Pov: Annabeth.

Eu ainda tinha medo do que podia acontecer com nós dois, quer dizer, eu ainda tinha aquela sensação que Percy poderia sumir a qualquer momento e isso me assustava. Algo me dizia que aquele bilhete tinha algo mais estranho do que imaginávamos. Era como se ele tivesse um significado mais sinistro do que um simples aviso. Podia ser pura paranóia, mas era isso que minha mente gritava, e por mais que eu quisesse realmente acreditar que não era nada... ainda restava muita desconfiança. Era nesses momentos que eu gostaria de ter meus amigos de novo, Thalia e Luke pareciam estar numa política de "ignorar Annabeth e fingir que ela nunca existiu". Eu não os via desde aquela briga, não me atrevi a visitá-los, ainda sou muito orgulhosa para ir até lá e pedir desculpas, pois eu não estava totalmente errada, eu não fiz nada de errado. Eles por outro lado julgaram Percy como se ele fosse um marginal. E mesmo assim eu queria fazer as pazes, quem sabe ao menos ter uma trégua com eles, só por enquanto... As coisas seriam tão mais simples agora, digo, em relação á Luke. Não haveriam mais momentos estranhos em que eu tentava, de todo modo, fazê-lo gostar de mim. Hoje tenho certeza de que não o amava de verdade, pelo menos não desse jeito, quem sabe como um irmão ou amigo que ele sempre foi. Eu estava confusa, misturando os sentimentos e me perdendo no meio disso tudo.

-Você está distante hoje. -Percy disse chegando por trás, eu estava na sacada observando a paisagem, já tinha tomado um banho rápido e trocado de roupa, Percy acabara dormindo no sofá depois de ler o bilhete, acho que ele ficara tão confuso quanto eu em relação a ele.

-Só estou pensativa. -respondi me encostando na grade.

-Posso saber no que está pensando? -ele perguntou fazendo a mesma coisa.

-É complicado... -falei.

-Acho que posso entender.

-Sinto falta da Thalie e do Luke. -respondi suspirando.

-Isso é normal, eles são sua família. Você devia falar com eles. Sabe, se desculpar.

-Não... Não é tãi simples assim. -eu disse.

-Só você é capaz de complicar as coisas, ao menos devia tentar.

-Eles me esqueceram, nem ao menos se preocuparam e... falamos coisas horríveis um para o outro!

-Annie... Não é certo que você fique sozinha desse jeito.

-Eu não estou sozinha. Tenho você, não é mesmo?

-Tem, mas eles sempre estiveram com você, não pode simplesmente romper os laços que fez com eles. -ele disse olhando a paisagem.

-Você as vezes fala coisa incrivelmente sábias. -eu disse.

-Tenho os meus momentos. -ele disse se gabando. -Mas não se acostume.

-Pode deixar. -disse eu rindo.

Ficamos nos encarando por um tempo, sorrindo um para o outro. Não precisávamos falar muito bastava que ficássemos juntos. Segundos depois, a campainha tocou, logo quando Percy estava se aproximando para me beijar. Fui para a porta ver quem era, para a minha total surpresa era alguém que eu não esperava ver tão cedo.

-Luke... -falei olhando para ele com uma surpresa evidente. Está certo que eu queria concertar as coisas, mas não esperava que fosse tão rápido assim. Mas ele me parecia estranho. Esatava despenteado, com a barba por fazer, palpebras baixas e olheiras embaixo dos olhos, ele estava mal. Logo senti um cheiro de bebida forte vindo dele. -Você está bêbado?

-Não muito. -ele falou totalmente embriagado.

-O que faz aqui? -peruntei tapando o nariz por causa do hálito horível dele.

-Vim falar com você...conversar. -ele disse tentando sorrir.

-Sobre? -perguntei friamente.

-É só uma conversa, sabe. Papo entre amigos...

-Olha eu não sei se isso é muito...

-Qual é? Não confia mais em mim, Annie?

-Não quando você aparece na minha casa completamente porre! -respondi, ele ainda tinha aquele sorriso sarcástico na cara.

-Só vou embora quando você falar comigo, vai ser rápido Annie. Só vamos resolver as coisas... quem sabe?

-Eu... -eu estava tentada em aceitar. "Por que não?" pensei. Olhei para Percy, ele estava atrás do balcão da cozinha fingindo estar interessado no copo de suco que estava em sua mão.

-Você devia ir lá, falar logo com ele. -disse Percy revirando os olhos.

-Tudo bem, volto logo. -eu disse olhando para Percy e encarando Luke por um segundo.

-Ótimo. Mas aqui não, não quero ser vigiado pelo seu amiguinho aí. -ele falou para que só nós conseguissémos ouvir. -Vamos até o corredor.

-Okay, vou te dar cinco minutos. -eu disse concordando com aquilo.

-E só o que eu preciso. -ele disse me pegando pelo pulso e me levando para o corredor. Achei que ficaríamos logo na porta mas ele saiu me levando até o inicio do corredor, já que eu morava no fim dele, perto do elevador.

-O que você quer? -perguntei parando de frente para ele, percebi que ele ainda estava segurando meu pulso com força, estava começando a me machucar. -Me solta! -disse puxando meu braço.

-Calminha, Annie. Por que tanto nervosismo? Pareço uma ameaça?

