Undertaker [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 36
Visual de Trégua


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Inicialmente era para eu postar esse cap semana passada, mas uma amiga minha dos tempos do colegial veio pra cá! Como ela mudou pra fazer faculdade no Sul eu não a via há anos.... foi super legal, parecia que a gente não conversava há uma semana e não há tanto tempo. Ela já foi embora, mas esses dias valeram muito!

É meio complicado que quando você se forma descobre quem realmente era seu amigo mesmo sabe? E muitas vezes as pessoas entram na facul e mudam pra caramba, então foi realmente bom ver que ainda somos mais bem mais que "amigos" que se falam pelo Face vez ou outra. :D

Já andava super feliz com a quantidade de leitoras novas, mesmo a história tendo bastante caps e vieram me parabenizar por ter passado 40 favs ontem. Gente muito obrigada, vocês são incríveis!!

Queria desejar as boas vindas e tudo de bom a Slipcom, a lhuying, a Julinha Cahill Herondale e a Rebeca W Bonasera! Espero que se divirtam com essa história! E todos os leitores agradeçam essas garotas incríveis e seus reviews viu, porque me deixaram tão feliz que na hora de revisar o cap acrescentei coisas que tinha cortado e ficou com mais de 3mil palavras!


Sem mais delongas, boa leitura a todos!



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Raven acordou e se espreguiçou. Mesmo ainda sendo quinta-feira, ela se sentia leve como se tivesse acabado de voltar de um fim de semana particularmente revigorante.

Olhando no relógio, viu que faltava meia-hora para o despertador tocar, algo praticamente inédito, porém bem-vindo; nada como começar um dia com um bom banho quente, ainda mais quando ela sabia que seria alvo de olhares, mais do que o normal.

Deixou a água correr pelo corpo livre de ferimentos, se surpreendendo ao ver que ainda tinha resquícios de excesso de tinta para sair e escorrer ralo abaixo. Sorriu ao se perguntar o que todos aqueles que a conheciam diriam da mudança – até então a mesma só tinha visto pontos positivos.

Já seca e vestida, ela parou defronte o espelho: o cabelo curto a fazia parecer menos baixa e o tom atual a deixava um pouco mais velha, quase como alguém de sua idade – se antes sua raiz era lisa e ondulava nas pontas, agora seu rosto estava praticamente emoldurado por cachos que deixavam sua face mais fina, bem como o nova cor deixava o castanho de seus olhos mais escuro e profundo.

Resumindo: qualquer um que a visse poderia dizer que ela era parecida com Ravena, mas provavelmente não afirmaria que eram iguais.

Olhou o celular com ansiedade; Keane chegaria a qualquer momento e ela fazia questão de não descer para comer apenas para faze-lo parar em algum lugar. Queria ter o máximo de tempo para observar suas reações.

Que tal maximizar essas reações?

Ela se retesou ao reconhecer a voz; com o coração acelerado, olhou pelo reflexo o banheiro procurando sua origem sem acreditar que aquilo estava acontecendo – afinal, já fazia uma semana e até então nada além de um sonho...

Estou dentro de você, pivetinha Castle.

Raven tentou se mover em vão, seu corpo se recusava a responder e nem mesmo seus lábios se mexiam quando queria. Isso só significava uma coisa.

Impotente, ela observou pelo seu reflexo enquanto se movia sozinha; fuçando gavetas até juntar uma série de maquiagens que ela tacava espalhadas pelo cômodo. Nunca fora uma garota que fizesse questão de se maquiar, sua cara de bebê não tinha manchas, dificilmente tinha olheiras e não era como Susan que precisava de pó bronzeador e blush para suavizar um pouco o fato de ser branca como cera.

Ela amava maquiar os outros, pelo simples fato de a pele ser tão convidativa quanto uma folha em branco; mesmo não desenhando bem como Vlad, ela ainda relaxava e se divertia com um pincel ou lápis nas mãos.

Mas como a boa parte das garotas de sua idade, ela tinha o básico - a maioria presente da mãe ou amigas, sobretudo Samantha – que usava quando ia sair à noite e se lembrava delas na gaveta ou tinha uma ocasião mais especial, como casamentos ou reuniões de família, nas quais era obrigada.

