Eu Te Odeio Porque Te Amo! escrita por Sophie


Capítulo 36
Infinity chances ( A volta)


Notas iniciais do capítulo

Olá, não sei de ainda tem alguém por aqui ainda.
Eu sei que já faz um tempo, não vou pedir desculpas, eu mesma precisava de tempo. Essa história tinha um significado imenso pra mim, e por um tempo ele se foi junto a minha irmã. Já faz mais de dois anos que não venho por aqui, e esses anos foram difíceis e complicados, eu já me expliquei aqui antes, mas vou atualizar vocês, eu devo isso a vocês. Bem, eu não fiquei boa da depressão, acho que ninguém fica, mas a gente aprende a conviver com isso e não deixar com que isso seja mais forte que nós mesmos. Foi isso que fiz esses anos, eu lutei contra mim mesma, ganhei e perdi algumas vezes, mas eu consegui, venci essa batalha por um tempo, não sei por quanto, me redescobri, aprendi o valor da vida, aprendi que pessoas precisam de pessoas infinitamente, e que sem pessoas, pessoas de verdade a nossa vida não tem sentido, aprendi muito sobre mim mesma e aceitei que tudo é aprendizado, e que a vida nunca dá aquilo que não podemos suportar. Eu suportei e estou aqui. Feliz. Deixei o luto para trás e entendi que Let it go não é apenas uma musica de criança, tem um significado enorme. A uma semana atrás estava olhando as minhas lembranças, e vim ver como essa história estava, vi os rascunhos que eu tinha feito com a Mar, vi como eu mudei em relação até nisso. E por isso decidi vir aqui, ser forte, lutar contra o que me fazia não escrever mais, decidi deixar ir. E aqui estou. Não foi fácil, chorei muitas vezes tentando escrever esse capitulo, descobri que estou enferrujada e tinha desfeito minha intimidade com os personagens, precisava me reconectar, ainda estou tentando, mas aos poucos vou voltando, ou inovando. Sophie merece um final de história, agora mais que nunca e eu vou dar a ela um. Espero que tenham paciência comigo, não prometo postar sempre, mas vou dar o meu máximo pra terminar essa história. Desculpem se tiver erros de digitação, e se não é mais como era antes. Queria agradescer muuuuuuuuito aos comentários de vocês que me ajudaram infinitivamente, foram compreensivas e me deram conselhos maravilhosos. Eu sou muito grata por vocês.
Desculpem pelas notas gigantes, mas eu precisar falar com vocês.
Espero que gostem da minha volta, quem sabe não deixam um comentário hehehe
obrigada por tudo
Sophie



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DESCULPEM PELO TEXTO NAS NOTAS, MAS É MUITO IMPORTANTE PRA MIM QUE VOCÊS LESSEM. 

PDV SOPHIE

Alguma coisa se abriu dentro de mim naquele momento em que beijei o Jake, nada romântico nem nada do tipo, mas uma sensação de que eu precisava, talvez, me abrir com alguém sobre tudo, e num momento de loucura e constrangimento ( depois de alguns minutos nos beijando), resolvi voltar a sentar naquele banco e contar tudo pro Jake, desde o drama da minha mãe até o dia de hoje.  Jake ouviu tudo calado e não me interrompeu uma vez se quer. Eu disse coisas que jamais disse a ninguém e cada vez que eu falava, eu me sentia cada vez mais leve, como se eu tivesse soltado as gases presas no meu estomago.

Quando eu parei de falar, Jake me encarou calado com um meio sorriso durante uns dois minutos e depois disse a coisa que eu menos esperava que ele fosse dizer.

— Mudança de planos, vamos visitar o Sammy.

Eu o olhei confusa.

— Não sei qual foi a parte de que o Sammy me odeia e não quer nunca mais me ver que você não entendeu.

Ele levantou a sobrancelha me olhando irônico.

— A parte que você disse que ele é tudo pra você e era seu melhor amigo? – Eu ainda o olhava confusa. – Certo, você é a irmãzinha do Sammy, é quase impossível que ele esteja realmente te odiando. Eu sei por que eu tenho uma irmãzinha e você em breve saberá como é também. – Ele sorri irônico e eu rolo os olhos pra ele.

—Engraçadíssimo. Há há.

—Então, nós vamos até o Sammy para você poder dizer o que você me disse pra ele, se desculpar e dar um passo muito importante. – Ele sorri empolgado e eu o olho sem acreditar.

