O casal preferido de Rose Weasley.

Ron e Hermione Weasley eram um casal singular, na opinião de sua única filha, Rose – já que o casal resolveu ter apenas dois filhos, uma menina e um menino, Hugo –, eles se completavam de uma forma que era quase incompreensível, mas mesmo assim palpável. E Rose Weasley sentava-se na bancada da cozinha para observar os pais, um hábito que pegara quando ainda era uma criança, discutindo ou fazendo o que quer que estivessem fazendo, ela simplesmente parava ali e os observava, com os olhos azuis atentos e divertidos, era um de seus passatempos preferidos quando estava em casa, ela simplesmente gostava.

E naquele fim de tarde não fora diferente quando desceu as escadas e passou pela cozinha ao ver os pais juntos conversando entretidos em algum assunto que ela, a jovem Weasley, não havia ainda conseguido pegar. Sorrindo divertida ela encostou o corpo relaxado na bancada da cozinha para ver seus pais, Hermione estava apontando acusadoramente um dedo em riste na direção do marido e os olhos se estreitaram. A filha do casal conseguiu conseguir captar a palavra “assado” na conversa e mordeu os lábios com força para não gargalhar e estragar o momento que ela apreciava, provavelmente Ron devia ter esquecido o assado no forno, de novo.

- Ronald Weasley, quantas vezes tenho que dizer para não colocar algo no forno e ir para a sala ver televisão depois?! Você sempre dorme! E sempre queima a comida no forno! – a mulher ralhava com o marido, que a levaria a sério se o tom de voz dela não parecesse à beira de uma gargalhada – O que diremos aos seus sócios?

- Ora, Mione – ele disse sorrindo para a esposa e abraçando pela cintura, trazendo a morena para perto de si – porque desta vez você não cozinha comigo? Aposto que o nosso assado seria muito melhor – ele beijou brevemente os lábios da mulher que sorriu por entre o ato.

- Oh, Ron, nem temos mais um assado para fazer! – ela lamentou embora estivesse claramente feliz.

- Nós podemos enviar a nossa pequena espiã, que nem disfarça mais – ele acrescentou fingindo-se de ofendido e Rose sorriu enquanto via seu pai lhe indicar com a cabeça –, para o mercado comprar.

- Rose, querida – sua mãe lhe lançou um lançar significativo enquanto ainda era abraçada pelo marido –, você poderia ir?

- Claro, mamãe. – a jovem respondeu e pegou dinheiro num potinho que ficava em cima da geladeira – Tio George vem hoje?

- Vem, sim, e seus primos e sua tia. Harry e Ginny também.

Rose, que não era mais tão pequena assim embora seu pai insistisse em chamá-la desse jeito, tinha em torno dos quinze ou dezesseis anos, não mais. Enquanto fazia seu caminho até o mercado pensava nos pais, rindo enquanto se lembrava que há alguns anos eles resolveram fazer um curso de culinária trouxa, “para quando seu pai precisar comer a qualquer hora não precisar me acordar” foi o que a mãe lhe disse certa vez quando perguntou a respeito, embora ela soubesse que era para simplesmente passarem mais algum tempo juntos, e aprendendo – do jeito que a mãe gostava.

De todos os casais da sua família, não podia negar que seus pais eram os favoritos – e definitivamente não era porque eles eram seus pais, ela só os achava muito mais interessantes de observar ou passar o tempo junto que os outros. Eles gostavam de discutir, acaloradas discussões eram o que não faltava naquela casa, principalmente depois que ela e Hugo aprenderam a argumentar tão bem quanto Hermione, Ron dizia; eles viajavam bastante também, os quatro, e pegavam quase metade das férias fazendo isso, a parte que Rose mais gostava era quando eles iam fazer o roteiro de viagem, uma confusão só até entrarem em acordo!

Não que Tia Ginny e Tio Harry fossem chatos, eram seus padrinhos e eram divertidíssimos, mas não pareciam tão loucos um pelo outro quanto seus pais, que pareciam sempre borbulhando alguma paixão e seus tios eram tão mais reservados e quietos quanto a isso – ela tinha que concordar que sua Tia Ginny parecia mais acalorada que o tio, que era de uma timidez só. Tio Bill e Tia Fluer pareciam tão românticos, mas eRose nunca os viu namorando de fato, só trocando pequenos beijos, apesar dos olhares apaixonados, coisa nada divertida e empolgante de olhar em sua opinião. Tio Percy era sério e formal demais para deixar ele mesmo e sua Tia Audrey num momento a dois mesmo na frente da família inteira. Tio George e Tia Angelina por outro lado eram divertidíssimos embora e passassem mais tempo brigando com os filhos ou fazendo gracinhas que Rose nem tinha momento para parar e observá-los.

Talvez o único casal que pudesse bater seus pais fossem seus avós, de ambos os lados! Os Weasley eram tão sossegados e passavam a maior parte do tempo juntos conversando baixinho e Rose conseguia sentir o amor deles a qualquer distancia; os Granger era uma coisa divertida, seu avô adorava contar história e sua avó era mais quieta, mas quando ela decidia dar uma bronca seu marido se encolhia consideravelmente – e Ron também, quando estava presente – e então depois eles sentavam-se no sofá juntos para assistirem a algum programa, Rose não podia deixar de sorrir toda vez que via a cena, nunca mudava.