Porém para Ramona Foster, era claro que aquele era um item muito mais que necessário.

Movendo-se rapidamente e com uma precisão impressionante, ela teve um pequeno vislumbre do que a antiga inimizade provavelmente fazia todas as manhãs antes de morrer.

Em questão de minutos, ela tinha o rosto completamente transformado; não havia grandes manchas de cores ou sombras exageradas, apenas com pequenos toques em tons terrosos ela tinha deixado a garota pelo menos uns quatro ou cinco anos mais velha. Suas maçãs do rosto estavam ligeiramente mais marcadas, o nariz mais fino, os olhos mais misteriosos.

Nunca pensou que usaria aquele adjetivo para si mesma, mas naquele momento Raven só conseguia pensar no como tinha ficado linda.

–Vamos ver como ele reage a isso. – riu-se Ramona, antes de se materializar atrás de si.

Foster usava sapatos de salto com glitter preto, bem como uma calça jeans justa da mesma cor e uma jaqueta de couro. Forçando a memória, ela não conseguia se lembrar de tê-la visto sem as muitas pulseiras, roupas em tons de azul, verde ou qualquer outra coisa que fizesse seus olhos cor de mel brilharem.

Agora ela usava aquele conjunto mais simples e escuro, bem como prendia seu longo cabelo negro num rabo de cavalo básico, mas a outra achava que dificilmente a havia visto tão bonita, com nada além dos cílios marcados e dos olhos amendoados se destacando na face.

–E você está me ajudando por...? – quis saber, mais desconfiada do que agradecida pela ajuda extra.

–Vamos dizer que esse é um gesto de trégua. – explicou a morena, enrolando a ponta dos cabelos entre os dedos – Não dá pra ficar desprezando uma pessoa quando se está grudada nela, seria no mínimo desgastante garota; mas o resto é com você, não seja a negação absurda que eu acho que é. – disse, antes de sumir.

–Era para eu ficar grata? – chiou pro nada.

–Bom, você pelo menos tem que admitir que ela deixou você bem mais pegável. – murmurou Gabe do quarto. – ela colocou a cabeça para fora apenas para encarar feio o garoto jogado em sua cama; as mudanças nele continuavam se intensificando, pois não só as espinhas tinham sumido como ele não parecia mais um desengonçado.

Não era exatamente bonito, mas sem dúvidas era uma versão melhor.

A menininha sem dúvidas mudava e até Churchil parecia mais saudável cada vez que surgia; a menina fez uma nota mental de que precisava se lembrar de comentar isso com Jansen na próxima semana.

–Querida, Keane está aqui! – gritou sua mãe do andar de baixo.

Ela teve uma pequena pausa para se perguntar o que a mulher ainda estava fazendo em casa até ter um estalo que a fez ficar com as bochechas coradas; Julia sem dúvidas estava ali só pra espiar a reação do garoto.

Bufou enquanto pegava a bolsa e descia – sua mãe podia ser uma doutora admirada e inteligente, mas se comportava como ninguém como uma menina de treze anos quando lhe convinha.

Conforme chegava mais perto do hall, se sentia cada vez mais nervosa; e se ele no fim das contas olhasse para ela e visse Ravena? Se ele desde o início nunca tivesse procurado ou se interessado por Raven?

Seria bem mais simples encarar a questão se ela ao menos soubesse ao certo qual era a ligação entre as duas; era ingênuo demais achar que não havia algo a mais além da aparência, não quando viu e ouviu pessoalmente aquela coisa em forma de cão dizendo que a observava bem de perto havia anos.

Ela não queria pensar que o cara pelo qual andara suspirando e sonhando por todo o colegial estava sendo legal com ela só porque lembrava uma garota, era reencarnação de outra ou qualquer coisa do gênero; isso seria humilhante demais, terrível demais e ela já tinha uma boa dose de coisas amargas naquele ano para sequer imaginar um golpe como aquele.

Mas ela contava com o fato de que ele, de uma forma totalmente bizarra, obsessiva e invasiva, ele ia ver a garota dormindo sempre que saia do cemitério no meio da madrugada.

Se tivesse odiado, não estaria ali agora. Ou pelo menos é o que ela achava.

