Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 9
Capítulo 9 - Maus Lençóis


Notas iniciais do capítulo

Como prometido:
- O capítulo mais leve
- Um encontro! :)



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Bella estava na lanchonete. O horário do almoço estava próximo e os primeiros clientes do período começavam a chegar. A maioria deles era cativa, estando presente constantemente e sentando praticamente sempre nas mesmas mesas e pedindo os mesmos lanches.

Grande parte já chamava Bella por seu apelido e a cumprimentava com sorrisos ao chegar. Ela gostava de alguns e tentava não mostrar a irritação que sentia com outros. A verdade é que, aos poucos, ela estava conseguindo conquistar mesmo os mais difíceis com seu jeito meigo e simpático de ser.

Mesmo quando tinha que aturar os mais cascas grossas, que a tratavam mal e xingavam pela demora de “cinco minutos” em seu lanche, mas que na verdade eles diziam ser “uma hora”, ela não considerava aquela a parte ruim do trabalho. O que matava Bella era o salto alto, isso sim a matava muito.

Ela estava abaixada na parte de dentro do balcão arrumando canudos no dispensador quando o sininho da porta tocou, avisando que alguém entrava no local. A outra atendente, Luiza, iria dar a volta e atender quem chegou, mas logo a pessoa estava empoleirada no balcão e tentava chamar a atenção de Bella.

- Escondida aí, né? Eu te vi! – era Esme Holdford, futura cunhada de Alice e amiga de longa data de ambas.

- Oh, oi! Fazendo o que por aqui?

- Só dando uma volta! Ah, Luiza, você não sabe também, eu vi esses dias na Sky um desfile onde a moça parecia a Bella!

- Afff, podem parar com a palhaçada... – Bella se fez de inconformada, enquanto Luiza ria.

- Eu sempre achei mesmo que ela tinha esse ar de super modelo, embora ela negue – Luiza entrou na onda. Depois, ela se aproximou de Esme no balcão e fingiu sussurrar, como se fosse segredo, mas na verdade queria que Bella ouvisse. – Aliás, sabe que eu já peguei ela entrando na cabine telefônica da rua de trás e no minuto seguinte eu vi a Gisele Buntchen saindo? Pois sim, tipo Clarck Kent!

As duas começaram a rir e Bella jogou canudos nelas.

- Palhaças, vamos parar com a graça.

As duas começaram a rir, mas pararam imediatamente quando o gerente da lanchonete saiu pela porta da cozinha.

- Luiza, eu não estou vendo esse chão limpo o suficiente... E, Bella, não vai atender a moça?

Esme não queria deixar as garotas em maus lençóis e pegou o cardápio na hora de um dos cantos do balcão.

- Oh, elas já me atenderam senhor, é que estava em dúvidas e perguntei a elas sobre alguns lanches.

- Mas para as duas? – ele pareceu não acreditar.

- Sim. Por que não? – ela deu de ombros, tentando transparecer um ar de superioridade e completou. – Sou a cliente, não, é? Eu tenho o direito de ter minhas dúvidas sanadas como uma consumidora em potencial.

O gerente nada disse, apenas começou a andar após pigarrear e encarar as duas funcionárias. Bella olhava para seu bloquinho no balcão, torcendo para que Esme pedisse logo algo, enquanto Luiza tentava lustrar o chão – que, aliás, estava impecável. Ela costumava dizer que as broncas do chefe eram apenas “intriga da oposição”, mas no momento não achou uma boa oportunidade comentar.

Esme decidiu mesmo pedir algo, já que estava com fome, isso a daria mais tempo para falar com Bella, mesmo com o gerente podendo vê-las e ela não querendo complicá-las.

- Amiga, marca para mim um lanche vegetariano, batatas fritas e aqueles palitinhos maravilhosos de cenoura.

- “Palitinho maravilhosos”? Aquilo é cenoura cortada, sua doida – ela cochichou.

- Hei, eu estou tentando dar um ar de sofisticação e cliente feliz aqui, por favor, né? – ela riu. – Aliás, você precisa me ajudar em algo hoje.

- Oh Deus, no quê?

- Nada de muito elaborado, eu só queria que meu irmãzinho lindo saísse hoje com a namorada dele. É que tenho um encontro, e com ele em casa é impossível eu ir, né?

- Sério? E com quem?

