Undertaker [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 1
Primeiro Contato


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, essa ideia me surgiu e não sei onde ela vai parar... espero que me acompanhem nessa!



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Risos, música alta, corpos se chocando, abraçando ou cortando o fluxo apressadamente. Uma cena típica de horário da saída num colegial. Os gemidos saiam em coro ao constatar a garoa fina insistente que caia e o vento gelado que assolava tudo que tocava.

Espremida entre suas amigas Becky e Susan, Raven segurava o chamativo guarda-chuva turquesa e olhava distraidamente a multidão que se dobrava perante ao frio daquele outono em suas roupas pesadas e sombrias.

Mas uma figura em especial realmente era mórbida: não havia crucifixos, aranhas e muito menos caveiras e sim uma completa elegância no visual absolutamente preto. Tanta distinção tornava o jovem ainda mais intimidador.

-Que foi vaca? – perguntou Susan, reparando na amiga.

-Nada não. – disse ela desviando os olhos, porém tarde demais.

-Ah não Raven Audrey Castle, nem pense nisso! – berrou Becky, captando o raciocínio da amiga.

-Mas vocês não ficam curiosas?

-Não! – responderam as duas juntas, embora suas expressões indicassem o contrário.

-Bom, EU fico. – retrucou ela – Quero dizer, num dia como esse, com essa chuvinha... será?

-A gente já disse que não quer saber!

-Tudo bem.

-Você vai mesmo assim né?

-Claro Suzy!

-Aff, vamos com ela - disse Becky com um ar cansado – sozinha ela faz uma besteira.

-O que quer dizer com isso? – reclamou Raven e as três caíram na risada.

Elas se referiam a ninguém mais, ninguém menos que Keane Morgenstern, um aluno do mesmo ano que elas que causava um verdadeiro furor entre as meninas; alto, com feições bem delineadas, seus cabelos pretos em charmosas ondulações e olhos de um azul extremamente vivo, era o centro das atenções ao andar por aí com seu visual elegante e os costumeiros fones no ouvido.

Até uns meses atrás, as três eram apenas mais um grupinho que suspirava quando ele passava e se perguntava em qual faculdade ele estaria no ano seguinte, até Raven mudar de casa. Pois no caminho ela passava em frente ao cemitério e em um dia qualquer o viu entrando lá. No começo, achou uma cena triste, pois tinha certeza de que ele foi visitar um parente ou algo assim, mas então viu que com frequência o avistava de seu carro indo ao mesmo lugar, até que se deu conta de que ele ia lá todos os dias.

Depois disso, umas três ou quatro vezes estacionou em uma livraria com um excelente café em frente ao cemitério e ficou ali a tarde toda até o anoitecer, mas nada de Keane sair de lá – assuntou com funcionários, tentou segui-lo e foi tudo em vão. Não sabia o que ele fazia ali e nem quando saía, visto que só havia um portão no local.

A partir daí ele se tornou um mistério um pouco assustador, porém irresistível para Susan e Becky, mas uma verdadeira obsessão para Raven.

As amigas não tinham ideia, mas ela dirigia atrás de sua moto todos os dias e não sossegava caso não o encontrasse no estacionamento na saída – nos fins de semana, se pegava pensando se ele estaria lá e algumas vezes chegou de fato a parar o carro na entrada do lugar em pleno domingo, sem a menor ideia do que fazer em seguida.

...

Mesmo com a pista úmida, ele dirigia a moto sem problemas e tornou a entrar no lugar com ela, como fazia todos os dias. Mesmo com aquele tempo horroroso.

-Onde será que ele deixa a moto? – se perguntou Susan.

-Nossa, nunca tinha pensado nisso? – disse Raven, o que é claro, era uma mentira e tanto; ela já tinha cruzado aquelas lápides em busca da moto e alguma pista, mas nunca encontrou nada.

-Eu vivo me perguntando isso... mas o que alguém faz num cemitério num dia como esse??! – disse Becky, nem se dando ao trabalho de esconder o nervosismo.

-Melhor irmos embora. – disse Raven e nenhuma das outras duas discutiu.

