Undertaker [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 31
A Pivetinha Castle


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!

Finalmente minha licença médica terminou e voltei pra faculdade! Vocês deram sorte que só faltava revisar esse cap, porque acho que estou em sérios apuros com a quantidade absurda de matéria acumulada.

Vocês vão perceber que esse cap está bem diferente dos outros, mas espero que gostem... lembrando que o ponto de vista de uma pessoa não é a verdade universal - o que ela acha muitas vezes pode ser um engano grotesco.

E quem estava esperando a Ray procurando respostas like a Sherlock vai ter raiva de mim. XD

Antes que me esqueça, seja bem-vinda Caroline Rianelli! Calma que um dia (quem sabe) vai rolar beijo Keaven. ♥


Boa leitura!!



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Ramona Foster bufava, visivelmente tomada pela raiva. Quando as meninas concordaram que um mini campeonato de vôlei era a melhor opção para ninguém ficar parado em um canto, ela imaginava que teria a chance de enfiar uma bola na cara da Senhorita Perfeitinha, Raven Castle.

Tinha sérias coisas contra ela desde o primeiro dia de aula: ainda se lembrava do nervosismo que sentia pelo teste para o time de líderes de torcida que ia fazer – usava a roupa perfeita, maquiagem impecável, saltos lindos exibindo suas pernas com o bronzeado que tinha adquirido em seu verão na Califórnia e sorria de modo confiante para todos que a encaravam. Sentia que mais uma vez daria tudo certo.

Aí ela surgiu, pequena e sem-graça. Com o cabelo em desalinho, roupas cinzentas e largas demais em seu corpo reto – rosto comum, expressão neutra, fone de ouvido vazando um solo de guitarra qualquer.

A garota segurou um sorriso cruel que ameaçava se espalhar; aquela pivetinha sem dúvidas iria ser hilária de atormentar... isso é claro, até que os professores surgiram no corredor para dar uma olhada nos alunos novos. Um a um, todos a cumprimentavam pela mão, lhe chamando de “Castle” como se viesse de uma família com muita importância ao que ela respondia de modo contido, simpático e sempre com um “meu irmão” no meio – sabia o nome de todo o corpo docente e suas matérias também. Ramona conhecia todas as famílias mais ricas da região e Castle sem dúvidas não estava na lista.

Uma queridinha puxa-saco, ela até já podia imaginar que o tal irmão era algum antigo aluno cdf ou coisa do gênero. Acabou por descobrir mais tarde naquele mesmo dia que John Castle era o antigo capitão do time de basquete e gênio absoluto em tudo que se propunha a fazer, o orgulho do colégio que estava em Harvard – ele provavelmente tinha truques para ir tão bem, mas a foto dele no hall dos campeões do colégio não deixava dúvidas em um aspecto: o irmão da pivetinha era um gato.

Não que faltassem garotos bonitos no colégio atualmente, o problema é que a maior parte deles se dobrava perante a uma inimiga não-planejada: alta, cinturinha marcada, quadril delicado, peitos grandes, pernas destruidoras... tudo isso com uma pele morena e linda e com cachos negros e cheios.

Rebecca Gaunth era uma verdadeira beldade, dessas que você se pergunta se saiu do catálogo da Victoria Secrets ou algo assim. Lógico que assim que as fofocas sobre ela começaram a ficar muito frequentes, foi logo fazer amizade com a garota.

O que teria sido fácil se ela já não andasse com a pivetinha Castle. Com ela e outro toquinho loiro, sorridente e com carinha angelical; três quintos dos garotos estavam de olho nelas.

Aquilo já era motivo de raiva, mas não o suficiente – Ramona em um mês já tinha garantido uma ótima posição no time de líderes de torcida, afinal era mais bonita, rica e atlética que a maioria. Podia sair com o garoto que quisesse, era convidada para todas as festas – e nunca via Raven Castle em nenhuma delas.