- Aí ele é lindo, divino, um anjo enviado dos céus e...

- Então, se ele tem tantos atributos, por que seu irmão seria contra o namoro?

- É que... Bem, digamos que eles se conhecem...

- E não se dão bem? É isso?

- Não, imagina, eles se dão muito bem. Até trabalham juntos!

- Então o problema é que você acha que ele implicaria com o rapaz por que eles são amigos?

- Não, na verdade o Rafa daria um chiliquezinho por outro motivo...

- Qual?

- É que... – Esme tentou desconversar e olhar para as unhas. Mas Bella não desistiu.

- Anda logo, fale ou não te ajudo.

Esme a encarou e suspirou aos poucos, já que não havia saída. Bella só cooperaria se soubesse o que se passava.

- É que digamos que ele é um pouquinho mais velho do que eu...

- Um pouquinho quanto? Meses? Um ano? Dois? – Bella a encarava.

- Um pouco mais...

- Não enrole Esme, meu chefe não vai deixar eu ficar o dia inteiro te atendendo.

- Ok, ele tem uns seis... Sete... Oito... Talvez uns dez anos a mais do que eu... – ela foi diminuindo a altura da voz ao falar.

Bella pensou em bancar a inconformada, mas não podia, ela estava trabalhando.

- Dez anos? Esme, isso quer dizer que, se bobear, ele é casado, não é?

- Não, ele não é. Eu juro!

- Sei, o último que me falou isso, você sabe pelo o que passei, né? – Bella disse séria.

Esme voltou a olhar o cardápio, tentando fugir do olhar inquisidor da amiga.

- Eu sei... Jake te enganou e tudo mais, mas o Carl é diferente...

- Carl? Esme, por favor, veja bem onde está se metendo amiga; eu não quero que você se decepcione e sofra como eu sofri.

- Eu sei, amiga. Juro que vou tomar cuidado – ela sorriu.

- Certo, posso me arrepender depois, mas eu vou falar com a Alice, ok? Assim você sai com o rapaz, mas olhe lá, hein... Juízo! Veja lá aonde ele vai querer te levar...

- Na verdade, eu é quem decidirei.

- Bem, isso parece bom, já começaram bem, não é? Ele parece atencioso e...

- Na verdade – Esme a cortou encabulada, – é que ele não sabe que sairemos.

- Como assim? – Bella estava confusa. O que Esme dizia pareia não ter nexo para ela a uma altura dessas.

- É que vou convidá-lo hoje.

- Então você nem ao menos sabe se ele vai aceitar sair contigo?

- Oras Bella, é claro que ele vai! Eu sei ser convincente!

Bella iria repreender Esme e tentar colocar juízo em sua cabeça, mas a sineta da porta indicou novos clientes. E ao tentar olhar para os lados a fim de localizar Luiza, ela notou que seu chefe a olhava zangado.

- Bem, você sabe o que faz. – ela finalizou a conversa.

Em seguida, ela levou o pedido até a janelinha da cozinha e pegou os cardápios para atender a família que acabava de chegar e escolhia uma mesa para sentar.

Não demorou para que todos se acomodassem e ela chegasse até ele com entusiasmo.

- Bom dia, meu nome é Bella e aqui estão os cardápios. Deixarei escolherem o que desejam e volto em um minuto, ok?

Ninguém estava com seu mesmo humor e ela havia notado o como todos estavam sérios. Até mesmo as duas crianças pareciam ter saído de um velório e... Notado suas roupas, ela supôs que poderia ser isso mesmo e murchou.

A moça loira, Lucy, sorriu para Bella e agradeceu ao pegar o cardápio. A atendente não tinha culpa da infelicidade deles e seus sobrinhos precisavam mesmo comer. Bella se afastou um pouco, dando privacidade para que escolhessem o que desejavam comer. Era o mínimo que pudesse fazer para ajudar, no momento.

Ela correu de volta para o balcão, onde ainda sentia os olhos acusatórios que o gerente lançava para ela a respeito da conversa anterior com Esme – mesmo sem saber que elas eram amigas.

No entanto, foi só quando resolveu arrumar os últimos canudos que realmente percebeu quem havia entrado na lanchonete. Não era um Deus grego, muito menos uma celebridade ou um modelo, mas aquele homem era realmente lindo.

