Cheguei ao local me arrependendo do que ia fazer. Eu não sabia nem ao certo o que dizer, ia chegar e falar: “Oi sou Alyson, a sua filha que você largou com 6 anos.” Por mais que fosse a verdade eu nem ao menos teria coragem de dizer. Já sentia minha perna tremer só de estar lá. Tomei coragem e toquei a campainha, esperando que ninguém atendesse. Alguns segundos depois a loira abriu a porta, parecia ter acordado há pouco tempo. Senti o olhar dela passar por mim sem entender muito quem eu era ou o que estava fazendo ali.

– Oi? – Ela disse me analisando.

– Oi. Desculpa aparecer assim do nada. – Eu disse sem saber o que falar.

– Tudo bem. – Sorriu. – Mas quem é você? – Ela me encarou.

– Você não sabe quem eu sou? – Perguntei com alguma esperança dela me conhecer.

– Desculpa. Mas não. – Ela me olhou. – Na verdade. Seus olhos, seu rosto, me lembra a alguém.

– A quem? – Perguntei.

– A minha filha. – Tremi com aquilo.

– Sua filha? – Perguntei nervosa.

– Sim, mas faz tanto tempo que não a vejo. – Ela falou me analisando.

– E por quê? – Perguntei.

– Desculpa, mas quem é você? Estou aqui falando sobre a minha vida pessoal para uma estranha. – Ela disse e me irritei um pouco.

– Muito prazer. Alyson Baker. Sua filha. – Eu falei irônica e ela arregalou os olhos assustada. Não sei de onde tirei coragem para falar aqui.

– não pode ser. Aly? – Apenas balancei a cabeça confirmando e ela ficou lá parada me olhando. – Entra. – Ela disse abrindo espaço para mim.

Analisei a casa. Era bem decorada. Vi alguns portas retratos. Fui em direção a uma foto minha que tinha ali. Segurei o retrato o analisando.

– Você tinha 5 anos nessa foto. – Ela disse sentando no sofá. – Eu sei que tenho que te explicar muita coisa Aly. Eu nem sei por onde começar. – Coloquei o porta retrato de volta a mesa e fui em direção a ela.

– você pode começar pela parte que você me deixou. a parte que a minha vida toda começou a ser uma mentira. – falei segurando as lágrimas.

– Aly, quando você nasceu eu tinha apenas 17 anos. A idade que você tem agora. Eu era uma menina sonhadora, sempre sonhei em ser cantora. Quando eu tinha 16 anos conheci o seu pai, nos apaixonamos a primeira vista. Depois de um tempo fiquei grávida de você. Quando atingi a maior idade eu me casei com o seu pai.

– Você pode passar para a parte que você me largou? – Eu disse a interrompendo.

– Quando eu tinha 23 anos, eu percebi que não tinha realizado nenhum sonho. Eu comecei a ficar frustrada com aquilo. Por mais que eu amasse o seu pai eu não estava mais feliz. Um dia eu decidi sair de casa, correr atrás do meu sonho. O seu pai é claro não aceitou aquilo. – Uma lágrima escapou dos olhos dela. – eu tive que deixar vocês em uma noite. Eu fui no seu quarto, te dei um beijo na testa e sai.

– Eu preciso ir embora. – Eu disse me levantando deixando escapar uma lágrima, mas Claire me segurou.

– Alyson. Algum tempo depois eu me arrependi. Eu voltei para casa, mas vocês tinham se mudado. – Ela falou me encarando.

– Para mim você morreu mesmo naquele dia. – Eu disse indo em direção a porta.

– Alyson. – Ela gritou e eu a ignorei para longe dali.

O sentimento de frustração, raiva e dor invadiu o meu coração. Corri em direção a praia e me sentei na areia. Eu nunca imaginei, nem nos meus piores pesadelos ser deixada pela minha mãe. Ela sempre me passou um sentimento de alegria, sempre me apoiava, brincava comigo. Ser deixada por ela é uma dor que não desejo nem ao meu pior inimigo. Senti as lágrimas insistirem em sair, mas segurei. Eu não ia chorar. Não por ela que nem se importava mais comigo. Ela podia ter me procurado durante esses anos todos. Mas apenas resolveu ignorar que tinha uma filha que sofria por não ter a mãe. Meu celular começou a tocar me tirando do transe. Olhei o visor e era Zayn.

– Oi. – Eu disse tristonha ao atender.

– Onde você está Alyson? – Ele perguntou parecendo preocupado.

– Eu vim falar com a Claire. – Ficamos alguns segundos em silencio.

– Você tá bem? Onde você está? Vou para ai. – Ele disse nervoso. Passei o endereço do local de onde estava e fiquei ali olhando para o mar.

Poucos minutos depois Zayn chegou e sentou do meu lado me aninhando em seus braços, mas ficando em silencio assim como eu.

– Ela me deixou Zayn. – Falei um pouco irritada, mas tristonha.

– Ela te disse isso? – Ele me encarou.

– Disse. – Deixei uma lágrima escapar, mas logo sequei. Contei toda a história para ele. Ele não disse nada, apenas continuou me abraçando. Era bom estar com ele, eu me sentia segura. Esquecia todos os meus problemas apenas com um abraço.

