguma vez?

-Só porque você não viu, não quer dizer que não existam - replicou Vlad - porque eles estão por aí cara, numa quantidade considerável. - ela não gostou muito desse acréscimo.

Um silêncio desagradável se seguiu, no qual ela tinha certeza de que todos observavam a expressão de choque ou raiva do menino com uma pontinha de pena; por mais que não fosse exatamente fã de ferir os sentimentos alheios, Raven era obrigada a pensar em si mesma, pois logo todos começariam a encarar Gabe e depois, ela - com uma paradinha em Vlad, que deve estar com um sorriso cínico, achando tudo bem engraçado - naturalmente conjecturando as chances dos dois darem certo. Com a pressão e o constrangimento, ela tinha que usar de todas as forças para permanecer 'dormindo' e rezar pra que não estivesse corada ou com algum sinal involuntário de nervosismo - porque naturalmente, a menina estava contendo uma crise de riso.

-Esse lance - disse Gabe hesitante - de vocês tomarem banho juntos... é verdade? - todos suspiraram, no limite da tolerância com ele.

-A cara, é né, quando se é criança não tem essas frescuras.

-Frescuras? - o outro parecia alterado.

-Malícias. - corrigiu Vlad de modo apressado.

-Vão acorda-la. - lembrou Susan, agora definitivamente calma, ou seja, muito brava.

-E quando foi a última vez? - insistiu ele.

-Vou lá lembrar??! - pelo menos ele sabia os momentos de usar seu bom-senso, pois esse 'vou lá lembrar?' correspondia as últimas férias de verão que tiveram, quando passaram uns dias na casa de praia da tia do menino. Informação demais para o já surtado Gabe.

-Querem que ela acorde não é? - disse a loira, passando de calma para irônica; Raven se segurava para não se encolher de apreensão.

-Eu quero que ela enxergue a verdade: fomos feitos um para o outro e não sairei daqui até que ela acorde, fale comigo e compreenda isso!

-Ah, cala a sua maldita boca! - chiou Becky.

-ELA NÃO GOSTA DE VOCÊ! ELA TE DESPREZA E SENTE PENA! AGORA OU VOCÊS DEIXAM MINHA AMIGA SE RECUPERAR DE UM ATROPELAMENTO EM PAZ, OU VOU FAZER VOCÊS PERDEREM A VONTADE DE DISCUTIR PARA IREM PROCURAR ANALGÉSICOS! JÁ CHEGA REBECCA, SUA MARRENTA E GABE, SEU STALKER NOJENTO E SEM SEMANCOL!

Agora sim todos estavam quietos e Raven sabia que dali a alguns instantes uma enfermeira muito nervosa surgiria - ou talvez não, ela não tinha ideia de até onde os privilégios de Vlad iam.

A verdade é que ela tinha um certo medo de Gabe e sem dúvidas uma aversão extrema pelo grude obsessivo dele. Lembrando de quantas vezes deixou de ir encontrar os moleques porque ele estaria junto, as doenças que inventou, as vez que saiu da casa de Vlad pela saída dos fundo pra não topar com o menino ou quando fez as meninas desistirem de ir ver um filme porque viu que ele estava na fila pra entrar na mesma seção - teve que pagar os ingressos perdidos delas, foi um golpe duplo - era obrigada a admitir que ele era um problema na sua vida e que já tinha passado dos níveis do assédio; mas ela sempre empurrava as dificuldades e adiava o dia de enfrenta-las. Como Keane, por exemplo: sua vida estaria bem mais tranquila se simplesmente tivesse perguntado ao garoto o que diabos ele fazia diariamente no cemitério ao invés de segui-lo feito uma idiota. Mas mesmo assim, saber que devia agir e mandar Gabe deixa-la em paz era muito mais fácil do que fazê-lo, porque por bem ou mal, já gostou dele e até mesmo já foram amigos, antes de ele encasquetar de que deviam ficar juntos.

-Que covardezinha você é hein? - a voz infantil tão temida, seguida de uma risada má a fez conter as lágrimas. Estava congelada de medo.

-Gente, o quê está rolando aqui? – disse a vos de seu irmão, adentrando no quarto.

-Hey John. - Vlad tentou soar bem humorado e cínico como sempre, mas não deu muito certo.

-Ok, algo de fato ocorreu aqui. - disse o mais velho, com um tom compreensivo, daqueles que os pais ou orientadores pedagógicos usam pra nos induzir a contar a verdade.

-É só o infeliz aqui com o amor platônico pela sua irmã. - caçoou Becky, já se recuperando do ataque de Susan, pelo tempo de convivência maior.

-Não é platônico. - resmungou ele em resposta.

-Então rolou uma discussão hein? - como ninguém respondeu, ela supôs que acenaram com a cabeça - E essa idiota ficou aí quietinha na surdina, vendo o circo pegar fogo?

-Ela está... dormindo? - disse Susan, mas sem um pingo de certeza, pelo contrário.

-Querem mesmo discutir quem interpreta a linguagem corporal dela melhor? - agora sim, seu irmão pegou pesado.

-Desde quando está acordada? - a voz de Vlad, polida e carregada de cinismo, atingiu seus ouvidos como um golpe. Não havia mais o que fazer.

-"Quer parar de me atormentar? Desse jeito vai acordar ela." - vários risinhos nervosos, mesclados a chiados e suspiros encheram a sala por uns instantes, para logo em seguida dar lugar ao silêncio.

-Pode abrir os olhos, sua vaca? - Becky não soava irritada e Raven sabia que ela estava dando um daqueles sorrisos de orgulho, que só surgiam quando ela fazia algo completamente imoral.

-Ok, estou acordada, satisfeitos? - focando nos fios loiros do amigo, ela ignorou a todos.

-Raven, você me despreza? Quer que eu me exploda? - era a hora da verdade, mas ela não podia simplesmente dizer que sim, daria uma desculpa qualquer.

-C-O-V-A-R-D-E-Z-I-N-H-A. - aquilo a tirou do sério, dando a 'coragem' que lhe faltava.

-Você não precisava da ajuda deles pra perceber isso. - replicou de modo maldoso, e o menino se retirou do quarto de modo brusco.

-É tarde demais Raven bebê - disse a voz da menina, cujo corpo a garota não se sentia inclinada a buscar pelo cômodo - ele já entregou seu coração a você, então traçou o próprio destino.

Mantendo os olhos fixos nas mechas longas e descoloridas, ela fingiu que não ligava para o que a outra dizia, embora seu corpo estivesse gelado e em pânico; um barulho sinistro e ensurdecedor se ouviu, seguido de algo que lembrava uma explosão e tremores assustadores no prédio. Logo em seguida, o andar se encheu de gritos histéricos.

-O que aconteceu??! - ouviu-se uma voz em pânico no corredor.

-O elevador - respondeu outra chorosa - ele, ele... despencou.

-Por Deus! Havia alguém dentro???!

-Um garoto de preto - disse outra voz - que acabou de sair daquele quarto.

Enquanto todos se encaravam, tomados pelo mais completo horror, ela podia ouvir com perfeição a risadinha forçada e maldosa da monstruosa garotinha.

-Eu disse, não disse Raven? Eu disse que iria continuar me divertindo.


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Notas finais do capítulo

Hohohohoho, a primeira de muitas! *momento spoiler*
Achei que ficou uma caca em relação ao que queria fazer antes, mas pelo menos ficou grandinho.... gostaram?
Becitos! (*--*)/



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