Ela entregou o assado para os pais quando chegou em casa e decidiu que precisava ficar limpa para receber seus primos, tios e os sócios de seu pai e de tio George. Tomou banho e se trocou, agradecendo internamente que o verão não estava escaldante naquele final de férias. Passou no quarto de seu irmão mais novo que estava deitado preguiçosamente enquanto lia algum livro e algum CD tocava baixinho no quarto, deitou-se ao seu lado na cama e o menino fechou o livro, marcando a página antes.

- Tio George vem aqui hoje.

- Seria bom se eles resolvessem avisar com mais antecedência essas coisas – Hugo resmungou e ela riu.

- Tio Harry vem também, e nossos primos. Descobri agora pouco antes de ir comprar um assado, senão fosse por isso nem estaria sabendo – ela rolou os olhos.

- Outro assado? Mas eu comprei um hoje de manhã… papai queimou enquanto dormia vendo televisão, né? – os irmãos riram – E o seu namorado?

- Oh, nem estamos namorando ainda, Hugo – ela sussurrou confidente.

- Acho bom que não saiba até voltarmos pra escola, papai consegue ler nossas caras facilmente. É melhor você nem saber que namora para não precisar omitir isso.

- Oh, quem me dera se eu estivesse, isso, sim – resmungou antes de beijar a bochecha do irmão – É bom que tome um banho, logo Lily estará aqui –  ela piscou pro irmão e levantou-se, saindo do quarto.

Ela chegou na cozinha a tempo de ver Ron colocado o novo assado no forno e Hermione limpar a cozinha com um aceno de varinha, eles estavam um pouco sujos e ela riu divertida enquanto revirava os olhos.

- Vocês ainda estão aí? Papai vai logo tomar um banho, vocês estão sujos e daqui a pouco os seus convidados vão chegar – ela mandou empurrando seu pai para fora da cozinha e sua mãe a seguia logo atrás.

- Hermione, está ouvindo isso? Desde quando a sua filha virou a minha mãe? – perguntou indignado enquanto subia as escadas

- Nossa filha, Ronald Weasley. E ela está mais que certa, suba logo essas escadas e quando eu subir eu quero ouvir você no banho – Hermione disse séria e pode ouvir os resmungos do marido, virou-se rindo para a filha – Você pode cuidar do assado dessa vez, querida? Preciso também tomar banho – a jovem assentiu e a mulher começou a subir as escadas, mas pareceu lembrar-se de algo e parou no primeiro degrau, virando-se para a filha de novo – Você ainda passa algum tempo nos observando, Rosie?

- Claro, mãe – sorriu e a mãe lhe devolveu o sorriso –, é um dos meus passatempos preferidos. Vocês são simplesmente únicos – ela riu ao ver a mãe corar e voltar a subir as escadas.

- Aposto que você e o seu namorado também são, meu amor – a voz baixa da mulher atingiu os ouvidos de Rose quando a primeira já estava no topo da escada, Rose arregalou os olhos e balançou a cabeça, boquiaberta.

Ela estava sentada na mesa da cozinha sem fazer nada de especial, observava de tempo em tempo o relógio da cozinha e então voltava seus pensamentos para algum assunto aleatório. Estava pensando numa história de um livro intrigante que estava lendo e ainda não havia terminado quando ouviu algo bater na janela da cozinha, virou a cabeça rapidamente na direção do barulho e viu uma coruja batendo na janela com uma carta pendurada na pata, abriu a janela e deixou a coruja entrar. Com cuidado retirou a carta e deu água e biscoito para a coruja que logo levantou voo e saiu pela janela, de volta para seu dono. Rose baixou os olhos finalmente para a carta e sentiu seu estomago dar uma volta enquanto via de quem pertencia àquela letra refinada.

Seu sorriso ficava cada vez maior e mais bobo conforme lia a carta até que um cheiro preencheu suas narinas e ela arregalou os olhos. O assado! Enfiou a carta de qualquer jeito no bolso e correu para desligar o forno, o alivio fora enorme depois que ela abriu o forno e ver que o bendito assado não estava queimado e sim cheirava deliciosamente. Deixando o assado no forno enquanto seus pais não voltavam, Rose pegou a carta da sua mão e terminou de ler o ultimo paragrafo que faltava antes da assinatura do nome dele.

“Sai comigo amanhã? Não aceito um não como resposta. Na livraria perto da sua casa às 2h, que tal? Estou com saudades. Até amanhã.”

- Rose? – ouviu o pai lhe chamar e ela pulou de susto, os olhos arregalados – O que é isso?

- Alice mandando noticias sobre as férias dela.

- Oh. Não deixou o assado queimar, né? – ele perguntou nervoso – Sua mãe nos mataria!

- Não deixei, ele está pronto e dentro do forno – mas eu não me importaria se deixasse o assado queimar pra sair com o Scorpius, ela completou em sua cabeça e balançou a mesma enquanto ia para a sala, repreendendo seus pensamentos com um sorriso divertido brincando nos lábios.