Forever Night escrita por Evelin


Capítulo 3
Queimação


Notas iniciais do capítulo

Este capitulo foi escrtito ao som de Sara Bareilles - Any Way The Wind Blows



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Queimação

No inicio fiquei a encara-los sem voz, sem nada em mente para dizer, então minha mente me sacudiu internamente e num pulo eu já estava em pé, numa posição defensiva, um velho habito que eu adquiri na vida, afinal alguém como eu não pode confiar em ninguém se quiser sobreviver.

Parecia que a paciência do mais velho era inabalável, ele apenas sorriu amigavelmente para mim.

-         Não se preocupe, não faremos mal a você – ele ergueu as mãos, as palmas viradas para mim, o rosto tomado por um sorriso amigável. Como se eu fosse acreditar em sorrisos...

O mais jovem me encarou, a cabeça tombada para um lado, sua expressão estava um tanto confusa ou curiosa, eu não sabia dizer...

-         Qual o seu nome minha jovem? – perguntou o anjo.

Eu não sabia o porque, mas...Aos poucos eu notei que não devia me preocupar com eles...Principalmente com o mais velho, não havia nada neles que me indicasse perigo...

Afinal se eles queriam me atacar, eles já o teria feito. Estavam em maior numero, a vantagem estava voltada a eles. Porem eles nada faziam, alem de me olhar de modo paciente e amigável.

Foi com essa conclusão que respondi a sua pergunta, segundos depois.

-         Evelin – me sobressaltei com minha voz. Não era minha voz, não podia ser...Era melodiosa demais...Ou podia?

-         É um prazer conhece-la, Evelin, eu sou Carlisle e este é Edward – ele apontou para o jovem de cabelos cor de bronze que me comprimento com um aceno de cabeça – por acaso, sabe onde esta Evelin? Ou o que aconteceu com você?

Eu não fazia a mínima idéia de onde estava e o que estava acontecendo comigo. Esta voz, esses movimentos rápidos,essa queimação em minha garganta, este frio...Confundiam-me...Tentei resgatar algo de minha memória, mas estava tudo tão vago, e escasso. Minha mente estava um caos maior do que o normal.

-         Para ser sincera, não – disse por fim, ainda estranhando profundamente minha voz.

-         Carlisle – disse Edward – Acho melhor explicar tudo detalhadamente, ela me parece bem confusa.

-         Claro, claro – concordou Carlisle rapidamente.

Edward foi se sentar em um banco próximo a uma alta janela onde se podia ver a lua brilhar no céu, uma rajada de vento entrou pela janela aberta e golpeou meu rosto. O ar não era frio como eu esperei...Era até que...Quente, não, talvez morna...Eu estava tão confusa que nem ao menos conseguia avaliar a temperatura do vento.

Carlisle foi se sentar diante de uma lareira, em uma poltrona, ele fez sinal para que eu me sentasse na poltrona da frente. Sem hesitar eu foi até ela, me movi tão rápido que novamente espantada parei abruptamente.

Carlisle não conseguiu conter um riso, ao ver minha cara de espanto. Eu o encarei, e algo em meu rosto o fez parar de rir.

Eu abri a boca para perguntar, mas ele apenas ergueu a mão e fez sinal para que eu sentasse. Obediente eu me sentei, ansiando por respostas.

-         Por onde começar...- ele murmurou para si mesmo. Perdido em pensamentos

-         Por que não me diz o que esta acontecendo comigo – sugeri.

-         Bem...Evelin, você agora, é uma vampira – ele disse cautelosamente.

Eu o olhei incrédula. Eu? Uma vampira? Eu não podia ser, eu era uma feiticeira...E feiticeiros não se transformavam em vampiros, eles morriam quando o veneno entrava na sua corrente sanguínea. Desta vez eu ri da cara dele.

-         Eu uma vampira? Impossível – disse entre risos

-         E porque seria impossível? – perguntou Carlisle curioso

Eu parei de rir, pega por um dilema particular...Eu deveria falar o que eu era? Mas ele me parecia confiável a cada minuto, com aqueles olhos dourados...Decidi contar a verdade por fim.

-         Por que eu sou uma feiticeira – comecei, ele ergueu as sobrancelhas, impressionado? Eu não soube dizer – não posso ter sido transformada em um vampiro

-         E por que não? – perguntou.

Eu parei por um minuto pensando em uma resposta que respondesse de maneira mais plausível, eu não era muito bom em explicar aspectos biológicos do corpo de um feiticeiro.