–Acho que agora seria uma péssima hora pra dizer que ele não vem sempre e não estava aqui ontem não é? – ela travou na escadaria e fitou Churchil, que deu um aceno de incentivo e sorriu antes de sumir.

Diferente do que imaginava, ele não estava esperando-a na entrada como todos os dias – xingando baixinho, se deu conta de que sua mãe devia tê-lo arrastado para a cozinha, sem dúvidas com a intenção de ver o que acontecia de camarote.

Raven não podia deixar de se perguntar: se ela soubesse como a filha está nervosa, quase arrependida, será que seria tão entrona dessa forma?

E lá estava ele, sentado casualmente a mesa bebendo café. No momento ria de alguma coisa que Julia havia dito; um riso leve e sem reservas que a menina podia ficar observando de canto a vida toda, porém sua mãe a viu e deu um sorrisinho cheio de intenções.

–A querida, porque a demora? Sei que quer estrear o visual em grande estilo, mas nem comeu ainda.

Se ela queria chamar a atenção dele de uma forma dramática, conseguiu. Com uma expressão de surpresa tão autêntica que a convenceu de que ele não havia visto a novidade, Keane se levantou e foi até ela, fazendo um alarme interno dela disparar enlouquecido.

Depois de olhar seu rosto por alguns instantes, ele tocou as pontas de seus cabelos, exatamente como ela mesma havia feito ontem, e disse:

–Você ficou linda. – não tinha nada de forçado no seu tom de voz e seu olhar era inegavelmente carinhoso. Raven sorriu em resposta, com borboletas no estômago.

Em algum ponto do cômodo, sua mãe conteve um gritinho animado, fazendo-a despertar para a situação altamente constrangedora.

–Podemos pegar algo no caminho, vamos nos atrasar. – disse, querendo sair dali mais que tudo.

–Não seja boba, é um desperdício de dinheiro, podem comer aqui rapidinho. – disse a mulher com aquele tom meloso e insistente que só as mães sabem usar. No geral Raven teria cedido para evitar se desgastar, mas não naquele momento.

–Não mãe, se eu “comer rapidinho” vou ficar com dor de estômago e não posso ficar passando mal todo dia, tenho que cuidar do meu rendimento. Tchau. – sem dizer mais nada, ela pegou o garoto pelo braço e praticamente o arrastou para saída.

Ouviu um risinho baixo vindo dele, mas resolver ignorar; a vantagem de ser tão baixa que teria de ficar na ponta dos pés para encostar a cabeça em seu peito, era poder simplesmente não encara-lo diretamente nos olhos se não quisesse.

–Tchau para vocês dois. – disse Julia, vindo logo atrás, claramente se divertindo as custas da vergonha da filha.

–Tchau senhora Castle. – disse Keane, esticando o pescoço para trás para olha-la enquanto falava.

–Já disse querido, me chame de Julia. – disse ela num tom agradável.

–É mãe, bom trabalho, tchau. – murmurou Raven, virando-se pra encara-la e lançando um olhar bem feio enquanto fechava a porta.

–Me perdoe se soar intrometido, mas você e sua mãe brigaram? – perguntou ele; estava sem dúvidas contendo um sorriso enquanto discretamente arrumava a manga da jaqueta.

–Não está tudo bem, agora só vamos focar em não nos atrasarmos. – disse ela e caiu na besteira de olha-lo quando falou; o garoto estava com os olhos azuis em brasas.

Fitando seus pés envergonhada, ela entrou no carro se perguntando se não teria sido uma boa ideia no fim das contas ficar com uma terceira pessoa no ambiente.

–Então, não ficou com dó de cortar? – perguntou ele casualmente enquanto dava partida.

–Nem um pouco. – respondeu, tentando soar o mais firme possível – Eu realmente acho que estava na hora de fazer as coisas que tenho vontade... de ser mais eu.

–Ser mais você?

–Sim, sinto como se ultimamente fosse apenas um reflexo dos outros, alguém moldado para ser o que as pessoas querem ver. – murmurou, brincando com a alça da bolsa para espantar o nervosismo - De agora em diante, vão ter que me engolir. – acrescentou para logo em seguida ficar em silêncio, temendo ter soado muito grossa ou pior, muito óbvia.