-Não me venha com essa Luke. -falei finalmente me soltando. -Vamos, fale logo o que você quer.

-É simples, eu quero saber se você já voltou a pensar direito.

-O quê?

-É, vim saber se você já cansou de brincar de casinha com o idiota sem memória. Ele veio em minha direção muito rápido eu não tive nenhuma outra reação se não recuar, mas acabei batendo de costas na parede atrás de mim. Luke colocou o braço a minha direita e depois fez o mesmo com o lado livre, me deixando presa entre ele e a parede. Ele estava muito perto, eu podia sentir o hálito podre da bebida no meu rosto, ele tinha um sorriso malígno no rosto.

-O que está fazendo? -perguntei com a voz baixa, mas firme.

-O que você sempre quis, Annie. Pensa que eu nunca percebi? Você sempre esteve dando em cima de mim... O mínimo que você poderia fazer agora é agradecer.

-Me solta Luke, não é mais assim! -tentei me soltar dele, mas ele era forte demais e eu não conseguia afastá-lo.

-Pode ser outra vez, sou bem melhor que o esquecido...

-Não! -gritei, mas ele colocou a mão por cima da minha boca.

-Cala boca e aproveite. -ele disse.antes de substituir a mão por sua boca

Eu sempre imaginei como seria beijá-lo, tudo como um sonho bonito que eu esperava realizar um dia, mas naquele momento tudo parecia um pesadelo. A boca dele tomando posse da minha, as mãos segurando-me com força pelos ombros na parede, a lingua nojenta esfregando-se na minha. Eu não correspondia ao beijo, o que parecia deixá-lo mais inrritado. Aquele não era o Luke que eu conhecia. Não mesmo. O gosto da bebida na minha boca começara a me dar um enorme vontade de vomitar. Passei a bater nele com meus punhos fechados, cada vez com mais força em seu peito, mas ainda era muito forte.

-Larga ela! Agora! - gritou Percy empurrando Luke, que me soltou finalmente.

-Olha se não é o esquecido! -disse Luke. -Não venha me atrapalhar agora, estou resolvendo as coisas. -ele empurrou Percy também. Corri na direção dele, ficando logo atrás dele.

-Você está bem? -Percy me perguntou preocupado, passando a mão no meu rosto, vi que meus braços estavam machucados, meus ombros estavam vermelhos, eu tinha certeza que logo eles ficariam roxos.

-Estou...eu acho. -falei.

-Estava melhor aqui comigo! -disse Luke rindo. -Aposto que ela quer voltar!

Percy estava com os punhos cerrados junto ao corpo e respirava com calma, eu sabia que ele estava morrendo de raiva e se segurava para não partir para cima de Luke.

-Podemos dividir a vadia! -Luke disse.

Percy não aguentou dessa vez, partiu para cima de Luke, acertando-lhe um soco bem no meio da cara. Luke caiu no chão segurando o nariz que sangrava, que provavelmente estava quebrado.

-Seu idiota! -Luke resmungou. Em outra situação acho que ele teria revidado, mas ele estava porre e completamente fora de si.

-Nunca mais ouse falar assim dela de novo! -gritou Percy o arrastando pela camisa. Ele largou Luke dentro do elevador e o mandou para o saguão.

Voltamos para o apartamento, onde ele disse ao porteiro que colocasse Luke para fora e não o deixasse mais entrar aqui. Me sentei no sofá ainda tremendo do que acontecera, Percy me entregou um copo de água, mas eu nem ao menos conseguia pegá-lo, estava muito assustada, eu sempre confiei em Luke, e agora, ele nem mesmo parecia o mesmo cara que eu conheci quando pequena, ele não era mais meu amigo e muito menos meu irmão.

-Annie... -Percy disse com um tom de preocupação evidente. -Já passou... Ele não vai mais te machucar. -ele disse me envolvendo com os braços com força.

-Obrigada por me salvar. -eu disse num sussuro. -De novo. Parece que você está sempre fazendo isso. -eu tentei dar um sorriso.

-É o meu dever. -ele disse, mas não estava sorrindo, era como se fosse realmente a função dele, ele falou com tanta segurança que eu até acreditei.

-É o que parece mesmo. -comentei.

-Vou proteger você, Annie, eu juro. -ele sussurou para mim. -Nem que seja a última coisa que eu faça.

-Tudo bem...

-Não, você estava em perigo.

-Não estou mais. -eu disso tentando acalmá-lo. -Eu estou aqui, eu estou bem.

-Eu te amo. Não posso arriscar perder você.

-Você não vai me perder, eu sei disso, nada vai nos separar. -eu falei, mas percebi um tristeza em seu olhar, era como se alguma coisa estivesse para acontecer, mas ele não conseguisse falar. -Eu também amo.

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No palácio dos guardiões...

-Ele lembrou! -disse Nico com as mãos na cabeça. -O prazo... -falou olhando para Gabriel.

-O Prazo está no limite, ele ja´recuperou a memória, é uma questão de tempo. -ele respondeu calmamente.

-Ele não vai deixá-la! Não agora!

-Nico, nós já sabíamos o que iria acontecer.

-Temos que ajudar!

-Nico... -Gabriel chamou.

-Não! Não é justo!

-Está na hora, ele tem que escolher.