-         Bem...Como explicar...- murmurei me atrapalhando entre as palavras – Nos feiticeiros temos aspectos biológicos diferentes dos humanos, nosso corpo é mais forte, resistente. Quando o veneno entra em nossa corrente sanguínea, nosso corpo o combate com todos os meios possíveis, mas...Essa “luta” – me constrangi com o termo que tive que usar – leva nosso corpo ao limite, e ele acaba entrando em choque. E nos morremos.

Carlisle ouviu minha explicação com atenção. E quando terminei, ele me olhou de modo interessado, e curioso.

-         Nenhum sobreviveu? – perguntou serio

-         Que eu saiba não...

-         Até agora – comentou Edward

Eu me virei e o vi, encostado ao lado da janela, os braços cruzados me encarando.

-         Acredite ou não, você é uma vampira. – disse

Eu me virei para Carlisle.

-         Como é possível – perguntei?

-         Eu não faço a mínima idéia – ele encolheu os ombros.

-         Devem estar enganados – eu me levantei me afastando de ambos – a minha vida inteira eu ouvi historias de feiticeiros que morreram ao serem mordidos. Feiticeiros muito mais fortes que eu.

-         Não há engano nenhum Evelin – contrariou-me Carlisle, ele parecia um pouco pesaroso.

-         Você sabe que é verdade Evelin – disse Edward – Essa agilidade, o frio, sua voz...Essa queimação na garganta.

Algo me dizia que era impossível mentir para ele...

-         É só se olhar, e verá o que é – murmurou.

Eu o encarei cautelosa, seus olhos eram tão sinceros...Não havia como ter duvida.

Olhei para minhas mãos, e sufoquei por um minuto. Minhas mãos estavam tão pálidas...Extremamente pálidas. E embora fossem delicadas e finas, não me pareciam fracas, e sim fortes. Meu olhar vagou para meus braços, igualmente pálidos, delicados, porem fortes.

Tomei ciência do que acontecia dentro de meu corpo, ou melhor, o que não acontecia. Meu coração não batia, estava silencioso, mais do que o normal. Meu pulmão, ele ainda estava ali, mas não me parecia mais útil. O ar passava por ele, mais por um capricho do que por necessidade.

Até mesmo minha mente estava diferente, havia mais espaço nela...Eu captava muito mais detalhes. Minha visão estava absurdamente aguçada assim como minha audição e olfato. Eu via as rachaduras mínimas no batente da janela, eu ouvia a batida das assas dos pássaros lá fora, eu sentia cheiros desconhecidos...

Mas o que mais chamava minha atenção era esta queimação na minha garganta. Não era dolorosa, mas era irritante...

-         Ah meu deus – murmurei ao tomar total ciência da verdade.

Desta vez Edward foi quem riu. Ele parecia se divertir com meu espanto pela verdade.

Eu me segurei em uma cadeira próxima, desorientada. Ouvi um barulho seco de algo se quebrando. Um olhar rápido e percebi que havia quebrado o encosto da cadeira. Eu soltei a cadeira e me afastei cautelosa

Agora Edward e Carlisle riam suavemente.

Carlisle veio até mim e me conduziu até a poltrona onde eu estava sentada. O toque de sua pele em meu braço, não era frio, era da mesma temperatura...

-         É melhor se sentar – disse pacientemente sentando-se na poltrona da frente – sei como isto pode ser confuso.

-         Confuso...Eu diria absurdo – resmunguei.

-         Há alguma pergunta que queira fazer? – perguntou

“Milhares”, pensei. Procurei pela mais essencial.Não foi difícil encontrar.

-         Onde você me encontrou? – Perguntei.

Seu rosto ficou mais serio. Ele se curvou para mim, me encarando.

-Eu a encontrei em um beco, quando voltava de uma caçada – “caçada”? Esse termo não me agradava nem um pouco.Porem ele não me parecia aquele tipo de caçador que eu conhecia. Saciaria esta minha curiosidade mais tarde – você estava largada ao chão, extremamente ferida. Havia vários cortes e marcas roxas pelo seu corpo todo. Sem falar na bala que havia no seu ombro

Uma imagem veio a minha mente, um beco escuro, um homem apontando uma arma na minha direção, em seguida o som do disparo e mais nada...Balancei a cabeça, me preocuparia com esta cena depois. Notei que Edward me encarou seriamente.