–Bom, eu gostei dessa Raven. – respondeu Keane delicadeza – Gostei bastante.

O resto da viagem se passou tranquilo, com eles conversando sobre as mesmas amenidades de sempre. Eles pararam em um lugar com ótimos bagles que vão as vezes e ela foi elogiada pelas atendentes, o que a fez se sentir mais confiante e meio boba ao mesmo tempo.

Quando ele estacionou no colégio, ela voltou a se sentir nervosa. Considerava muita idiotice se sentir tão ansiosa pelo que os outros vão achar de sua aparência, porém ela simplesmente não conseguia evitar. Respirou fundo antes de sair de carro e notou que Keane disfarçava o fato de estar observando-a.

As pessoas não eram exatamente discretas na hora de encarar ambos – já havia se tornado rotineiro eles chegarem e irem embora juntos todos os dias, de modo que pouca gente ainda se dava ao trabalho de olhar de canto. Agora, sempre tinha um engraçadinho para dizer “olha o casalzinho do momento” ou coisas do gênero, até mesmo gente que teoricamente devia estar mal pela morte de Ramona e não reparando na vida alheia.

Naquele dia em especial, os garotos babacas dos times de futebol e basquete mandavam pérolas como “mandou bem Morgenstern” ou “já trocou a Castle por essa gata?” enquanto os dois atravessavam o estacionamento apinhado de gente que ia enrolar até o último instante para entrar.

Felizmente ele não se dava ao trabalho de sequer olhar na direção deles e a garota também os ignorava segurando umas respostas malcriadas, de modo que eles apenas foram em direção a sala de História, a primeira aula que ela teria naquele dia; o garoto já tinha decorado todas as primeiras e últimas salas de seu horário, então sempre a levava e ia busca-la na hora de irem embora.

–Está irritado com aqueles babacas? – perguntou insegura, pois ele estava em total silêncio.

–O quê? Não, nem prestei atenção no que eles falavam para dizer a verdade; estava ocupado demais imaginando quais são as próximas novidades que você vai colocar pra fora e fazer o resto do mundo engolir. Estou ansioso por isso. – respondeu sorrindo e fazendo-a sorrir junto – Até mais tarde. – tocando na ponta de seus cachos mais uma vez e dando uma piscadela, ele se virou e foi para a própria sala.

Bem consciente de que todos ali observavam curiosos a cena na porta e que agora a fitavam, ela foi para seu lugar e sentou sem olhar ninguém, tendo um surto interno de felicidade.

Esse é o momento no qual você expressa sua gratidão.

Apesar do tom esnobe, Ramona estava certa; sem dúvidas ela tinha dado uma ajudinha extra e importante. Mas ainda não estava pronta para dizer “obrigada” para uma garota que tanto a atormentou – então no lugar disso pensou:

Trégua Foster?

Trégua pivetinha.... trégua.

E depois de dias se atormentando, com medo de como seria caso ela viesse a se tornar mais um de seus inquilinos indesejados, lá estava ela, estendendo a bandeira branca logo no primeiro dia em que aparecia – como sempre a associara a um ser fútil e venenoso, não parara pra pensar na possibilidade dela ser solícita como havia sido. Ela sorriu feliz pelos saldos positivos da manhã e se perguntando qual seria o próximo aliado improvável que ganharia.

O dia passou sem grandes incidentes, apenas com curiosos perguntando o motivo da mudança (Queria cortar desde o acidente, só não tive tempo... precisava de uma mudança, a cor foi bônus.), onde era o salão (Um lugar bem exclusivo onde você é atendida enquanto bebe chá e come biscoitos, eu até daria o endereço, mas eles não atendem muita gente.) e qual a cor da tintura (Não vi a caixinha, desculpem.); no fim do dia, Keane a esperava na porta da sala como sempre.

Antes de ir, deu um breve aceno para Becky e Susan, que a essa altura já tinham aprendido a respeitar o espaço de ambos – é claro que a loirinha fazia mil perguntas todo o intervalo e a morena apostava quanto tempo iria demorar até eles transarem morando um tão perto do outro, mas de certa forma o garoto se tonou a ponte que elas precisavam para começar a reatar a amizade naqueles dias.

