Eu fui para o lado da garota que estava debruçada sobre a pia e segurei os cabelos dela para trás enquanto ela se secava.

   - Como sabe meu nome? – Perguntei para Eric que continuava na mesma posição com uma expressão muito calma e pensativa.

   - Cidade pequena. – Deu os ombros e olhou a parede.

  Ainda segurava o cabelo da menina para cima quando ela protestou e empurrou minha mão para o lado.

   - Estou bem! Deixe-me! – Soltei na hora e voltei para meu lugar perto da porta.

   Ela foi até Eric e passou as mãos pelos ombros deles.

   - Continuamos mais tarde? – Ele, para meu espanto, bufou e olhou para mim.

   - Não. Vá embora.

  A garota pareceu indignada e foi até a porta, me lançando um olhar de desprezo.

   - Espera. – Eric puxou-a pelo braço e a beijou. Realmente não sei como ela não se engasgou com a língua dele, por que em meio ao beijo dava para ver ela saindo e entrando na boca da mesma.

    Ele a soltou e logo depois empurrou a menina porta á fora. Sorri.

    - Você estava beijando ou tomando sorvete? – Perguntei com ironia e fui até a pia. Joguei água em meu rosto, estava quente ali. A festa em si, não me fazia bem.

    - Alguém aqui nunca foi beijada... – Levantei minha cabeça com a intenção de dar um tapa em Eric, ele estava atrás de mim com um sorrisinho.

    - Como se isso fosse da sua conta.

    - É, tem razão. Não é da minha conta. Mas se vou beber seu sangue importa sim. – Então cruzou os braços. Aquela cara desafiadora e sarcástica... Ele se curvou um pouco para sua boca ficar até meu ouvido para sussurrar: - As virgens são mais saborosas.

    - Ah, que azar o seu, então. – Virei-me para a pia, onde só podia ver o reflexo dele. Peguei um papel toalha e sequei meu rosto.  

     - Você é ousada. – Eric estava com uma cara de admiração agora. – Gosto disso.

  Revirei os olhos e fui até a porta, a essa altura Patch já estaria andando para todo o lado do bar me procurando. Ao pegar na maçaneta, senti uma mão gelada em cima da minha. Ele me olhava por cima, pela sua altura. Eu tirei minha mão da dele.

      - Não tem medo do perigo... – Eric demorou um pouquinho para continuar a frase: - Parece alguém que eu conheço...

    O nome que Pam disse aquela noite me veio na cabeça e o soltei me arrependendo na mesma hora.

      - A tal Sookie?

      - Sim, a “tal” Sookie. – Sua voz soava infeliz quando disse o nome dela.

      - Já disse que quero saber sua história. – Mordi o lábio, hesitando. Ele agora estava com a mão na porta, o que me impedia de sair, mesmo se tentasse.

      - Vai ficar com medo se eu contar tudo.

      - Você não é a única coisa sobrenatural que eu conheço, Eric. – Eu não sabia se ele descobrira sobre o que Patch era, ou sobre o que eu era.

      - E qual é a outra? – Agora Eric estava curioso, ele se aproximou mais de mim.

      - Só vou contar se me falar sobre você. – Ótimo, muito bom, Nora Grey. Negociando e fazendo tratos com vampiros. Eu já estava enterrada até o pescoço nessa história de Anjos e agora isso...

      Eric passou a mão em seu queixo, num gesto pensativo.

       - Amanhã á noite. – Ele disse por fim.

     Tirei seu braço do caminho e abri a porta com um pouco de esforço, vendo a festa ainda abafada e cheia, lamentei em voz alta:

        - Eu definitivamente odiei esse lugar. – Eric estava atrás de mim, ele fez uma cara de quem foi ofendido.

        - É feio falar mal do bar das pessoas.

      Demorei um pouco para raciocinar o que ele disse.

        - O quê? Seu bar? – Mas ele não respondeu, só passou por mim e saiu andando em meio às pessoas dançando.

       Segui de volta para a mesa em que Patch e Vee estavam. Minha amiga pareceu aliviada ao me ver, já meu namorado, preocupado.

        - Onde você estava?

        - Banheiro. – Disse voltando a me sentar entre os dois.

        - Nora? – Vee estava com um tom vermelho, imaginei se ela e Patch teriam brigado o tempo todo que estive fora.

         - Sim? – Eu estava distraída, sua voz me trouxe de volta ao bar e como que num sinal de “eu-estou-acordada”, peguei a mão de Patch. Ele levou seus dedos a sua boca e os beijou.

         - E as bebidas?

         - Eu... Eu esqueci, Vee. – Era verdade, estava meio enjoada e quase certeza que estava pálida. - Eu realmente não estou bem, podemos ir embora?

         - Claro. – Patch respondeu por ela, o que fez a mesma bufar. Olhei para o bar á minha frente tentando me manter fora da discussão que Vee ia ter questão de começar.

         Eric estava lá, sentado numa cadeira bem diferente das outras, era de madeira, alta e ficava ao lado de outra, onde agora, Pam ocupava com uma mulher em seu colo, elas se beijavam, o que atraia vários olhares curiosos dos mais próximos.

         Patch me puxou e Vee foi logo atrás, tivemos uma certa dificuldade para sair, já que a maioria entrava. O ar puro e fresco me fez bem, mas a movimentação do lado de fora continuava á aumentar, andamos até o carro que estava á alguns metros do prédio do bar e eu me sentei no banco de trás, deixando os dois na frente.

        Encostei a testa no vidro frio da janela e fiquei vendo as inúmeras árvores se tornarem apenas vultos verdes e pretos enquanto passávamos velozes por elas.