— Jake, não sei se consigo falar com o Sammy. Não sei nem como eu falei pra você. – digo sem olhar pra ele, vergonha talvez?

Ele espera um minuto até eu me virar pra olhá-lo.

— Sophie, quero que você fale com o Sammy para saber da sua mãe também. – Ele diz sério e como eu não respondo nada ele continua. -  Você precisa saber dela, falar com ela e a ver. Você precisa se perdoar e a perdoar e pra isso você precisa vê-la. Você me contou e agora eu vou te ajudar, eu vou estar com você se você quiser. Mas você precisa deixar ir. Precisa se curar. Não faz bem pra você, e eu tenho certeza que pra ela também não. Orgulho não leva ninguém a nada.

Eu o encaro por um tempo. Não entendo qual é a do Jake, até me arrependo por um momento de ter contado pra ele, a reação dele não foi nada do que eu esperava que fosse, e eu estava começando a me irritar.

—Qual é a sua, Jake? – Ele franziu a sobrancelha.  – O que você vai ganhar com isso?

Ele riu pelo nariz.

— Chama-se empatia, Sophie. Você não está bem e precisa de ajuda, eu vou te ajudar.

 - Não preciso da sua pena. – Digo irritada. – Eu nem sei por que te contei essas coisas.  – Ele abre a boca pra falar algo mas eu não deixo. -  Eu te contei num momento de loucura, e isso não quer dizer que você precisa tomar minhas dores e resolver meus problemas pra mim.

Ele me encara sério e ri irônico.

— Eu deveria ficar ofendido, mas aprendi que você tem dificuldade de receber ajuda das pessoas. E advinha só? Eu não ligo.

Eu o olho irritada. Quem ele pensa que é? Ele fica me olhando daquele jeito idiota que ele é e uma raiva me sobe.

— Você precisa parar. Minha vida, minha.

Ele me ignora completamente e levanta do banco indo em direção a moto.

— Pra onde você vai? – ele me ignora e continua andando. – Jake!

Ele sobe na moto e fica esperando eu ir até ele como se nada tivesse acontecido. Quando eu o alcanço ele me olha bem no fundo do meu olho.

—Você vai me dizer onde o Sammy mora, e vai deixar de ser teimosa. Eu sei que tem medo, e tem receio e é orgulhosa, mas você não precisa de nada disso,  eu vou te ajudar, querendo você ou não, por que você é minha amiga e eu me importo.

Eu rio pelo nariz e olho irônica.

—Eu sou sua amiga? Desde quando?  -  Ele me olha irônico e eu subo na moto dizendo pra ele insanamente o endereço de onde o Sammy morava.  Ele assente e da partida na moto.

Eu não sei o que ta dando em mim hoje. Eu estava com o coração acelerado e não pensava direito. Desde quando eu deixo o Jake ditar as coisas da minha vida? Até ontem eu o odiava. Mas curiosamente, algo naquele olhar que ele me lançou antes daquele beijo, mudou algo. Arrrgh, odeio estar confusa.

Durante todo caminho de ida até o apartamento que Sammy estava ficando , eu só conseguia pensar em o quê que eu ia falar pro Sammy. Que cara que eu ia ter de perguntar sobre a mamãe?  E como eu ia pedir desculpas por ser uma péssima pessoa? Eu não tinha coragem para fazer isso e pior ainda com o Jake a tiracolo. Ele me deixa confusa e eu não sei mais o que pensar sobre tudo depois de hoje. Primeiro ele quer sair comigo, depois a gente se beija e eu desabafo sobre as coisas mais profundas da minha vida pra ele e ele banca o meu herói e melhor amigo. Até um dia atrás a gente se xingava. Pensei durante todo o caminho e cheguei a conclusão de quê eu não fazia idéia do que estava acontecendo. Não estava no controle de mim mesma, e culpava o meu pai e o Jake por isso.

Quando Jake estacionou a moto minha barriga gelou e meu coração disparou. Jake tirou o capacete da minha cabeça e só aí percebi que eu estava estatelada em cima da moto.

— Sophie, tudo bem. – Ele disse gentilmente.

Eu balancei a cabeça e desci da moto. Olhei Jake nos olhos procurando por alguma coisa que eu não sabia o que era de fato e ele retribuiu com um olhar encorajador.  Andamos lado a lado até o interfone do prédio e chamamos o apartamento do Sammy, Rachel atendeu desconfiada e quando eu disse que era eu ela pareceu surpresa e disse pra eu subir. Fiquei parada sem conseguir me mover, mas Jake estendeu a mão para mim e eu irracionalmente a paguei.  Fomos andando de mãos dadas durante todo o caminho até o AP. Qual era o meu problema? 