-         Você estava consciente...Porem extremamente debilitada. Ao sentir o cheiro de seu sangue, eu notei o cheiro do veneno, estava tão forte. Eu não podia fazer nada...A não ser traze-la para cá, e esperar.

Pelo modo como ele disse esta ultima palavra, imaginei que ele não gostou de não poder fazer nada alem de esperar.

-         Quanto tempo...- eu não sabia como dizer

-         Dois dias – respondeu Edward.

Dois dias...Não parecia muito...Então me veio a mente à consideração maior que eu deveria tomar desta minha situação.

-         Eu sou imortal! – murmurei pasma

Carlisle e Edward se entreolharam, levemente divertidos pela minha reação exagerada.

Eu não consegui fixar a idéia de eternidade a minha vida...Talvez não conseguisse, pelo menos por enquanto. Era algo grandioso demais para ser aceito tão rapidamente.

-         Evelin – disse Carlisle me arrancando de meus devaneios – Você se lembra de alguma coisa? Como chegou ao beco, ou porque estava naquelas condições?

Eu sabia que a resposta estava em algum lugar na minha mente, porem ela estava tão confusa no momento com tanta informação, que me pareceu impossível responder algo.

-         Eu não sei...É muita informação, minha mente está um caos maior que o normal... E essa queimação não esta me ajudando em nada – resmunguei

-         Não se preocupe, talvez com o tempo você lembre – disse compreensivo – já a queimação podemos resolver no momento.

Eu o encarei com expectativa. Seria tão bom se essa queimação parasse, pois estava começando a me irritar.

-         O que sabe sobre a dieta de vampiros? – perguntou com um sorriso nos lábios

-         Que vocês...

-         Nos – corrigiu-me Edward, que a meu ver fizera isto apenas para me provocar.

Era absurdamente estranho ser posta nesta classificação.

-         Alimentam-se de sangue – continuei ignorando Edward

-         Que tipo de sangue? 

Me senti uma criança tola sendo ensinada, e para minha consternação, eu era basicamente isto, pois eu nada sabia do universo vampiro. Como se comportar, o que fazer, o que comer, como sobreviver...Será que minhas experiências de feiticeira tivessem alguma utilidade agora?

-         Sangue humano, não? – disse

-         Exatamente. Porem, alguns, como Edward e eu, nos alimentamos com sangue de animais – disse despreocupado.

-         Animais?

-         Não é tão prazeroso com sangue humano, porem nos mantém fortes. – Edward tratou de explicar

-         Se não é tão prazeroso por que se alimentam deles? Não que eu esteja criticando nem nada, mas...

-         Não cabe a eu decidir quando a vida de um humano acabara – disse Carlisle

Pelo visto Carlisle era um humanitário, sempre pronto a ajudar o próximo, e não fazer mal aos mais fracos. Mesmo que fossem humanos desprezíveis.

-         Bem, qualquer coisa para cessar essa queimação – disse esfregando meu pescoço, um gesto inútil obviamente.

Eu me levantei, num movimento ágil demais, e me virei me deparando para um espelho do outro lado da sala a qual eu não tinha notado. Havia uma linda garota nele, esbelta, delicada. Seus cabelos castanho chocolates ficavam um pouco abaixo dos ombros, e ondulavam nas pontas. Eu me aproximei do espelho, para me avaliar melhor...Eu não acreditava. Meu rosto possuía todos os traços perfeitos, meus lábios finos quase que delineados. Minha pele parecia um marfim intacto, extremamente pálida e suave. Eu estava estonteante. Nem em meus sonhos mais vaidosos eu me imaginaria desta forma.

Mas o que chamou minha atenção fora meus olhos, ainda dissimulados e misteriosos, mas com pesar notei terem mudado de cor. Antigamente eram de um verde claro como esmeralda, agora porem estavam avermelhados, como rubis. Tal mudança não me agradou em nada.

Edward apareceu a meu lado, com um sorriso descontraído.

Ele se curvou e sussurrou a meus ouvidos

-Pronta para caçar?

-         Qualquer coisa para cessar essa queimação – repeti o que havia dito a Carlisle.

Que irônica da vida, há dois dias atrás eu era a caça e agora me transformei no caçador. E estranhamente eu gostei disto. Estava animada para caçar, mesmo não fazendo idéia de como fazer isto. Estava ansiosa e não fazia idéia do porque.

 So uma coisa era certa, eu estava com sede, e queria sacia-la.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando..

Comentarios e sugestões, sempre bem vindos O proximo capitulo saira amanhã sem falta ^^



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