–Como as duas reagiram ao seu cabelo? – perguntou ele enquanto saiam do estacionamento lotado de adolescentes cansados apesar de ser o começo da semana.

–Susan ficou horrorizada. – contou rindo – ela acha que trai todas as loiras e que só revoltadas sem causa escurecem o cabelo.

–Essa é uma opinião interessante. – murmurou ele.

–Você concorda??! – acusou chocada.

–Não Raven, mas entendo que é natural as pessoas pensarem coisas assim... você não tem tido um ano fácil.

–Não – concordou, relaxando no banco quando entendeu o ponto de vista dele – não estou mesmo. – ele sorriu e acariciou sua bochecha levemente. Ela sentiu a pele ficar quente onde ele encostou e torceu para não ter ficado corada.

–E Rebecca?

–Ela se importou mais com a maquiagem do que com o cabelo pra ser sincera. –comentou, chegando seu reflexo no retrovisor; apesar de meio desbotada ela estava quase tão impecável quanto Ramona a havia deixado pela manhã – Ficou resmungando que se eu tinha disposição para fazer isso agora, porque insistia em sair de cara lavada quando íamos para algum lugar de noite. – isso o fez rir.

A garota nunca tinha se dado conta até então, mas realmente amava o som da risada dele.

–Nunca entendi muito bem porque você é amiga delas; consigo imaginar as duas em uma balada, mas você eu imagino em casa a noite lendo.

A princípio ela ficou surpresa porque sair à noite realmente não era uma de suas atividades favoritas e pouca gente sabia disso; então se recordou das visitas na madrugada e deduziu que não era tão difícil assim ele saber sobre os hábitos noturnos dela.

–Eu realmente gosto de livros. – admitiu a contragosto – E você?

–Eu leio, mas não posso dizer que seja uma paixão. – respondeu, parando defronte a casa dela; Raven nunca cansava de se surpreender com o quão rápido ele dirigia – Mas hoje em especial fiquei pensando num livro que li esses tempos.

–Sobre o que ele fala?

–A história de um cara que gostava de uma garota – começou ele, sem olha-la nos olhos – e um dia se dá conta de que na verdade ela pode ser bem diferente do que ele imaginava. – ela engoliu em seco e fez a perguntava que repercutia suas preocupações pela manhã, tomando o cuidado de sair do carro antes para ter uma rota de fuga caso ouvisse algo ruim.

–E o que acontece no final? – se odiou imediatamente por sua voz ter soado tão fraca e insegura; virando o rosto em sua direção, ela pode detectar aquele brilho intenso que seus olhos tinham quando brincava com ela.

–Ele se apaixonou por ela mais uma vez.

Com uma expressão boba no rosto, ela o observou dar uma piscadela antes de sair com o carro, provavelmente rumo ao cemitério; sentando-se na entrada, ela começou a rir – pela alegria que sentia, pela impossibilidade dele olhar para ela um dia, pelas chances dele claramente estar falando sobre a confusa situação Ravena/ Raven. Ela riu até a barriga doer, se sentindo leve como não estava há dias.

Tudo estava bem.

Colocando a chave na porta, escutou uma risada baixa. Virou-se pronta para dar uma bronca em Gabe ou em seja lá qual deles estivesse fazendo piada, mas não tinha ninguém na rua, nem mesmo os tristes fantasmas que vagavam pela vizinhança. Mas o riso só se tornava cada vez mais forte, até ser possível ouvir várias gargalhadas.

E foi aí que ela descobriu a origem. A esta altura já tinha se condicionado a não olhar para certos lugares, então havia se esquecido completamente – mas lá estavam elas, dezenas de corujas na árvore diante a janela de seu quarto, rindo como se fossem gente. Ela entrou na casa correndo, com lágrimas nos olhos, os batimentos acelerados e tomada pelo medo.

Nada estava bem.


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Notas finais do capítulo

Acho que se a Raven ganhasse vida, provavelmente me processaria.

Gostaram? Tem palpites? Dúvidas? Podem falar que eu não mordo!

Beijos!! (*--*)//



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