—Sophie! – Rachel praticamente gritou quando me viu. Ela estava parada na porta com um sorriso enorme no rosto. – Não esperava a visita. – Ela olhou pro Jake e sorriu surpresa. -  Eu já você... Desculpa não lembro seu nome.

— É Jake, prazer. – Ele sorriu pra ela. Nesse momento, Sammy apareceu atrás da Rachel e seu olhar foi diretamente pra minhas mãos grudadas na de Jake. Soltei meio bruscamurente e Jake me olhou curioso.

— Que cabeça a minha, vamos entrando! – Rachel quebrou o silencio que tinha se formado quando Sammy chegou.  Jake lançou um olhar encorajador pra mim e me seguiu até o sofá onde eu me sentei rapidamente pra não desmaiar a qualquer momento. Sammy sentou num puf de frente pra mim e me encarou com as sobrancelhas levantadas. Eu conhecia aquela expressão. Ele queria saber o que eu tava fazendo ali e pior, com o Jake.  

—Então, a que devo a sua presença? – Sua voz carregada de ironia liberou uma carga de adrenalina e meu coração voltou a acelerar.

—Vim falar com você. – Digo meio hesitante. Ele me olha esquisito, provavelmente estranhando essa minha nova postura totalmente não eu.

Sammy me examinou e depois examinou Jake, que até então estava calado e olhava fixamente pra mim.

— Okay, Sophie. Estou ouvindo. – disse secamente. Sammy realmente me odiava. Ele nunca tinha agido assim comigo antes. 

Tudo estava muito estranho, Rachel olhava pra janela sem reação, Sammy me olhava irônico e ressentido ao mesmo tempo, Jake estava piorando tudo deixando minha mente confusa . Eu fiquei sem dizer nada por uns bons minutos até Jake olhar pra mim quase que dizendo com seu olhar “ você consegue” , eisso me acordou.

Olhei Sammy nos olhos e disse:

— Eu sei que fui uma péssima irmã, e eu sei que eu te deixei sozinho com toda essa merda que é a nossa família, eu sei que eu fui mimada e egoísta e covarde todo esse tempo e fingi não ligar pras coisas ao meu redor todo esse tempo. – Sammy e Rachel me olhavam assustados. – Mas eu queria... -  hesitei por um segundo. – Pedir desculpas. Por que você é meu único irmão e eu te deixei sozinho. Eu sinto muito. Eu vou entender se você não quiser mais falar comigo.

Olhei para Jake rapidamente e ele sorria orgulhoso, mas Sammy ainda estava estatelado com o que eu disse, Rachel agora chorava baixinho e eu estava provavelmente  roxa de vergonha.

—Minha nossa.  – Sammy finalmente abriu a boca. Ele olhou pra Jake e sorriu. – O que  você fez com a minha irmã?

Jake riu alto. Eu olhei pra Sammy irritada.

—Eu venho aqui te pedir desculpas e isso é tudo que você diz? Não acredito que perdi o meu tempo. – Levantei do sofá passando a mão no cabelo. Sammy levantou do puf que ele estava sentando e me encarou por um tempo, depois sorriu pra mim e me abraçou de surpresa.  Ficamos abraçados durando bons minutos e eu só ouvia o barulho do choro da Rachel.

Quando Sammy me soltou do abraço ele olhou pra mim com o rosto sério e os olhos marejados.

—Eu desculpo você. Você é minha irmãzinha e eu entendo que você reagiu as coisas diferente. Eu tenho minha parcela de culpa também. – Ele fez uma pausa e suspirou. – Mas não é pra mim que você deve pedir desculpa.

Eu  abaixei os olhos. Não queria encará-lo pra falar da mamãe.  Ele levantou meu rosto obrigando-me a encará-lo de novo.  Seus olhos sorriam pra mim e fez com que toda aquela timidez saísse de mim e uma sensação de tranqüilidade me invadisse. Era sempre o que sentia quando estava triste e os olhos azuis de Sammy me confortavam.  E aí eu criei coragem pra tocar no assunto da mamãe.

—Eu queria... –  Virei o rosto ( por alguma razão estranha) e olhei pra Jake, ele apenas sorriu pra mim.  Engoli em seco. – Eu queria que você me levasse para visitar a mamãe.

