Paradoxal.

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Palavras de ódio...

         -Bastardo, idiota, egocêntrico, fresco, metido a besta! -resmungava Naruto irritadamente.

Os olhos azuis estavam focados no prato ensaboado, enquanto suas mãos, desprovidas de luvas protetoras, lavavam a louça. Uma boa quantidade de pratos escorriam no suporte, mas ele sabia que ainda teria que passar o pano de prato para secá-los. Não que houvesse necessidade - pelo menos a seus olhos. Mas havia um motivo para fazê-lo e ele estava atrás de si o encarando.

-Prepotente, arrogante, retardado, panaca, trouxa! -Naruto dizia as palavras do modo mais ferino o possível. Estava com tanta raiva que sequer conseguia encarar o outro.

-Sinto tanto amor vir de suas palavras que me sinto lisonjeado, dobe. -murmurou Sasuke indiferente.

Naruto lançou um olhar ríspido fatal para seu cônjuge, desejando, planejando pôr seus dedos ensaboados naquele pescoço alvo e apertá-lo até o ar faltar aos pulmões de Sasuke e este vir a óbito. Crime passional. E não era porque ele era o passivo, não por isso. Voltando a linha de pensamento: um crime. E uma utilidade pública.

Entretanto (e devia se inserir todas as conjunções adversativas neste momento) homicídio era crime e ele não viveria sem seu precioso ramem por matar um idiota.

-Falso, cabeça-de-bunda-de-pato, desgraçado, aproveitador!

Os olhos negros, definitivamente irritados, se focaram no trabalho que o outro negligenciara há dias. Desde o começo da semana alertara Naruto para lavar os pratos, pois ele não teria tempo, uma vez que trabalhava o dia inteiro e ainda teria curso à noite. Ele prometeu uma vingança cruel e Uchihas cumprem o que prometem:

Era sábado precisamente às seis horas da manhã.

E Naruto lavava a louça.

-Aquele imbecil, egoísta, louco, babaca, estúpido, chantagista! -Naruto terminou de lavar o último prato, aproveitando a deixa para lavar suas mãos.

Suspirou enquanto olhava para a pilha de louça para guardar. Estava com sono, seus dedos estavam enrugados e ele estava com fome.

-Cínico! Cretino! -murmurou ele, mas já estava sem forças.

Guardou os pratos na estante, juntamente com os copos. Os talheres foram guardados na primeira gaveta e tudo estava terminado.

Eram sete horas.

Um ruído estranho chamou sua atenção enquanto um aperto no estômago o fez lembrar que começara seus serviços domésticos sem sequer tomar o desjejum. Ainda estava de pijama! Praguejou contra seu quase ex esposo (porque agora o relacionamento estava fortemente comprometido). E foi quando sentiu um agradável perfume de macarrão e porco, fazendo-o salivar.

-Tome. -disse Sasuke com sua postura inabalável, seus olhos fitando a janela da cozinha desinteressadamente, enquanto estendia um pote de misso ramem sabor porco para Naruto.

Naruto fitou Sasuke de forma incrédula. Piscou uma, duas, três vezes e sorriu. Era lámem com porco: seu favorito. Um sorriso bobo emoldurou seu rosto antes de pular em cima do esposo.

-Eu te amo Sasuke! -disse Naruto alegre.

O Uzumaki furtou um beijo rápido do Uchiha, um mero tocar de lábios, mostrando carinho e logo em seguida sentou-se na mesa e se concentrou em comer. Sasuke escorou-se na parede, fitando as costas do outro. Seus olhos cintilavam ternamente.

-Eu sei. -murmurou Sasuke baixinho, de um jeito totalmente não Uchiha, dada sua expressão quase boba.

-O que disse? -perguntou Naruto entre uma garfada e outra, lançando um olhar enviesado para o outro. Sempre desconfie de um Uchiha carinhoso.

-Nada. -retrucou Sasuke enquanto se sentava na mesa para observar o outro, novamente no seu jeito habitual. -Você está escutando demais.

-Sei... -murmurou Naruto, lançando um olhar incrédulo ao outro.

Naruto voltou a comer seu ramem e nem percebeu o sorriso mínimo, mas genuíno de Sasuke.

...gestos de amor.

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