Na época das provas pode se deliciar com o fato de que a imbecil não era tão genial assim apesar de “seu irmão gato e genial” e que apesar de ter uma das melhores médias do ano, não era a mais inteligente.

Ele era.

Desde o momento em que chegou naquele colégio não tinha um elemento feminino – e alguns masculinos –que não suspirassem por ele. Alto, calado, sempre elegante num estilo sombrio e cheio de charme, ainda mais com suas feições bem desenhadas e os fantásticos olhos azuis.

Ramona tentou chegar nele, uma, duas, três, algumas vezes. E ela, assim como todas as outras que tentaram, se deram mal. Keane era sempre quieto, muito quieto e mesmo quando alguém lhe abordava respondia de modo seco e indiferente. Se ele pretendia afastar alguém com aquela aura, estava fazendo um péssimo trabalho, cada vez mais sexy e misterioso.

Nos anos seguintes, tentou de todas as formas atrapalhar a vida da Castle, mas as coisas nunca davam muito certo: se ela jogasse algo molhado dentro de seu armário não estava lá quando a pivetinha abria, se ela tentasse roubar suas roupas durante uma aula na piscina nunca as encontrava, se ela tentasse empurrar a garota no meio do refeitório com bandeja na mão e tudo pessoas sempre passavam entre as duas, mais uma vez sabotando a tentativa.

Aquilo era estranho e a deixava com cada vez mais raiva; não que falasse sobre a Castle com os outros, mas a verdade é que estava num estado que só de ver uma garota com o mesmo tom meio sujo de loiro já lhe dava nos nervos, ao ponto de fazer uma de suas fiéis seguidoras tingir o cabelo sempre.

Mas o pior de tudo não era aquilo. A menina podia se dar bem sem se esforçar, ter amigas populares sendo um trapinho de ser humano e conseguir novas datas para entregar trabalhos, dicas na vésperas de provas e outras mordomias só com nome... isso ela suportava, rangendo os dentes e bufando de ódio, mas suportava.

Porém o fato de ela ser a única pessoa que parecia interessar Keane Morgenstern foi demais para toda e qualquer paciência que ela ainda tivesse com a garota.

Os outros não reparavam por duas simples razões: todas as meninas olhavam pra Keane de canto e não ligavam pra onde ele olhava uma vez que o garoto parecia sempre estar desinteressado em tudo e mais ninguém prestava atenção em Raven Castle como ela. Sempre tão prepotente, andando pelos corredores com a certeza de que era inatingível, aquela pequena e insuportável com suas cadelas guarda-costas pseudo-populares.

Ele sempre a olhava: quando passavam um pelo outro no corredor, quando estava em cantos oposto do refeitório, quando caiam na mesma sala e entravam rapidamente assim que o sinal batia, quando todos estavam no estacionamento em busca de seus carros para sair daquele lugar chato de uma vez. Castle é claro era mais uma entre as muitas menininhas que suspiravam por ele e aparentemente nunca tinha observado o garoto com mais atenção porque naqueles breves e rápidos momentos em que eles se cruzavam seus olhos azuis faiscavam na sua direção com uma intensidade incrível, como se ele vivesse em prol daqueles pequenos momentos em que podia olhar pra ela, desde o primeiro dia de aula.

E isso é claro, tirava Ramona do sério.

Já tinha cruzado algumas vezes com Castle nos fins de semana e ela sempre andava com um cara. Ele era mais bonito que Keane, se é que isso era possível – alto, com um jeito desleixado e charmoso que não escondia e nada seu corpo incrível, com um cabelo exótico, mas muito claro e liso que caia de qualquer jeito em seus ombros largos. Seu sorriso sacana e o modo como tinha claro descaso pelas roupas de marca que vestia de qualquer jeito, até o modo como andava, tudo era sexy. Demorou muito tempo até que descobrisse o nome dele: Vlad. Ou pelo menos, era assim que todos o chamavam.

