Nicolas e Manoela estão na porta da casa da moça. Conversando, eles se olhavam com ternura e amor.

“Depois dizem que amor a primeira vista não existe...”, pensou Manoela, reconhecendo claramente o sentimento que havia brotado em seu coração.

Nicolas estava tão nervoso que não sabia o que dizer. Não sabia se a pedia logo em namoro ou se esperava um pouco. Ele nunca soube o que era um relacionamento amoroso de verdade, então para ele era difícil saber que decisão tomar.

- Quanto tempo tu ficarás a cá?

- Duas semanas. Pelo menos é o que combinei com minha irmã.

- Só? Seria tão bom que ficasse mais!

- Eu sei, mas tenho que obedecer minha irmã e...

- Você não é maior de idade lá no seu país?

- Sim.

- Então podes tomar decisões por si mesmo. Fique comigo, Nicolas.

- É o que eu mais desejo, Manoela.

E eles se beijaram. Era aquele beijo que, aos olhos de admiradores, era o beijo mais terno e meigo. Mas não era isso que o pai de Manoela via.

- Manoela! Passa já para dentro!

- Está bem, meu pai.

- E você, rapaz, tome cuidado com o que fazes à minha princesa. Ela é mais importante para mim do que minha própria vida.

Manoela entrou em sua casa, juntamente ao seu pai, enquanto Nicolas saía de seu hall de entrada cabisbaixo por ter sido interrompido.

Em seus pensamentos, haviam muitas coisas a ser ditas. Quantos galanteios ele poderia ter falado, se o pai daquela moça não tivesse aparecido? Quantas juras de amor? Nicolas finalmente entendia o que Romeu sentia ao ver Julieta, ao tê-la em seus braços, ao beijá-la, abraçá-la.

“Pensei que o amor não existia. Pelo menos, não nessa forma que todos descreviam. Mas ao conhecê-la, percebi que algo em mim mudou. Penso nela a todo momento, quero estar perto dela, quero fazê-la feliz. O que eu tinha por ilusão alheia, tornou-se meus pensamentos mais puros, me apaixonei. Agora, sou mais um bobo, que só pensa nos olhos meigos e no sorriso belo daquela portuguesa.”

[…]

- Nicolas?

- …

- Nicolas, acorde!

- Hum... que foi?

- Vai pro seu quarto, preciso dormir.

- Ah não, Núbia... deixa eu ficar mais um pouquinho...

- É sério, garoto! Preciso dormir... vai sonhar com sua portuguesa lá no seu quarto.

Nicolas havia chegado no hotel e fora direto para o quarto de sua irmã. Contou-lhe tudo o que acontecera naquela noite, e acabou adormecendo enquanto assistiam um filme.

Núbia estava feliz por seu irmão finalmente ter se apaixonado. Quem sabe ele não se aquietaria dessa vez? Afinal, ele parecia mudado.

- Maninha?

- O quê?

- Você não sente falta de um homem ao seu lado?

Aquela pergunta a havia pego de surpresa. Como aquele atrevido teve a audácia de fazer esse tipo de pergunta? Sem se dar conta, Núbia estava ruborizada.

- Para que essa pergunta, garoto?

- Ah, é que eu nunca vi você com alguém... você já se apaixonou?

- Isso não vem ao caso no momento.

- Ah vamos! Conte-me! Lembre-se de que eu sempre te conto tudo sobre minha vida...

- Não... quero... falar sobre... isso... Vá para seu quarto, está tarde e quero descansar, amanhã levarei a Angelina para passear, e sabe como ela tem energia, não é?

- Sei sim, minha irmã... boa noite então.

- Boa noite.

Falar sobre o passado, e sobre sua vida amorosa, mexia muito com Núbia. Ela não queria tocar no assunto, que estava morto e enterrado.