Com um ar, de certa forma, nerd, ele olhava o menu e arrumava um pouco o cabelo que lhe estava incomodando. Com uma careta, resolveu o que iria pedir. Até chegou a fechar o menu. Foi aí que Bella percebeu o quão nervoso ele parecia.

A perna balançava – era um daqueles tiques nervosos, sabe? – e não parava quieta nem por um segundo. Ele passava a mão no cabelo, como se quisesse ajeitar aqueles fios rebeldes a todo custo, para ficar bonito. Passava a mão no queixo, como se estivesse sagazmente arrependido por não ter feito a barba naquela manhã. E olhava para todos os lados, que não fosse o que Bella estava. Era como se ele meio que fugisse dela.

Porém, a única coisa que Bella conseguia pensar era que, como todos os outros, ele já era comprometido. Ou uma pessoa de má índole. Ou homossexual. Era sempre assim na vida dela. Sempre havia algo em seu caminho, impedindo-a de ter o seu “feliz para sempre”.

E ela, desconfiada, continuou os seus afazeres no balcão enquanto espiava de rabo de olho aquele homem. Ela percebeu que ele lhe dava algumas espiadelas, corria o olho pelo balcão quando percebia que ninguém estava reparando. No mínimo, ele devia ser comprometido e estava querendo dar uma “fugidinha”.

Mas Bella estava completamente errada. Desta vez, mais do que nunca, ela estava errada.

Quando ela percebeu que seu gerente deu os primeiros passos – e ela jurou que era em sua direção para dar-lhe uma bronca, – ela resolveu voltar até à mesa. Pegou o bloquinho e a caneta e saiu, sem mais nem menos.

Com um sorriso no rosto, ela respirou fundo e tentou ser imparcial em relação ao homem, e confortante a todos os outros. No entanto, a situação ficou um tanto... Estranha.

- Já fizeram os pedidos? – ela pediu de uma forma geral, mas a única pessoa que ela conseguia realmente olhar era para Edward (o qual ela ainda nem sabia o nome), que a encarava de uma forma muito peculiar.

- Ah... – foi tudo o que ele conseguiu pronunciar. Aliás, foi tudo o que saiu antes de um dolorido “ai”, logo após o cutucão que havia levado da moça loira.

No mesmo instante, Bella pensou. “Não disse? Comprometido! Casado, tão novo e já tem filhos desses tamanhos!”

- Bem, nós decidimos sim – a moça sorriu enquanto tentava chamar a atenção de Bella para si, – serão quatro lanches de frango. – Alec torceu o nariz, mas antes que pudesse abrir a boca para reclamar, Lucy o impediu. – Sem comentários, todos vão comer, ok?

Bella, como garçonete, já havia presenciado muitas “discussões” entre pais e filhos, sempre havia um mais rebelde que não queria comer, aquilo era de praxe para ela. Ela sorriu levemente enquanto escrevia no bloquinho e Edward não conseguiu de tirar seus olhos da atendente, que parecia alheia à sua existência naquele instante.

Bella voltou a olhar para a mesa, desta vez se concentrando apenas em Lucy, afinal, era mais fácil para ela pensar se não olhasse para “ele”.

- E o que querem para beber?

- Traga refrigerante para todos, estão bom assim – desta vez era a garota quem iria dizer algo, mas desistiu logo.

Bella sorriu e saiu, após pegar os cardápios e tentar não olhar para Edward de novo.

Jane não se conformou, mas não queria bancar a mau educada e decidiu dizer a tia que odiava refrigerante apenas longe da secretária.

- Tia, eu preferia suco ou água...

- Por favor – Lucy disse colocando as mãos no rosto, – hoje não, tomem qualquer coisa, por favor...

Jane e Alec se olharam e nada mais disseram; era tão difícil para a tia quanto para eles. Logo, a mesa voltava a um silêncio sepulcral que foi quebrado pela própria Lucy.

- Edward – ele a encarou, – a garçonete não faz parte do cardápio. Pelo amor de Deus, tenha modos!

Ele olhou para baixo e Jane e Alec tentaram esconder o riso. Lucy realmente sabia melhorar o clima das coisas, além de colocar os outros em maus lençóis com facilidade até nos piores momentos.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam desse capítulo mais leve, hein?
Queremos mesmo saber se estão gostando, ok?
Aliás e a Esme? Gostaram de vê-la aqui? :)
Beijinhos e espero vê-los comentar :)



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