A cidade de Nova York é um lugar estranho para, pela primeira vez, ser um humano, ainda mais sendo deixado no meio de um cruzamento numa das ruas mais movimentadas da cidade. Depois que o conselho aprovou, por muito pouco, o pedido de Percy de entrar no mundo humano para poder falar com Annabeth, Percy surgiu no meio da grande metrópele. Ele se sentia completamente perdido, as pessoas andavam de um lado para o outro apressadas, como se sempre estivessem atrasadas.

 Ele pensou seriamente em dizer a elas que fossem mais devagar e aproveitassem mais a vida, mas lembro-se de que no mundo mortal as pessoas costumam dispensar esse tipo de conselho. Bem diferente do mundo em que vivia, o palácio dos guardiões, Nova York era gitada, barulhenta e cheia de pergigos. Para alguém como Perseu, que passou sua vida protegendo alguém, estar ali sozinho era bastante complicado.

Não sabia ao certo para onde ir, ou o que fazer... Sabia que aquele era mais um sábado comum, Annabeth não costumava trabalhar nos sábados, o que era bom, pois assim ele podia visitá-la, mas foi então que algo lhe ocorreu : Como falar com ela? Puxar assunto assim do nada? Falar sobre o tempo? Ele não podia falar a verdade, estava proibido sobre qualquer circunstância mencionar que era seu guardião. Esperava que não fosse muito difícil encontrá-la no no meio daquela multidão desorientada, ao menos sabia onde ela morava, quem saba se ele batesse em sua porta? Mas aí diria o que? Que desceu de um mundo fantástico esconhecido dos humanos para vê-la?

Não. Não mesmo.

Estava parado em uma calçada fazia algum tempo, não sabia por onde começar. Ficaria alí eternamente, se não recebesse uma, vamos dizer assim, "ajuda divina".

-O que você estava fazendo aí parado?-  voz de Nico falou dentro da cabeça de Percy.

-Estou pensando no que fazer -ele respondeu, alguma pessoa olharam para o pobre rapaz que estava falando sozinho.

-Assim você não vai a lugar nenhum. Fala sério, você desafiou as regras para vê-la... Então vá atrás dela!

-Eu não sei o que fazer. Como vou chegar perto dela?

-Ficando aí parado que não vai ser! -Nico já estava começando a ficar irritado.

-Você não está me ajuando muito... -Percy comentou. -Por que eu não consigo te ver?

-Porque eu sou seu guardião agora... Você virou humano, alguém precisa te proteger.

-Mas eu posso ouvir você. Como?

-É claro que pode, todos podem nos ouvir, mas precisam de uma conecção especial com o nosso mundo.

-Não sabia disso.

-Bom, quando me mandaram ser seu guardião, Gabriel me disse que "você ainda iria descobrir muitas coisas", acho que isso faz parte.

-Tomara que isso seja bom.

-Vai logo procurá-la.

-Tudo bem, vou... Andar para frente...

-Ah fala sério, você acha mesmo que vai encontrá-la assim? -Nico perguntou já impaciente.

Percy ignorou aquele comentário e continuou andando, concentrado apenas em ouvir ,com uma certa dificuldade por causa da barulheira da cidade, seu coração bater. Era uma marco, ele que por tanto tempo esteve vivo apenas por meio da mágica dos guardiões agora estava esperimentando a sensação de ser um humano de verdade, estava emocionado com aquilo, mas ainda não tinha completado seu destino final, encontrar Annabeth e pelo menos abraçá-la. Esse era seu maior sonho!

Enquanto estava andando por mais uma rua, atravessando no sinal com as outras pessoas, viu que do outro lado da pista, uma mulher de cabelos loiros e longos que desciam por suas costas em lindos cachos perfeitos, ela atravessava a rua, ela era tão linda pessoalmente que ele teve de lembrar de como se respira. Ela era parou um pouco de andar para ver alguma coisa na direção que Percy estava, continuou andando, mas de vez enquando lançava um olhar para o outro lado. Percy parou por um segundo para vê-la passar, mas um frio subiu sua espinha, tinha alguma coisa errada, ou melhor, alguma coisa ia ficar errada... Seu coração disparou, a respiração ficou fraca, mas mesmo assim ele não conseguia identificar o que estava acontecendo, mas então lembrou que de alguma forma ainda era o protetor dela...

Foi então que viu o perigo se aproximando...

Um carro atravessou as duas pistas na contra mão em alta velocidade, estava vindo na direção de Annabeth.

Percy sabia que tinha que fazer alguma coisa! Ela não podia morrer agora e mesmo sendo humano e mortal, tinha que protegê-la como fosse. Correu até ela, ela não estava muito distante, o carro já estava muito perto dela... Ela estava parada, paralizada, durante um segundo ele pensou que poderia perdê-la, mas não iria deixar que isso acontecesse... Se jogou na frente dela, jogando-a para longe e deixando que o carro o atropelasse...

Percy foi jogado para longe, mas teve tempo para proteger a cabeça enquanto caía... Ele pode ver Annabeth gritar e correr em sua direção. A visão dele estava turva, mas ele pode ver quando ela se aproximou e ajoelhou-se ao seu lado, por um segundo ele pode encarar aqueles lindos olhos cinza de perto...

-Você me salvou... -ela murmurrou. -Por quê? -ela perguntou com algumas lágrims nos olhos.

-Porque você estava em perigo... -ele respondeu simplesmente.

-Você nem me conhece e se joga na frente de um carro por mim... Isso... -ela não conseguiu termiar a frase.

-É muito idiota? -ele completou a frase.

-Eu iria dizer heróico. -ela disse passando a mão pelos cabelos pretos desgrenhados dele.

-Obrigado... -ele disse quase sem voz, estava com dificuldades para respirar.

-Eu já chamei a ambulância, mas você precisa ficar acordado, ok? Precisa ficar comigo. -ela pediu, estava

-Eu estou sempre com você... -ele disse antes de perder a consciência... Antes de apagar completamente, ele apenas pensou em como tinha sorte ter podido estar tão perto dela...