Sammy sorriu largamente pra mim e escutei Rachel soltar um suspiro alto.

—Definitivamente não é você.  – Eu o olhei irritada. Ela sorriu ainda mais. – Qualquer dia, qualquer hora. Ela vai ficar tão feliz. – Ele estava radiante de empolgação.

—Amanhã pode ser? – Jake falou pela primeira vez. Olhei pra ele confusa. Amanhã tem aula. Qual era a dele. Jake me ignorou completamente.

Sammy lançou um olhar surpreso pra ele e depois pra mim, ele sorriu e assentiu.

— Amanhã é perfeito. – Ele olhou pra Jake. – Você é não é aquele menino que a Sophie odiava?

Jake gargalhou e eu rolei os olhos.

—Não entendi o uso do passado. – Eu disse olhando pra Jake que me olhou de sobrancelhas arqueadas. Eu entendi o que o olhar quis dizer, mas ignorei. Arg.

—Ela provavelmente mentiu. Você conhece a Sophie. –  Real, qual é a dele?

Sammy e Rachel gargalharam e depois disso engatamos numa conversa sobre o dia de amanhã. Jake e Sammy riam sem parar e aquilo era totalmente errado na minha mente. Nada me feria entender o motivo de tudo aquilo que o Jake estava fazendo por mim. Eu não sou nada pra ele, e nem ele pra mim, e ainda sim ele se importa comigo? Foi isso que ele disse não foi? Prefiro não pensar sobre o Jake por motivos de que eu não sabia com que cara ia ver minha mãe amanhã depois de tanto tempo. Nem tive coragem de perguntar ao Sammy qual era a situação dela e ele também não disse nada. As vezes ele me lançava um olhar esquisito e eu retribuía, mas em geral, quando saímos de lá já era o fim da tarde e eu mal tinha visto o tempo passar.

— Vejo vocês amanhã, e cuidado na vida! – Sammy disse encarando o Jake, que achou graça. Eu rolei os olhos, provavelmente corada.

Quando chegamos onde a moto estava, Jake e eu ficamos nos encarando durante um tempo antes de eu desviar o olhar por que a vergonha estava tomando meu rosto. Quer dizer, que porra é isso tudo?

—Não foi tão ruim, foi? – Ele perguntou depois de um tempo.

— Com certeza foi. – Eu disse subindo na moto. Jake olhou pra trás e sorriu de lado. – Nós vamos pra casa? – Eu perguntei baixinho.

—Você quer ir? – Eu fiz que não com a cabeça e Jake deu partida na moto.

Jake me levou pra um espécie de parque feira que tinha perto da ponte que divide Manhattan e Nova Jersey.  Tinha lá várias barracas de comidas de variados países e alguns brinquedos, uma decoração muito pitoresca e tinha várias pessoas lá. Nós ficamos de bobeira e comemos muuuitas comidas estranhas de variados  lugares e riamos um do outro com as reações ao prová-las. Foi uma tarde diferente e divertida, a qual eu nunca imaginei que iria passar com o Jake e nunca pensei que riria tanto.  Tudo era divertido e eu me senti estranhamente confortável ao lado do Jake.  Quando anoiteceu, Jake disse que tinha que voltarmos por que segundo ele, tinha que religiosamente jantar com a família aos domingos( ele fez uma cara triste ao dizer isso).  Eu confesso que não queria voltar pra casa, não por ter que encontrar com meu pai, mas também por que eu tinha gostado de passar o dia com o Jake, mesmo ele praticamente me forçando as coisas. Acho que ele estava certo em eu precisar de um empurrão, logicamente que eu nunca vou admitir isso NE?

— Incrivelmente você não foi um saco hoje. – Eu disse descendo da moto e tirando o capacete.

Jake riu do meu comentário.

— Eu sou uma ótima pessoa quando eu quero. – Ele disse abrindo um sorriso diferente. – Você foi muito boazinha também.

Eu olhei nos olhos e sorri.

—Escute bem, e não se ache ok? – Ele assentiu desconfiado. – Obrigada por ter feito sei lá o que você fez hoje, eu me sinto melhor e talvez seja culpa sua.

Eu devo ter ficado corada, por que ele riu alto e depois abriu um sorriso e me encarou, seus olhos brilhantes. Eu o encarei de volta e senti uma coisa estranha no pé da minha barriga. Com certeza eu não estava normal hoje.  Ele passou sua mão na minha bochecha e foi se aproximando, se aproximando demais. Achei que ele fosse me beijar de novo, mas ele só me deu um leve beijo carinhoso na bochecha.  Meu coração ficou descompassado e eu fiquei sem saber o que fazer,senti aquela sensação de novo.

