Abri os olhos. Sexta-feira. Último dia de aula. Me arrumei e fui pra escola, até que as coisas não estavam tão ruins por lá. Voltei esfomeada, e depois de eu terminar de comer, meu pai começa a falar:

- Filha, se lembra que dia é hoje? 

- dia 15?

- Não, quer dizer, sim, mas hoje é o dia em que a Meredith vai vir morar aqui.

Então é isso. Minha nova mamãe vai vir pra cá. Argh. Odeio ela, e além dela vir morar aqui, seu outro enteado (filho de um outro casamento) vai vir morar com a gente. Não vou considerar ele como meu irmão. Nem ela como minha mãe. sou e sempre serei filha única e nada substituirá minha mãe. Nunca vi o garoto, mas se ele for nojentinho igual a mãe, teremos problemas. 

- Ah, tinha esquecido.

- Então, teremos que fazer mudanças. Irei reformar parte da casa e enquanto isso, Kyle, o filho dela, irá ficar no seu quarto. 

- Pai! - exclamei indignada.

- Não temos mais o que fazer. Ele tem 14 anos, por isso é só um ano mais velho que você e eu conheço ele muito bem, ele é um bom garoto. 

- Não podemos, sei lá, deixar ele na casinha do cachorro até você reformar?

- Não temos casinha de cachorro. Nem temos um cachorro!

- O cachorro tá vindo com a sua dona, agora a casinha você pode comprar.

- Chloe não fale assim dele, ele é seu irmão agora - disse ele reprimindo uma pequena risada.

- Não, não é. - gritei e subi para meu quarto. 

Chorei até dormir. Sentia muita saudade da minha mãe. ela morreu faz 6 anos, ela faz uma falta enorme na minha vida. Acordei já era no final da tarde, umas 6 e meia talvez. Ouvia vozes lá embaixo, uma voz familiar, a de meu pai, e duas vozes desconhecidas, provavelmente da Meredith e seu filhinho. Arrumei meu cabelo e desci. Quando cheguei na sala, avistei meu pai, do lado dele uma mulher alta de cabelos negros, com uma roupa diferente do que eu imaginava - vestido curto e salto de 25 cm - mas ela estava de calças jeans, uma sapatilha e uma camiseta normal. E, sentado no sofá, olhando para mim, estava ele. Cabelos escuros, olhos verdes da cor de uma esmeralda, levantou para me cumprimentar. Era alto, forte, tinha um ar de simpático, mas estava na cara que ele não queria estar ali também. Tanto como eu não queria que eles estivessem aqui. Me deu um beijo na bochecha e disse:

- prazer, sou o Kyle. - disse ele com aquela voz que parecia que anjos estavam cantando enquanto ele falava.

- Chloe. O prazer é meu. - disse eu, trêmula e gaguejando.

- Klo, porque não vai mostrar o quarto onde o Kyle vai ficar? - disse meu pai, me tirando do transe que aqueles olhos verdes me fizeram entrar. 

- Claro pai. Por aqui Kyle.

Subimos a escada, fomos até meu quarto - agora nosso quarto.

- legal. Você também vai dormir aqui? 

- Sim.

- Você se incomoda? se sim, eu posso falar com o seu pai e -

- Não, não me incomodo, pode ficar aqui quanto tempo precisar.

- Obrigada. Olha, não se ofenda, mas eu acho que seria mais fácil ver você como amiga do que como irmã.

- é, eu também acho isso. 

Conversamos até a hora de dormir, quando fomos trocar de roupa, ele foi até o quarto da mãe dele e eu me tranquei no banheiro. A hora que eu saí, ele estava vestindo uma calça de moletom e estava sem camisa, pois estava muito calor. Ele era forte, muito forte. Tá, eu tenho só 13 anos, mas olhar não arranca pedaço né? e eu nunca me senti desse jeito antes, o que tá acontecendo comigo? 

- Voce se importa se eu ficar sem camisa? - disse ele.

- Não, essa casa também é sua agora, você tem que ficar á vontade.

Conversamos muito, até que fomos dormir. Nossas camas ficavam separadas por um criado-mudo, que tiramos de lá e juntamos nossas camas, não completamente, só colocamos mais perto para conversarmos mais baixo, já que nossos 'pais' já haviam reclamado. Dias se passaram e eu ficava mais amiga dele, já nos considerávamos melhores amigos, mas eu acho que também estava ficando mais apaixonada por ele. Eu nunca me apaixonei antes, nunca beijei ninguém antes, nem nunca tive um melhor amigo de verdade. Mas acho que ele não sente a mesma coisa. Tenho certeza que não.