Os dois pareciam bem íntimos, claramente namorados, sempre abraçados, rindo e com ele comprando mimos pra ela – se a pivetinha tinha um cara desses, porque diabos monopolizava a atenção de Keane? O que aquela coisa sem curvas ou carisma tinha de bom afinal?

Foi com um grande divertimento que descobriu algum tempo atrás que Vlad saia com Rebecca, a amiga bonita e cretina; seu tom eternamente sarcástico tirava Ramona do sério, e andava mordida com as cadelinhas da Castle desde que Susan, a loirinha, começara a sair com um babaca do time de futebol que até então rastejava por Ramona.

Torcia em silêncio pra imbecil descobrir, mas ela era lerda. Torcia em silêncio pra ela voltar do tal acidente com uma cicatriz horrenda na cara, mas a pivetinha voltou praticamente intacta e ficou sabendo que o tal Vlad se ferrou bem mais porque se jogou no carro por ela. Ficou imaginando o que a Miss Cretina achava da atitude do namorado secreto e também torcia em silencia para ela estar acabando com sua beleza num ataque de raiva. Quando elas brigaram foi lindo, cada uma indo pra um lado, a Castle se mandando da escola mais cedo provavelmente pra ir chorar nos lençóis...

Mas isso não mudava o fato de que Keane e Raven pareciam ter se acertado. Talvez a retardada finalmente tenha se dado conta dos olhares ou, o mais provável, quisesse mostrar que não dava a mínima ao fato de a suposta melhor amiga ter lhe passado a perna. Pobre coitada, achando que estava com tudo quando Ramona sabia da verdade e era só uma questão de tempo até derruba-la num golpe só.

Agora torcia silenciosamente para que a garota caísse durante o jogo, de preferência com o peso de corpo minúsculo e subnutrido em algum machucado do acidente. No entanto ela corria, rebatia, não perdia uma bola... Raven Castle parecia mais ágil que nunca, quase como se não tivesse medo de se machucar.

Ramona descia o braço sem dó em cortadas que fariam qualquer uma pensar duas vezes, mas ela não, a menina ia direto e defendia, com aquele sorrisinho afetado; como ela não ligava pra dor?

E como seus braços não tinham nenhum traço de vermelhidão?

O Treinador Boston apitou e pediu para alguma das alunas pegar uma bola; ninguém se moveu um centímetro, obviamente. Agachando subitamente, Castle esfregou um dos braços com cara de quem sentia dor; Ramona deu um sorrisinho de vitória nada discreto enquanto observava ele ir em direção a rival.

–Tudo bem Castle? Se esforçou demais? – era claro que ele se preocupava; John Castle era um de seus orgulhos, mesmo que sua irmã não tivesse nada de especial. Ela era ágil, mas só porque era menor que as outras.

–Sem problemas treinador, é só difícil rebater o ataque da Foster. – automaticamente ele olhou para o time adversário, mais precisamente pra ela que só agora percebia o que a pivetinha pretendia; reagindo tarde demais, deixou ele ver seu sorriso zombeteiro.

–Foster, vai buscar uma bola nova agora e esfrie a cabeça! – chiou ele, voltando logo em seguida a paparicar a outra garota.

Xingando até última geração dos Castle, ela entrou no galpão velho e mofado ao lado do ginásio, onde eles guardavam os equipamentos. O lugar cheirava a suor e estava uma bagunça; passando por uma pilha perigosamente alta de barras de ginástica, ela seguiu até o fundo em direção as bolas ainda não utilizadas.

Decidida a dar uma lição na outra nem que pegasse uma suspensão por comportamento violento, ela foi em direção à saída rindo, sem perceber que a manga de seu agasalho de ginástica tinha prendido em uma das barras.

E a última coisa que ela viu foi tudo aquilo desmoronar na direção de si mesma.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Amaram? Odiaram? Querem me bater?



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