Brian’s Pov

Horas, dias, meses se passaram e o bebê ia bem, obrigado! Já eu? Bom, todo dia algum infeliz me zoava pelo dia em que tive que me vestir de mulher por levar o Brian Haner Neto na médica.

Acho que depois de toda a humilhação que passei naquele dia, o nome do bebê deveria ser Brian Haner Neto. Vocês não acham?

Pois é, mas ninguém naquela casa concordava comigo, logo o nome do bebê ainda era algo indefinido.

Matt o chamava de “coisa”, Johnny o chamava de “pequeno” como se ele próprio fosse alto. Zachary continuava com a idéia de chamá-lo de “Zachary Baker Junior” e Jimmy chamava-o de “Tibúrcio II”. Ou seja, nós não conseguíamos chegar num consenso, sequer conseguíamos dar um apelido para o pobre coitado, já que começávamos a discutir e o bebê passava a berrar. É, ele havia aprendido a berrar de um modo ensurdecedor, e ele sabia que quando berrasse, todos nós nos calaríamos.

Esses bebês de hoje em dia que não respeitam os mais velhos!

- Syn! O bebê já mamou hoje? – Johnny perguntou.

- Não que eu saiba.

- Hm, okay... Agora eu fiquei doce doce doce, agora eu fiquei do-do-do-do-doce doce! – Johnny cantarolava enquanto começava a esquentar o leite para darmos ao bebê.

- Cuidado! Se o Zacky ouvir você cantar isso, certamente irá querer te comer e não é no sentido literal da palavra. – Jimmy disse entrando na cozinha, empurrando o bebê que estava no carrinho.

- Eu ouvi! – Zachary disse, entrando no cômodo e pegando um pouco de leite que era pra ser somente do bebê. Mas se tratando de qualquer mantimento, ninguém era louco de brigar com ele.

- E não é verdade? – Jimmy perguntou risonho.

- Não! – respondeu ríspido, depois de um longo gole de leite.

- Enquanto vocês discutem aí, eu vou amamentar o pequeno Brian. – sorri enquanto inclinava a mamadeira em direção ao bebê.

- Zachary Junior. – Zacky disse.

- Tibúrcio II. – Jimmy olhou bravo para Zacky.

- Tino Turner. – mais um nome estranho dado por Johnny.

- Coisa! – Matt apareceu atrás de nós.

- MaMa...

- Quem disse isso? – olhamos ao redor.

- Eu não. – Johnny levantou os braços.

- Deve ter sido a barriga do Zacky, roncando de fome.

- Isso já está virando perseguição. – Zacky disse mal-humorado.

- MaMa.

- De novo!

- Tem espíritos nessa casa! – Jimmy disse desesperado, quase pulando no colo de Johnny.

- Calem a boca. É o bebê que está se pronunciando pela primeira vez. – eu rolei os olhos. – PERA AÍ GENTE. O BEBÊ ESTÁ FALANDO?

- AWWWWWN. – Matt, Jimmy e Zacky soltaram em coro.

- Ele está te chamando de “Mãe”. Que fofo! – Johnny disse e em certa parte ele tinha razão, pois o bebê estava olhando diretamente a mim e pronunciava a palavra “MaMa”, mas isso estava ferindo a minha masculinidade, logo aceitar isso estava fora de cogitação.

- Ele não está me chamando de mãe.  Talvez ele queira mais leite. Logo “mama” vem de mamadeira, mamar. – disse óbvio quase enfiando a mamadeira na boca da criança.

- Não, ele está te chamando de mãe. – Johnny disse, batendo o pé.

- MaMa.

- Viu? – Johnny sorriu.

- Ele pode estar tentando falar meu nome... – Matt comentou, coçando a nuca.

- Viram? O bebê quer falar Matt... MATT. Ouviram bem? Ele não está me chamando de mãe. – sorri vitorioso.

- MaMa.

- Sem chance! – Jimmy disse. - O bebê está querendo falar mãe e está querendo te chamar, Syn. Pare de frescura.

- Não é frescura! Eu não sou a mãe dele.

- Faz o filho e agora rejeita? Você pariu está criança, ela nasceu do seu ventre e e e... O que mais a moça da novela mexicana tinha dito?

Respirei fundo, ignorando Johnny e os demais, voltando a olhar pro bebê.

- MaMa.

- Não bebê, me chame de “Syn” não “mama”. – eu disse baixo, com o tom de voz meigo.

- MaMa.

- Bebê, querido! Eu não sou sua mãe. – sorri falso.

- Não fale assim, vai magoar o pequeno coraçãozinho do bebê. – Jimmy comentou.

- MaMa. – e o bebê continuou.

- FAAAAALA OUTRA COISAAAAA BEBÊ! – levei minhas mãos até meus cabelos, quase os arrancando.

- E essa é a emoção sentida quando um bebê chama a mamãe pela primeira vez. – Zacky disse imitando o tom de voz de um locutor de rádio.

- Cala a boca! – resmunguei.

- MaMa.

- Me chame pelo menos de papai, papa ou qualquer coisa parecida a isso.

- MaMa.

- Não pequena criatura! “PA-PA” repita comigo: “PA-PA”.

- Você quer que o bebê te chame de pai? Sem chances! Assuma Syn, você é a mãe dele. Pelo pequeno ponto de vista do Tibúrcio II você é a “MaMa” dele.

- Se não quer ajudar, não atrapalhe! – disse ríspido. – Vamos lá bebê, me chame de outra coisa. Ou fale outra coisa...

- MaMa.

- Desisto! – bati na minha própria testa.

Os outros riram e passaram a tarde brincando com o bebê, enquanto o mesmo sempre olhava pra mim e dizia “MaMa”. Até um bebê desconfiava da minha masculinidade! Até um bebê... Ele por horas e horas repetia a palavra “MaMa”.

 É, pelo visto até o bebê achava que eu era a mãe dele. Maldita roupa feminina que eu vesti naquele dia!