– Vamos voltar para casa? – Perguntei. Eu não queria mais ficar naquele lugar.

– Você quer? – Concordei com a cabeça e me levantei indo em direção ao carro. Zayn me segurou pelo pulso me fazendo parar.

– Vai tudo ficar bem minha Aly. – Sorri com o que ele disse e dei um beijo calmo nele.

– Minha Aly. – Repeti o que ele disse sorrindo.

– Sim. Minha Aly. – Ele disse sorrindo. Segurei a mão dele e fomos em direção ao hotel. Zayn explicou para os meninos e para Kate o que tinha acontecido enquanto eu arrumava a minha mala.

Pouco tempo depois já estávamos indo embora. Não sei por quanto tempo dormi na viagem, mas quando acordei já estávamos chegando. Abri os olhos sonolenta e vi Zayn dirigindo. Sorri automaticamente ao vê-lo e ele pareceu perceber.

– Que sorriso é esse? – Ele disse também sorrindo.

– Eu nem sei o que seria da minha vida sem você agora Zayn. Ao mesmo tempo em que esse seja um dos piores momentos que eu passo eu sou feliz em ter você comigo. – Eu disse um pouco tímida e ele abriu um grande sorriso com aquilo.

– Você sabe que vou estar aqui sempre não é? Por mais idiota, bobo, cabeça dura e ciumento eu te amo. E quero que você seja sempre feliz Aly. – Sorri com aquilo. Logo paramos na garagem de casa. Fui ajudar Zayn a pegar as malas, mas quase cai, tudo ficou escuro e só senti as mãos dele me segurando.

– O que aconteceu Aly? – Abri os olhos lentamente e o vi nervoso.

– Não sei. Ficou tudo escuro. Mas já estou bem. – Eu disse me afastando de suas mãos.

– O que você comeu hoje? – Perguntou ainda me segurando.

– Nada. – Disse lembrando que pela primeira vez na vida não tinha me dado fome durante o dia.

– Entra no carro. Vou te levar para comer alguma coisa. – Apenas obedeci e entrei no carro. Zayn deu partida para algum restaurante e logo chegamos. Pedi um almoço leve, eu não estava mesmo com fome.

– Aly, você não pode ficar sem comer. – Ele disse segurando a minha mão.

– Eu não estava com fome. – Falei manhosa.

– Olha quem eu encontro aqui. Que coincidência. – Perrie disse sentando em uma cadeira vaga. Só faltava essa.

– Some daqui. – Eu disse irritada.

– Olha quem está irritadinha. Que foi? Ainda tristinha por que seu papai morreu? – eEa disse irônica e me segurei muito para não dar um soco na cara dela. Agora ela tinha pegado pesado. Levantei da mesa indo em direção a saída deixando a ornitorrinca e Zayn lá. Como eu odeio essa garota. Se não basta tudo que ela já disse agora ainda resolveu falar do meu pai. Resolvi voltar para casa andando porque Zayn não veio atrás de mim. Deve estar tendo uma conversa melhor com Perrie do que vir atrás da namorada adolescente problemática. Ouvi uma buzina se aproximar de mim. Abri um sorriso imaginando ser Zayn mas logo fechei o sorriso ao ver quem dirigia. Scott. Voltei a andar ignorando a presença dele.

– Entra ai Aly. Eu te levo. Está indo para casa? – Parei de andar e olhei para ele.

– Que droga Scott. Me esquece. Finge que eu morri ok? – Eu disse voltando a andar um pouco mais rápido. Scott desistiu e logo se afastou de mim. Mas que droga. Cadê o Zayn? Estava me aproximando do apartamento de Harry e resolvi ir para lá. Eu precisava desabafar e com Harry eu sabia que podia fazer aquilo. Entrei no prédio e logo cheguei ao seu apartamento. Ele demorou a abrir, mas logo que me viu abriu um sorriso.

– Estou atrapalhando? – Falei tímida.

– Claro que não Little Aly. Entra ai. – Ele disse abrindo espaço e entrei indo em direção ao sofá. – O que aconteceu? – Ele perguntou se jogando no sofá e sentei do lado dele.

– Estou um lixo. Tudo começou a dar errado. – Senti meus olhos se encherem de lágrimas. – Primeiro meu pai. Depois a minha mãe que resolveu voltar a vida. E agora a nojenta da Perrie. – Segurei as lágrimas.

– O que aconteceu? E onde está o Zayn? – Ele perguntou me analisando.

– Não sei. Eu o deixei no restaurante quando a Perrie apareceu. – Contei toda a historia para ele e Harry ficou irritado com Perrie. Assim como eu.

– Vem aqui pequena. – Ele disse abrindo os braços e o abracei. Era bom ter o Harry comigo. Ele estava sendo um amigo incrível durante todo esse tempo.

– Obrigada Hazz. – Sorri para ele.

– Disponha. – Ele disse sorrindo.

– Eu nunca pensei que eu poderia ser sua amiga. – Eu disse e ele me olhou curioso. – Quando comecei a namorar o Zayn você mudou comigo. Eu não queria perder a sua amizade. – Ele me soltou de seus braços e levantou do sofá. Olhei para ele sem entender muito bem.

– Eu preciso conversar com você sobre isso. – Ele disse nervoso.