— Amanhã depois da hora do almoço, ok? – Ele disse ainda perto demais olhando nos meus olhos.

—Você vai mesmo gazear aula pra ir? – Eu perguntei meio desconcertada com a aproximação toda. Que merda.

— É por uma boa razão. – Eu o encarei.

—Não é da sua conta, você sabe não é? – Eu tentei ser seca, mas meio que não tava dando com o rosto dele quase colado no meu, não entendi por que ele ainda não se afastou, deve estar achando engraçado me ver desconsertada.

Jake riu pelo nariz.

—Eu não ligo. Você sabe né? – Ele disse irônico. Rolei os olhos e ele riu.

—Irritante.

—Chata. – Ele retrucou rindo.

Eu cometi a besteira de olhar pra boca dele nesse processo, pior decisão da minha vida. Seus lábios passaram de um grande sorriso pra um mais discreto, e aqueles lábios vermelhos eram como um imã. Levando em conta que hoje eu já estava desequilibrada e completamente fora de mim, ponderei se valeria a pena ou não realizar meu desejo.

Minha mente gritou um grande SIM.

Quebrei o resto da distância entre mim e Jake selando nossos lábios. Ele deu um risinho e retribuiu meu beijo com a mesma vontade que eu, Jake prendeu as mãos na minha cintura e eu entrelacei meus dedos no seu cabelo. Não sei quanto tempo durou, ou quantos beijos foram, estava fora do ar, minha mente estava vazia, ou quase, havia uma parte na minha cabeça que gritava continuamente O QUE PORRA EU TAVA FAZENDO, mas eu resolvi ignorar.

Fomos nos soltando devagar , mas Jake ainda manteve nossos rostos próximos.

— Merda. – Sussurrei e abri os olhos diretamente pra encarar os do Jake. Verde no Azul, pupilas dilatadas. Seus olhos sorriam assim como seus lábios e tinha a sensação que os meus tbm.

—Você me beijou duas vezes em apenas um dia, devo ficar preocupado? – Ele perguntou com a voz rouca e carregada de ironia.

—Não vá se achando. – Eu disse e revirei os olhos. – Chama-se carência.

Jake gargalhou e se inclinou para me dar um selinho. Fiquei sem reação.

— Não vá achando que pode sair me beijando por aí. – Eu disse séria.  Ele me encarou com as sobrancelhas arqueadas e depois riu irônico.

—Tudo bem, Sophie. Você que sabe. - Ele se afastou quando o celular dele tocou.  Olhou o visor e desligou. – Era a minha mãe, tenho que entrar.

Ele me encarou encostando-se à moto e colando as mãos no bolso da calça. Nunca diria isso em voz alta, mas, puta merda, que sexy.

Definitivamente não estou eu mesma hoje.

—Tá. Espero que você caia da escada ou escorregue no banho. – Disse e ele abriu um sorriso enorme. Qual o problema dele?

—Vejo você amanhã. – Ele disse e eu me virei para entrar em casa. O porteiro eficiente já tinha aberto o portão pra mim.

Quando eu abri a porta de casa, estava Harper e meu pai me esperando no hall de entrada, Harper tinha um meio sorriso no rosto e aquele olhar de quando ela pegou eu e o jake na praia. Era só o que me faltava eles terem visto as imagens da câmera.

Eu passei por eles sem dizer nada e fui pro meu quarto, tomei um banho de umas 2 horas, refleti sobre o meu dia de hoje, e quase me afoguei na banheira. Como eu aceitei fazer todas essas coisas? Quem Jake pensava que era pra me induzir a fazer essas coisas? Eu não estava preparada para ver minha mãe, muito menos conversar com ela. O que eu iria dizer? Depois de todos esses anos com ela a beira da morta e eu sem nunca sequer ligar pra saber dela. Eu não tenho cara para fazer isso. Não mesmo. A ver não vai parar os meus problemas.

Por fim, decidi que amanhã iria dizer a Jake que não iria mais. Não era bom pra mim, nem pra ela. Nem pra ninguém. Eu iria me machucar se a visse, iria odiar meu pai mais do que eu odeio, e a culpa ia me consumir. Eu não estava pronta.  Sou uma covarde mesmo, não tenho pra onde mentir.

