Harry e Ginny tinham acabado de sair para ir à festa de Slughorn. Hermione não quis ir, achou melhor não. Estava sentada em um sofá com Fred. George e Rony conversavam sobre algo em outro canto da sala. Fora isso o salão estava vazio. Não era mais tão cedo e a maioria dos alunos ainda não havia arrumado suas coisas. Todos estavam dormindo ou ajeitando os malões.

– Estou com sono. – ela cochichou esfregando o olho esquerdo.

– Espere só mais um pouco – o ruivo respondeu no mesmo tom de voz e começou a passar a mão nos cabelos volumosos da morena –, daqui a pouco você sobe.

Ela assentiu acomodando-se melhor no colo de Fred.

Hermione caminhava por uma floresta. Estava de noite o que colaborava mais ainda para a escuridão que predominava no local.

O único barulho que podia ouvir era o de seus pés pisando nas folhas secas que cobriam como um grande manto o chão de terra. Tudo estava quieto e escuro a sua volta, mas, por mais que achasse estranho, não estava com medo. Alguma coisa estava entalada em sua garganta fazendo com que uma incessante sensação de angustia a possuísse.

Ela procurava por algo no chão, não sabia o que era, porém, parecia saber. Nem ela mesma podia intender o que estava acontecendo e sentindo, só sabia que sentia e não era algo tão confortante.

– Lumus – ela murmurou ainda vasculhando o chão com os olhos.

Um clarão passou a sair de sua varinha iluminando assim as folhas abaixo de seus pés. Deu mais alguns passos até que alguma coisa pareceu brilhar quando a luz passou sobre um objeto no meio das folhas secas.

Era uma noite gélida de outono – dava para perceber pelas árvores quase todas somente mostrando os galhos vazios sem folhas. Uma coruja piava em alguma árvore próxima, contudo, Hermione não deu importância.

Com os pés mexeu um pouco nas folhas a fim de ver se realmente havia alguma coisa. Outra vez o brilho apareceu. Ela agachou-se esperançosa, e ao pegar o objeto na mão pode sentir euforia por telo conquistado, mas também uma inexplicável tristeza. Era como se fosse ver algo que a partisse no meio somente de tocá-lo.

Uma imagem transparente – que lembrava muito a de um fantasma porém diferente – apareceu a sua frente. Aos poucos foi tomando o formato de alguém muito conhecido pela morena.

Ela sentiu suas pernas fraquejarem e despencou ali mesmo, no chão, ao ver a imagem do ruivo formada a sua frente. Ele encarava-a sorridente embora ela não se sentisse tão feliz quanto ele.

Apoiou as costas em uma árvore que estava próxima. Pode sentir as lágrimas rolarem involuntariamente por seu rosto que provavelmente estava pálido de frio e ao mesmo tempo um pouco de espanto.

Fred agachou-se a sua frente. Um sorriso reconfortante alargou-se em seu rosto como que querendo consolá-la. Os olhos castanho-esverdeados encarando-a pareciam pedir para que ela parasse de chorar.

– Não fique assim – sua voz deu a Hermione uma sensação de aconchego –, não fique assim Mione...

Ela não respondeu. Ele passou – ou pelo menos tentou – uma das mãos no rosto dela em uma tentativa de acalmá-la, mas infelizmente, como era de se esperar sua mão atravessou as bochechas rosadas pelo frio da morena.

Mesmo com essa desastrosa tentativa ela sentiu-se melhor. Teve a sensação de realmente sentir a mão do ruivo, o que a deixou muito mais aliviada.

– Você sabe que sempre estarei ao seu lado, sempre te acompanharei – Fred fez uma pausa – Seja forte, não foi essa Hermione que eu conheci – ela sorriu.

– Mione! – uma voz a chamava – Hermione!

Abriu os olhos deparando-se com Fred a encarando com ar preocupado. As orelhas do ruivo queimavam e seus olhos estavam marejados por algumas lágrimas.

– Fred! – ela disse espantada pendurando-se no pescoço do ruivo em um abraço com toda a força que tinha – O... o que aconteceu? – perguntou ainda um tanto desnorteada enquanto olhava a sua volta.

Rony e George encontravam-se também um pouco apreensivos ajoelhados ao lado do sofá. Foi só aí que ela deu-se conta do que havia acontecido. Fora tudo apenas um sonho, somente isso.

Alguns pingos gélidos de suor escorriam por seu rosto misturados a algumas lágrimas. Ela podia sentir seus olhos arderem, provavelmente deviam estar vermelhos.

– Não sabemos... – George falou enquanto olhava aliviado para o rosto de Hermione.

– Você adormeceu e após alguns minutos começou a se debater. – Fred completou.

– Está se sentindo bem? – o terceiro ruivo perguntou.

Ela acenou positivamente com a cabeça.

Levantou-se e deu um longo selinho na boca do ruivo com quem antes estava abraçada. Despediu-se dos outros e subiu para seu dormitório ainda sentindo-se meio tonta.

Empurrou o malão que estava em cima da cama para baixo da mesma. Trocou-se e desabou em um sono profundo com o barulho do vento do lado de fora nos jardins tocando sua sinfonia.