Ela deu meia volta e foi para o bairro onde morava antes; lá deixou as duas amigas em suas respectivas casas e desejou um bom final de semana, já que elas não haviam combinado nada. Com o som do carro ligado, ela foi na volta cantarolando uma música do Artic Monkeys, sem se preocupar com nada em especial  - relaxada do modo que estava, pulou em seu banco quando ouviu uma batida no vidro da janela do passageiro.

Era Keane.

Um misto de confusão, medo e excitação invadiu o seu interior quando seus olhos se fixaram nele, parado do lado de fora com um semblante indecifrável. Ele indicou algo a sua frente e só então ela percebeu que o semáforo iria abrir novamente; sem perder tempo, ela abriu a porta do carro e ele entrou, com a beleza de sempre reforçada pelas gotículas que se acumulavam graciosamente em seu cabelo.

-Castle, pode me dar uma carona?

-An... claro, onde você mora? – ele deu um sorriso, como se julgasse a pergunta engraçada.

-A um quarteirão da sua casa. – respondeu ele, como se fosse obvio.

Mas não era, uma vez que ele sempre parava no cemitério.

-Hum, não sabia. – confessou.

-Não é de admirar; você não mora lá há muito tempo, certo?

-Certo. – respondeu ela, cada vez mais preocupada: como nunca o viu por ali antes?

-Onde você morava antes?

-Perto do clube Royals.

-Hn.

-Er... posso te chamar de Keane?

-À vontade.

-Então Keane... não estava de moto hoje?

-Pois é, roubaram ela. – respondeu ele, claramente chateado.

-Nossa, como assim??! – era uma moto linda, customizada e toda preta.

-Eu desci um instante e quando vi, já tinham levado.

-Alguém viu? – ele balançou a cabeça em negativa.

-Mas ela era customizada certo?

-Era – ele suspirou – custou uma nota deixa-la daquele jeito, diga-se de passagem. – ela acreditou com sinceridade nas palavras dele.

-Mas então acho que vão tentar revende-la, não valeria a pena levar para um desmanche... se passar a placa e umas fotos para a polícia, acho que consegue recupera-la.

-Eu sei. E é exatamente isso que pretendo fazer ainda hoje.

-Quer que eu te leve a delegacia?

-O quê? Não, de modo algum; já está me ajudando muito. E desculpe por molhar seu carro.

-Sem problemas, é do meu irmão. – ele riu de leve e assentiu.

Eles ficaram em silêncio, mas nada desagradável ou constrangedor, mas sim de um modo aconchegante. Pouco tempo depois, ele indicou onde morava – era realmente um quarteirão antes da casa nova de Raven, inclusive a construção grande e de aspecto clássico sempre chamava a atenção da garota – e ela prontamente se ofereceu para lhe dar uma carona na semana seguinte. Ele agradeceu e ela ficou de passar lá pouco antes das oito.

Passou o resto da noite agitada; depois de comer uma pizza, enrolar no computador e tomar um banho ridiculamente longo, ela por fim desistiu e se jogou na cama a espera do sono. Ele não demorou a vir, mas trouxe consigo sonhos estranhos e perturbadores.

Ela usava um vestido que definitivamente jamais colocaria: era preto, colado, com um decote enorme nos seios e outro ainda maior nas cotas, nas panturrilhas abria para várias camadas de renda. Seu cabelo estava preso em um coque desleixado e seu rosto sem um pingo de maquiagem, deixando sua palidez e as manchinhas à mostra.

Ela andava por uma série de corredores estreitos que tinham várias portinhas de cores diferentes: azuis, roxas, verdes, amarelas, rosas, laranjas.... apenas uma se destacava claramente e ela era preta, assim como todo o resto do lugar. Parada defronte a ela, Raven segurou a respiração e pousou a mão sobre a maçaneta igualmente escura. Não sabia como, mas tinha certeza de alguém importante estava do outro lado a sua espera.

Mas então ela começou a ouvir barulhos leves, ruídos estranhos e desconexos...”

Que não vinham do sonho.

Ela abriu os olhos e se levantou num só pulo, a tempo de flagrar algo saindo pela janela de seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Ela vai ver o que era? Ou vai ficar na dela? Terá novos sonhos? Enfim, vocês descobrem no próximo cap!!!
Curtiram? Mereço reviews?



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