Outra coisa que não me deixava em paz era o Jake, mas esse assunto eu preferi mandar meu cérebro ir pra puta que pariu. Pensamentos de mais.  Eu não tinha nada com o Jake, não iria ter. Não preciso de mais uma pessoa pra magoar e decepcionar.

Quando estava seca e vestida, já pronta pra ir deitar. Ouço um bater na porta hesitante. Harper,com certeza.

—Entra.

Ela abriu a porta devagar e desconfiada, sentou na minha cama e ficou me olhando pentear o cabelo.

— Então você saiu com o Jake? – Ela perguntou acusadora. Eu a olhei com os olhos cerrados. Sabia que estavam olhando as filmagens.

— Privacidade pra quê, não é? – Respondi irônica.

—Estávamos preocupados, Sophie.  – Ela disse baixinho, seu olhar era de culpa.

Respirei fundo, Harper não tinha culpa de nada, ela só entrou no meio da bagunça que é nossa família, ela não tem nada que se sentir culpada. Já que estava fora de mim mesma, resolvi conversar com ela.

—Olha Harper, me desculpa por hoje de manhã, você não tem culpa de cair nessa bagunça, sinto muito que você tenha que passar por isso, mas é inevitável.  – Eu fui sincera. – Gostaria que você tivesse sido avisada sobre isso antes de se envolver com meu pai. Você é boa.

Harper me olhou surpresa e me deu um sorriso doce.

—Eu fui avisada, Sophie.  Eu nunca me envolveria com alguém sem conhecer.  Seu pai sempre foi aberto comigo em relação a toda a história, e ele sempre falava de você. Mais do que você pensa.  – Ela fez uma pausa e suspirou. – Seu pai é um homem como qualquer outro, comete erros, principalmente em relação a você e a sua mãe, mas pessoas merecem segundas, terceiras e infinitas chances se puder para recomeçar, seu pai meu deu uma segunda chance e eu dei a dele, nós estávamos preparados pra nos dar quantas chances forem possíveis  por que, apesar de qualquer coisa, nós não conseguimos não ficar juntos, e o mais importante de tudo, para que estivéssemos preparados para dar, tivemos que dar segundas chances pra nós mesmos. Eu sei que pra você é difícil perdoar o seu pai, eu entendo.  Você precisa se dar muitas chances antes de dar as do seu pai, tem coisas que você precisa resolver antes, eu entendo isso, mas Sophie, não demore, as vezes o tempo não espera.  

Meus olhos já deviam estar marejados, Harper se aproximou para me dar um abraço e eu aceitei seu abraço com carinho, senti meu ombro molhar e percebi que Harper estava chorando e soltei um um riso.

— Emoções de grávidas. – Ela disse brincando e me soltando.

—Sobre isso... – Comecei. Harper pareceu aflita. – Não se preocupe, vou ser a melhor irmã possível.

Harper não conseguiu mais controlar as emoções e voltou a chorar, mas com um sorriso enorme nos lábios.

—Eu aposto que você vai! – Ela disse com a voz embargada. – Eu vou deixar você dormir.

Ela sorriu e foi se virando pra ir embora, alguma coisa deu em mim que eu a chamei pelo nome, senti vontade de falar pra ela sobre a minha mãe e sobre amanhã.

— Jake me levou para falar com o Sammy, fazer as pazes e tal. – Ela me olhou com atenção. – Eu disse pra eles que iria ver minha  mãe amanhã, mãe acho que não vou conseguir.

Eu mesma me espantei com a sinceridade que eu disse pra ela. Harper me olhou por um tempo ponderando o que eu tinha dito.

—Você devia ir. Se dar a chance. – Ela me olhou com carinho. – Você é forte e consegue enfrentar até as coisas mais difíceis. – Eu suspirei. – E você não vai estar sozinha.

Ela disse essa ultima frase com um sorriso acusador.  Rolei os olhos por costume.

—Certo, vou tentar. – Eu disse sem muita certeza.

Harper caminhou e me deu um abraço novamente.

— Você consegue. – Ela sussurrou no meu ouvido antes de me soltar e sair pela porta.

Fui dormir repassando as informações do dia na minha cabeça, nem vi a hora que peguei no sono e incrivelmente meus pesadelos não me assombraram novamente.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, desculpa os erros e desculpa por não estar 100%. Prometo que vou tentar continuar a postar o mais rápido que conseguir. Deixem comentários! Todo amor do mundo pra vocês.



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